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Bukhara, museu ao ar livre

Por Ana Isabel Mineiro | Viagens Ásia Bukhara Uzbequistão UNESCO
Atualizado em 1.05.2020 | Tempo de leitura: 6 minutos

Bukhara, Usbequistão
Bukhara, Uzbequistão

Bukhara revela-se devagar: monumental, sim, mas sobretudo discreta. Duas vezes capital, a última das quais do Emirado de Bukhara, no séc. XVI, conserva muito da arquitectura desta época, que a transforma numa das zonas históricas mais fascinantes de toda a Ásia Central, protegida pela UNESCO. Oásis elegante da Rota da Seda, foi também um importante centro cultural e religioso. Hoje, o pior que pode acontecer é ficarmos cansados de monumentos, se tentarmos visitar os cerca de cento e quarenta edifícios protegidos da cidade.

Bukhara, na Rota da Seda

Praça de Labi-Hauz, nove da manhã. Alguns homens arrastam o que parece ser uma cama, mas nesta zona da Ásia serve de sofá. Colocado à sombra da magnífica madrassa Nadir Divanbegi, com uma mesa baixinha no meio, é o lugar ideal para um chá. São seis compinchas de alguma idade, com o chapeuzinho negro quadrangular dos usbeques e um sorriso tímido. Com a chegada de dois bulezinhos minúsculos, encontra-se um bom motivo para comunicar. De onde vimos, para onde vamos, o que já visitámos na cidade, são os temas que procuram discutir.

Praça Labi-Hauz, Bukhara
Praça Labi-Hauz, Bukhara

Orgulhosos, debitam nomes de mesquitas, madrassas, lugares que temos de conhecer. Como a madrassa – escola corânica – mesmo por trás de nós, com um grande portal de entrada – o iwan – ornamentado com duas aves que parecem esvoaçar. O pátio é a cópia do exterior, com dois andares decorados por uma série de pequenas arcadas com mosaicos decorativos aplicados sobre tijolo.

Os estudantes do Corão viviam naqueles quartinhos minúsculos e estudavam no pátio ensombrado por árvores. Geralmente, as madrassas estão próximas de mesquitas, que aqui já foram mais de trezentas. Se lhes juntarmos mais de cem escolas corânicas com milhares de estudantes, percebemos porque se chamava a Bukhara, no seu período áureo, o “Pilar do Islão” – o que não impede que ali perto sobreviva uma das últimas sinagogas da cidade, que já foram sete, num desafio a ódios cultivados noutros lugares.

Do outro lado do lago artificial – o hauz – fica um templo de contemplação dos sufis, os místicos islâmicos. E atravessando a rua, encontramos a que já foi a maior madrassa da Ásia Central – mas não a mais bonita. Essa fica mais adiante, junto a uma irmã gémea, depois de um cruzamento coberto por cúpulas e de um perfumado mercado de especiarias.

Mesquita e minarete de Kalyan, Bukhara
Mesquita e minarete de Kalyan, Bukhara

Inteiramente cobertas de azulejos, com enormes iwan trabalhados e elegantes cúpulas “verdazul” – em tajique, só há um nome para as duas cores – este conjunto de edifícios mergulha-nos de vez numa atmosfera de museu, só interrompida por um animado bazar de tapetes; na boa tradição nómada, tajiques e usbeques, as maiorias étnicas da cidade, tendem a forrar literalmente a casa – ou a tenda – com tapetes.

As mesquitas desertas já não servem para orar, mas para tomar contacto com a arte islâmica no seu melhor: arcos, nichos, alvéolos, uma decoração exuberante de grafia geométrica e arabescos vegetais, minaretes singelos ou trabalhados, e sempre aquelas cúpulas soberbas que espreitam por cima dos outros edifícios, apoiadas em tambores de pedra igualmente decorados com mosaicos. Os desenhos parecem repetir-se nos tapetes, onde os azuis são substituídos por vermelhos e brancos, reproduzindo horizontalmente a elegância da arquitectura.

Bazares e caravançarais, onde as caravanas da Rota da Seda se abrigavam à passagem, também faziam parte deste cenário grandioso. Mas tudo o que agora vemos data do século XVI, já que a cidade não resistiu às hordas de Gengiscão e, mais tarde, de Tamerlão. Diz-se que só escapou o minarete da mesquita de Kalyan, com quarenta e sete metros de altura e dez de diâmetro, por Gengiscão ter perdido o chapéu ao passar por ali; obrigado a baixar-se para o apanhar, ficou impressionado com as dimensões da que era, à época, a mais alta construção da Ásia Central.

Bukhara, Usbequistão
Bukhara, Uzbequistão

Para estimular a imaginação, nada melhor do que visitar o palácio-museu da Arca (Ark), verdadeira “cidade proibida” dos emires, onde estão guardadas algumas das suas extraordinárias indumentárias. Depois, é fácil imaginar o emir de Bukhara na sua deslocação à mesquita em frente ao palácio, montado num cavalo branco e vestido de ouro e prata, atravessando a Praça de Registan sobre os tapetes que cobriam o chão à sua passagem.

Nesta zona ajardinada, espreitam ainda duas pérolas a não perder: o mausoléu de Ismail Samânida, edifício do século X salvo pelo deserto que, ocasionalmente, fazia desaparecer partes da cidade, e o poço de água sagrada de Chashma Ayub, onde uma exposição demonstra os problemas sanitários que o sistema de canais e reservatórios causava.

Com a impopular medida de secar quase todos estes tanques de água parada, os russos, estabelecidos aqui desde finais do século XIX, acabaram com os surtos de peste que faziam grandes baixas entre a população.

Monumentos da Rota da Seda, Bukhara
O centro da cidade alberga vários grupos de monumentos da Rota da Seda

Labi-Hauz, nove horas da manhã. Depois de um mergulho na história, é inevitável regressar aqui e recomeçar. Fazer amizade com a cidade toma tempo, sobretudo quando o centro é um verdadeiro museu ao ar livre, cenário fiel e arcaico da Rota da Seda. Pouca gente e muita alma, parece ser o lema de Bukhara.

Guia prático

Sobre Bukhara

Bukhara nasceu no deserto que caracteriza a maior parte do território do Uzbequistão. A zona mais interessante da cidade é o seu extenso centro histórico; o resto são velhos edifícios cor de cimento, herança do período soviético. Depois de ter festejado com reconstruções maciças os seus 2.500 anos, perdeu-se algo da sua agitação, tão típica da Ásia Central. Por outro lado, é extremamente agradável percorrer calmamente ruas quase sem tráfego, deixando a imaginação preencher os vazios. E os pontos de interesse visitam-se facilmente a pé, de forma segura, em circuitos como o que propomos. Conte com um mínimo de três dias para conhecer um pouco da cidade e das suas gentes.

Quando ir

O clima é de extremos: as temperaturas atingem o seu máximo em Junho, com 40 graus ou mais; de Inverno, são frequentes as temperaturas negativas.

Como chegar a Bukhara

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Onde ficar

Para conhecer as melhores opções hoteleiras, veja o post sobre onde ficar em Bukhara. Alternativamente, visite o link abaixo.

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Gastronomia

A maior parte dos restaurantes oferece quase sempre carneiro, estufado ou em espetadas, excelente pão, arroz e massas. Os paladares resultam em algo entre a comida mediterrânica e a do Médio Oriente, mas sem ser tão saborosa ou variada. No Verão, os melões, os figos e as uvas são excelentes.

O que comprar

Bukhara é famosa pelas suas carpetes e tapetes de todos os tamanhos – os desenhos e as cores merecem destaque. Igualmente bonitos são os tecidos de estampados locais, em algodão ou seda, vendidos ao corte. Os bordados suzané, com grandes florões bordados a seda sobre algodão, também são muito populares. Perto de Labi-Hauz há uma pequena fábrica de cutelaria com excelentes facas e adagas usbeques. De preferência, fazer as compras o mais longe possível dos locais turísticos, e não esquecer de discutir muito o preço antes de pagar.

Informações úteis

A embaixada do Uzbequistão mais próxima parece continuar a ser a de Paris, por isso, o melhor é tratar de tudo através de uma agência de viagens. O inglês é a língua estrangeira mais falada, embora ainda o seja por poucos.

Seguro de viagem

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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