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Chiloé, terra das gaivotas

Por Ana Isabel Mineiro | Viagens América do Sul Chile Ilha de Chiloé
Atualizado em 8.07.2017 | Tempo de leitura: 7 minutos

Ilha de Chiloé

A ilha de Chiloé fica no sul do Chile, mas por estas bandas isso não significa bom tempo – é antes uma aproximação à australidade chuvosa e exuberantemente verde da América do Sul. Um roteiro de viagem à ilha de Chiloé, a terra das gaivotas.

Chiloé, nome de pássaro

Os índios mapuche foram dos seus primeiros habitantes, e a abundância de gaivotas, num gritar contínuo que só termina com a noite, sugeriu-lhes o nome mais óbvio: “terra das gaivotas”, ou seja, Chiloé.

Estreita e comprida (cerca de cento e oitenta quilómetros de comprimento e cinquenta de largura), não é famosa pelas suas praias, como seria de esperar numa ilha, mas pela sua diferença, por ser selvagem e esquiva apesar de habitada, metida numa paisagem tão agreste como o tempo. Possui uma extensa área de floresta austral, uma arquitectura peculiar e um povo reservado e hospitaleiro que rege a sua vida com uma mistura de pragmatismo, religião e lenda.

Pormenor de uma fachada em Chiloé
Pormenor de uma fachada em Chiloé

Descoberta pelos espanhóis em 1540 e colonizada em 1567, Chiloé e a quarentena de pequenas ilhas, na sua maior parte desabitadas, que formam o arquipélago, guardaram as crenças dos índios chonos e huilliches, entretanto dizimados.

Situada no Sul do Chile, este foi dos últimos territórios a serem cristianizados. E não se pode dizer que fosse por falta de esforço: os missionários construíram por toda a ilha centena e meia de igrejas de madeira, sem recurso a pregos.

Hoje, dezasseis delas são consideradas património da UNESCO, numa homenagem à arquitectura vernácula da ilha, que transborda para as habitações e mesmo para o mercado de Castro, construído sobre estacas.

Resistem aos terramotos e às subidas da maré, estas extraordinárias palafitas, construídas no mesmo material dos barcos que enfrentam um mar quase sempre mal-humorado.

Castro, Ancud e o Parque Nacional de Chiloé

Castro e Ancud são as cidades mais importantes. Em Ancud, onde há um belo Museo Chilote, ainda se pode ver os restos do forte espanhol, último reduto ibérico durante a guerra da independência. Castro é a “capital”, e as suas ruas empinadas que conduzem ao porto estão cheias de belas casas de madeira pintadas de cores garridas, para exorcizar as nuvens arrastadas pelo mar que insistem em cobrir a ilha.

A sua catedral, obra grande e admirável, toda em madeira forrada a chapa ondulada, está pintada de lilás e salmão. No interior, um Cristo com dobradiças nas axilas e uma imagem de Santa Teresa do Chile, a primeira santa chilena, acrescentam-lhe mais um toque original.

Chonchi, ilha de Chiloé, Chile
Chonchi, ilha de Chiloé, Chile

Curiosa é a convivência deste catolicismo com as lendas locais, como a pincoya e o trauco: a primeira é uma espécie de sereia, visão fantasmática que atrai os homens no mar, e o segundo um duende malvado, que nos prega partidas e atrai as meninas para os bosques.

Mar e floresta constituem a natureza da ilha e o tempo incerto e nebuloso fazem o resto, criando mitos em que quase podemos acreditar – ao mergulhar nos bosques escuros do Parque Nacional de Chiloé, por exemplo, fechados e escuros até à costa, onde o mar também não é amigável.

Aqui podemos descobrir o mesmo que Darwin no século XIX: milhares de hectares de floresta nativa e costa impoluta, uma selva de árvores contorcionistas, como o tepú, plantas com folhas gigantescas, lembrando a era dos dinossauros. Todo o pedaço de chão que se encontra na sombra é pântano, tal a abundância de água, e a luz do sol é coada por árvores altas e frondosas, que sacodem humidade a qualquer hora do dia.

Nos lugares onde a floresta foi cortada para dar lugar às colinas ondulantes de pasto, e aos campos cultivados que também sustentam os pescadores, é preciso impedir continuamente que volte a ocupar o que lhe pertencia, e até nas aldeias plantas e líquenes insistem em germinar nos telhados e paredes das casas.

Chonchi e o vulcão Osorno

Chonchi é uma aldeia de pescadores, nada turística. Muitas das típicas casas de madeira, antigas e desgastadas pelo tempo, estão tratadas com carinho, sobretudo ao pé da praia. Algumas são feitas de ripas, outras de quadrados, e outras ainda com um belo efeito de escamas sobrepostas.

Nos bairros palafitas, podemos ver os barquitos estacionados por baixo. Os cães correm livremente junto às ondas, perseguindo as gaivotas, barcos chegam e largam, coloridos os dos pescadores, cheios de contentores brancos, os das quintas de salmão. A maré recua muito, deixando à vista as pedras da praia, cobertas de algas escorregadias. O conjunto tem um aspecto arcaico e pacífico, parado no tempo; nada bule, a não ser as gaivotas.

A famosa igreja da aldeia, feita de chapa ondulada, parece um foguetão desenhado por uma criança, mas com três andares. O seu azul é forte e vistoso, e a torre é visível de qualquer ponto da baía, para que os fiéis pescadores se orientem. Quando o sol bate com força, as casas e igrejinhas da ilha, pintadas com as cores mais vibrantes que havia no mercado, transformam-se numa paleta impressionante de cores básicas, encontradas em qualquer caixa de lápis da escola.

E a última beleza da ilha é a vista, quando o tempo o permite, sobre a linha contínua dos Andes com os picos cobertos neve. Para Sul e para Norte, até ao cone perfeito do Osorno, é do mar que melhor se percebe a cordilheira de vulcões onde se prendem as nuvens – e é com este postal que nos despedimos de Chiloé, quando o ferry nos traz de regresso à costa.

Vista de Chonchi, ilha de Chiloé
Vista de Chonchi, ilha de Chiloé
Pormenor de uma embarcação em Chiloé
Pormenor de uma embarcação em Chiloé
Castro, a capital de Chiloé
Castro, a “capital” de Chiloé
Casas sobre estacas em Chiloé
Casas sobre estacas em Chiloé

Guia de viagens a Chiloé

Este é um guia prático para viagens à ilha de Chiloé, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região.

Quando ir

A melhor época é o Verão austral, que corresponde ao nosso Inverno. Mas não se trata de um problema de temperaturas, que são moderadas todo o ano, apenas de pluviosidade.

Como chegar a Chiloé

Voar para Santiago do Chile (via Madrid) fica por cerca de 1.150 €. Daí, pode escolher entre duas opções: a mais barata é fazer a viagem de expresso (Cruz del Sur, por exemplo) até Puerto Montt, onde o autocarro atravessa no ferry para a ilha; a segunda é voar com a Lan Chile (a partir de 250€) igualmente até Puerto Montt, e daí apanhar o autocarro até Ancud ou Castro.

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Onde ficar

Uma opção popular, interessante e barata, é alugar um quarto em casa de uma família (há informações nos postos de turismo e casas assinaladas). Também existem parques de campismo, pensões e hotéis, como por exemplo, o Hotel Huildin, em Chonchi, na Rua Centenario, 102, com duplos a partir de 5.000 pesos; em Ancud, o Galeon Azul, Rua Libertad, 751, com duplos a partir de 45.000 pesos; ou o Unicornio Azul, em Castro, na Rua Pedro Montt 228, com duplos em torno de 30.000 pesos.

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Gastronomia

O prato típico desta zona do Chile é o curanto, uma espécie de cozido à portuguesa feito de peixe. O mais rico, à moda caseira, leva também marisco, frango, porco, cordeiro, bife e batatas. Em Chiloé, é de tradição cozê-lo debaixo de terra, mas nos restaurantes é mais comum que seja feito em grandes panelões. Há restaurantes simples e saborosos na zona do mercado artesanal de Castro, como o restaurante Palafito El Curanto. Em Chonchi, pode tentar o Restaurante Alerces, na Rua Sargento Candelaria, 308.

Informações úteis

Não é necessário visto. Embaixada do Chile em Lisboa: Av. Miguel Bombarda 5 – 1º andar. O espanhol falado na América do Sul é muito mais compreensível para ouvidos portugueses, mas terá de fazer um esforço para se fazer compreender; também pode experimentar o inglês. A moeda é o peso chileno e 1€ vale cerca de 650 pesos. O posto de turismo (Sernatur) de Ancud fica na Rua Libertad 665.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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