Um violento sismo – magnitude 7,8 na escala de Richter – abalou o Nepal às 11:41 de ontem (hora local), provocando pelo menos 2.200 mortos no Nepal, Índia, China e Bangladesh e 5.800 feridos, além de um número ainda indeterminado de desaparecidos.
Com epicentro a apenas 77 quilómetros da capital Katmandu e 66 de Pokhara – e a menos de dois quiómetros de profundidade -, o impacto do sismo está classificado como “significativo”, o segundo nível mais elevado numa escala de cinco. Por outras palavras, as consequências são devastadoras.
Contactado por Alma de Viajante, Tiago Costa, guia de trekking da agência Nomad e profundo conhecedor do Nepal, disse temer que aldeias inteiras tenham “sofrido danos gigantes”, uma vez que o epicentro do sismo foi “a pouca profundidade e numa zona com construções antigas e pouco resistentes”. É, pois, muito natural que, para além dos terríveis estragos na densamente povoada Katmandu, também as casas das aldeias entre Katmandu e Pokhara tenham sido arrasadas pelo abalo.
De acordo com o Observador, citando estimativas divulgadas pela ONU, “o sismo afetou cerca de 6,6 milhões de pessoas em 30 distritos do Nepal”, entre elas dezenas de montanhistas. O Campo Base do Evereste, por exemplo, foi fortemente afetado, tendo a agência AFP referido que as avalanches causadas pelo sismo mataram 18 montanhistas e deixaram ferimentos em pelo menos 60 – há um vídeo impressionante no youtube.
Há também relatos de portugueses no Nepal mas, aparentemente, nenhuma vítima a lamentar. A agência Nomad, que tem uma fortíssima ligação ao Nepal e organiza várias viagens por ano ao país e ao vizinho Tibete, tinha um grupo de portugueses a viajar entre Lhasa, no Tibete, e Katmandu, no Nepal. Tiago Costa, responsável da Nomad, afirmou que a agência montou um “gabinete de crise” para “availar os estragos no país”, mas garantiu que o grupo se encontrava “longe do abalo” e que estão todos bem. Por questões de segurança, “o grupo vai regressar a Lhasa e depois a Portugal, em vez de prosseguir para o Nepal”.
O clube de montanhismo Espaços Naturais tinha também um pequeno grupo com quatro portugueses na zona dos Himalaias mas, de acordo com informações publicadas no Facebook, estão também todos bem e em segurança, apesar do susto: “foi por um triz; a sorte estava do nosso lado”.
Para se manter a par da situação no Nepal, acompanhe as atualizações da CNN e o sempre útil site da BBC, além deste pdf constantemente atualizado pela The Assessment Capacities Project (ACAPS) e da hashtag #NepalQuake no twitter.
Se estava de partida para o Nepal ou pretende ajudar, veja o guia sobre o sismo no Nepal que preparámos para si.
Pequeno guia sobre o sismo no Nepal
1. Tenho viagem marcada para Katmandu, o que fazer?
Se tem viagem marcada para os próximos dias (até ao fim de abril, digamos) deve, naturalmente, cancelar a viagem, porque dificilmente a sua presença será benéfica para os nepaleses e há sempre o risco de fortes réplicas nos próximos dias. O mesmo não se aplica para viagens mais tarde.
(ver “Como posso ajudar”, abaixo)
2. E consigo recuperar o dinheiro?
Depende. Um sismo é um motivo de “força maior”, não imputável às companhias aéreas ou agências de viagens, pelo que a resposta dependerá mais da forma de operar das empresas do que de obrigações legais. Sugerimos que contacte imediatamente a sua agência de viagens ou companhia aérea, consoante tenha comprado um programa numa agência ou apenas os voos. No caso das viagens de avião, consulte os direitos dos passageiros do transporte aéreo.
3. Como posso ajudar?
Evite telefonar para o Nepal
Antes de mais, não telefone para o Nepal. As linhas telefónicas estão congestionadas e qualquer tentativa de ligar só serve para piorar a situação no terreno (os nepaleses em geral e as equipas de resgate em particular precisam de comunicações operacionais).
Não cancele viagens
Nestas situações, é comum (e compreensível) haver uma avalanche de cancelamentos de viagens, facto que afeta a vida dos nepaleses de forma brutal, numa espécie de dupla penalização dramática (não bastava as consequências do sismo, deixam também de ter rendimentos do turismo). Assim, estando asseguradas as condições mínimas de segurança, não deixe de viajar para o Nepal. Cancelar a sua viagem seria privar o país de um rendimento vital para os nepaleses.
Ajude financeiramente
Várias organizações não governamentais estão já a mobilizar ajuda de emergência para o Nepal, entre as quais a UNICEF. De resto, em Portugal, é natural que organizações como a AMI – Assistência Médica Internacional ou os Médicos do Mundo se envolvam nas operações – mantenha-se atento aos respetivos sites.
Tenho voo para a Índia dia 30 e de lá para o Nepal dia 1 de Maio. Pretendo realizar a viagem, ainda que esta não seja a melhor altura para o fazer. Uma vez que vou estar lá, gostava de ajudar. A minha área de formação é comunicação, não podendo, por isso, ajudar na área da saúde. Mas gostava de me voluntariar para qualquer trabalho que possa ser útil durante os 9 dias que lá vou estar. Por acaso conhece alguma instituição a operar no Nepal a quem eu possa ajudar?
Obrigada pela atenção e continuação de boas viagens! 🙂
Neuza, bom exemplo esse, de não cancelar a sua viagem! Perguntei ao Tiago Costa, referido no artigo. Ele conhece muito bem o Nepal e recomenda doações e toda a ajuda possível à dZi Foundation. Diz que é desenvolve trabalho muito válido nas zonas mais remotas do Nepal e que serão certamente chave na reabilitação do país.