Poderá alguém que não aprecia praia passar umas férias de sonho numa ilha? A resposta é sim, se for Djerba, uma pequena ilha tunisina recheada de lugares a visitar, paisagens e história.
A vida na ilha de Djerba
Djerba foi fenícia, cartaginesa e romana. A sua população é de origem berbere, os árabes chegaram no século VI e a ilha conta ainda com uma das mais antigas comunidades judaicas do mundo. No século XV foi refúgio de piratas, e no século XIX chegou a colonização francesa. Dito isto, compreendemos imediatamente algumas das diferenças que aqui encontramos em relação a terra firme, que vão da arquitectura à língua e aos costumes. E apesar do rolo compressor do turismo de massas, que chega faminto por praias, sol e bom tempo, nem tudo se perdeu. Não falta o que fazer num dia de nevoeiro, ou onde passar os dias sem ir à praia.
Houmt Souk é a “capital” da ilha, e continua linda: o casario branco, as portas azuis com desenhos feitos com tachas, o animado mercado matinal; não custa nada perder aqui um ou dois dias, entre a Coopérative Artisanale e o Musée des Arts Populaires – alternando com descansos nas numerosas esplanadas e passeios pelas ruelas estreitas, cheias de joalharia e outras tentações.
Os mercados são excelentes oportunidades para comprar fruta da época, especiarias e cestaria de Sedouikech. Para além de ver um número razoável de trajos típicos, como os chapéus de palha e os grandes xailes brancos debruados a vermelho das mulheres da ilha. O mercado de Midoun, às quintas e sextas-feiras, é um dos melhores.
A povoação de Guellala é um atelier de cerâmica a céu aberto, onde todas as casas parecem fabricar em fornos de rua a cerâmica tradicional. No alto da colina fica o museu, obra recente e muito interessante sobre os costumes locais.
Quem prefere a outra vida animal, tem aqui abundância de passarada: há uma caminhada a fazer em Ras Rmel, mas aconselho sobretudo que indague sobre a direcção de uma certa mesquita à beira-mar, a dois passinhos do centro de Guellala, onde encontra fartura de flamingos e não só – o pôr-do-sol é excepcionalmente bonito.
A história de Djerba
Vindo por terra, percorremos a estrada construída pelos romanos, que tornou desnecessária a travessia de barco (embora também exista um ferry), e chegamos a Al Kantara (“a ponte”). Do lado direito, geralmente metido no mar e numa nuvem de sal e calor, fica Borj Kastil, as ruínas de um velho forte que são apenas uma sombra do bem tratado Borj el Kebir, no extremo Norte de Houmt Souk. Recuperado e a funcionar como museu, mostra a herança que já vem dos romanos e dos turcos, assim como uma bela vista sobre o pequeno porto de pesca mais adiante.
Para os mesmo muito interessados em vestígios romanos, ainda sobram alguns estilhaços de colunas romanas em Meninx, perto da estrada que vem de Zarzis, em local alcançável de táxi.
Mais interessante – e importante – é a sinagoga El Ghriba, em Er Riadh, uma das mais antigas do mundo, restaurada depois de um atentado há alguns anos. O exterior não é particularmente apelativo comparado com o interior, num estilo mourisco e minucioso, cheio de mosaicos azuis e arcadas que lembram uma mesquita.
Deve ser por causa dos enganos que os utentes da belíssima mesquita em estilo “djerba” a alguns metros da sinagoga, baixinha, branca, telhado em pequenas cúpulas, colocaram um letreiro cá fora para desviar os distraídos: “mesquita muçulmana”. Mas há muitas mais espalhadas por toda a ilha, duas mesmo no centro de Houmt Souk.
Nos arredores de Midoun é fácil encontrar os menzel, casas típicas fortificadas, geralmente acompanhadas por um poço exterior feito com dois troncos de palmeira sobre um monte de terra, preparado para tirar água com a ajuda de um burrico. Escondidos por trás de um muro e dentro de um palmeiral, estes lares típicos eram essenciais em tempo de pilhagem – e agora protegem as famílias dos olhares indiscretos.
O meu edifício favorito é, sem dúvida, a pequena mesquita de Beni Makel, delicada e miniatural. E o pequeno “guia” que me acompanhou tinha razão quando, no alto do terraço, abarcou com o braço oliveiras, romãzeiras, palmeiras, cactos e um mar calmo e liso, e anunciou: “Voilà la Tunisie!”
Guia prático
Este é um guia prático para viagens em Djerba, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos em Djerba, os melhores hotéis e atividades na ilha.
Quando ir
Todo o ano, sabendo que as temperaturas ultrapassam os trinta graus no Verão, e não andam muito longe dos vinte durante o dia, no Inverno.
Como chegar a Djerba
Para explorar a ilha de Djerba é pouco compensador tomar um dos dois voos semanais da Tunisair, que andam acima dos 400 euros, e juntar-lhe ainda um voo interno ou camioneta até Houmt Souk. A melhor maneira de lá chegar é aproveitar uma das viagens organizadas com voo directo, que variam entre os 200 e os 600 euros, dependendo da época. Assim garante transporte até Djerba, um lugar onde ficar e dias inteiros para explorar a ilha, que é suficientemente pequena para ser percorrida de transportes públicos ou táxi.
Onde ficar
Caso não chegue num charter à Tunísia, recomenda-se o Hotel Erryadh, na Mohamed el Ferjani, que cobra um valor aceitável por um quarto num funduk tradicional, pequeno-almoço incluído. Mas veja o artigo sobre onde ficar em Djerba ou utilize o link abaixo para outras opções de alojamento.
Gastronomia tunisina
Sendo a ilha um lugar muito turístico, com facilidade encontra comida internacional, das pizzas aos crepes, sobretudo na Zone Touristique, área onde se concentram os hotéis, casinos e discotecas. A verdadeira comida tunisina, do cuscuz à tajine, pode ser encontrada nos restaurantes mais pequenos. Ou em bons restaurantes, como o Haroun. Se apreciar picante, peça sempre harissa, o melhor do Norte de África. Não perca as sobremesas, à base de amêndoa.
Informações úteis
Não é necessário visto para a Tunísia. O nível de vida é bastante mais baixo do que em Portugal. A moeda é o Dinar tunisino e 1 euro vale cerca de 3 dinares. Há máquinas ATM e câmbio fácil nos correios. A Embaixada da Tunísia em Lisboa fica Rua Rodrigo Rebelo 16.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.