Fundada por uma princesa fenícia conhecida por dois nomes distintos, Elissa ou Dido, Cartago sempre esteve envolta em lendas desde a sua criação. Hoje está envolta na vegetação frondosa das margens mediterrânicas, as ruínas que restam da invasão romana expostas aos olhos dos visitantes.
Cartago
Cartago marcou o início histórico da Tunísia, cuja capital fica agora na sua sombra. Situa-se mesmo ao lado de Tunes, junto a uma costa com poucas praias de areia mas banhada por um Mediterrâneo especialmente calmo e azul. As suas ruínas estão espalhadas por uma área extensa, que obriga a várias paragens diferentes no comboio local, ou a uma longa caminhada entre os vários sítios a visitar.
São doze locais visitáveis com espaços de dois ou três quilómetros entre cada um deles, de La Marsa até Sidi Bou Said. É um percurso que vale a pena, quer pelos vestígios cartagineses e romanos, quer pelas ruelas de vivendas modernas, moradas de embaixadores, o palácio do próprio presidente, tudo ensombrado por uma vegetação luxuriante, tão agradável durante o quente estio do Norte de África.
A lenda grega diz que a princesa fenícia Dido chegou de Tiro, depois de o seu marido ter sido morto pelo irmão, e só lhe foi permitido comprar uma área de terra correspondente ao tamanho de uma pele de vaca. Dido cortou então a pele em tiras finas e com elas delimitou território suficiente para fundar uma cidade: Cartago.
Não demorou muito até que esta se tornasse um grande centro de comércio e poder, com cerca de quinhentos mil habitantes, de tal modo que no tempo de Aníbal este ousou mesmo atacar Roma, dando origem à extraordinária história da travessia dos Alpes com quarenta mil homens e trinta e oito elefantes.
As Guerras Púnicas terminaram com um cerco que durou três anos, ao fim dos quais os romanos a queimaram, arrasando-a por completo. Estava-se no ano de 146 a.C., e este não foi o fim da cidade; tal como a Fénix, Cartago levantou-se das cinzas, agora integrada no Império Romano como um centro cultural e intelectual mas, sobretudo, como o celeiro do império, já que se situava – e situa – numa zona fértil como poucas. Foi preciso mais uma série de invasões, nomeadamente de bizantinos e árabes, para que a cidade desaparecesse da história.
O seu mito, porém, nunca foi esquecido. Usada como pedreira e fonte de material para construções – incluindo a da moderna capital – desde o século VII, chegou ao século XIX com pouco para mostrar. Em finais do mesmo século começaram as primeiras escavações a sério, feitas pelos franceses, que revelaram aos poucos o que hoje podemos ver. Ao mesmo tempo, os artefactos, estatuária e mosaicos encontrados foram sendo guardados num museu. Em 1979, a UNESCO reconheceu o local como Património da Humanidade, e a partir daí Cartago conheceu uma nova história.
Da época cartaginesa sobrou pouco: o “tophet”, santuário com pedras tumulares, algumas moradias e o local dos célebres portos púnicos onde se fazia a riqueza da cidade; mas da posterior época romana, os vestígios são muito mais impressionantes. Basta visitar as Termas de Antonino para percebermos a importância que estes davam a Cartago.
São o local mais bem preservado e apesar de pouco mais restar que os seus subterrâneos – ou talvez por isso mesmo – o que resta é tão grandioso que já foi classificado como o maior banho público de África e o terceiro maior do Império Romano. Com uma magnífica localização, junto ao mar e dentro de um jardim frondoso, o conjunto de arcadas subterrâneas, paredes e colunas colossais ainda dão uma ideia do que deveria ter sido o complexo.
Ainda na zona de Carthage Hannibal, no cimo do Monte Byrsa podemos ver o que resta da acrópole, um conjunto de moradias e um teatro romano, que a música anima todos os anos durante o Festival Internacional de Cartago. Em Carthage Salammbo fica o “tophet”, no cimo de uma colina, onde eram cremadas crianças e pequenos animais no que é considerado hoje o maior local de sacrifícios do mundo.
Na costa ainda há vestígios dos grandes portos de onde saía toda a riqueza do Norte de África em direcção a Roma. O Museu de Cartago fica junto à Basílica de São Luís, assim como alguns vestígios de ruínas, estelas e sarcófagos cartagineses. Mas para apreciar o que de melhor se fez em termos de arte, convém completar a visita com uma manhã no Museu do Bardo, em Tunes, verdadeiramente excepcional no que toca a estatuária e, sobretudo, mosaicos.
Apesar da destruição progressiva, que começou com a conquista da cidade pelos romanos e continuou com invasões e pilhagens ao longo dos séculos, Cartago levanta-se do chão por entre novas construções, estradas e a linha do comboio. É necessário um pouco de paciência e visão histórica para reconstruir a antiga opulência do local, mas os pormenores estão lá para quem os quiser ver. E se já não têm a mesma grandiosidade no presente, a sua importância histórica continua fora de questão.
Guia de viagens a Cartago
Este é um guia prático para viagens a Cartago, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos em Cartago, os melhores hotéis e atividades na região de Tunes.
Quando ir
O Inverno é parecido com o nosso, mas a Primavera chega mais cedo, podendo contar-se com bons dias a partir de Março e muito calor (e mosquitos) no Verão.
Como chegar a Cartago
A Tunisair voa de Lisboa para Tunes uma a duas vezes por semana, dependendo da altura do ano. O preço também varia, mas ronda normalmente os 400€. Da Avenida Bourguiba, bem no centro da capital, sai o TGM, comboio urbano que para em todas as estações de Cartago.
Onde ficar
A escolha é grande. A pensão Maison Dorée, por exemplo, fica bem no centro, na Rua de Hollande nº 6, entre a Av. Bourguiba e a Place Barcelone. Um duplo com pequeno-almoço custa cerca de 28 dinares.
Restaurantes em Tunes
Há para todos os gostos, de comida local (cuscuz, espetadas) a pizzas, comida francesa, chinesa, etc. Muito comuns e económicas (1 ou 2 dinares) são as sanduíches, feitas na hora, com os ingredientes escolhidos pelo cliente. Para quem gostar de picante (mas não muito), recomenda-se a sopa de grão-de-bico conhecida por lablabi, à qual também pode juntar uma série de ingredientes à escolha.
Informações úteis
Não é preciso visto para entrar na Tunísia; com a apresentação do passaporte na fronteira ser-lhe-á dado um mês de permanência em solo tunisino. A moeda é o dinar, e 1€ vale cerca de 1,75 dinares. Há máquinas de Multibanco nos bancos das cidades; muitas na Av. Bourguiba. Não há qualquer problema de segurança nem regras de vestuário. A língua oficial é o árabe, mas quase toda a gente fala algum francês e gosta de comunicar.
O site oficial do Turismo da Tunísia no Reino Unido oferece informação atualizada sobre os principais pontos turísticos do país, incluindo, naturalmente, sobre a região de Cartago.
Seguro de viagem
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