
Os bunkers fazem parte da paisagem albanesa. Na verdade, estão um pouco por todo o lado. Durante o período em que o país foi governado pelo ditador Enver Hoxha, foram construídos na Albânia mais de 170 mil bunkers, a maior parte dos quais bastante pequenos e localizados nas montanhas do país. Não é engano: mais de 170 mil.
Ora, o mais importante desses abrigos subterrâneos ficava nos arredores de Tirana. O bunker oferecia proteção contra um potencial ataque nuclear e as suas dimensões eram tais que contemplava um anfiteatro para que os governantes pudessem reunir em caso de ataque. Atualmente encontra-se embrenhado na malha urbana da capital albanesa, a uma rápida viagem de autocarro do centro. Foi aí que o projeto Bunk’Art se instalou, em abril de 2016.
Visitar o Bunk’Art de Tirana
Caminhando pelas ruas a caminho de Linze, arredores de Tirana, andava à procura da entrada para um bunker sem saber bem o que estava à procura. Não tinha visto fotos, reportagens, nada. Fora um viajante com quem me cruzei em Berat que me aconselhou o museu: “visitar o Bunk’Art foi a coisa mais interessante que fiz em Tirana”, disse-me. Anotei a ideia e uma semana depois ali estava eu, à porta de um túnel que me levaria ao desconhecido.
Atravessei o túnel em passo lento, enregelado pelo vento cortante que soprava em sentido contrário. Havia música tranquila ecoando nas paredes do túnel. Do outro lado, um edifício, alguns militares em conversas e gargalhadas, e um guichet para comprar bilhetes.
Informado para “seguir as indicações de Bunk’Art”, atravessei uma ladeira rodeada de verde e não deixei de reparar num carro de combate estacionado junto a um parque infantil. Adiante, a porta, pequena, do bunker de Enver Hoxha.
Antes de ser Bunk’Art, o edifício era apenas um bunker. Enorme. Uma espécie de palácio subterrâneo com cinco andares, mais de 100 divisões (incluindo aposentos para Enver Hoxha) e o tal parlamento. Foi inaugurado em 1978 pelo ditador comunista, mas nunca chegou a ser utilizado como refúgio.
Foi só em meados de 2016 que o sinistro bunker se transformou em museu. De memórias. De instalações vídeo. De arte. De fotografias e máscaras de gás. De sons, muitos sons. Era onde me encontrava.
Percorri todas as salas e vi todos os vídeos e instalações multimédia. Emocionei-me com algumas, não compreendi outras, pouca atenção prestei a um par delas, mas nenhuma teve em mim um efeito tão aterrador como uma sala vazia. Completamente vazia. Estava escura, mesmo escura, e apenas se ouviam sons, nada mais, apenas sons e escuro, simulando ao longe um ataque militar. Trratatataaa… buuum…
Na escuridão completa, não aguentei muito tempo. Como se tivesse sido tomado por um medo completamente irracional e a única solução fosse abrir a porta e sair dali. Como acordar de um pesadelo. Foi o que fiz ao fim de alguns segundos.
Sim, o ambiente do Bunk’Art é frio e provocador.
Às tantas, chegou um pequeno grupo de estudantes albaneses, numa visita escolar organizada. É bom que se preservem as memórias. Porque, no fundo, o museu mostra a vida na Albânia durante 45 anos de comunismo, na esperança que os albaneses se reconciliem com a sua própria história, com o seu passado recente. Acredito que para os albaneses mais velhos não seja uma visita fácil. Para os turistas, é porventura a atração mais original da capital albanesa. Imperdível!
Veja também o roteiro de 7 dias na Albânia.
Guia prático
Como chegar ao Bunk’Art
A forma mais barata de chegar ao Bunk’Art é ir até à rua Ludovik Shllaku, no centro de Tirana (perto da mesquita Et’hem Beu) e apanhar o autocarro urbano com destino a Linze. Peça ao cobrador para que ele lhe indique a paragem correta. A partir daí, terá de andar uns 300 ou 400 metros até à entrada do túnel de acesso ao Bunk’Art, através de um bairro residencial (pergunte, que os albaneses são muito solícitos).
Onde ficar em Tirana
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