Revolut, finalmente um cartão (quase) sem comissões

Por Filipe Morato Gomes
Cartão Revolut
O meu cartão Revolut

Finalmente encontrei um cartão que, ao que parece, serve os meus propósitos de viajante. Chama-se Revolut é um cartão que pode fazer a comunidade de viajantes poupar muito dinheiro em comissões bancárias. Especialmente, no caso português, se é um viajante que frequentemente vai para fora da Europa (ou, melhor dizendo, da Zona Euro). Eu explico.

À procura do cartão ideal para viajar

Há muito tempo que procuro um cartão que não me cobre cerca de 5% em comissões sempre que uso um ATM para levantar dinheiro na Ásia, nas Américas ou mesmo no Reino Unido. É quanto me custa levantar dinheiro nessas latitudes com o cartão Visa Eletron do meu banco.

Por isso é que, sempre que um banco me ligava a impingir os seus cartões de crédito, eu dizia que, se tivessem um cartão que não cobrasse taxas nos levantamentos fora da Zona Euro, eu assinava na hora. Como é evidente, mudavam rapidamente de assunto tentando fazer-me ver as vantagens do cartão. Não havia. Deixei de tentar, e comecei a dizer que estava desempregado (e a conversa terminava em 10 segundos).

Note que nada tenho contra o meu banco, mas creio que finalmente encontrei um cartão que responde às minhas necessidades. Chama-se Revolut e, entre as principais vantagens em termos financeiros, contam-se as comissões inexistentes ou reduzidas e o facto de, alegadamente, usar taxas de câmbio mais favoráveis do que os bancos tradicionais.

Isto para além de poder bloquear e desbloquear o cartão através da app. Por exemplo, se perder o cartão posso bloqueá-lo imediatamente; se depois encontrar o cartão posso voltar a desbloqueá-lo – como é que os bancos não pensaram nisto antes? E ainda de poder impedir a utilização do cartão se ele estiver afastado do seu telemóvel (por exemplo, se for roubado sem dar conta disso).

Adiante, explico outras vantagens e desvantagens, mas por agora centremo-nos na questão das taxas e comissões.

Teste do Cartão Revolut em viagem

Tinha instalado a app Revolut há já algum tempo mas, por um motivo ou por outro, ainda não tinha adquirido o cartão propriamente dito. A viagem de três semanas que fiz ao Brasil, passando por Belém, Ilha do Marajó, Manaus, Parintins e São Paulo, foi o momento perfeito para experimentar o cartão. Queria comparar os custos dos levantamentos.

Antes da partida, transferi exatamente 200€ do meu banco para o cartão Revolut. Deixei passar dois ou três dias para o dinheiro chegar à conta do cartão e, já em Manaus, fiz o teste.

Na mesma ocasião, levantei R$ 500 com o meu habitual cartão e, logo de seguida, na mesma máquina de levantamentos automáticos, levantei a mesma quantia com o cartão Revolut. Dias depois, conferi os movimentos bancários e, sem surpresa, poupei dinheiro com o Revolut. Convertidos em euros, os custos foram os seguintes:

Levantamentos com o cartão habitual

  • Levantamento, convertido em euros: 134,57€
  • Comissões e impostos: 7,16€
  • Total: 141,73€

Levantamentos com o cartão Revolut

  • Levantamento, convertido em euros: 134,48€
  • Comissões e impostos: 0€
  • Total: 134,48€

Poupança: 7,25€ num levantamento de +- 135€

Entre “Comissão de Levantamento Fora da Zona Euro ATM”, “Comissão de Levantamento Fora da Zona Euro”, “Comissão de Processamento de Levantamento Fora da Zona Euro”, “Comissão de Conversão de Moeda” e respetivos impostos de selo, o meu banco cobrou-me um total de 7,16€ de taxas. Ou seja, 5,32% do dinheiro levantado foi adicionado em taxas bancárias e impostos. Já o Revolut, pelo mesmo levantamento, cobrou-me zero.

Ou seja, em menos de 135€ levantados poupei 7,25€. Multiplique isso por dezenas de levantamentos durante uma viagem de longa duração como uma volta ao mundo e poupará centenas de euros em comissões.

Na conta à ordem Base (gratuita) e na conta pacote Plus, a Revolut cobra 2% por levantamento, a partir dos 200€ mensais (ou seja, os primeiros 200€ que levantar em cada mês estão isentos de taxas). Se eu já tivesse ultrapassado esse limite, o levantamento ter-me-ia custado 2,68€ em taxas. Mesmo assim, cerca de um terço do que me cobrou o meu banco tradicional.

Conclusão: onde se poupa dinheiro

Ao contrário do que eu supunha, a taxa de câmbio usada pelo meu banco e pela Revolut foi idêntica. Não sei se os outros bancos portugueses são tão generosos quanto o meu banco, mas a verdade é que neste aspeto os ganhos do Revolut foram irrelevantes.

Tinha lido um relato de uma viajante britânica que saiu muito beneficiada na conversão, comparando com levantamentos do namorado que usou um cartão “normal”, mas no meu caso isso não se verificou.

Aparentemente, a vantagem verifica-se quando se converte o dinheiro dentro da própria app, entre euros, libras e dólares (e, desde o início de julho de 2017, 11 outras moedas). Por exemplo, se eu viajar para os Estados Unidos da América, antes de levantar dinheiro deverei converter a quantia que quiser levantar de euros para dólares, e só então fazer o levantamento numa caixa ATM norte-americana. Ao que parece, nesse caso poupar-se-á muito dinheiro só pela taxa de câmbio utilizada. Mais uma coisa para testar no futuro.

Em resumo, no meu caso concreto não poupei nada no câmbio; mas poupei muito nas taxas.

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Onde utilizar o cartão Revolut

A utilização mais evidente para quem está em viagem são mesmo os levantamentos de dinheiro na moeda local nas caixas ATM. Mas há outro tipo de utilizações que são vantagens adicionais para os utilizadores (algumas ainda não tive oportunidade de comprovar). A saber:

  • Compras em viagem. Se fizer alguma compra que queira pagar com cartão fora da zona Euro, usando o Revolut não paga as habituais taxas ou comissões bancárias.
  • Tal como no caso das compras, pode adicionar o cartão Revolut à sua conta na app Uber ou Cabify e, dessa forma, poupar dinheiro nas viagens. Usei frequentemente durante a minha recente estadia em São Paulo.
  • Compras online. Da mesma forma, se costuma fazer compras em lojas online dos Estados Unidos da América ou no Reino Unido, por exemplo, pagando em dólares ou libras, poupará dinheiro se pagar as compras usando a conta Revolut.
  • Em caso de perda ou roubo do cartão durante a viagem, pode pedir uma segunda via para a morada onde se encontra no momento. Num prazo de até 10 dias o novo cartão Revolut chegará ao seu destino.
  • Numa situação de emergência, caso fique por algum motivo sem dinheiro em viagem, pode pedir a algum amigo ou familiar que transfira dinheiro para a sua conta Revolut. Se essa pessoa for proprietária de uma conta Revolut, a transferência é instantânea (sugestão: se vai fazer uma viagem longa, faça com que alguém de confiança crie uma conta; será uma forma de rapidamente resolver uma situação de emergência financeira).

Para saber mais sobre o cartão e experimentar, visite www.revolut.com.

Pontos menos positivos do Revolut

A única desvantagem que encontrei até ao momento é o facto de não me ser permitido fazer transferências para a conta Revolut a partir de um normal cartão de débito. Teoricamente isso é possível mas, ao tentar fazê-lo, o sistema pede-me o código de segurança com três dígitos, normalmente visível no verso do cartão. Acontece que o meu cartão de débito pessoal não tem esse código – logo estou impedido de usar este método (o cartão da minha empresa unipessoal empresarial tem, na próxima experimento com esse).

Por outro lado, a transferência usando um cartão de crédito tem um custo de 1% do valor transferido, o que dilui um pouco as vantagens financeiras da utilização da conta Revolut.

Resta, portanto, a transferência bancária internacional, que demora dois ou três dias úteis até que o dinheiro fique disponível.

Conheça as contas pacote da Revolut

O Revolut tem contas pacote com custos, que oferecem vantagens adicionais. Não me alongarei a esse respeito porque só há pouco tempo criei uma conta Business. Sei que, por serem contas pagas, tem muitas outras vantagens, mas o meu objetivo principal é, por enquanto, receber pagamentos de alguns programas de afiliados em dólares norte-americanos. Vou poupar muito dinheiro na conversão de USD para Euros, e só isso já justifica a mensalidade de 25€ que pago para ter uma conta Business. A seu tempo darei o meu feedback mais pormenorizado.

Seja como for, mesmo só a conta Base da Revolut já me conquistou. Continuo a usá-la em viagens para fora da Zona Euro; e, se houver algum aspeto novo e relevante, acrescentarei a este post para benefício coletivo. Por enquanto, sou um utilizador convicto.

Se já utiliza o cartão Revolut nas suas viagens, partilhe na caixa de comentários as suas experiências – positivas ou negativas – com a utilização do cartão. Serão com certeza de grande utilidade para a comunidade de viajantes. Obrigado.

Mais informações sobre o Revolut

Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.