Falta menos de uma semana para a partida da grande viagem De Cabo a Cabo. O dia está próximo, mas o tempo é de serenidade. Com um percurso de 6.000 km a efetuar de comboio até ao ponto mais a norte da Europa continental, o prólogo até ao km 0 da viagem será, ele também, uma bela jornada iniciática. Para começar em grande esta odisseia que me levará ao extremo sul do continente africano.
Os dias para a partida já se contam pelos dedos das mãos, e no entanto, sinto uma calma estranha. Não há ansiedade, excitação ou medo… apenas calma. Como se nada de extraordinário estivesse prestes a acontecer. Como se não passasse de um prolongamento natural dos meus dias. Como se estivesse de tal forma entranhado em mim que todo o tempo de preparação não fosse senão o início da viagem. Desde o exato momento em que decidi que a iria realizar.

Para os índios Navajo, a inteligência dos homens media-se pelas viagens que realizavam, e eu não posso deixar de concordar com a essência da ideia. Quando me dizem que vou de férias ou de passeio, sou forçado a corrigir, porque de facto, não é disso que se trata. Viajar é muito mais que isso. É não apenas a busca de conhecimento, como a procura dos outros e de nós mesmos. Julgo que seria esse o espírito dos Navajo. E é esse mesmo espírito que me acompanha desde a primeira viagem.
O dia aproxima-se, mas o Cabo Norte está ainda a uma distância considerável. E porque o comboio é uma paixão, durante o prólogo – que será efetuado inteiramente de comboio (com exceção do troço entre Narvik e o Cabo Norte) – aproveitarei para visitar três estações de caminhos-de-ferro que há muito se encontram na minha lista de estações a visitar. Duas delas, Limoges – Benedictins e a Central de Antuérpia, são para muitos consideradas como estando entre as mais belas do mundo, e a outra, Liège – Guillemins, é obra de Santiago Calatrava, o mesmo arquiteto que concebeu a Gare do Oriente em Lisboa.
Com partida a 28 de agosto de 2011, estarei em Estocolmo no final do mês e onde repousarei uns dias para seguir ainda mais para norte, percorrendo os trilhos das linhas que durante a II Guerra Mundial alimentavam de ferro os navios alemães ancorados no porto de Narvik. A chegada ao Km 0 da viagem propriamente dita, o Cabo Norte, deve acontecer por volta do dia 6 de setembro. E, assim sendo, é hora de calçar as botas e encher a mochila.
De Cabo a Cabo tem por objetivo unir os pontos mais a norte da Europa e mais sul de África, numa viagem em busca das afinidades e multiplicidades dos povos, das suas culturas, crenças e esperanças, das suas singularidades e de como o homem é um ser “pacífico e cooperativo”, como dizia o professor Berger a Paul Theroux durante a sua «Viagem Por África». Com saída de Santa Maria da Feira, Portugal, no dia 28 de agosto de 2011, Mateus Brandão percorreu 20 países em 3 continentes durante 9 meses.
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