
Japão inesquecível
Se tivesse sido obrigado a escolher um único país para conhecer durante a viagem à volta do mundo que fiz em 2008, e talvez até ao longo de toda a vida, não tenho dúvidas de que a opção teria sido o Japão. Essa certeza é baseada no facto do Japão ser realmente um país impressionante, mas sobretudo pela sorte que tive de ter uma anfitriã incrível, a Eriko, que me fez apaixonar pelo Japão perdidamente.
Graças a ela, senti-me sempre em casa, mesmo quando não conseguia perceber nada do que me diziam na rua (sim, porque no Japão é difícil encontrar quem fale inglês sem ficar envergonhado).
Conheci Tóquio por caminhos estranhos aos turistas, e pude confirmar o fascínio mundial pelo Japão. Começa, sem dúvida, pela simpatia nacional. Está-lhes no sangue. Tal como a assombrosa busca da perfeição ou a arte ancestral dos samurais. A delicadeza das gueixas ou a fortaleza dos salaryman japoneses, cuja vida corre à velocidade do mundo.
Chegar ao Japão é viajar num tempo suspenso entre templos tradicionais e pedaços de cidades futuristas; entre comboios que viajam à velocidade da bala e as tradicionais geta, as sandálias de madeira que os japoneses trazem nos pés sempre que usam quimono.
À mesa com a Eriko, num izakaya, descobri que há lugares onde é socialmente aceite perder parte da compostura tradicional que caracteriza os japoneses. Foi nesse dia que vivi um dos episódios mais caricatos da minha viagem por terras nipónicas.
Os izakayas são as tascas japonesas onde, depois do trabalho, a gravata escura que tantos usam para trabalhar abandona de vez a camisa branca. O sítio onde tudo pode acontecer, até mesmo a última coisa que alguma vez esperaria ouvir de um senhor com idade para ser meu avô: um convite em frases enroladas para beber com ele. Quando a Eriko termina de traduzir o que o velhote acabara de dizer, fiquei mudo de espanto. E logo depois, desatei às gargalhadas.
Resisti parcialmente à dança constante de copos, mas cumpri o kampai com saqué: brindei à irresistível comida japonesa. Ao mesmo tempo que picava edamame, feijão de soja ainda verde, o aperitivo preferido para acompanhar um bom copo. Sobre a mesa, vi aparecer um prato com tofu, soja, cebolinho e óleo de sésamo e algumas espetadas yakitori, umas com galinha e outras com porco. Logo a seguir, chegou uma boa dose de tempura de vegetais: beringela, couve-flor, cenoura e cebola envolvidas num polme delicioso.
Durante algumas horas, ouvi a Eriko contar mil e uma histórias de quando era pequena e vinha passar férias a casa da avó no norte do Japão; de como aprendeu a falar o japonês de casa, tão diferente do discurso honorífico exigido no mundo do trabalho; das saudades que sempre teve da verdadeira comida japonesa até viver em Tóquio.
Hoje, já em Portugal, e apesar de ter a sorte de em Lisboa encontrar vários restaurantes bons de comida japonesa, consigo perceber verdadeiramente o que ela me dizia. Estar no Japão é realmente diferente. E inesquecível.
Okonomiyaki, a verdadeira panqueca japonesa
Quando se vê pela primeira vez okonomiyaki fica-se com a sensação de se estar perante uma pizza ou panqueca, preparações que normalmente não associamos à cozinha japonesa. Mas porque todos estamos mais ou menos familiarizados com o sushi e outros petiscos japoneses, achei que fazia sentido apresentar uma receita diferente.
Quando provei okonomiyaki gostei tanto que voltei ao mesmo restaurante mais duas vezes para repetir.
Okonomiyaki significa “cozinha o que quiseres”, razão porque normalmente encontramos uma chapa quente onde podem ser cozinhados okonomiyaki variados, dependendo dos ingredientes. O mais invulgar são mesmo os molhos clássicos: lascas de bonito, pasta de miso e até maionese. A receita é tradicional de Osaka, mas pode encontrar-se em qualquer parte do país.
Ingredientes
Para a base:
- 1 chávena de chá de farinha
- ½ colher de café de sal
- ¾ de chávena de chá de água
Para o recheio:
- 3 ovos
- 3 fatias de bacon picado
- 9 camarões cortados em 3
- 100 g de carne de porco picada
- 3 cogumelos picados
- 3 chávenas de repolho picado
- 1 cebola picada
Para o molho:
- 3 colheres de sopa de ketchup
- 1 colher de sopa de molho inglês
- ½ colher de sopa de mostarda
- 2 colheres de sopa de sake
- 2 colheres de sopa de molho de soja
- 2 colheres de sopa de açúcar
- 3 colheres de sopa de óleo para fritar
- Maionese
- Alga nori
- Flocos de bonito
Receita
Misture todos os ingredientes da base até obter uma mistura homogénea e espessa. Leve ao frigorífico enquanto prepara o recheio e o molho. Misture todos os ingredientes do recheio e depois disponha-os numa travessa, divididos em três doses.
Para fazer o molho, aqueça todos os ingredientes numa panela e misture bem durante cerca de um minuto. Apague o lume e reserve.
Prepare as panquecas: retire a base do frigorífico e coloque 1/3 numa tigela. Sobre esta, coloque 1/3 do recheio e um ovo inteiro. Misture tudo muito bem até obter uma massa. Leve a lume médio uma frigideira com uma colher de sopa de óleo. Quando este estiver quente, frite a massa durante 3 minutos de cada lado. Retire e reserve. Repita todo o procedimento com o resto da base, do recheio e dos ovos. Antes de servir, tempere cada panqueca com o molho, a maionese, as algas nori moídas e os flocos de bonito.
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Muitas saudades do Japão.
É verdade Sofia. Muitas saudades do Japão mesmo, sobretudo agora depois de ler as tuas dicas. Imagino que lá tenhas estado recentemente e, por isso, ainda mais incrível é perceber que tudo continua igual! :) Quem me conhece bem já me ouviu dizer que um dia ainda vou para lá viver… quem sabe? Por agora, mato as saudades com os sabores que lá fui experimentando e com uma e outra ida a bons restaurantes japoneses. Tenho mesmo de lá voltar. Obrigado pela boa lembrança que me proporcionaste.