Quer visitar Istambul e está farto de ler as mesmas dicas de viagem em todos os guias? Desafiei a Manuela Matos Monteiro, profunda conhecedora da cidade e autora do belíssimo blog Istambul 5 dias, a partilhar cinco sugestões sobre o que fazer em Istambul para tornar a sua estadia única e inesquecível. “Se fosses com um amigo a Istambul, onde o levarias?” – eis as dicas da Manuela.
O que fazer em Istambul com um amigo
Quando olho um avião a riscar o céu e me perguntam “Para onde querias ir agora?”, a minha resposta imediata e sem pensamento é invariavelmente: Istambul! Interrogo-me das razões desta escolha apesar de já lá ter estado nove vezes e de gostar da novidade de tantos mundos desconhecidos.
Percebo que são as contradições de uma cidade que se divide entre dois continentes, que convive com diferentes religiões, que combina a tradição herdada por uma longa história com a modernidade, que a tornam única. Foi difícil selecionar só cinco sugestões que fujam às tradicionais opções turísticas. Mas confesso que mesmo estas são fascinantes propostas!
#1 Andar de ferry
Conhecer Istambul passa por andar de ferryboat, o transporte usado pelos habitantes para aproximar as margens afastadas pelo Mar de Mármara e pelo Bósforo. É um meio rápido, seguro e económico, mas o que interessará ao viajante é o conhecimento da cidade que essas viagens proporcionam.
Sugiro que subam até ao deck superior e que se acomodem no fundo da embarcação para terem as melhores vistas e deixarem que a cidade vos ofereça em perspetiva o Palácio de Topkapi, Haghia Sophia, Sultanahmet, as mesquitas, o Grande Bazar, o Bazar das Especiarias, os cemitérios que se estendem colinas abaixo, a Torre Galata, as pontes, os mercados…
Será de ferry que poderão visitar a parte asiática de Istambul e, se tiverem tempo, um cruzeiro pelo Bósforo até se avistar o Mar Negro é uma possibilidade. Em todas as opções, escolher sempre os ferries públicos que para além de bons e acessíveis são eles próprios uma parte integrante de Istambul. E, mesmo que não tenham destino, aproveitem viajar entre margens ao pôr-do-sol e associar o perfil único da cidade que escurece com o chamamento à oração pelos muezzin que, em eco, se desmultiplicam num coro impressionante.
#2 Museu da Inocência
Não há melhor guia de Istambul do que Pamuk, o escritor turco, prémio Nobel da Literatura em 2009. “Istambul – memórias de uma cidade” é um dos livros que nos leva a descobrir que há uma cidade que mantém as marcas da sua identidade. Mas há um outro livro, “Museu da Inocência”, que sendo uma ficção nos devolve a cidade da década de 70.
A história parece à primeira vista uma pieguice em que se conta o louco amor de um rico filho da alta burguesia, Kamal, por uma prima afastada que é empregada de balcão (Fuzun). O amor não corre de feição e Kamal perde-se a recolher objetos tocados pela rapariga. Pamuk, desdobrado entre autor e personagem, constrói um museu onde expõe esses objetos.
Nos três andares do edifício vermelho da Rua Çukurcuma, onde está instalado o Museu da Inocência, podem-se ouvir os sons das ruas, ver jornais, milhares de objetos que refletem um tempo de uma cidade e que cumprem o desejo de Pamuk “Quero que o meu museu seja o museu da cidade, que inclua tudo, desde mapas das ruas, a fechaduras, a maçanetas de portas, passando por telefones públicos e o som das sirenes de nevoeiro.
É um museu único e quem tiver o livro que o leve porque a promessa do autor é cumprida à entrada do museu: na página 626 está um bilhete que dá direito a uma entrada individual no lugar onde parte da memória sentimental de Pamuk reside. E de Istambul também.
#3 Café Pierre Loti
Convém reservar quase um dia para uma expedição pouco partilhada com turistas. O destino é o café Pierre Loti, nome de um francês que se apaixonou perdidamente por uma turca casada e também por Istambul. Há que apanhar o ferryboat e aproveitar a viagem Corno Dourado acima para apreciar as duas margens. Depois de uma caminhada, a sugestão é que se sobrevoe a colina de túmulos do cemitério de Eyup num teleférico. Chegados ao topo, tem-se uma das paisagens mais amplas da cidade.
A pequena vivenda que acolhe agora o café, foi habitada por Loti que aparece na sala em fotografias que ilustram vários momentos da sua vida atribulada. A cozinha, onde se faz o chá nas brasas do samovar, só serve água, refrigerantes, café turco e leves sanduíches. Numa pequena loja vendem-se os livros de Loti e outras memorabilia. O regresso pode fazer-se descendo calmamente o cemitério que desagua no complexo de Eyup, considerado juntamente com Meca e Jerusalém um grande centro religioso – que vale a pena explorar.
#4 Jantar debaixo da ponte Galata
A ponte Galata liga as duas margens do Corno Dourado e apesar de haver muitas outras ligações esta é de longe a mais estimulante. O tabuleiro superior está, ao longo das 24 horas do dia, habitado por dezenas de pescadores que à linha recolhem peixe miúdo. No tabuleiro inferior alinham-se, nas duas bandas da ponte, restaurantes de qualidade que apresentam nas suas montras peixe fresco.
Mas a minha sugestão vai para uma modesta extensão em esplanada de um dos restaurantes, o Fishing Point frequentado sobretudo pelos turcos. Para jantar, sugiro pão com cavala frita que vem animado com algumas folhas de alface. É uma oferta muito popular, barata e saborosa, mas mais saborosa é a paisagem que se desfruta: o lento anoitecer, o vaivém dos ferryboats, navios e lanchas, o perfil das mesquitas, os morros da cidade cobertos de casas, o chamamento dos muezzin para a oração.
De quando em vez, antecipamos as alegrias dos pescadores do tabuleiro superior quando vemos subir nas linhas peixe prateado.
#5 Romãs, lokums, baklavas e simit
Há tentações que merecem ser respeitadas, especialmente porque se reportam a manifestações culturais (enfim uma boa desculpa para o pecado!). E o pecado mora nas montras das confeitarias de Istambul onde geometricamente alinhadas estão as baklava, um dos deliciosos doces turcos. As baklava turcas são conhecidas pela finura da sua massa que as torna levemente crocantes, mesmo depois de banhadas por um xarope de açúcar aromatizado. E é esta conjugação de leveza e densidade que as torna uma verdadeira experiência gastronómica.
Os lokum (na sua origem, a palavra quer dizer “satisfação da garganta”) são os doces mais fotogénicos, pois são brilhantes e de cores diversas e alguns incluem frutos secos. Estas delícias turcas podem ser acompanhadas por um dos muitos aromáticos chás de que destacarei o de maçã e o de romã.
Para os menos dados a doces, sugiro que experimentem o simit, que é um pão pequeno em forma de rosca polvilhado com sementes de sésamo que se vende, sempre fresco, em pequenos carrinhos espalhados nas ruas. Quer se escolham os doces ou o pão, vai sempre bem um sumo de romã tirado na hora. O sabor é forte e único, podendo escolher-se uma mistura com sumo de laranja.
Mapa: o que fazer em Istambul
Se está a pensar visitar Istambul, conheça o excelente trabalho da Manuela Matos Monteiro em www.istambul5dias.net, um blog recheado de dicas de viagem para aproveitar ao máximo a sua estadia na mais atraente cidade da Turquia.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.
Viva Filipe! Vou em breve visitar Istambul e tenho interesse em visitar o site da Manuela mas não estou a conseguir aceder. Sabe se foi desativado? Muito obrigada! Saudações e boas viagens.