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Helga’s Folly, criatividade ou loucura nas colinas de Kandy?

Por Filipe Morato Gomes
Visitar o Helga’s Folly
Uma das salas de refeições do hotel Helga’s Folly

Já comecei este texto inúmeras vezes e parece que não me saem as palavras certas para definir o hotel Helga’s Folly. É a inspiração de um génio criativo ou uma excentricidade absurda? Uma extravagância fascinante ou uma criação kitsch desconexa? Um hotel brilhante ou uma casa horrorosa? Ou será porventura tudo e nada ao mesmo tempo?

Honestamente, não faço ideia. Sei apenas que diferente é com certeza. E, por isso mesmo, queria partilhar a minha experiência na pele de visitante.

A minha visita ao hotel Helga’s Folly

Sala de estar do hotel Helga’s Folly
Sala de estar do hotel Helga’s Folly

Ficara curioso com algumas fotografias que tinha visto e, como adepto da liberdade criativa, decidi visitar o hotel Helga’s Folly sem saber bem o que esperar. Apanhei um tuk tuk rumo às colinas de Kandy.

Assim que cruzei a porta, dei de caras com um homem austero por detrás do balcão da receção. Informou-me que teria de pagar três dólares para ter acesso às partes comuns do hotel; e que não era permitido fotografar com “máquinas profissionais”.

Apesar do tamanho da minha velhinha Nikon D700, fiz-lhe ver que não era fotógrafo profissional e comecei a explorar. Apesar das inúmeras câmaras de vigilância instaladas no hotel, nunca me incomodou por causa das fotografias.

Visitar o Helga’s Folly
Pormenor da decoração das paredes do hotel

Primeiro entrei uma pequena sala, à esquerda da receção; com leopardos, imagens de Buda e outras divindades pintadas nas paredes.

Depois, a sala de estar do piso térreo; com sofás e esqueletos e caveiras e “esculturas” naturais como resultado da cera das velas a escorrer pelos pedestais. Era tudo muito psicadélico, como se tivesse tomado substâncias alucinógenas. Nada parecia fazer sentido.

Helga’s Folly Kandy
Sala de estar do Helga’s Folly, em Kandy

Quanto mais explorava o Helga’s Folly, mais confuso ficava.

Os espaços estavam atafulhados de coisas. Parecia uma mistura de criatividade delirante com um filme de terror. É impossível colocar em palavras.

Subi ao primeiro piso, onde ficam as salas de refeições. Cada uma mais era mais extravagante do que a anterior.

Helga’s Folly
Outra das salas de jantar do hotel

Encontrei um funcionário a almoçar numa das salas de jantar. Disse-me que podia seguir pelos corredores até uma piscina exterior. Como visitante externo, julgo que não era suposto fazer isso; mas não me fiz rogado.

Os corredores pareceram-me a única parte do hotel mais normal, digamos assim. Ou menos excêntrica, vá. Depois de tudo aquilo, estava curioso em ver os quartos do hotel. No corredor, passei por outro funcionário e tentei a minha sorte: “posso ver um quarto?”. Assentiu. Mostrou-me um, com a indicação de que ainda não estava pronto, mas deu para perceber que a criatividade também domina os aposentos. Felizmente, pelo menos não havia caveiras nem tinha um ar fantasmagórico.

Julgo que poderia dormir ali. Ou talvez não.

Helga’s Folly Hotel, Kandy, Sri Lanka
Corredor do hotel, a zona mais “normal” do Helga’s Folly

Depois de calcorrear boa parte do hotel, continuava sem saber o que pensar sobre Helga’s Folly. Ainda hoje não sei. Faltam-me adjetivos para o caracterizar. Gosto de ambientes criativos e originais, mas o Helga’s Folly é demasiado. Demasiado tudo.

Socorro-me das palavras do jornal The Telegraph: “É difícil um hotel ser mais original do que Helga’s Folly. Cada centímetro de parede, piso e espaço no teto é coberto por pinturas, frescos, murais, fotografias, espelhos, esculturas, velas gigantes e antiguidades, e ressoa com as almas gastas de visitantes passados. Alguns hóspedes acharão a experiência perturbadora, outros libertadora. Há uma obsessão evidente com a morte e a extravagância é visível na decoração.”

Eu achei perturbadora.

Se visitar Kandy, passe pelo Helga’s Folly e tire as suas próprias conclusões.

Escadas do Helga’s Folly, em Kandy
Escadaria de acesso ao primeiro piso do hotel
Helgas Folly
Zona de acesso aos quartos
Paredes pintadas do Helga's Folly
Muitas das paredes são pintadas
Sala de refeições do hotel Helga's Folly, em Kandy
Janelões de uma das salas de refeições do hotel Helga’s Folly, em Kandy
Hotel Helga's Folly, Sri Lanka
Os excessos decorativos da principal sala de estar do hotel

Guia prático

Visitar ou dormir no hotel Helga’s Folly

Honestamente, tenho dificuldade em recomendar a estadia no ambiente esquizofrénico do Helga’s Folly. Ainda assim, para quem quiser ter a experiência completa e ficar alojado no hotel, saiba que os preços começam em 100 dólares por noite. Se for esse o seu desejo, reserve aqui a estadia no Helga’s Folly.

Se, ao invés, quiser apenas visitar o hotel, saiba que é necessário pagar três dólares por pessoa para ter acesso aos espaços comuns do Helga’s Folly. Foi essa a minha opção.

Onde ficar em Kandy

Eu fiquei alojado no Freedom Lodge Kandy por recomendação de uma amiga, mas não fiquei impressionado (gostei dos anfitriões mas não dos aposentos). Felizmente, o que não falta em Kandy são guesthouses boas e baratas. Veja, por exemplo, a Hantana Homestay, a Notting Hill Country House, o The Peppermint, o Sesatha Kandy, a Samindra Villa ou a Bee View Homestay.

Por fim, se quiser luxo sem a impessoalidade dos grandes hotéis, recomendo o Santani Resort & Spa. Para conhecer todos os hotéis de Kandy, utilize o link abaixo.

Procurar outros hotéis em Kandy

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Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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