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Fazer Couchsurfing é muito mais que poupar dinheiro em hotéis

Por Filipe Morato Gomes | Atualizado em 17 Abr 2022 | Hotelaria Inspiração 16 Comentários
Tempo de leitura: 6 minutos

Couchsurfing
Couchsurfing © Tim Macpherson

Há quase 15 anos (como o tempo passa!), corria o mês de abril, decidi dar uma escapadinha a Amesterdão. Na altura, estava inscrito numa rede de viajantes chamada Hospitality Club e já tinha recebido alguns viajantes em minha casa, mas a estadia em Amesterdão era a minha primeira vez como hóspede. Contactei alguns membros da comunidade com o intuito de conseguir alojamento gratuito.

À época, menos traquejado em termos de viagens (ainda não tinha sequer dado a minha primeira volta ao mundo), não valorizava tanto o contacto com as pessoas como forma de enriquecer a experiência da viagem. Quando Daniel aceitou o meu pedido, fiquei feliz principalmente – confesso – porque isso significava poupar dinheiro.

Daniel enviou-me por email as indicações necessárias para chegar do aeroporto ao seu apartamento usando transportes públicos. Fi-lo facilmente e, quando cheguei a casa, Daniel estava lá como combinado. Os primeiros minutos com ele abriram-me os olhos para o admirável mundo da hospitalidade desinteressada. Fiquei estupefacto. Vou tentar reproduzir os nossos dois primeiros minutos de conversa, após os cumprimentos da praxe:

-“Filipe, é natural que a gente não se veja muito, porque eu estou muito ocupado com a organização de um congresso, com os exames na faculdade, enfim, vou estar quase sempre fora. Fica com a chave de casa” – e passou-me uma cópia das chaves para a mão. Não nos conhecíamos de lado algum.

Devo ter feito uma cara tão estranha, como quem não percebe bem o que lhe está a acontecer, que Daniel, percebendo a minha estupefação, disparou num misto de ironia e gozo: “O que é que me vais roubar?”

Hoje, aquela atitude teria feito todo o sentido e seria para mim normal mas, na altura, fiquei agradavelmente surpreendido, como se tivesse acabado de descobrir um “novo mundo”. Só aí percebi realmente o significado de ser membro deste tipo de rede de viajantes, onde tudo é baseado na confiança e na assunção de que as pessoas são genericamente boas em todas as partes do mundo.

Passado o choque, sorri. Peguei nas chaves e durante 4 dias entrei e saí de casa vezes sem conta, enquanto explorava Amesterdão em época de Queensday, a mais vibrante manifestação popular da cidade e onde tudo fica pintalgado de tons laranja. Se vi Daniel duas ou três vezes durante a minha escapadinha a Amesterdão foi muito!

Depois, comecei a receber gente de todo o mundo em minha casa (na altura morava em Braga), e isso só contribuiu para ter cada mais a certeza da bondade de projetos como o Hospitality Club ou o Couchsurfing, que entretanto ganhou projeção e rapidamente se tornou o site de referência neste tipo de partilha de alojamento e experiências.

Já alojei viajantes de países como o Brasil, EUA, Rússia, Eslovénia, Espanha, França, Holanda, Bósnia-Herzegovina, Polónia ou Itália. Já fiquei em casa de hóspedes na Bulgária, Croácia, Polónia, Rússia, China, Singapura, Fiji, Austrália, Nova Zelândia e Chile, entre outros. E, mesmo não ficando em casa deles, já me encontrei com membros de todo o mundo, do Egito ao Irão, passando pelo Brasil e Turquia. E o que retiro disto tudo?

Para mim, e para além de uma excelente forma de poupar dinheiro, o Couchsurfing  é, acima de tudo, uma forma de ter uma experiência mais rica e intimista no destino. De entrar em realidades “vedadas” ao turista comum. Acima de tudo, dormir em casa de habitantes locais é uma forma de se embrenhar no quotidiano das cidades.

Lembro-me de uma vez, ainda morava em Braga, em que levei um hóspede norte-americano a um ensaio musical da Azeituna – uma tuna e grupo de amigos que fez parte dos meus tempos académicos em Braga. Ele adorou, claro, mas isso nem é o mais importante. Boa ou má, a experiência teria sempre algo de único do ponto de vista do “turista”: estava a ter uma experiência autêntica, única e irrepetível que nada tinha de turístico. E essa é uma das grandes belezas de conhecer gente através do Couchsurfing.

Naturalmente, tudo depende da empatia criada com o host selecionado, pelo que é importante analisar bem os perfis das pessoas a quem se pede alojamento. Haver interesses em comum (música, fotografia, desporto, cinema, gastronomia ou o que seja) é meio caminho andado para uma experiência positiva.

Más experiências

Como anfitrião, tive apenas uma experiência em que senti que estava a ser usado. O hóspede estava em minha casa com o único propósito de não gastar dinheiro. Usou e abusou do nosso frigorífico, das nossas refeições, da nossa hospitalidade (normalmente não me importo de partilhar o que tenho, mas não gosto de me sentir “chulado”).

Como hóspede, já tive naturalmente estadias onde se criou uma menor empatia, mas apenas uma vez o anfitrião usava o Couchsurfing como negócio. Foi nas Fiji. Fui muito bem recebido mas, notoriamente, o único propósito de Finau Bavadra era “ajudar” a planear a viagem pelas ilhas e, com isso, ganhar comissões dos hotéis.

Hoje em dia, continuo a usar o Couchsurfing?

Para ser honesto, desde que a minha filha nasceu tenho recebido pouquíssimas pessoas cá em casa (entretanto mudei para Vilar do Pinheiro, a meio caminho entre o Porto e Vila do Conde). No início, estávamos absorvidos com a paternidade e depois julgo que, aos poucos, nos fomos desabituando a ter gente a dormir cá por casa. O que não quer dizer que volta e meia não aceite um pedido de alojamento (não temos um quarto extra, mas o chão da sala é muto grande).

De resto, quando viajo – especialmente para grandes cidades – mantenho o hábito de contactar membros do Couchsurfing, mas nem sempre peço alojamento. Ainda recentemente, numa curta viagem ao Rio de Janeiro, participei num encontro informal de CSers do Rio, num daqueles quiosques no calçadão de Copacabana.

Por vezes opto por pesquisar hotéis no booking.com ou a casa de alguém no airbnb; outras vezes, peço guarida a algum membro local do Couchsurfing. Acho que depende do meu estado de espírito e do custo de vida local.

Seja como for, vale sempre a pena contactar membros do Couchsurfing, conhecê-los e, quem sabe, ficar alojado gratuitamente numa casa. Muito mais que o dinheiro poupado, é a riqueza da experiência de viagem que sai reforçada. Basta confiar nas pessoas.

No fundo, se acha que os outros podem confiar em si, você também pode confiar nos outros. Só assim pode desfrutar das maravilhas do Couchsurfing!

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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