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Mercado dos Lavradores, o mercado dos turistas no Funchal

Por Filipe Morato Gomes
Fruta da Madeira no Mercado dos Lavradores, Funchal
Fruta da Madeira no Mercado dos Lavradores, Funchal

Decidi visitar o Mercado dos Lavradores sem grande convicção. Já lá tinha estado há uns bons 15 anos e, já na época, era, por assim dizer, um lugar turístico. Com o aumento do turismo, receava que hoje em dia os turistas fossem os únicos clientes do emblemático mercado do Funchal. Talvez não me tenha enganado por muito.

Na verdade, o Mercado dos Lavradores é uma grande atração turística da cidade. Na manhã em que percorri calmamente o mercado, a maioria dos visitantes eram estrangeiros de máquina fotográfica em punho. Havia, naturalmente, um ou outro madeirense a fazer as suas compras, mas eram uma discreta minoria.

Pátio central do Mercado dos Lavradores
Pátio central do Mercado dos Lavradores

Ainda assim, na zona das frutas e legumes valeu a pena observar a incrível variedade de frutas tropicais existentes na Ilha da Madeira; da pitanga às anonas, passando por alguns maracujás cruzados com outras frutas, resultando em combinações curiosas como maracujá-limão ou maracujá-banana.

Os vendedores chamavam os turistas (“falo seis línguas, só preciso saber de onde eles são”, disse-me um vendedor) para provarem as frutas e convencê-los a comprar, o que à priori poderia ser uma experiência interessante.

Feijão da Madeira
Pormenor de uma banca de legumes

Acontece que, ao que consta, é comum os vendedores adicionarem açúcar à fruta que dão a provar aos turistas, enganando-os (os frutos que têm para venda são mais amargos e mais secos). Eu não comprei fruta para poder comprovar a teoria, mas abundam os relatos de turistas objetivamente burlados. Até porque o preço da fruta no Mercado dos Lavradores é verdadeiramente exorbitante.

Continuei a percorrer a zona de frutas e legumes subindo ao piso superior mas, por esta altura, nem a arquitetura típica do Estado Novo do Mercado dos Lavradores, nem os belos painéis de azulejos produzidos na Fábrica de Loiça de Sacavém e pintados com temas regionais da Madeira, eram suficientes para contrabalançar a sensação de desânimo.

O Mercado dos Lavradores não me dizia nada.

Foi quando segui para a peixaria.

Peixaria do Mercado dos Lavradores, Funchal
Peixaria do Mercado dos Lavradores, Funchal

Nas bancas, os homens do mar amanhavam enormes atuns, dezenas de peixes-espada e muitas outras espécies de peixe. Para mim, que gosto mesmo de mercados, pareceu-me uma zona menos contaminada pelos euros do turismo.

Sim, gostei mais da área do mercado dedicada ao peixe; mas ainda assim soube a pouco.

Mercado dos Lavradores: atração turística ou perda de tempo

Turistas no Mercados dos Lavradores
Turistas no Mercados dos Lavradores

A saída, perguntei-me: vale ou não a pena visitar o Mercado dos Lavradores?

Sinceramente, julgo que não.

Gostei de ver o colorido das frutas e de provar algumas delas. Gostei da área dedicada ao peixe. Mas não gostei de me sentir uma nota de euro aos olhos dos vendedores de fruta. Não consegui olhar para as vendedoras de flores vestidas com trajes tradicionais sem ter a sensação de que estavam assim vestidas por causa dos turistas. Não simpatizei com a ideia de haver lojas tradicionais a encerrar para dar lugar a projetos como uma confeitaria. Não gostei de sentir que o Mercado dos Lavradores já não tem alma (coisa subjetiva, é certo, mas foi o que senti).

Definitivamente, não creio que tenha valido a pena visitar o Mercado dos Lavradores. Há coisas mais interessantes para fazer no Funchal.

Gostava de ter escrito um post emocionado, maravilhado por tudo o que vi, senti, cheirei e provei no mais conhecido mercado do Funchal. Mas não consigo.

Mercado dos Lavradores

Morada: Largo dos Lavradores, 9060 – 158 Funchal

Horário de funcionamento:

  • Segunda a quinta-feira: 08:00 – 19:00
  • Sexta-feira: 07:00 – 20:00
  • Sábado: 07:00 – 14:00
  • Fechado aos Domingos e feriados.

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Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

4 comentários em “Mercado dos Lavradores, o mercado dos turistas no Funchal”

  1. O verdadeiro e genuíno Mercado dos Lavradores (que com certeza proporcionará grandes emoções) deverá ser visitado aos Sábados de manhã, não nos restantes dias de semana. Aos Sábados o mercado transfigura-se para muito melhor!
    É neste dia que os lavradores dos “campos” fora do Funchal expõem e comercializam os produtos que eles próprios cultivam e o mercado ganha um impacto muito maior e é mais genuíno.

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  2. Estive lá no passado dia 24 de Junho e realmente comprei um maracujá limão que quando o abri…estava literalmente seco! Paguei cerca de 2 euros por algo que foi para o lixo. Com a sua experiência a vendedora não devia “enganar-se” ao escolher o fruto que me vendeu…
    Bom, fica a atitude e a certeza de nunca mais comprar lá nada!

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  3. Vim há uns dias da minha primeira viagem à Madeira. Um dos sítios que queria visitar era o Mercado dos Lavradores e assim fiz.
    Foi uma experiência que me fez sentir “burra”. Já tinha lido sobre a insistência dos vendedores para provarmos e comprarmos a fruta e achei que a mim não me iria “dar a volta”. Então não é que deram?
    Sai de lá com 6 peças de frutas e com uma conta de 25 euros. Como? Não consigo explicar.
    E o mais revoltante é que as frutas não têm o doce e o sabor das que provamos.
    Sinto-me enganada e revoltada este episódio mas maravilhada com a ilha da Madeira.

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  4. Aos incautos digo que não vão ao mercado comprar fruta madeirense. Os preços são escandalosos no piso térreo. Vão só ver. No de cima é mais barato. Ou fora do mercado há muita escolha a preços muito mais baixos. No mercado vemos tomate inglês a 20€, anona a 15€, goiaba a 20€, etc etc etc. Ora o preço normal a poucos metros é 2-3€ para o tomate, a anona a 1,5-2€, a goiaba a 2€. Ou seja, os turistas são roubados no mercado. Tenham vergonha.

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