Ébola: Guia Prático para viajantes

Por Filipe Morato Gomes
Vírus Ébola
Foto de Krishna Kumar via Getty Images

Tenho sido questionado várias vezes sobre as implicações do Ébola nas viagens. Continua a ser seguro, em termos de saúde, viajar para África, incluindo os países da África Ocidental? Que precauções tomar? E os aeroportos, onde se cruzam milhares de pessoas todos os dias, não são um foco provável de contágio? Ou, antes de tudo isso, o que é o Ébola (ou a doença por vírus de Ébola), como se propaga o vírus e quais os sintomas da doença?

Ainda que não seja médico nem tenha qualquer formação em medicina, é para ajudar a esclarecer quem viaja que escrevo este post. Socorri-me, para isso, do excelente portal criado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) portuguesa sobre a doença por vírus Ébola, origem das informações abaixo reproduzidas. Porque estar bem informado é meio caminho andado para evitar que o Ébola se torne um problema ainda maior.

Doença por vírus Ébola – Informação aos viajantes

O que é o Ébola

Ébola é o nome comum dado à doença causada pela infeção por vírus Ébola. O vírus é da família dos Filoviridae e é uma das causas de febres hemorrágicas virais. Tem 5 estirpes, conhecidas pelo local onde o vírus foi descoberto pela primeira vez (Zaire ebolavirus, Sudan ebolavirus, Tai Forest ebolavirus, Bundibugyo ebolavirus e Reston ebolavirus).

O que é a doença por vírus Ébola?

Trata-se de uma doença grave, rara mas mortal (letalidade de 25% a 90%), causada pelo vírus Ébola. É transmitida por contacto direto com o sangue ou outros fluidos corporais (como saliva, urina e vómito) de pessoas infetadas, mortas ou vivas. Pode ser transmitida por contacto sexual não protegido com doentes até três meses depois de estes terem recuperado da doença.

A doença pode também ser contraída por contacto direto com sangue e outros fluidos corporais de animais selvagens infetados, mortos ou vivos, como macacos, antílopes e morcegos.

Passados dois dias e até 21 dias após a exposição ao vírus, a doença pode manifestar-se subitamente, com febre, dores musculares, debilidade, dores de cabeça e dores de garganta.

A fase seguinte da doença caracteriza-se por vómitos, diarreia, manchas na pele e insuficiência hepática e renal. Alguns doentes apresentam igualmente hemorragias internas e externas abundantes e insuficiência de vários órgãos.

Não há qualquer vacina licenciada ou tratamento específico para a doença.

Risco de infeção pelo vírus Ébola e como o evitar

O risco de infeção pelo vírus Ébola é muito baixo, mesmo para quem vive em zonas afetadas ou tiver viajado para essas zonas, exceto se houver exposição direta a fluidos corporais de pessoas ou animais infetados, mortos ou vivos. O contacto com fluidos corporais inclui o contacto sexual não protegido com doentes, até três meses depois de estes terem recuperado da doença.

O contacto ocasional em locais públicos com pessoas que não pareçam estar doentes não transmite o vírus. Os mosquitos também não transmitem o vírus Ébola. Não há evidência de transmissão por aerossol deste vírus, como acontece com o vírus da gripe.

O vírus Ébola é facilmente eliminado pela utilização de sabão, lixívia, pela ação da luz solar e por temperatura elevada ou secagem. A lavagem na máquina de vestuário que tenha sido contaminado com fluidos destrói o vírus. Este vírus sobrevive apenas por pouco tempo em superfícies que estejam expostas ao sol ou que tenham secado. Pode sobreviver por mais tempo em roupas ou tecidos que foram manchados com sangue ou outros fluidos corporais.

Existe um risco de transmissão de Ébola através do contacto com utensílios ou materiais contaminados em contextos de prestação de cuidados de saúde se não se aplicarem devidamente os procedimentos corretos de controlo da infeção.

Surto de 2014

Decorre atualmente um surto de Ébola na Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. Recentemente, foi também notificado um surto na República Democrática do Congo (província do Equateur). Até ao momento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), acredita-se que este surto não tenha relação com a epidemia que decorre na África Ocidental.

Para melhor se perceber quais as zonas afetadas, a OMS mantém um mapa razoavelmente atualizado. Eis a última versão, datada do dia 20 de outubro de 2014.

Mapa Ébola

E para quem viaja?

As informações seguintes dirigem-se aos viajantes que se deslocam para zonas afetadas pelo vírus Ébola, ou que regressam dessas zonas.

Não deixe de fazer uma consulta do viajante para se aconselhar com um médico especialista.

Recomendações às pessoas que viajam para a Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e República Democrática do Congo (província do Equateur)

Caso viaje para os países afetados, as seguintes medidas de prevenção contribuirão para elimulinar o risco de infeção:

  • evite o contacto direto com sangue ou fluidos corporais de um doente ou de cadáveres e com objetos que possam estar contaminados;
  • evite o contacto com animais selvagens, mortos ou vivos, e o consumo de carne desses animais;
  • evite relações sexuais não protegidas;
  • evite habitats que possam ser povoados por morcegos, tais como cavernas, abrigos isolados ou instalações mineiras;
  • lave as mãos regularmente, utilizando sabão ou antisséticos.

Saiba que existe um maior risco de infeção nas instalações de cuidados de saúde. Por conseguinte, é prudente identificar as estruturas adequadas de cuidados de saúde no país, através de contactos com empresas locais, amigos ou familiares.

Deve ainda consultar as recomendações das autoridades nacionais sobre deslocações aos países afetados. Em caso de necessidade, pode ainda contactar a linha telefónica do Gabinete de Emergência Consular (961706472 ou 217929714), que funciona em permanência para situações de urgência ocorridas no estrangeiro.”

Recomendações às pessoas que regressam da Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e República Democrática do Congo (província do Equateur)

O risco de ter estado exposto ao vírus Ébola é muito baixo.

“No entanto, é importante que vigie o seu estado de saúde durante 21 dias após o regresso. Se tiver febre, cansaço inexplicável, diarreia ou quaisquer outros sintomas graves (por exemplo, vómitos, hemorragias inexplicadas, dores de cabeça fortes) ou tiver tido contacto direto, sem proteção adequada, com pessoa doente, contacte a Linha Saúde 24 (808 24 24 24), mencionando a viagem recente e relatando as queixas que apresenta.

Caso os sintomas se desenvolvam ainda durante o voo de regresso, no avião, deverá informar a tripulação imediatamente. O mesmo procedimento se aplica em viagens marítimas.

Saiba que a OMS recomendou aos países o rastreio dos viajantes à saída, para deteção de doenças inexplicadas potencialmente ligadas a uma infeção pelo vírus Ébola, e que as pessoas diagnosticadas com Ébola e as que com elas estiveram em contacto não viajem para o estrangeiro, a menos que a deslocação decorra no contexto de uma evacuação médica adequada.

Em resumo

Lendo toda a informação sobre o Ébola disponibilizada pela DGS e pela OMS, é fácil perceber que dificilmente o comum dos viajantes terá quaisquer problemas de saúde relacionados com o vírus Ébola, seja viajando em África, seja pelo facto de fazer escalas de voos em aeroportos muito movimentados.

Visto pelo meu olhar de viajante, e uma vez que o vírus se transmite através de fluídos corporais (sangue, suor, saliva, fezes e esperma), o principal foco de preocupação poderá estar precisamente nos aeroportos, onde o contacto físico acontece frequentemente em virtude dos aglomerados de pessoas – filas para segurança, controlo de passaportes ou recolha de bagagem. Ainda assim, o contacto com sangue, saliva ou suor de alguém infetado pelo vírus Ébola é muito improvável.

Em suma, é por enquanto seguro afirmar que não há razões para que os viajantes cancelem as suas viagens por causa do vírus Ébola, com exceção natural para os países referenciados – principalmente Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa -, para onde as organizações de saúde recomendam que se evitem “todas as viagens não essenciais”.

Por fim, um apelo: ajude a espalhar a palavra, a desmistificar, a informar os seus amigos viajantes. Partilhar este post e mensagens como estas. E se, para além de fazer um seguro de viagem, quiser um resumo desta informação para levar na próxima viagem, imprima este pdf da DGS intitulado “Informação a viajantes”.

Poster Virus Ébola
Poster Virus Ébola

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

5 comentários em “Ébola: Guia Prático para viajantes”

  1. Ótimo o post e muito instrutivo! Muito pertinente com o momento que o mundo está passando. Irei para a Europa em janeiro e apesar de não ser onde se iniciou o surto da doença, sempre fica uma pequena preocupação. Alguém pode me indicar um bom seguro viagem? Bjs

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    • Bruna, os melhores seguros que conheço são os da IATI. São os que eu uso nas minhas viagens e recomendo a todos.

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  2. Muito bem explicado :-)

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  3. Filipe, parabéns pelo blog e ótimo este post! Bruna, posso te indicar tbm o seguro que eu costumo contratar: http://www.touristcard.com.br Eles estavam c/ uma promo p/ quem citasse o código. Apresenta o meu e veja se ainda está rolando: tourist15. abç

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  4. Muito bem explicado. Man, durante a minha estadia na Coreia do Norte, fecharam as fronteiras e cancelaram todos os tours. Ou seja, como eu já lá estava dentro e arranjei dias extra do tour original, o meu grupo foi-se embora. Fomos (eu e a Ania) os últimos turistas a saírem da DPRK. E melhor, no dia anterior, veio uma ambulância ao nosso hotel, e fomos levados a uma sala onde fomos analisados para verem se tínhamos Ebola. Basicamente, só tiraram a temperatura e como não tínhamos febre, mandaram-nos embora. mas foi uma situação estranha, toda a gente do hotel a olhar para nós a irmos embora com escolta médica e um segurança. Deviam pensar que tínhamos ebola… :D abraço

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