Situada entre a Bretanha e o Vale do Loire, a 30 minutos do Oceano Atlântico, Nantes, hoje considerada uma das cidades mais criativas da Europa, soube erguer-se das sucessivas crises que a afetaram como poucas.
A cidade, que foi porto principal do comércio de escravos, no século XVIII, do desenvolvimento comercial ultramarino e da construção naval, no século XIX, e das fábricas, sobretudo de sabão e de conservas no século XX viu-se nos anos 90, após os bombardeamentos das guerras mundiais, da mudança dos estaleiros para Saint-Nazaire e da desindustrialização que levou ao encerramento das fábricas, ferida no seu património, cinzenta e sem vida.
Jean Blaise, o diretor do turismo de Nantes decidiu então que o caminho para a revitalização da cidade era pela cultura. Foram reabilitados os edifícios históricos e chamados artistas de várias áreas para começar a animar a cidade. Criaram-se parques verdes e ciclovias. Apostou-se na arquitetura, nos transportes públicos e sustentabilidade, na inovação, na arte e na educação para trazer turistas e para tornar a cidade agradável para quem lá vive.
Esta aposta está a dar os seus frutos. Nantes é hoje uma referência em termos de criatividade e cultura, foi eleita Capital Verde da Europa em 2013, está em crescimento e tem uma das populações mais jovens de França.
Aqui ficam cinco formas de aproveitar a cidade de Nantes em todo o seu potencial.
O que fazer em Nantes
Seguir a “Linha Verde”
Este percurso de 8,5 km liga todos os pontos turísticos mais importantes da cidade. Uma verdadeira linha verde, pintada no chão, une dezenas de paragens que permitem descobrir a sua essência: edifícios históricos, instalações artísticas em espaços públicos, jardins, museus, pormenores importantes de determinadas ruas, miradouros, as máquinas da Ilha de Nantes…
Todos os verões, durante 2 meses este percurso é dinamizado com atividades, concertos, performances, exposições temporárias e novas instalações. Algumas delas tornam-se permanentes, acrescentando novas paragens à linha. Assim, é um percurso em constante evolução e que permite não só aos turistas, mas também aos Nanteses usufruir da cidade de maneiras diferentes.
Neste ano de 2015, Le Voyage a Nantes, o nome do projeto e do gabinete que o organiza, decorre durante os meses de julho e agosto.
Percorrer o trilho de arte das margens do Loire
Entre Nantes e Saint-Nazaire, nas margens ao longo dos 60 km do estuário do Rio Loire, distribui-se uma coleção de 29 obras de arte. Fazem parte do projeto Estuaire, uma “aventura artística”, desenrolada em três atos, nos anos de 2007, 2009 e 2012. Em cada um deles foram convidados artistas internacionalmente conhecidos a desenvolver instalações pensadas para o local onde se inserem, de modo a chamar a atenção para características e pormenores dessa área.
O percurso pode ser feito de carro ou de bicicleta. Existem mapas e áudio-guias à disposição online e no posto de Turismo de Nantes e, em cada paragem, placas informativas sobre o autor e a obra.
De abril a outubro existem ainda tours de barco que permitem ver as obras desde a água e ter um pouco mais de informação.
Descobrir a variedade de influências na gastronomia da região (e a aposta na produção local)
Apesar de ser conhecida pela qualidade dos seus produtos agrícolas, Nantes não tem um prato típico. Em vez disso, ou talvez por isso mesmo, existe uma grande aposta não em pratos específicos, mas numa cozinha variada, que honre esses mesmos produtos: marisco, queijos, peixe, carne e vegetais, todos produzidos, criados ou pescados na zona. A região Loire-Atlantique, onde se insere, é ainda a que tem maior percentagem de produção agrícola orgânica do país.
Esta diversidade pode também ser explicada pelo seu passado como porto de partida e chegada de viagens transatlânticas e a sua localização na fronteira das regiões da Bretanha, Loire e Vendée. Seja qual for a razão, certo é que cada vez mais chefs, franceses e estrangeiros, estão a abrir restaurantes em Nantes, tirando partido de toda a variedade e qualidade de produtos disponíveis, e dando o seu cunho pessoal à maneira como são cozinhados.
O melhor recurso para esta descoberta (para além de perguntar aos Nanteses) é Les Tables de Nantes, um guia de 117 restaurantes na cidade e nas vinhas que a rodeiam, escolhidos por um júri constituído por pessoas de várias áreas. Agrupa lugares para todas as carteiras e gostos, tendo como critérios de escolha o uso de produtos locais, a qualidade dos mesmos, o sabor da comida, a relação qualidade-preço e o atendimento. Tem ainda uma lista de todos os mercados, e a sazonalidade dos produtos.
Provar Muscadet
O vinho branco mais produzido de toda a região do Loire é o que vem dos 11.500 hectares de vinhas em torno de Nantes.
O Muscadet é um vinho fresco, mineral, a lembrar o Vinho Verde português, feito exclusivamente da casta Melon de Bourgogne, o que faz desta a maior região vinhateira monocasta da Europa.
Por toda a cidade existem bares de vinho com uma boa seleção dos vários tipos de Muscadet e muitos dos restaurantes recomendados no “Les Tables de Nantes” fazem questão de promover também o vinho da região.
Se quiser saber mais sobre o processo de fabricação, da uva à garrafa, pode visitar o Museu dos Vinhedos de Nantes (Musee du Vignoble Nantais), localizado na cidade de Le Pallet, no coração da zona vinhateira (apenas aberto de abril a outubro).
Pedalar pelas margens do Rio Erdre
O Rio Erdre, afluente do Loire, atravessa Nantes de Norte para Sul. O caminho, no sentido oposto, começa por ser apenas uma continuação da ciclovia da cidade, junto ao canal Saint Felix. Aqui podem ver-se alguns barcos-casa e muita gente nas esplanadas junto ao canal. Contorna depois a Ile de Versailles e continua por parques à beira-rio, onde os habitantes fazem as suas caminhadas e passeios. Passa por marinas e passadeiras de madeira e segue pelo Vale do Erdre com pântanos, parques, reservas naturais e mansões do século XIX, sempre com via ciclável.
Dá para fazer um passeio de um dia bem relaxante, em qualquer uma das margens ou passando de uma para a outra. Ao longo do caminho existem algumas pontes, e os Navibus fazem parte da rede de transportes públicos (custam o mesmo que uma viagem de autocarro normal) e permitem levar as bicicletas. Abasteça-se de comida para um piquenique num dos mercados da cidade, e siga rio acima.
Pode alugar uma bicicleta no posto de turismo ou em muitas das lojas espalhadas pela cidade; ou levar uma das bicicletas da rede self-service Bicloo.
Guia prático
Onde ficar em Nantes
Se está a pensar viajar para Nantes, utilize o link abaixo para encontrar os melhores hotéis da cidade.
Seguro de viagem
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Filipa Chatillon viajou a convite do Turismo de Nantes, com o apoio da Transavia.