
Nota introdutória (extraída do livro)
“Desta vez parti sozinha e à solta…” Viajante impenitente, Ana Isabel Mineiro aventurou-se num país dilacerado pelo islamismo radical para explorar alguns dos lugares mais remotos do planeta, lá onde as fronteiras do Paquistão confinam com o Afeganistão e a China. Utilizando apenas transportes públicos locais em complemento dos pés, seguiu a vertiginosa estrada do Karakorum, atravessando o Vale de Hunza – inspiração para o paradisíaco Xangri La – até alcançar a “Grande Turquia” de Marco Polo. Pelo caminho foi hóspede dos kalash, o único povo pagão indo-europeu – em cuja terra as mulheres se vestem como princesas medievais e se avista um fugidio “homem das neves” – e palmilhou os glaciares colossais que escorrem das faldas ocidentais dos Himalaias.
Ana Isabel Mineiro apresenta-nos agora a crónica do seu tão emocionante quanto divertido périplo ocidental. Retrato vívido de regiões que têm existido numa intemporalidade hoje ameaçada pelo avanço duplo do fundamentalismo e da modernidade. Onde os Rios Têm Marés é tudo quanto a literatura de viagem deve ser – uma janela de palavras aberta sobre o mundo.