Catorze meses a viajar de forma solitária pelo mundo é seguramente uma experiência única. Ao longo dessa aventura, marquei encontro com acontecimentos dramáticos como o tsunami, na Ásia, ou as manifestações populares, na Bolívia, e fui acumulando memórias intensas que recupero agora. Um balanço final dividido em três partes e que começa com os momentos mais marcantes vividos entre a Europa e a Indochina.
Parti de Portugal como o objetivo de circunscrever o globo, seguindo quase continuamente para leste. Percorri parte de alguns gigantes asiáticos, como a Rússia ou a China. Países misteriosos como a Mongólia, o Laos, o Camboja ou Myanmar (antiga Birmânia). O mais novo país do planeta, Timor-Leste. O inesquecível Vietname, a instável Bolívia. Países desenvolvidos como a Austrália ou o Chile. Alguns típicos bilhetes-postais como um punhado de ilhas tailandesas e outras tantas na parte malaia do Bornéu. A mística Bali, na Indonésia. E muitos outros lugares. E, de permeio, um doloroso parêntesis nesta odisseia planetária, vestindo a pele de repórter fotográfico em locais atingidos pelo tsunami, Sri Lanka e Tailândia, na mais difícil experiência de toda a viagem.
Outros tantos países ficaram de fora. Uns por opção prévia, outros por decisões espontâneas, na estrada. A Índia, o Irão e todo o Médio Oriente, a Patagónia, o continente africano e a América Central, por exemplo, são regiões que ficaram por conhecer. Estão agora, juntamente com países como a Colômbia ou Cuba, no topo da lista das prioridades para uma próxima viagem.
Regressei a Portugal após completar catorze meses de vida errante. Sessenta e uma semanas sem poiso fixo, de mochila às costas, máquina fotográfica em punho e sentidos despertos. Dias inesquecíveis repletos de experiências marcantes, povos acolhedores e um punhado de insignificantes deceções. Tempo de grande enriquecimento pessoal.
Não é fácil selecionar momentos especiais de entre tantas vivências inolvidáveis. Foram muitos meses de culturas diferentes e novas experiências. Chocantes e dolorosas, por vezes; comoventes e prazenteiras, as restantes. De pessoas que se cruzaram no meu caminho. De instantes irrepetíveis. É um exercício ingrato, a seleção desses momentos. Mas há algumas ocasiões que, na altura de remexer no baú das memórias, se destacam com naturalidade. Na primeira parte deste balanço, aqui ficam alguns dos momentos mais marcantes dos meses iniciais desta volta ao mundo. Aqueles em que fui da Europa até à antiga Indochina.
1 A viagem
Linha transiberiana, Rússia, 26 de julho de 2004
Moscovo tinha já mergulhado na escuridão quando o comboio iniciou marcha, à hora exacta, sem qualquer tipo de aviso. Arrancou, simplesmente. Tal como esta volta ao mundo. Era o início de uma longa viagem planetária e, na solidão de um compartimento desocupado, um trilião de dúvidas atormentavam-me o espírito. Seria sensato empreender esta aventura? Suportaria, qual nómada dos tempos modernos, tanto tempo de mochila às costas? Como reagiria à solidão? Naqueles três dias e meio a bordo de um comboio em marcha contínua para leste, choquei de frente com a realidade. O impacto da consciencialização do que tinha decidido empreender. Estava apreensivo.
2 A primeira paixão
Khuzhir, Ilha de Olkhon, Rússia, 2 de agosto de 2004
Cheguei à Ilha de Olkhon, na Sibéria, em pleno Verão. Os céus estavam azulados, a temperatura era amena, os dias corriam sorridentes. Em redor da ilha, as águas tranquilas do Lago Baikal. Quedei-me em Khuzhir, a principal povoação da ilha, que não era mais do que um punhado de ruas de terra batida, em que os mais frequentes transeuntes eram porcos, vacas e cães vadios. As casas eram de madeira, simples e bonitas, pobres mas dignas. O grande lago, sempre presente, rodeava a ilha num abraço comovente. O rosto meigo e enrugado da velha Lina – em casa de quem fiquei alojado -, debruçada no muro da sua modesta habitação, é uma imagem que perdura na memória. Foram dias fascinantes, aqueles passados em Olkhon. Porque é um lugar que possui a beleza despretensiosa das coisas simples. Foi a primeira grande paixão desta odisseia.
3 Os céus do deserto
Khongoryn, Mongólia, 14 de agosto de 2004
Passei mais de duas semanas a percorrer o interior da Mongólia, num veículo de tração total, por estradas inexistentes. Foram dias de descoberta permanente, num país ainda fora dos roteiros internacionais do turismo de massas. Para além das paisagens deslumbrantes, da comida intragável, da curiosidade e amabilidade das pessoas, da extraordinária arte do canto gutural mongol e do contacto com tradições muito distintas das ocidentais, há algo que recordo claramente. Estava em Khongoryn, no deserto de Gobi. Era uma noite fria, escura, sem nuvens. Foi quando as estrelas invadiram sem pudor os céus do deserto.
4 Sem uma palavra em comum
Shine Ider, Mongólia, 22 de agosto de 2004
Shine Ider. Nunca ouvira falar de tal lugar mas foi lá, nas pradarias de uma Mongólia escassamente povoada, que vivenciei uma das mais extraordinárias experiências desta odisseia. Uma família mongol recebeu-nos, a mim e outros cinco viajantes, em sua casa. Era, na verdade, uma tenda. Mudaram-se para uma barraca vizinha para que tivéssemos um lugar para pernoitar. Apesar dos pedaços de carne e de queijo de iaque que secavam na estrutura da tenda e que provocavam um odor nauseabundo, rendemo-nos à hospitalidade da família. Tudo era genuíno. Por um dia, vivemos como mongóis. Ajudámos a ordenhar os iaques e a cortar lenha. Observámos a preparação de uma caçada e montámos a cavalo. Divertimo-nos em conjunto. Comunicando com gestos, com o olhar, com expressões faciais. Sem uma única palavra em comum.
5 A Grande Muralha
Jinshanling, China, 5 de setembro de 2004
Foram apenas dez quilómetros a pé. O suficiente, no entanto, para me render ao encanto bruto de uma das mais impressionantes edificações da humanidade. E perceber que a Grande Muralha oferece aos visitantes duas realidades bem diversas. Em Jinshanling, tal como em Simatai, a sua estrutura estava restaurada e bonita, escondendo o passar dos séculos com argamassa dos tempos modernos. Entre esses lugares, a muralha original. Destruída pelo tempo. Menos bela mas mais autêntica. Colossal. Serpenteando pelo topo das montanhas até desaparecer no horizonte. Literalmente. Nunca me senti tão pequeno e insignificante como naquele dia.
6 Intercâmbio perfeito
Kunming, China, 27 de setembro de 2004
Enquanto caminhava, ouvia os sons de alguns instrumentos e de vozes femininas misturados com o chilrear da passarada. Estava num parque dos arredores de Kunming, a melhor forma de escapar à poluição desmesurada de uma grande cidade chinesa. Aproximei-me dos sons. Um grupo de velhotes reformados estava sentado numa espécie de coreto. Juntavam-se ali todos os dias para tocarem e cantarem músicas tradicionais. Sentei-me. Escutava, inebriado, a música que saltava dos seus instrumentos quando, de repente, um instrumento em forma de bandola me veio parar às mãos. Improvisei uma melodia, os velhotes acompanharam. Sorrimos, continuámos a tocar. Por momentos, era como se fizesse parte daquele grupo de velhotes reformados. Unidos pela música, num intercâmbio perfeito.
7 Um caos delicioso
Hanói, Vietname, 9 de outubro de 2004
Sempre me senti mais confortável em lugares pequenos do que em grandes cidades. Hanói foi uma das poucas exceções. Apesar dos seus quatro milhões de habitantes, a capital do Vietname tem um charme especial. É deliciosamente caótica. Tem personalidade. O seu centro histórico pulula de vida. Nem os milhares de motorizadas que circulam endiabradas pelas ruas, ocupam passeios e tornam uma aventura qualquer tentativa de atravessar as artérias citadinas, mancham esse encanto. Por todas as razões, Hanói fica guardada como uma das mais surpreendentes capitais que tive oportunidade de conhecer.
8 O casamento
Sapa, Vietname, 17 de outubro de 2004
Quando cheguei a uma aldeia habitada pela minoria étnica Thai, situada na região montanhosa de Sapa, no norte do Vietname, estava prestes a ter lugar um grande acontecimento na aldeia. Um casamento estava marcado para daí a dois dias. Instalei-me na casa da família da noiva. Dezenas de familiares, oriundos das redondezas, chegavam para ajudar nos preparativos das festividades. A azáfama era intensa. Mataram-se porcos. Fizeram-se novos cachimbos de bambu e novos pauzinhos para a refeição da boda. À noite, os homens reuniram-se para jantar e as garrafas de vinho de arroz começaram a circular de mão em mão. Convidaram-me a brindar, de golada, uma, duas, dez vezes. Recusar era uma ofensa. Era como se pertencesse à família. Até que me convidaram para ficar para o casamento. Declinei o convite para prosseguir viagem com os companheiros de ocasião. Um dos poucos momentos em que me arrependi de uma decisão tomada.
9 A guerra
Nha Trang, Vietname, 31 de outubro de 2004
Passeava na marginal de Nha Trang quando vi aquele homem. Caminhava sem pernas, tinha apenas uns pés minúsculos e deformados colados na bacia, os braços inexistentes, o olhar triste implorando ajuda. Era o que restava de alguém afetado pelo nefasto Agente Laranja. Haveria de visitar o Museu da Guerra, em Saigão, onde se exibia uma vasta coleção de fotografias tiradas durante a Guerra do Vietname. Haveria de ver caras queimadas pelo napalm. Haveria de ver gente com deformações inacreditáveis em todas as partes do corpo. Haveria de ver tudo isso, em fotografias. Mas, naquele dia, em Nha Trang, não estava preparado para enfrentar a crueldade do momento. Cobardemente, afastei o olhar.
10 O horror
Phnom Penh, Camboja, 15 de novembro de 2004
Numa das salas do Museu do Genocídio Tuol Sleng, em Phnom Penh, capital do Camboja, havia uma mostra de trabalhos de um pintor cambojano, um dos raros sobreviventes de um campo de detenção. Eram telas que retratavam a forma como o regime de Pol Pot eliminava crianças de tenra idade. Numa delas, um soldado prendia um bebé pelos pés e arremessava-o em direção a uma árvore de grande porte, esmagando sem piedade a cabeça do recém-nascido. “Para poupar balas”, alguém me explicou.
11 O desígnio de uma vida
Siem Riep, Camboja, 22 de novembro de 2004
Aki Ra já combateu de ambos os lados do conflito cambojano. Primeiro, enquanto criança, ao lado dos Khmer Vermelhos. “Abria caminho” em terrenos minados, à frente das colunas militares. Depois, ao lado dos exércitos vietnamita e cambojano. Minava o solo. Anos mais tarde, já adulto, disposto a apagar o passado a que fora forçado, fundou o Museu das Minas Terrestres de Aki Ra. Percorre agora todas as províncias do Camboja, sozinho, para cumprir aquele que se tornou o desígnio do resto da sua vida: “Tornar o Camboja um país mais seguro para o meu povo”. Com o auxílio de um pau e dos seus próprios pés – que usa para detetar os engenhos -, vai desminando, lenta e pacientemente, os campos que, um dia, ajudou a infestar de minas terrestres.
12 Os monges de Luang Prabang
Luang Prabang, Laos, 20 de dezembro de 2004
Todas os dias, por volta das seis horas da madrugada, os habitantes de Luang Prabang, no Laos, desciam às ruas com um propósito muito especial. Alimentar os monges que habitam nos templos da cidade. Nos passeios, as mulheres esperavam ajoelhadas sobre uma esteira, os homens de pé. À hora certa, de todos os templos de Luang Prabang – e são imensos -, filas de monges de todas as idades saíam às ruas para recolher as oferendas. Muito arroz pegajoso, pequenas doses de comida embrulhadas em folhas de bananeira, uma peça de fruta, algum dinheiro e um ou outro doce. Numa cidade com tantos e tão belos templos, o ritual tinha proporções invulgares. Com os monges fora dos templos, as ruas tingiam-se de laranja e açafrão.
Outros lugares excecionais
– Orkhon Khurkhree, Mongólia
– Yangshuo, China
– Baía de Halong, Vietname
– Hoi An, Vietname
– Templos de Angkor, Siem Riep, Camboja
Esta é a capa do livro «Alma de Viajante», que contém as crónicas de uma viagem com 14 meses de duração - a maioria das quais publicada no suplemento Fugas do jornal Público. É uma obra de 208 páginas em papel couché, que conta com um design gráfico elegante e atrativo, e uma seleção de belíssimas fotografias tiradas durante a volta ao mundo. O livro está esgotado nas livrarias, mas eu ofereço-o em formato ebook, gratuitamente, a todos os subscritores da newsletter.
Comentários sobre “Balanço final da volta ao mundo – Da Europa à Indochina”
Espero que a adaptação à vida sedentária esteja a correr bem! Lamenta-se que daqui a pouco o “Fugas” fique com menos um motivo de interesse… Aliás, no “Público” (ou noutro sítio qualquer) deviam arranjar maneira de o contratar como repórter / cronista de viagens! Tenho os números de Janeiro e Fevereiro do “Fugas”, se ainda quiseres não me importo nada de te os oferecer, vou guardando mas já me faltam alguns. Se vieres a Lisboa até bebemos um copo e faz-se a “entrega”. Um abraço.
Comentário enviado por Paulo Gonçalves em 18.OUT.2005 – 09:43
Olá viajante,
Espero que o teu regresso esteja a decorrer de acordo com o que esperavas.
Tive finalmente oportunidade de ver a tua participação no programa da SIC que gravei na terça-feira. Agora associo a tua imagem física às crónicas que li com tanto agrado.
Parabéns pela tua sobriedade e pela consistência do teu discurso.
Pena é que num programa de 2 horas te dessem pouco mais de cinco minutos para falares das tuas experiências adquiridas. Também em relação aos outros convidados me parece um pouco pretensioso da parte deles considerarem-se viajantes e depois a história mais hilariante que apresentam é duma queda de bicicleta e de uma marrada de uma vaca… sinceramente acho que aquela história podia ter tido lugar no Alentejo que o efeito era exactamente o mesmo! Enfim… Não sei se partilhas da mesma opinião mas penso que viajante não é sinónimo de ir muitas vezes de férias. Qual é a tua opinião?
Um abraço.
Comentário enviado por Paulo César Santos em 21.OUT.2005 – 12:56
Que grande aventura!…
Tenho a dizer-te que a viagem que tu fizeste é de louco, é preciso ter coragem para o fazer…
Eu este ano fiz um inter-rail, não é a mesma coisa mas deu para me meter o vício de partir sem destino. Gostava de saber umas coisas da tua viagem, tipo preços, a linha transiberiana…. entre outras coisas. Entre em contacto com o meu mail…
Comentário enviado por Bruno em 30.OUT.2005 – 13:44
Sempre desejei ter essa coragem de largar tudo e partir sem destino rumo a este nosso mundo encantandor. Cheirar tudo o que as fotografias e o Atlas não conseguem descrever, sim porque o cheiro só estando lá se sente. Será que a coragem de partir, para uma mulher, não tem de ser em dobro da dum homem? Os desafios que se deparam serão maiores para uma mulher, ou é apenas o meu medo que me faz pensar assim? Gostava de ter a opinião de quem por lá andou a cheirar os bons e os maus odores.
Comentário enviado por Ana Rute em 30.OUT.2005 – 19:28
Conheci uma mulher que viajou durante vários meses pelo sudeste asiático sem qualquer tipo de problema de segurança. Uma semana após ter voltado à sua super segura, moderna e desenvolvida cidade escandinava foi vítima de uma tentativa de violação. Quer isso dizer que o sudeste asiático é impecavelmente seguro e que a tal cidade europeia é insegura? Claro que não.
Sei também de dois jovens franceses que, no primeiro dia da sua aventura pela América do Sul, foram ameaçados com machados e tiveram que entregar todo o dinheiro, documentos e equipamento que transportavam. Quer isto dizer que os problemas podem acontecer a qualquer viajante, independentemente do seu sexo? Claro que sim.
Conheci várias jovens, quase sempre muito atraentes, que, na Tailândia, foram drogadas com uma substância conhecida por droga dos violadores (ver crónica “À Espera dos Turistas, Dois Meses Depois do Tsunami”). Mas ouvi também histórias de homens que se deixaram seduzir pelos encantos de lindas e provocantes mulheres (tailandesas, claro está) e que, quando acordaram, no dia seguinte, não tinham ninguém ao seu lado e muito menos dinheiro e cartão de crédito na carteira. Quer isto dizer que os turistas masculinos podem ser alvos sexuais tão “fáceis” como as turistas femininas? Quer, sim senhor.
Dito isto, convém esclarecer que o mundo não é assim. Estas são as excepções à regra. Mas compreendo o “medo” de que fala a Ana Rute. Estou convicto, no entanto, que agindo o viajante com bom-senso e discrição, raramente terá dissabores de grande monta. E, para responder directamente à pergunta, acho que o facto de se ser mulher não deve pesar na decisão de se aventurar ou não pelo mundo. Há muitas mais mulheres a viajar de forma independente – e muitas vezes de forma solitária – do que se imagina. E não creio que se arrependam de o fazer.
Grande abraço.
Comentário enviado por Filipe Morato Gomes em 30.OUT.2005 – 20:18
Caríssimo
Parabéns pela aventura e por nos deixar viver um pouco essa mesma aventura que por mil e uma razões, nem todos podemos fazer, pelo menos tudo de uma vez. Alguns de nós vamos fazendo as nossas aventuras intermitentes e há medida das nossas possibilidades financeiras e de tempo.
Se algum dia estiver disposto a reunir um grupo de “fans” e conversar acerca das aventuras durante uma noite, à volta de um copo e com muita gente interessada, pelo menos avise. OK?
Abraço e escreva um livro que tem interesse.
Comentário enviado por Eduardo em 03.NOV.2005 – 22:46
Bom dia Filipe !
Uma vez mais parabéns por esta fantástica viagem que faz qualquer um sonhar! Apoio a ideia do livro.
Entretanto gostava de aceitar aquelas sugestões que me disseste que me poderias dar sobre a viagem ao Laos, Tailândia e Vietname… só que fiquei sem mail em casa! Posso ainda contar com as sugestões?
Um Abraço,
Comentário enviado por Alexandre Reis em 05.NOV.2005 – 22:44
Parabéns por esta fantástica viagem!
Eu cheguei recentemente de uma viagem de seis meses, mas acabei por me apaixonar por uma Ilha grega no Mar Egeu e fiquei lá a maior parte do tempo. De qualquer maneira, a forma como fui, sem destino, e de mochila às costas, foi alvo das maiores reacções de espanto e admiração neste pequeno Portugal. Não é comum encontrar-se portugueses a viajar fora dos roteiros, com um desejo de liberdade e enriquecimento pessoal pelas vivências com outras culturas. Por isso, por ser também uma viajante de alma e coração, confesso que a volta ao mundo está nos meus planos, sem dúvida! E se um dia decidires reunir os teus leitores para uma conversa, eu gostava de ouvir as tuas “estórias” memoráveis. Um abraço,
Paula
Comentário enviado por Paula Matias em 28.DEZ.2005 – 18:37
Viajar é encontrar não apenas o nosso sonho, mas também o sonho de muitos outros. Como já estou velho para viajar sozinho e a minha mulher diz não ter tempo para poder pintar, tento sempre a companhia de um filho; mas, viajar, é para mim, aportar e fixar a âncora num só lugar durante 10/12 dias, como fiz há 6 meses em Istambul. Parabéns.
Comentário enviado por Vitor Ferreira em 15.ABR.2006 – 07:44
Já chegaste? Eu estou há dois anos a viajar… não consigo parar, estou viciado!!! Estou na fronteira da Rússia… a decidir onde ir… gostava de ver a aurora boreal… deve ser muito louco… relaxa e parabéns, agora tudo volta ao normal! Rotina de vida…
Comentário enviado por Anónimo em 24.ABR.2006 – 11:54
Viagens já fiz algumas, a última foi em Abril à Índia e Nepal. É um país onde se deve ir, principalmente Varanasi, terra onde os rituais e todo o ambiente animista ainda existe a par da civilização, e não se esqueça tome um banho no Ganges (Ganga), cante umas Mantras, visualise o crematório e passeie nas ruas com as vacas. Prove um Lassi e de certeza que sente mais perto do SELF.
Quanto à viagem no Nepal, adorei sobrevoar os Himalaias, ver nos picos os mosteiros escondidos entre as nuvens. Andei pelas ruas e praças principais de Katemandú, visitei vários templos Hinduistas e Budistas incluindo as grandes stupas, vi as tropas as formarem fileiras, para carregarem na multidão que já se formava para a manifestação da tarde, manifestaçãoes essas que só se realizavam da parte da tarde por volta das 13h30m, nas outras horas do dia a vida decorria com normalidade, apesar das tropas Maoistas estarem a aproximarem-se da cidade. No dia seguinte, insegurança ou não do rei devido a uma manifestação em massa que se iria realizar, com milhares de pessoas a caminho da cidade, ele (o rei – com o seu poder absoluto), decretou recolher obrigatório. Coitados dos turístas ficaram detidos nos hotéis, eu fui uma delas, nem dos muros nos podiamos aproximar, pois os tanques com metralhadoras patrulhavam as ruas mimuto a minuto, parecia uma cidade fantasma, todos obedeceram, menos os da manifestação que se realizou áàmesma, mas só com os habitantes da cidade pois esta estava fechada aos exteriores e aos Maoistas.
Enfim foram as férias do rei manda.
Comentário enviado por Maria Paula Mendes em 05.MAI.2006 – 11:39