Decidi visitar o Mercado dos Lavradores sem grande convicção. Já lá tinha estado há uns bons 15 anos e, já na época, era, por assim dizer, um lugar turístico. Com o aumento do turismo, receava que hoje em dia os turistas fossem os únicos clientes do emblemático mercado do Funchal. Talvez não me tenha enganado por muito.
Na verdade, o Mercado dos Lavradores é uma grande atração turística da cidade. Na manhã em que percorri calmamente o mercado, a maioria dos visitantes eram estrangeiros de máquina fotográfica em punho. Havia, naturalmente, um ou outro madeirense a fazer as suas compras, mas eram uma discreta minoria.
Ainda assim, na zona das frutas e legumes valeu a pena observar a incrível variedade de frutas tropicais existentes na Ilha da Madeira; da pitanga às anonas, passando por alguns maracujás cruzados com outras frutas, resultando em combinações curiosas como maracujá-limão ou maracujá-banana.
Os vendedores chamavam os turistas (“falo seis línguas, só preciso saber de onde eles são”, disse-me um vendedor) para provarem as frutas e convencê-los a comprar, o que à priori poderia ser uma experiência interessante.
Acontece que, ao que consta, é comum os vendedores adicionarem açúcar à fruta que dão a provar aos turistas, enganando-os (os frutos que têm para venda são mais amargos e mais secos). Eu não comprei fruta para poder comprovar a teoria, mas abundam os relatos de turistas objetivamente burlados. Até porque o preço da fruta no Mercado dos Lavradores é verdadeiramente exorbitante.
Continuei a percorrer a zona de frutas e legumes subindo ao piso superior mas, por esta altura, nem a arquitetura típica do Estado Novo do Mercado dos Lavradores, nem os belos painéis de azulejos produzidos na Fábrica de Loiça de Sacavém e pintados com temas regionais da Madeira, eram suficientes para contrabalançar a sensação de desânimo.
O Mercado dos Lavradores não me dizia nada.
Foi quando segui para a peixaria.
Nas bancas, os homens do mar amanhavam enormes atuns, dezenas de peixes-espada e muitas outras espécies de peixe. Para mim, que gosto mesmo de mercados, pareceu-me uma zona menos contaminada pelos euros do turismo.
Sim, gostei mais da área do mercado dedicada ao peixe; mas ainda assim soube a pouco.
Mercado dos Lavradores: atração turística ou perda de tempo
A saída, perguntei-me: vale ou não a pena visitar o Mercado dos Lavradores?
Sinceramente, julgo que não.
Gostei de ver o colorido das frutas e de provar algumas delas. Gostei da área dedicada ao peixe. Mas não gostei de me sentir uma nota de euro aos olhos dos vendedores de fruta. Não consegui olhar para as vendedoras de flores vestidas com trajes tradicionais sem ter a sensação de que estavam assim vestidas por causa dos turistas. Não simpatizei com a ideia de haver lojas tradicionais a encerrar para dar lugar a projetos como uma confeitaria. Não gostei de sentir que o Mercado dos Lavradores já não tem alma (coisa subjetiva, é certo, mas foi o que senti).
Definitivamente, não creio que tenha valido a pena visitar o Mercado dos Lavradores. Há coisas mais interessantes para fazer no Funchal.
Gostava de ter escrito um post emocionado, maravilhado por tudo o que vi, senti, cheirei e provei no mais conhecido mercado do Funchal. Mas não consigo.
Guia prático
Mercado dos Lavradores
Morada: Largo dos Lavradores, 9060 – 158 Funchal
Horário de funcionamento:
- Segunda a quinta-feira: 08:00 – 19:00
- Sexta-feira: 07:00 – 20:00
- Sábado: 07:00 – 14:00
- Fechado aos Domingos e feriados.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.