Em Leomil, bem pertinho de Moimenta da Beira, podemos subir a serra em pouco tempo para uma vista sobre vales e aldeias longínquas. E mais ao perto há pastores, rebanhos, e sinais pré-históricos de que o homem já por aqui andava há milhares de anos.
Caminhadas em Leomil
Leomil é uma bela aldeia de interior, a maior do concelho, mas ao passearmos pelas suas ruas asseadas chama-nos a serra logo ali, de altitude modesta e linhas redondas, com o Penedo da Pena a sobressair num alto. Ao longe não se vê o estradão por onde subimos; a chuva do mês de Maio transfigurou as giestas, que são agora nuvens de flores brancas ligeiramente perfumadas, uma verdadeira selva de vegetação que faz desta serra agreste um jardim.
As curvas acompanham a encosta e, num dado ponto, aparece a primeira surpresa: do lado direito do caminho surgem as ruínas de um povoado castrejo, onde se identificam os desenhos a pedra de muretes, construções redondas e quadradas, pequenos canais e o que parecem ser fornos de pedra.
A paisagem fica cada vez lá mais no fundo. Aos poucos elevamo-nos sobre as aldeias do vale, começando por uma bela vista sobre Leomil – mas é ao chegar ao cimo, junto às eólicas estáticas que coroam a serra, que a visão se solta até longe, alcançando a Serra da Estrela a Sul e Penedono a Nascente.
Hoje o vento que costuma zurzir a paisagem foi substituído por um sol incandescente num céu muito azul. O marco geodésico das proximidades assinala a altitude máxima de mil e cem metros, mas o ar está parado e caminhamos rapidamente e sem esforço por uma área de planalto onde se espalham rebanhos e pastores.
Desde há muito que a zona é habitada, e as surpresas seguintes provam-nos isso mesmo: seguíamos há algum tempo as placas que indicavam “necrópole megalítica”, e eis que avistamos os primeiros dólmenes do lado direito do estradão; “Orca das Seixas” e “Orca das Carqueijas” são os estranhos nomes destes túmulos pré-históricos que podemos observar de perto, agora que o vento, a chuva e a neve dos milénios os libertaram da terra e das pedras com que era costume cobri-los.
E pouco mais adiante espera-nos um menir – e mais à frente um povoado pré-histórico amuralhado. Este último, conhecido como “Castelo”, cuja ocupação mais antiga data provavelmente do terceiro milénio antes de Cristo, é um excelente local para um piquenique, quer pela estrutura, que inclui muros e uma “gruta” original, construída debaixo de um gigantesco penedo redondo, quer pelo local, que tem como particularidade enormes cabeços de granito que afloram do chão com as mais variadas formas, numa loucura criativa digna de um escultor contemporâneo.
O vento apresenta-se sob a forma de uma brisa ligeira que se espalha pelo planalto enquanto batemos em retirada pelo mesmo caminho, com a esperança de avistar ainda um lobo, uma raposa, de sentir o restolhar de uma perdiz ou de um coelho. Mas não; de selvagem apenas sentimos o vento, que regressa aos poucos para ocupar o seu território.
Roadbook
A Câmara Municipal de Moimenta da Beira desenvolve um projeto que pretende assinalar o caminho para o tornar acessível a todos os visitantes. Enquanto isso não acontece, siga o nosso roadbook e é impossível perder-se.
Sair do portão dos Moinhos da Tia Antoninha e tomar o caminho da esquerda, para cima. Mais à frente, do lado direito, aparecem as Mourarias e uma vista sobre a aldeia de Leomil. Seguir em direcção às eólicas no cimo da serra. À esquerda, na subestação do parque eólico, siga por um estradão arranjado, com bermas e valetas, até às proximidades do marco geodésico no cimo da serra.
Voltar ao estradão e continuar em frente; sair no primeiro caminho de terra à esquerda e depois no primeiro cruzamento à direita, que leva ao planalto com vista sobre a grande Quinta do Furenho, à direita.
Seguir pela esquerda junto à entrada da quinta, marcada por dois esteios de pedra e continuar o caminho indicado por placas que assinalam uma necrópole megalítica. Virar no primeiro caminho à direita e atravessar um ribeiro. Chegámos à zona da necrópole. Continuar o estradão e seguir a placa que assinala o povoado pré-histórico do castelo. O regresso faz-se pelo mesmo caminho.
Guia prático
Este é um guia prático para visitar Leomil, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região.
Quando ir
Todo o ano, sendo que o inverno é muito frio, o verão muito quente – e do percurso não consta qualquer tipo de abrigo.
Como chegar
Seguir pela IP3 em direcção a Lamego e sair em direcção a Moimenta da Beira; Leomil fica uns 3 km antes. Para quem sai do Porto, o caminho mais fácil e bonito é seguir o IP4 quase até Vila Real, sair em direcção à Régua e depois a Moimenta da Beira; Leomil fica 2 ou 3 km antes. Pode perguntar pelo início do caminho na aldeia ou nos Moinhos da Tia Antoninha. A caminhada é muito fácil e demora o tempo necessário para sair de manhã sem pressas e ir “almoçar” ao castelo, fazendo o caminho ao inverso da parte da tarde.
Onde ficar
O melhor lugar, e o mais próximo do início do caminho, são os Moinhos da Tia Antoninha (RESERVAR), em Leomil, recuperados e adaptados de forma perfeita ao turismo. Há quartos (um duplo custa 80€) e um pequeno apartamento independente (120€), área para piqueniques e churrascadas e ainda uma pequena piscina no riacho de águas limpas que corre da serra. À saída de Moimenta da Beira, na estrada N226 em direcção a Lamego, fica o Hotel Verdeal, onde um duplo fica por aproximadamente 50€. Outra opção é o Solar dos Correia Alves, no Terreiro das Freiras 27.
Restaurantes
Não falta onde provar a gastronomia regional: nos Moinhos da Tia Antoninha, se encomendar com antecedência; em Moimenta da Beira pode experimentar o restaurante Peto Real do Hotel Verdeal; também na N226, bem perto de Leomil, encontra-se o restaurante Quinta do Melião.
Informações úteis
Moimenta da Beira é o centro desta área pouco povoada do distrito de Viseu. O nosso imaginário associa o nome às Terras do Demo de Aquilino Ribeiro: serranias remotas e despovoadas onde a vida é dura e o clima não a facilita. Mas a Moimenta de hoje tem todos os confortos da civilização e ainda alguns extras virados para o turismo, até porque na zona despontam dezenas de graníticos solares oitocentistas, conventos e igrejas, de entre as quais sobressai o Santuário da Lapa, verdadeiro centro espiritual de toda a região.
A Serra de Leomil pertence ao maciço galaico-duriense, e apesar do nome ser praticamente desconhecido no resto do país possui várias particularidades de interesse, como por exemplo ser o habitat de uma das sete alcateias que vivem a Sul do Douro que, pela abundância de machos, tem servido para cruzar com as de outros locais do país, e ainda ser o local de origem de importantes cursos de água como o Varosa e o Paiva.
Para percorrer o local basta vontade de caminhar, botas de marcha ou um bom par de ténis, prevenção contra o sol (óculos, chapéu, creme), corta-vento ligeiro, água e farnel. Aconselha-se também binóculos e máquina fotográfica.
O site oficial do Turismo de Portugal oferece informação atualizada sobre os principais pontos turísticos do país.
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