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Casa do Recato, sossego nordestino

Por Ana Isabel Mineiro | Turismo rural
Atualizado em 18.11.2019 | Tempo de leitura: 4 minutos

A Casa do Recato é uma das mais singulares unidades de turismo rural integradas na associação Casas Açorianas. À arquitetura tradicional junta-se a inserção num dos trechos mais tranquilos e “remotos” da ilha de São Miguel, nos Açores.

Casa do Recato

A maior ilha do arquipélago é também a mais diversa, a que mostra tanto como o que oculta, ou a que, nessa exibição sem pudor de belezas fáceis e de cartaz, mais tesouros mantém a recato de passeios aligeirados. A região do Nordeste, a mais remota da ilha, é a menos tocada pelos voláteis olhares de turistas em trânsito para outros lugares que são, também e inevitavelmente, de mais ou menos breve passagem. A Ponta do Sossego e a sua congénere Ponta da Madrugada são estrelas de capa, mas o Nordeste guarda segredos semi-revelados, para os quais são solicitados tempo e espírito.

Para o primeiro requisito, o tempo, há que cuidar de arranjar pousada, lugar que seja bom para dele se partir à descoberta e a ele voltar para repousar os ossos e mitigar a fadiga de tais jornadas. Quanto ao segundo, o espírito, é mister que cada um por ele responda, porque não há sítios “mágicos” que salvem desertos interiores. Ou, simplesmente, não há lugares “mágicos”, mau grado a literatura de cordel dos folhetos turísticos.

Não há lugares mágicos, mas haverá, verosimilmente, atmosferas que os objetos e a luz e os materiais ajudam, todos juntos, a criar. Coisas concretas, vernáculas – sem transcendências «new age» ou pretensos mistérios embrulhados em papel de propaganda – coisas como a arquitetura, a atmosfera e a hospitalidade franca das gentes, etc. Em síntese: é tudo isto que podemos encontrar na belíssima Casa do Recato, notável exemplo de reabilitação e de preservação da arquitetura popular dos Açores, e meritória da atenção dos viajantes pelas demais razões que adiante se verá.

Madeira, pedra e silêncio

A freguesia da Água Retorta, no nordeste de São Miguel fica num amplo vale, com o mar no horizonte. Para o interior há florestas de criptoméria e montes que vão acumulando nevoeiros até ao Pico da Vara, o ponto mais elevado da ilha. Pelo vale rompe uma ribeira serpenteante, de águas rápidas: aqui se apreende o fundamento do topónimo. Na povoação sobrevivem alguns velhos costumes rurais, como cozer o pão em forno de lenha.

Que não se dane o parecer, todavia, sobre os predicados do sítio em infiéis ou equívocas divagações. O cenário é de sossego – e bem paradigmático da ruralidade açoriana. Leiras em socalcos, vaquinhas ociosas entre verde e verde, o mar brando e tão perto que parece que basta estender o braço para logo o tocar.

E a Casa do Recato? É como se estivesse ali, plantada no cimo de um caminho que desce para a orla, desde o vero princípio do mundo. Ou, pelo menos, desde os primórdios do povoamento. O sentido disto ser dito é que quem (ou coisa que) assim se fixa nos retratos não se limita a ser só património visível, verificável ao olhar desarmado. A Casa do Recato tem outros méritos, um deles o de ser um livro eloquente que a põe a falar de memórias. Memórias das tradições arquitetónicas e das suas fontes inspiradoras na ilha de São Miguel. Nesse sentido, a Casa do Recato é única e, ao mesmo tempo, simbólica de usos arquitetónicos que identificam a Água Retorta e as suas gentes, e lhe traçam um pouco da história.

A casa chegou a estar em franca ruína, mas um atencioso processo de reabilitação devolveu-lhe a fisionomia perdida, acrescentando-lhe o mínimo de conforto e condições modernas para funções habitacionais – um quarto, uma cozinha com o velho forno e uma salinha são os espaços principais da Casa do Recato. Foi um trabalho que implicou alguma investigação: fotos antigas, consulta da memória local através das pessoas mais antigas da freguesia, interrogar ruínas de casas de outros tempos.

Na recuperação, que os atuais proprietários, Andrea e Pedro Viveiros, encetaram em 2004, nada derrapou em direção a uma deslealdade para com a atmosfera rústica da casinha. Nem por fora, nem por dentro. Madeira, pedra e silêncio são, em benefício da verdade, os materiais de que é edificada a Casa do Recato.

Merendar na floresta a partir da Casa do Recato

Os passeios a pé são, obviamente, uma das grandes atrações das redondezas, numa ilha em que há uma meia centena de trilhos recuperados. São veredas antigas, utilizadas pelos habitantes durante anos a fio nas suas deslocações entre as freguesias. Não é imagem que se faça arisca da imaginação, a dos frutos da pesca e da lavoura andarem a transitar por esses caminhos a bordo de infatigáveis burricos. Nos últimos anos, tem sido desenvolvido um projeto de recuperação e de sinalização desses trilhos, um trabalho de parceria entre a Comissão de Acompanhamento dos Percursos Pedestres da Região Autónoma dos Açores e algumas autarquias. Os caminhantes interessados neste tipo de atividades têm à disposição nos postos de turismo dos Açores desdobráveis com informação pormenorizada. De resto, os anfitriões da Casa do Recato, podem também disponibilizar a informação necessária para preencher os dias da estada com andanças pelos montes.

Não faltam, ainda assim, alternativas a tais desassossegos, como longas horas de leitura no jardim, à sombra ou sob a magnífica campânula de luz atlântica que paira sobre o arquipélago. O clima temperado e as águas cálidas que cingem a ilha podem convidar a uns mergulhos em praias próximas. Merendar, como nos tempos antigos, no Parque Florestal da Água Retorta, ou nos Miradouros da Ponta da Madrugada e da Ponta do Sossego, também tem cabimento no ensejo de esquecer por uns dias a vertigem urbana.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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