Sobre Filipe Morato Gomes e o Alma de Viajante

Filipe Morato Goems com a cara pintada por índios Pataxó
A minha pintura facial na aldeia Porto do Boi, Sul da Bahia

Olá, sou o Filipe

O meu nome é Filipe Morato Gomes. Tenho, atualmente, 53 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, estive em mais de 100 países e estou certo de que essa experiência pode ser útil para todos os que querem também descobrir o mundo. Esteja a dar os primeiros passos ou a desbravar novas e mais desafiantes geografias.

Quero, especialmente, inspirar.

Inspirar a viajar mais e melhor, a viver em vez de ver, a estar em vez de passar.

Mostrar que todos podem viajar, independentemente dos normais receios que todos sentimos ao sair da nossa “zona de conforto”. Mostrar que não é preciso ser rico para viajar e que, tendo objetivos bem definidos, poupar para viajar não custa nada. Mostrar que as pessoas são boas em todo o mundo – e contar histórias delas, com elas. E, já agora, dar a conhecer alguns locais por onde vou passando.

Na qualidade de cronista de viagens ou de líder de viagens de aventura, tenho passado boa parte dos últimos anos em viagem. Por isso, matéria-prima para histórias novas e atuais é o que seguramente não me falta. A propósito, visite o blog de viagens para conhecer as últimas histórias publicadas.

De resto, para receber as atualização em primeira mão com dicas e artigos em primeira mão, inscreva-se na newsletter na família Alma de Viajante.

E desde já obrigado por viajar comigo através deste site. Sugiro que partilhe também a tua paixão pelas viagens comentando os posts do blog e, se tiver alguma questão a colocar, envie-me um email. Sou todo ouvidos e terei o maior prazer em ajudar no que puder e souber.

Qual o meu estilo de viagem?

Antes de mais, defendo que as pessoas são o mais importante das viagens. São as pessoas com quem me cruzo na estrada que mais me marcam – não as paisagens ou monumentos.

Continuo a viajar de mochila às costas e o meu espírito é esse mesmo, o de um mochileiro. Prefiro os transportes públicos ao táxi, da mesma forma que prefiro o ambiente social dos hostels ao ambiente hermético dos hotéis. Confesso que não gosto de resorts e hotéis de luxo – chamem-me herege, mas não troco uma dormida em casa da “Ti Maria” lá da aldeia pela suite presidencial do Hilton.

Mas já não sou um viajante tão hardcore como antigamente, estou um pouco mais comodista: evito os dormitórios e, sempre que possível, prefiro um quarto privado num hostel ou na casa de alguém, mesmo que pequeno e sem casa de banho. Sou também adepto do conceito associado ao Couchsurfing e da imersão na vida local que a experiência permite, mas nos últimos anos afastei-me da plataforma.

Em suma, dispenso os luxos, mas valorizo a privacidade. Até porque costumo viajar acompanhado por equipamentos eletrónicos dispendiosos, incluindo um computador portátil, smartphone, drone e máquina fotográfica.

Algumas curiosidades sobre mim

  • Sou português mas tenho uma grande paixão pelo Irão.
  • A minha primeira volta ao mundo durou 14 meses.
  • Há muitos países da Europa que nunca visitei.
  • Adoro a comida de rua no sudeste asiático.
  • Acho a Nova Zelândia o país mais bonito do mundo.
  • A ilha do Príncipe é, muito provavelmente, o lugar mais mágico onde já estive.
  • Prefiro vinho a cerveja. Maduro tinto, encorpado.
  • A minha segunda volta ao mundo foi em família, e durou 10 meses.
  • Sonho um dia ir ao Butão, ao Nepal e ao Paquistão (e sei que vou concretizá-lo).
  • Adoro o Japão.
  • Gosto de tentar comidas novas e aprecio as gastronomias vietnamita, italiana e japonesa.
  • Regra geral, sinto-me melhor em pequenas vilas e aldeias do que em grandes cidades, mas não desdenho metrópoles como Buenos Aires, Rio de Janeiro, a Cidade do Cabo ou Esfahan.
  • Gosto de trekkings em montanha, mas não sou especialmente aventureiro.
  • Acho o povo iraniano o mais hospitaleiro do mundo.
  • O arquipélago Bacuit, nas Filipinas, é um dos locais mais fascinantes do sudeste Asiático.
  • Acho que os templos de Angkor não têm rival.
  • A chegada a Machu Picchu foi das sensações mais mágicas que já senti em viagem.
  • Caminhar 10km pela Grande Muralha da China fez-me sentir insignificante.
  • Se tivesse de fazer um top de países preferidos provavelmente incluiria Irão, Nova Zelândia, Filipinas, Colômbia, Bolívia, São Tomé e Príncipe, Mongólia e Vietname. Mas comparar destinos é um exercício totalmente inútil.
  • Sou apaixonado pelo mundo da comunicação – da publicidade ao design, passando pela fotografia e jornalismo.
  • Sempre fotografei com máquinas Nikon, até mudar para as mirrorless. Atualmente uso Sony.
  • Ser despedido mudou a minha vida.
  • A única vez que fui assaltado foi em… Portugal.

O Alma de Viajante

O Alma de Viajante é o mais antigo site de viagens português e é escrito em português de Portugal. Nasceu no já longínquo ano de 2001, inicialmente alojado na morada www.fmgomes.com (de Filipe Morato Gomes) mas já sob a marca Alma de Viajante.

Nesta página, conto um pouco mais sobre a bonita história do Alma de Viajante. O texto é longo, mas será uma forma de você me conhecer um pouco melhor. Vamos lá.

1. Como tudo começou

Comecei a “viajar” com os meus pais. Os destinos eram sempre muito próximos e o orçamento muito reduzido. Mas íamos. E era bom.

Lembro as férias de campismo selvagem na Serra do Soajo, semanas de descoberta em que, com a ajuda de um tio escuteiro, criávamos “luxuosos” acampamentos usando galhos e folhas, com direito a mesa e bancos para as refeições, bancada de cozinha e lava-loiças e até um forno coberto com estrume de vaca. E nem as águas gélidas dos riachos esfriavam o nosso ânimo.

Lembro as intermináveis jornadas de VW Carocha de Vila Nova de Famalicão para Vila Real de Santo António, onde desfrutávamos dos areais das praias algarvias, apanhávamos conquilhas e lingueirão para o almoço e nos transformávamos em índios ferozes com creme Nívea.

E depois, já adolescente, havia as férias na Zambujeira do Mar, quando a aldeia era apenas isso, uma aldeia, nos tempos em que o acesso à praia de Alteirinhos se fazia por uma escarpa perigosa, o Café Fresco ainda não tinha sido arrastado pelas águas e não se sabia o que era um festival de verão.

Era um “viajar” à medida da época, quase sempre dentro de portas, tirando uma viagem por Espanha e sul de França, também de tenda às costas, de onde trago na memória nomes como Sète ou Saintes-Maries-de-la-Mer e um fabuloso parque de campismo em Barcelona.

Durante anos a fio, lembro-me também de ouvir histórias de viagem da boca do meu avô, episódios originários do transiberiano, das estepes mongóis, da Amazónia brasileira, enfim, dos quatro cantos do mundo.

Cresci. E foi crescendo em mim o desejo.

Comecei a fazer mais e mais viagens. A escrever e fotografar, a tentar publicar essas histórias e dar utilidade ao “jeito” que diziam ter para escrever [hoje em dia dou workshops de Escrita de Viagens].

Queria viajar cada vez mais. Muito. Por muito tempo. Já empregado e razoavelmente bem pago, repeti inúmeras vezes que “qualquer dia” me despedia e ia “dar uma volta ao mundo”.

Na altura, não havia ninguém a escrever sobre uma viagem assim em Portugal, mas não tinha coragem de dar esse passo. Nunca tive essa coragem.

2. O primeiro Alma de Viajante

Enquanto isso não acontecia, nos tempos livres fui usando as minhas competências profissionais na área do multimédia para construir um site a que chamei Alma de Viajante.

Peguei nas minhas fotos, em alguns textos publicados em revistas (a primeira reportagem que publiquei numa revista de viagens foi sobre as ilhas Maurícias com o título Maurícias, aguarela no Índico), fiz o design (muito básico), programei, fiz tudo. Ainda nem se falava de blogs quando nasceu o Alma de Viajante; era um site, como se dizia na altura.

Alma de Viajante em 2001
Aspeto da primeira versão do Alma de Viajante

Dava-me um prazer imenso tratar desde site bebé, mas continuava sem fazer a tal grande viagem. Até que, certo dia, a minha vida mudou.

3. O dia em que fui despedido

Era início da tarde de um dia normal de trabalho, algures em fevereiro de 2003. Viviam-se tempos difíceis, vários colegas tinham já sido despedidos por causa do rebentamento da “bolha” do multimédia (na minha “outra vida”, criei software educativo multimédia e diverti-me imenso a brincar com som, vídeo, imagem, copywriting, programação… enfim, com o maravilhoso mundo da comunicação).

Um administrador engravatado chamou-me ao seu gabinete. Sentei-me. Acusou-me de ter cometido uma irregularidade grave e, por isso, a empresa iria instaurar um processo disciplinar com vista ao meu despedimento.

Dias depois, e com o “processo de averiguações” a decorrer, informaram-me que uma espécie de Ryan Bingham (George Clooney, no filme Up in the Air) queria falar comigo. Cumprimentou-me, foi direto ao assunto, apresentou-me as contas desfalcadas em quase metade, e foi-se embora.

Sem vontade de ir para tribunal e ver o assunto arrastado, aceitei a proposta. E disse: “é agora!”. E o dia que poderia ser de tristeza e depressão transformou-se num dos mais importantes da minha vida.

Tinha ficado sem emprego, e encarei o facto como uma bênção.

Comecei a poupar todo o dinheiro possível, a fazer pequenos trabalhos para amealhar fundos, a planear, planear, planear. E assim andei um ano e pico, de poupança em poupança, de biscate em biscate, de mapa em mapa até às despedidas finais.

4. A primeira volta ao mundo (2004-05)

Em julho de 2004, parti para a minha primeira volta ao mundo, uma viagem que haveria de me mudar completamente. Irreversivelmente.

Livro Alma de Viajante

Foram, muito provavelmente, os 14 meses mais extraordinários da minha vida; ou, pelo menos, os que mais impacto tiveram naquilo que sou hoje. No regresso da viagem, sabia já que ser despedido tinha sido uma das melhores coisas que me acontecera na vida.

Comecei a dedicar 14, 15, 16 ou mais horas por dia ao Alma de Viajante. Convidei outros viajantes a partilharem as suas reportagens no site, evitando o seu desaparecimento no caixote do lixo (na época, nenhuma revista de viagens tinha presença online).

E publiquei um livro com as crónicas da volta ao mundo.

Gradualmente, transformei o Alma de Viajante num espaço sobre jornalismo de viagens, e onde constam centenas de reportagens de viagem de jornalistas consagrados e viajantes experientes. O site tornou-se uma espécie de referência em língua portuguesa e, de permeio, um texto meu serviu de base a uma peça de teatro.

Eu continuei a viajar cada vez mais, a escrever e a publicar crónicas e reportagens em revistas de Portugal e no Brasil, a fazer crescer o Alma de Viajante. Qualquer pretexto era bom para partir. Do México à Nicarágua, de São Tomé e Príncipe ao Botswana, do Egito ao Irão, da Hungria à Turquia viajei, viajei, viajei.

5. Dedicando-me a 100% às viagens e à escrita

Com a experiência acumulada, comecei a ministrar os tais workshops de Escrita de Viagens, onde partilho a arte de transformar uma viagem em registos escritos apelativos, seja para despertar o interesse de um editor ou para quem quer ter ou melhorar o seu blog de viagens.

Integrei a equipa de líderes de viagem da agência Nomad. Dei várias palestras. Motivei gente a ser mais feliz.

E o Alma de Viajante foi crescendo e modificando-se. Durante anos, além das reportagens, apostei muito na publicação de notícias sobre viagens e turismo; muito especialmente promoções de voos que ajudassem as pessoas a poupar dinheiro. Foi também sofrendo algumas alterações gráficas e tecnológicas.

Alma de Viajante em 2009
Aspeto da homepage do Alma de Viajante em 2009…
Alma de Viajante em 2012
… e no início de 2012

Até que me tornei pai, a filha cresceu e decidi mostrar que também é possível viajar com crianças de tenra idade pelas estradas do planeta.

Foi a segunda volta ao mundo, desta vez em família, corria o ano de 2012. A viagem durou 10 meses, tempo durante o qual voltei a escrever crónicas semanais para a revista Fugas – mas não escrevi nada para o Alma de Viajante.

No regresso, senti que a viagem foi uma oportunidade perdida ao nível da produção de histórias de viagem. Sentia que precisava de escrever de outra forma, que não a das revistas. Foi o click que eu precisava para criar algo novo. E assim nasceu um blog de viagens pessoal.

6. O blog As Viagens de Filipe Morato Gomes

No início de 2013, e com o Alma de Viajante demasiado formal e tecnologicamente desatualizado, pareceu-me fazer sentido criar um blog de viagens pessoal separado, onde poderia escrever de forma mais intimista. Foi quando inventei a assinatura “Viajar. Partilhar. Inspirar.“, que ainda hoje norteia o meu trabalho.

A 14 de janeiro de 2013, escrevi o seguinte:

Hoje, praticamente a fazer 10 anos sobre o feliz dia do meu despedimento, precisava de um espaço onde pudesse escrever de forma mais pessoal, partilhando com todos vocês impressões sobre a vida na estrada, reflexões e pequenos segredos do mundo das viagens – aquele café descoberto por acaso, uma pessoa extraordinária, uma rua, um sabor ou dissabor, um destino surpreendente, sem esquecer aquela dica prática que só quem anda no terreno tem forma de saber. Tudo num registo mais intimista, próximo e pessoal.

Com tudo isto, talvez ajude outros a terem a coragem que eu não tive para mudar de vida. Eu precisei do empurrão do desemprego – agora talvez seja a minha vez de vos empurrar ao encontro dos vossos sonhos.

Volto, portanto, às origens – este www.fmgomes.com foi o endereço original do blog da primeira volta ao mundo – para escrever sobre as vivências do nómada profissional em que entretanto me tornei. Será, enfim, o registo de uma vida em movimento.

Assim nasce este blog, a minha nova casa digital. Para viajar, partilhar, inspirar.

Homepage do blog As Viagens de Filipe Morato Gomes
Página principal do blog As Viagens de Filipe Morato Gomes, agora integrado no Alma de Viajante

Com o novo espaço, comecei a ter imenso prazer em escrever posts para o blog As Viagens de Filipe Morato Gomes, especialmente para inspirar outros a viajar.

Na época pareceu-me uma aposta ganha, ao ponto de o novo blog vencer o prémio de Melhor Blogue de Viagens Profissional na BTL, no início de 2015, derrotando uma redação de jornalistas inteirinha (o blog da Fugas era outro dos nomeados).

O Alma de Viajante, por seu lado, estava tecnologicamente desatualizado. Durante o ano de 2015, decidi que tinha de ser totalmente reformulado. E assim fiz. Foi uma espécie de extreme makeover total. Tecnologicamente passou a usar o WordPress, o melhor gestor de conteúdos do planeta para projetos do género (devia ter feito isto muitos anos antes). Visualmente foi modernizado, simplificado, adotou um aspeto mais clean – o design atual.

Mas a verdade é que tinham sido dois anos a investir mais energia no blog pessoal (que me estava a dar muito prazer), descurando um pouco o Alma de Viajante. Pior: tendo dois projetos, sempre que viajava sentia dificuldade em decidir como dividir as experiências pelos dois espaços, de tal forma que por vezes acabava por não escrever para nenhum deles.

Ou seja, tentava dividir a minha atenção entre os dois projetos, mas não o estava a conseguir fazer bem.

Foi quando senti que estava no caminho errado e que precisava de dispersar menos as energias. De juntar esforços. De me focar.

7. O Alma de Viajante novamente como blog de viagens

Corria o mês de maio de 2016 quando tomei finalmente a decisão: integrar o blog pessoal no Alma de Viajante, e dar-lhe o tal cunho mais pessoal e intimista, tornando-o num verdadeiro blog de viagens. Na altura, escrevi:

A partir de hoje [18 maio 2016], o blog As Viagens de Filipe Morato Gomes deixa de existir de forma independente. A boa notícia é que não acaba, apenas será integrado no Alma de Viajante.

O motivo é simples: não consigo manter os dois blogs em simultâneo com a qualidade que exijo a mim próprio e com uma cadência de publicações aceitável. Por isso, tomei a decisão de transferir para o Alma de Viajante os textos existentes e concentrar lá a publicação de novos posts.

Assim, com essa mudança, comecei a dar um cunho mais pessoal ao Alma de Viajante, a devolver-lhe o formato de blog de viagens.

E isso permite-me estar mais perto dos leitores-viajantes, a interagir mais, a trabalhar de novo com paixão.

Alma de Viajante em 2016
O Alma de Viajante no atual formato de blog de viagens

Foi uma excelente decisão. O Alma de Viajante está mais forte, a comunidade tem crescido rapidamente, a organização melhorado e eu estou finalmente focado a 100% neste meu nosso blog de viagens.

Estou entusiasmado.

Mais recentemente, tomei a decisão drástica de eliminar completamente os banners publicitários do Alma de Viajante. O foco está todo no conteúdo. Na viagem. Nos leitores.

Auguro muita coisa boa para o Alma de Viajante.

Obrigado por fazer parte desta viagem!

Veja também: