O Mindelo, localizado na ilha de São Vicente, barlavento cabo-verdiano, é uma povoação cosmopolita. Cidade bela, histórica e com um povo caloroso, tem a reputação de acolher as noites mais animadas e os principais pólos de actividade cultural do arquipélago de Cabo Verde. Terra de Cesária Évora, de mornas, funaná e coladeras, e do festival da Baía das Gatas. Sejam bem-vindos a um pedaço de África em pleno Atlântico, com uma atmosfera singular e cativante: o Mindelo, em Cabo Verde.
A doce e morna Mindelo
Cidade doce e morna, com um inconfundível toque colonial, o Mindelo é o destino ideal para quem goste de combinar diversão, praia e história. É a segunda maior cidade de Cabo Verde e tem a fama de ser a mais cosmopolita de todas – e, provavelmente, também a menos africana, destacando-se antes por um toque muito brasileiro.
Um dos principais ícones da vida local é, aliás, o calçadão da baía da Laginha, em torno do qual a cidade se espraia. É aqui que os residentes se dedicam ao culto do bem-estar físico: os culturistas exercitam-se em máquinas de musculação improvisadas na praia; há um corrupio constante de senhoras fazendo jogging e footing até ao pôr-do-sol; e, logo pela manhã, dezenas de crianças correm no areal aquecendo os músculos para as aulas de natação.
Descoberta em 1462, a ilha de São Vicente permaneceu desabitada até meados do século XIX, altura em que os ingleses, para comemorarem o desembarque na homónima praia nortenha portuguesa (que permitiu a vitória dos liberais sobre os absolutistas), criaram a cidade do Mindelo.
Estão ainda bem conservados os traços desta herança portuária e colonial: as velhas casas mantêm-se impecavelmente preservadas e pintadas em tons pastel, com portadas de ripas de madeira nas janelas, ocasionalmente sombreadas por acácias rubras em flor; há uma réplica da portuguesa Torre de Belém junto à estátua do descobridor Diogo Afonso, nas imediações do Mercado do Peixe; a praça principal, rebaptizada em homenagem ao herói da independência Amílcar Cabral, mantém os bustos de Camões e Sá da Bandeira, o coreto de traça lusitana e o quiosque que serve de ponto de encontro dos mindelenses até ser noite alta; há, aqui e ali, praças com igrejinhas brancas; o antigo Mercado Municipal, de dois pisos e com o telhado seguro por traves de madeira, foi objecto de recuperação recente; e mesmo o antigo Palácio do Governador, agora a funcionar como tribunal, resplandece em branco e rosa, enquadrado por belas buganvílias.
Cosmopolitismo mindelense
O Mindelo tem a fama de acolher as noites mais animadas e os principais pólos de actividade cultural do arquipélago, o que facilmente se comprova em locais como o Café Mindelo, situado num edifício centenário da zona portuária e recentemente recuperado, a Kaza d’Ajinha, junto à Praça Amílcar Cabral, o Café Lisboa, a discoteca Syrius (onde o “hip-hop”, o “rap”, a “coladeira” e o “kuduro” se sucedem sem danos para a animação) ou o Quiosque da Praça Nova, cuja esplanada permanece repleta até às 2h00.
A casa da cantora Cesária Évora é também um ponto habitual das peregrinações turísticas, embora, do lado de fora, não se veja mais do que as janelas e as paredes de um banalíssimo apartamento. E não se espante se o jantar no restaurante Archote for acompanhado por um belíssimo grupo de mornas.
Lazer em São Vicente
Saindo da cidade, a estrada conduz à zona do Calhau, no sopé do vulcão extinto há cerca de um século, mas cujo cone negro continua a infundir respeito.
O caminho faz-se por um vale entre esmagadoras e áridas paredes vulcânicas, na orla das quais se situam as principais explorações agrícolas da ilha, onde é possível, mesmo, avistar alguns embondeiros.
O Calhau e a vizinha Vila Miséria funcionam, refira-se, como locais de veraneio para os mindelenses. Os areais não são grandes, mas há boas condições para a prática de surf e bodyboard em ondas de um azul cristalino. Na Praia Grande, no sopé do cone do vulcão, existe ainda uma piscina natural.
O caminho agreste e montanhoso repete-se nos 15 quilómetros que é preciso percorrer entre o Mindelo e a célebre Baía das Gatas, local onde, todos os anos, no mês de Agosto, decorre a mais famosa manifestação cultural cabo-verdiana.
A elevação mais alta do caminho, o Monte Verde, tem 800 metros de altitude, mas todo o trajecto é igualmente árido e pedregoso, abrindo o apetite para um mergulho na verdadeira piscina que o mar forma na bonita baía. A água é morna, cristalina, transparente, de um azul difícil de descrever. Igual ao dos sonhos, decerto.
Os passeios podem ser feitos a solo, ou recorrendo a empresas especializadas como a Cabtur ou a Cabo Verde Leisure, especializada em programas turísticos de natureza e aventura, mergulho, pesca de fundo, surf, bodyboard, windsurf, passeios de BTT e circuitos pedestres.
Guia de viagens ao Mindelo, São Vicente
Este é um guia prático para viagens ao Mindelo, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na ilha de São Vicente.
Como chegar a São Vicente
As companhias aéreas TAP e TACV voam todos os dias para as ilhas do Sal e Santiago, de onde os TACV oferecem ligações para a ilha de São Vicente.
Onde ficar
As alternativas são diversas e para as mais diversas bolsas. Para os mais exigentes, o Hotel Porto Grande (Praça Amílcar Cabral), situado na praça central da cidade, pode ser uma boa opção. É também um dos locais de animação nocturna do Mindelo e o restaurante está acima da média. Os preços em quarto duplo, com pequeno-almoço, começam nos 96€.
No outro extremo da pirâmide estão a Pensão Chave D’Ouro (Avenida 5 de Julho) e a Residencial Amarante (Avenida 12 de Setembro). Para gostos mais intermédios, aconselha-se a Casa Café Mindelo (Rua Governador Calheiros 6), uma casa colonial recentemente recuperada, que alberga um café no piso térreo e quatro quartos de turismo de habitação nos dois pisos superiores. A decoração é sofisticada e os preços praticados não excedem os 65€ em época alta. A cidade dispõe ainda de pelo menos dois B&B, na Rua Dr. Vicente Rendall Leite, 15, e na Rua Franz Fanon.
Fora da cidade, pode ainda optar-se pelo Foya Branca Resort Hotel, localizado em S. Pedro.
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Gastronomia no Mindelo
O prato mais comum nos restaurantes do Mindelo, como no resto de Cabo Verde, é o bife de atum, normalmente de excelente qualidade. Mas é também possível encontrar cachupa, espécie de feijoada local, sendo ainda bastante comuns os pratos de peixe grelhado ou cozido.
A maior dificuldade será, assim, escolher o sítio. O restaurante Sodade (Rua Franz Fanoz, 38), por exemplo, prima pela simplicidade, mas beneficia de uma vista deslumbrante sobre a baía e o Monte Cara (dispõe também de uma residencial). Mais sofisticado é o Archote, situado no Alto de S. Nicolau, a curta distância da praça central, onde se pratica uma cozinha cuidada (aconselha-se aqui o bife de atum gratinado). A refeição é acompanhada por música ao vivo, na esplanada. Conta também com uma estalagem.
No topo das preferências daqueles que procuram um restaurante que obedeça a padrões europeus está o Tradissom & Morabeza (Rua da Praia), que ocupa o último andar no edifício do Clube Mindelense e se destaca por uma decoração extremamente cuidada e pela vista sobre a baía. Abre só ao jantar.
Embora não sendo um site oficial, o espaço www.caboverde.com tem muita informação útil sobre viagens a Cabo Verde, incluindo, naturalmente, a ilha de São Vicente. O Portal do Turismo de Cabo Verde está acessível em www.turismo.cv e também vale a visita.
Seguro de viagem
A World Nomads oferece um dos melhores e mais completos seguros de viagem do mercado, recomendado pela National Geographic e pela Lonely Planet. Outra opção excelente e mais barata é a IATI Seguros (tem um seguro para COVID-19), que não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. São os seguros que uso nas minhas viagens.
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