
Não será exagero afirmar que as obras de Antoni Gaudí são uma das principais razões para visitar Barcelona. Pelo menos para mim, fã confesso do trabalho de Gaudí, sempre me fascinaram a irreverência e a genialidade criativa do arquiteto. Mas quem foi, afinal, Antoni Gaudí?
Antoni Gaudí, mestre do Modernismo catalão
Chamam-lhe o grande mestre do Modernismo Catalão, mas as suas criações escapam a qualquer etiqueta. É único. Mas a verdade é que Gaudí procurava algo maior do que um estilo: buscava a beleza inscrita nas formas da Natureza. As suas construções parecem brotar da terra, como árvores ou montanhas, e convidam-nos a ver a arquitetura não como um exercício de geometria rígida, mas como poesia mineral, feita de pedra, ferro e cerâmica. Adoro!
Inspirado pela geometria natural – pelas curvas do arco parabólico, pelas linhas anárquicas das plantas, pelo movimento das ondas -, Gaudí desenvolveu um método de trabalho único. Em vez de desenhos planos, erguia modelos tridimensionais que deixava a gravidade moldar, para depois inverter e transformar em abóbadas e cúpulas.
Criou também o trencadís, termo que vem do catalão trencat (que quer dizer quebrado), isto é, uma espécie de mosaico de cores vivas feito de fragmentos cerâmicos, que se tornaria uma das marcas mais reconhecíveis do seu imaginário. E porque via cada detalhe como parte de um todo, dedicava-se igualmente à decoração interior, aos móveis, ao ferro forjado, aos vitrais, conferindo às suas obras uma unidade rara, quase orgânica.
Se muitos dos seus contemporâneos o ridicularizavam, porque não o entendiam, encontrou em Eusebi Güell um mecenas e cúmplice, que lhe permitiu dar asas ao seu génio. Assim nasceram obras como o Parque Güell, a Casa Batlló ou a La Pedrera. Mas foi na Sagrada Família que Gaudí concentrou o essencial da sua existência. Durante 43 anos trabalhou nesse templo e nos últimos 12 dedicou-se exclusivamente a ele, transformando o estaleiro num espaço de oração e criação, onde fé e arquitetura se tornaram inseparáveis.
A sua vida terminou de forma trágica em 1926, quando foi atropelado por um elétrico numa das principais avenidas de Barcelona. Tinha 73 anos. Hoje os seus restos repousam no interior do Templo Expiatório da Sagrada Família. E a Igreja Católica, que o considera “o arquiteto de Deus”, já iniciou o processo da sua beatificação, como se o destino quisesse prolongar, para além da morte, a aura quase sagrada que sempre envolveu Antoni Gaudí.
Obras de Gaudì em Barcelona
Sagrada Família
A Sagrada Família é considerada a obra-prima de Antoni Gaudí, a mais visitada e a mais conhecida. O facto de as obras serem intermináveis – começaram em 1882 e, ainda hoje, não têm prazo garantido de conclusão – aumenta-lhe a aura de mistério e de estupefação. Diz-se que talvez fiquem concluídas em 2026, no centenário da morte de Gaudí, mas a verdade é que ninguém sabe ao certo.
O que se sabe é que não foi Gaudí quem iniciou a obra – o promotor do projeto, Josep Bocabella, encomendou-a ao arquiteto Francisco de Paula del Villar. Porém, em 1883, Gaudí assumiu o projeto e tornou-o seu, dedicando-lhe o resto da vida. Foi nas obras da Sagrada Família que o arquiteto começou a introduzir as soluções que mais tarde aplicaria em outras criações suas.
A dimensão do templo é avassaladora e o detalhe do seu exterior é impressionante. A basílica, quando concluída, terá 18 torres que se unirão para formar três fachadas monumentais, cada uma com um simbolismo distinto: a do Nascimento, mais ornamentada; a da Paixão, mais austera; e a da Glória, cuja construção começou apenas em 2002 e ainda decorre. Esta última será dedicada à ascensão de Cristo ao céu e à felicidade eterna. Embora inacabada, já é a mais alta das fachadas e destina-se a ser a entrada principal do templo.
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Casa Battló
Pode dizer-se que a Casa Battló é o edifício mais famoso de todo o Passeig de Gracia – e seguramente um dos mais espetaculares de toda a cidade de Barcelona. É conhecida e reconhecida pela sua fachada ondulante e pelas cores vibrantes que a tornam inconfundível.
O edifício não foi construído de raiz por Gaudí, foi antes uma remodelação profunda de uma casa pré- existente, encomendada pelo industrial têxtil Josep Batlló em 1904. Gaudí transformou-a radicalmente, aplicando o seu talento criativo em cada detalhe: desde a fachada coberta de mosaicos de cerâmica até aos interiores, onde a luz, a cor e as formas curvas compõem um ambiente quase onírico.
Há quem lhe chame Casa dos Ossos, por causa das varandas que parecem caveiras. Mas pode dizer-se que a inspiração da Casa Battló é sobretudo associada ao fundo do mar.
As tonalidades azuladas, as linhas onduladas e as formas que evocam peixes, ondas ou conchas remetem para esse universo marinho. O telhado, com as suas escamas cerâmicas, lembra o dorso de um dragão e, no imaginário popular, simboliza a lenda de São Jorge, padroeiro da Catalunha, a derrotar a criatura mítica.
Hoje, a Casa Battló é Património Mundial da UNESCO e um testemunho vivo da genialidade de Gaudí. É maravilhosa!
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Casa Milà – La Pedrera
A Casa Milà, mais conhecida como La Pedrera (“a pedreira”), é outra das grandes criações de Antoni Gaudí e um marco absoluto da arquitetura modernista. Foi inaugurada em 1912 e impressiona pela sua fachada ondulante em pedra. O edifício foi inicialmente alvo de críticas pela sua ousadia, mas com o tempo tornou-se um dos símbolos maiores de Barcelona.
“La Pedrera é a Natureza transformada em edifício”
Antoni Gaudí
Encomendado pelo empresário Pere Milà, o projeto foi concebido como um edifício de habitação de luxo. O terraço da Casa Milà é um dos espaços mais surpreendentes da obra. Nele, Gaudí criou um cenário surrealista, com chaminés e torres de ventilação que lembram esculturas abstratas ou figuras guerreiras. A fusão entre arquitetura e escultura atinge aqui uma das suas expressões máximas. A Casa Milá é, também, Património Mundial da UNESCO.
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Casa Vicens
A Casa Vicens foi a primeira grande obra de Antoni Gaudí e só por isso já valeria a pena visitá-la – até para se conhecer a evolução do artista. Foi construída entre 1883 e 1885 como residência de verão do industrial Manuel Vicens, e destaca-se pelo uso exuberante da cor e dos azulejos cerâmicos, com padrões florais que remetem para a natureza.
Apesar de ser ainda uma obra inicial, já revela muitos dos traços que viriam a definir a sua linguagem arquitetónica. As linhas geométricas e as influências orientais e mudéjares refletem as múltiplas fontes de inspiração de Gaudí nesta fase inicial da sua carreira. É um edifício que surpreende pela originalidade e pela riqueza decorativa. Não há como ignorar criações geniais como o sistema de portadas do alpendre coberto da casa. É outra das obras de Gaudí a visitar!
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Park Guell
O Parque Güell é outra das obras mais fascinantes de Antoni Gaudí. Situado numa colina com vista para Barcelona, é um espaço onde a arquitetura se funde com a Natureza. Um lugar onde cada recanto revela a imaginação inesgotável do arquiteto – um desfile de cores, formas e símbolos. Conte encontrar bancos ondulantes cobertos de mosaicos e colunas que lembram troncos de árvores, mas também esculturas de animais fantásticos como o famoso lagarto instalado à entrada do parque.
Concebido inicialmente como um empreendimento residencial idealizado por Eusebi Güell, o projeto acabou por se transformar num parque público, aberto em 1926. Foi declarado Património Mundial da UNESCO, e atrai milhões de visitantes todos os anos.
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Palácio Güell
Construído entre 1886 e 1890 como residência urbana de Eusebi Güell, um dos principais mecenas de Gaudí, o Palácio Güell combina funcionalidade residencial com exuberância estética, revelando desde cedo a capacidade do arquiteto para reinventar os espaços tradicionais da cidade.
Localizado junto às Ramblas, o edifício impressiona pela sua fachada austera em pedra, que contrasta com a riqueza dos interiores. No terraço, encontram-se as famosas chaminés decoradas com mosaicos coloridos, cujos acabamentos foram todos restaurados em 1994, por diferentes artistas plásticos. O Palácio Güell, hoje Património Mundial da UNESCO, é mais um exemplo notável da genialidade de Gaudí.
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Cripta da Colónia Guell
A Cripta da Colónia Güell é uma das obras mais experimentais de Antoni Gaudí. Foi encomendada por Eusebi Güell para servir de igreja à comunidade operária da sua colónia industrial, foi construída entre 1898 e 1914. Embora o projeto inicial previsse uma grande basílica, apenas a cripta chegou a ser concluída, tornando-se, ainda assim, uma das peças mais inovadoras do arquiteto.
Neste espaço, Gaudí testou pela primeira vez muitas das soluções arquitetónicas que mais tarde aplicaria na Sagrada Família. Em 2005, foi reconhecida como Património Mundial da UNESCO e hoje é visitada como um dos laboratórios criativos de Gaudí, onde se pode compreender melhor a evolução da sua genialidade.
Para mim, apesar de pequena, é uma das obras de Gaudì em Barcelona que mais me fascinou.
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Torre Bellesguard
A Torre Bellesguard é uma das obras menos conhecidas de Gaudí, mas tem grande relevância histórica e simbólica. Construída entre 1900 e 1909, ergue-se no sopé da serra de Collserola, num local onde existiu uma residência medieval do rei Martí, o último monarca da dinastia catalano-aragonesa. Inspirando-se nesse passado, Gaudí concebeu um edifício que combina elementos medievais e modernistas.
As linhas retas e a aparência de fortaleza distinguem-na de outras obras suas mais ondulantes, mas a marca do arquiteto está presente nos vitrais coloridos, nas cruzes de quatro braços e nos pormenores decorativos que remetem para a natureza e para o simbolismo cristão. O nome Bellesguard significa “bela vista”, e do alto da torre pode contemplar-se uma ampla panorâmica sobre Barcelona.
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Outras obras de Gaudì em Barcelona
Antoni Gaudì foi um arquiteto muito profícuo, tendo deixado um legado arquitetónico ímpar na capital da Catalunha. Para além dos trabalhos que constam deste artigo, o arquiteto deixou a sua marca e irreverência criativa noutros locais de Espanha, nomeadamente (por ordem cronológica).
- El Capricho
- Pavilhões da Quinta Guell
- Colégio das Teresianas
- Palácio Episcopal de Astorga
- Casa Botines
- Bodegas Guell
- Casa Calvet
- Restauração da Catedral de Palma de Maiorca
Mapa das principais obras de Gaudì em Barcelona
Se pretende conhecer as principais obras de Gaudì em Barcelona, é fundamental perceber a sua localização para conseguir organizar as visitas de forma lógica. Para tal, no mapa acima pode visualizar a localização exata dos lugares referenciados no artigo.
Dicas para visitar as obras de Gaudì em Barcelona
Como comprar ingressos para as obras de Gaudì
Para além dos links sugeridos acima junto a cada uma das atrações, encontra aqui as minhas sugestões de ingressos a comprar em Barcelona na GetYourGuide – incluindo as principais obras de Antoni Gaudì.
Dito isto, recomendo que veja o meu roteiro para visitar Barcelona, onde sugiro um calendário para as visitas que mistura as obras de Gaudì com outras atrações imperdíveis na capital catalã. Serve para tentar ser eficiente e organizar as visitas numa sequência lógica para maximizar o tempo e otimizar a experiência.
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Onde ficar em Barcelona
Antes de mais, recomendo a leitura do artigo com as minhas dicas e sugestões sobre os melhores bairros e hotéis onde ficar em Barcelona. Em resumo, se tivesse que escolher apenas um hotel, a Casa Mathilda seria a minha sugestão de hospedagem em Barcelona.
Mas recentemente voltei à capital catalã e fiquei no Hotel HCC St. Moritz – e não poderia ter ficado mais satisfeito (principalmente com a localização). Ou seja, são ambas excelentes escolhas para dormir em Barcelona, mas pode naturalmente pesquisar outras unidades hoteleiras usando o link abaixo.
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