O Nuno Cruz tem 36 anos, é empregado de restaurante (entre outras coisas) e está a viver em Longyearbyen há 7 meses. Convidei-o a partilhar connosco um pouco da “sua” Longyearbyen, na Noruega, marcada pelo calor humano do Karlsberger Pub e um spot junto a uma linha de transporte de vagões de carvão abandonada, onde tira grandes fotos do pôr-do-sol. Fica na ilha de Spitsbergen, arquipélago de Svalbard, bem acima do círculo polar Ártico.
É um olhar diferente e mais rico sobre Longyearbyen – o de quem vive por dentro o dia-a-dia da cidade, estando simultaneamente fora da sua “zona de conforto”, deslocado, como acontece a todos os viajantes. Este é o décimo post de uma série inspirada no programa de televisão “Portugueses pelo Mundo”.
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Em Longyearbyen com o Nuno Cruz (entrevista)
- 1.1 Define Longyearbyen numa palavra.
- 1.2 Longyearbyen é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
- 1.3 E o que mais te marcou em Longyearbyen?
- 1.4 Como caracterizas as pessoas de Longyearbyen?
- 1.5 Como terminarias esta frase: “Não podem sair de Longyearbyen sem…”
- 1.6 Longyearbyen está localizada muito acima do Círculo Polar Ártico. Como é viver em escuridão permanente no inverno e com dias infindáveis no verão? E como lidas com um clima tão agreste?
- 1.7 Imagino que já tenhas visto inúmeras auroras boreais – queres contar a emoção da primeira vez?
- 1.8 Sei que há mais ursos polares do que habitantes na ilha Spitsbergen – a coabitação entre homens e ursos é fácil e pacífica?
- 1.9 Vamos complicar a conversa e tentar fazer um roteiro de 3 dias em Longyearbyen (ou na ilha Spitsbergen). Indica-nos as atividades, ligadas ou não ao turismo de Natureza, que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
- 1.10 Sonhas conhecer o Polo Norte? Fala-nos disso.
- 1.11 Longyearbyen não é um destino barato. Tens algumas dicas para se poupar dinheiro?
- 1.12 Falemos de comida. Que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar?
- 1.13 Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e o mais barato possível. Onde vamos jantar?
- 1.14 Há vida noturna em Longyearbyen? O que sugeres a quem se queira divertir?
- 1.15 Escolhe um café e um museu.
- 1.16 Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. Tens alguma sugestão neste campo?
- 1.17 E para quem quiser fazer compras em Longyearbyen, em que coisas vale a pena gastar dinheiro?
- 1.18 Antes de te despedires, partilha o teu “segredo” de Longyearbyen; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um recanto da cidade, algo que seja mesmo “a tua cara”.
- 2 Guia prático
Em Longyearbyen com o Nuno Cruz (entrevista)
Define Longyearbyen numa palavra.
Única.
Longyearbyen é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
Sim, é. Pesquisando um pouco percebe-se de imediato que se trata de uma cidade muito diferente e, ao início, a reação natural é um: “isso é no fim do mundo”! Mas não. É a cidade mais setentrional do globo permanentemente habitada e para mim não é o fim, mas sim o início do mesmo.
É voltar a princípios tão básicos e salutares como um simples cumprimentar toda a gente que se cruza connosco, mesmo que seja com um leve acenar de cabeça e um “hei”; é saber que se perder uma luva ou o telemóvel, por exemplo, momentos depois é muito provável que alguém coloque uma mensagem num grupo específico do Facebook a dizer que encontrou; é ver as muitas crianças da cidade a brincar no exterior ou no recreio das escolas, seja verão com 10ºC ou inverno com -30ºC e sempre, mas sempre bem-dispostas. Por último, é ver como tudo funciona com a eficácia escandinava, mas sem a distância nem a “frieza” que por vezes encontramos nos Noruegueses continentais.
A expectativa era portanto elevada, até porque tinha cá estado por uns dias, como viajante, há cerca de 5 anos e conhecia o cenário. Só não conhecia o escuro e agreste inverno ártico, e assim, antes da decisão final de mudança decidi investir e vir em janeiro com a Sofia, a minha namorada.
A realidade que encontrámos na perspetiva de habitantes superou a expectativa, e nem mesmo as 24 horas de noite cerrada, nem os -25°C que nos deram as boas-vindas, nos beliscaram a vontade de ficar. Tanto assim foi que, depois de arranjar um trabalho, já não utilizámos os bilhetes de volta a Portugal.
E o que mais te marcou em Longyearbyen?
Respondo-te no passado, mas também ainda no presente. O cenário é digno de um programa do National Geographic (aliás, muitos dos documentários do Ártico ou sobre ursos polares são aqui filmados), e um simples olhar pela janela continua a encher-me o espírito. O silêncio que aqui se sente é indescritível e aprecio bastante o modo como a vida decorre com toda a naturalidade, tal como se estivesse numa pequena cidade portuguesa.
O ambiente em Longyearbyen é descontraído. Para te dar alguns exemplos, digo-te que ninguém liga à marca do carro que tem ou sequer se o tem (embora a bem da verdade, já não é bem assim com as motas de neve – o transporte de eleição de novembro a maio), ninguém quer saber acerca das combinações da cor da roupa (a única premissa é que seja quente e prática), e até algumas das restritivas leis na Noruega são esquecidas.
Existem 3 ou 4 polícias, quase não há criminalidade e a pouca que existe é alguém que se lembra de utilizar um carro indevidamente (os carros estão sempre abertos e muitos com as chaves lá dentro), ou alguém que decide dar uma festa em casa pela “noite” dentro sem avisar os vizinhos. Ainda sobre as leis esquecidas, é curioso ver que todos andam de carro sem cinto de segurança (exceto as crianças), e falar ao telemóvel a conduzir é uma prática perfeitamente regular. Estes últimos aspetos por si só fazem corar de vergonha qualquer norueguês do continente quando a conversa vem à baila e só não ficam mais chocados porque a ilha tem o tamanho da Grã-Bretanha mas apenas 22 km de estradas e ruas.
Como caracterizas as pessoas de Longyearbyen?
Quem cá está, está na sua grande maioria por opção própria e não será exagero dizer que todos gostam do arquipélago de Svalbard. Há, portanto, uma certa sintonia entre a população que favorece o relacionamento interpessoal. Existem muitas crianças e jovens e é uma sociedade aberta e multicultural.
Basta dizer que, nos cerca de 2.100 habitantes registados, existiam no final do ano passado 34 nacionalidades diferentes, sendo que para além dos noruegueses, a Tailândia e a Suécia são as comunidades mais representativas. Seria exaustivo dizer todos os países representados, mas desde o Brasil, passando pela Rússia ou a Austrália, há de tudo um pouco. E claro, desde janeiro existe então uma importante representação lusa: eu e a Sofia!
Uma das particularidades que apreciei, e que parece bem mais latina do que escandinava, é o facto de ser natural reunir com os amigos para uma cerveja no final do dia durante a semana. Isto pode parecer uma questão banal para nós, mas se fizerem o mesmo no continente, durante a semana, rapidamente serão conotados como tendo sérios problemas de alcoolismo!
A única consequência “agridoce” desta liberdade é que existe de facto um ou outro caso de alcoolismo. Deve-se ao facto do álcool, bem como outros produtos, estarem isentos de impostos (que são elevadíssimos no continente), e ao facto da sociedade norueguesa não ter sido habituada a este tipo de comportamento social. Para eles é 8 durante a semana e 80 aos fins de semana, de modo que quando aqui chegam é uma espécie de paraíso o facto de poderem beber quando querem e terem a bebida a custar um terço do normal. Um bom exemplo disso é o facto de 1 litro de leite custar praticamente 5€, e 1 litro de cerveja custar 2,30€.
De resto, há sempre convívio, quer seja em passeios, clubes temáticos ou nos muitos festivais de música que se realizam todo o ano.
Como terminarias esta frase: “Não podem sair de Longyearbyen sem…”
… uma espingarda.
Isso mesmo. É uma particularidade da cidade porque, afinal de contas, estamos em território do urso polar e nunca em caso algum nos podemos esquecer disso. Não é que estejam em todo o lado, longe disso, mas a desvantagem começa logo no número: Longyearbyen tem 2.100 habitantes contra os mais de 3.000 ursos polares que existem na ilha e, embora as morsas e as focas sejam bem mais apetecíveis do que os humanos, a verdade é que eles são os maiores carnívoros na terra e, estando no seu território, é fácil perceber quem fica a perder no caso de um encontro.
O uso de arma só é obrigatório fora dos limites geográficos de Longyearbyen, mas a cidade é pequena e é “encaixada” num vale. Se, por exemplo, quisermos subir as duas montanhas em redor ou os dois glaciares que ficam aqui atrás no “quintal”, é insano não ir protegido.
Longyearbyen está localizada muito acima do Círculo Polar Ártico. Como é viver em escuridão permanente no inverno e com dias infindáveis no verão? E como lidas com um clima tão agreste?
Por estar bem mais perto do Polo Norte do que o Círculo Polar Ártico, esses fenómenos são mais extremos nesta latitude. Sabia de anteriores viagens ao Norte como eram os longos dias de verão, mas desconhecia a noite interminável.
Em janeiro, quando cheguei, foi um pouco confuso, mas adaptei-me bem. De novembro até meados de fevereiro é completamente escuro e, a partir daí, todos os dias temos mais 20 minutos de claridade, com uma fantástica luz azul a iluminar as montanhas. A 8 de março, o sol toca pela primeira vez o chão e há festa (há sempre festa, aliás), e confesso que foi muito bom sentir na cara os 10 minutos de sol desse dia, apesar dos -26°C.
Daí até 19 de abril, data na qual o sol brilha pela primeira vez acima do horizonte à meia-noite, temos um pôr-do-sol interminável e de uma beleza indescritível. Pela altura que escrevo (início de julho), o sol está sempre muito alto, mesmo durante a noite, e a habituação tem sido mais difícil. O corpo tende a não relaxar naturalmente depois de jantar e, mesmo com artimanhas para bloquear a claridade dentro de casa, raramente preciso de acender a luz. Contudo, não deixa de ser engraçado sair à noite e ter como companheiros inseparáveis os óculos de sol.
O clima é (a juntar à escuridão) a pior parte para muitos que tentam estabelecer-se por cá. Mesmo assim, e apesar de estar muito perto do Polo Norte, o clima é um pouco mais moderado do que noutros locais à mesma latitude, devido à influencia da corrente do golfo. Mas é agreste, sim!
Os noruegueses dizem que “não existe frio, existem sim é más roupas” e, de facto, vestir boa roupa por camadas é a solução. No meu caso, bastou um mês para perceber o que deveria vestir em função do que ia encontrar lá fora. Todas as casas e espaços fechados são muito bem climatizados e, portanto, aí não há problema. O problema é ir trabalhar com uma temperatura de -51ºC como ocorreu em março, ou sair preparado para uns “confortáveis” -12ºC e uma hora depois, no regresso, a temperatura ter caído 10 graus.
Regra geral, no inverno as temperaturas sentidas andam em média nos -20ºC, mas é normal haver semanas em que teimam em andar abaixo dos -30ºC e, caso haja um pouco de vento, a sensação térmica é sempre inferior aos -40ºC. De verão, que ocorre entre o meio de julho e meio de agosto, o normal é entre os 7ºC e os 10ºC, podendo chegar aos 13ºC em dias de “torreira”.
Imagino que já tenhas visto inúmeras auroras boreais – queres contar a emoção da primeira vez?
As primeiras foram efetivamente este ano, pouco depois de ter chegado a Longyearbyen e foi fantástico. De todas as vezes fiquei hipnotizado, de cabeça para o ar. Desde que houvesse céu limpo tinha espetáculo garantido.
Lembro-me de sair do trabalho às 20:00 e ir mais de metade do caminho com a cabeça para cima, depois chegava a casa, ia buscar o tripé e a máquina fotográfica e vinha para fora. Só parava quando o espetáculo terminava, ou quando os dedos das mãos já não respondiam. Lembro-me em particular de, por duas vezes, as auroras boreais serem tão intensas que iluminavam o vale e as montanhas em redor.
Sei que há mais ursos polares do que habitantes na ilha Spitsbergen – a coabitação entre homens e ursos é fácil e pacífica?
É fácil e pacífica desde que haja respeito. Existem leis muito restritivas sobre o contacto com ursos polares; basicamente: “é estritamente proibido atrair, perseguir ou tentar encontrar ursos polares de maneira a perturbá-los no seu meio e que possam representar perigo de morte para os humanos ou para os próprios”. No caso de alguém matar um urso indevidamente pode contar com uma pesada multa, expulsão da ilha ou mesmo prisão, mas regra geral as regras são respeitadas por todos – habitantes (nas inúmeras cabanas espalhadas pela ilha, utilizadas para os fins de semana), expedições e pelos muitos turistas que fazem as “tours” em motas de neve ou em trenós.
Muitos dos habitantes locais possuem também armas de aviso e todos são treinados desde crianças a afugentar os ursos e, caso não resulte, a ter de atirar a matar. Os próprios animais são extremamente inteligentes, sabem que não somos fonte de alimentação, que a cidade é fonte de confusão e portanto é raro chegarem perto de Longyearbyen. Caso cheguem por intenção ou desorientação, logo que são avistados a população é avisada e os ursos são afugentados por uma equipa da polícia. As coisas podem não correr tão bem se o urso for jovem e mais curioso ou no caso de má visibilidade, daí que no inverno, em dias da falta de visibilidade, é comum passar por nós em plena rua principal um carrinho de bebé e uma mãe de carabina às costas.
Ocasionalmente, existem fatalidades para ambos os lados e este ano já tiveram de ser abatidos dois ursos que tentaram atacar. Do lado humano, um jovem turista que fazia parte de um acampamento de verão foi, infelizmente, a última vitima, há cerca de um ano.
Vamos complicar a conversa e tentar fazer um roteiro de 3 dias em Longyearbyen (ou na ilha Spitsbergen). Indica-nos as atividades, ligadas ou não ao turismo de Natureza, que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
Não é muito difícil.
Primeiro. Ir a Pyramiden em mota de neve, cerca de 70 km para Norte – uma cidade Russa dedicada à mineração de carvão e que foi evacuada há cerca de 15 anos pelo governo, não se sabe muito bem porquê. Hoje em dia tem 3 a 4 pessoas a habitar e a preservar a herança Soviética.
É uma espécie de cidade-fantasma, com tabuleiros em cima das mesas na cantina, objetos pessoais ainda nas habitações e equipada com anfiteatro, piscina e outras infraestruturas. Durante a viagem por vales gelados e montanhas, passa-se por Templefjorden – um enorme fiorde congelado, cercado por glaciares e onde habitam raposas árticas e centenas de focas observadas por ursos polares. É exigente do ponto de vista físico, mas no fim do dia é difícil não ficar deslumbrado.
Segundo. Conduzir um trenó puxado por cães até uma caverna de gelo. É talvez a minha atividade favorita: desde o início ao alimentar e preparar os cães, até ao silêncio que se sente no meio de um glaciar (onde se almoça e se toma um retemperador café), culminando na descida ao interior de um glaciar por labirintos esculpidos pela água.
Terceiro. Ficar por Longyearbyen, visitar os dois museus, as antigas minas de carvão e calmamente apreciar a cidade. Se houver forças, fazer uma caminhada ao Longyearbreen (um dos glaciares à porta da cidade) ou subir à montanha vizinha chamada Sukkertoppen e contemplar a cidade e toda a imensa paisagem em redor.
Sonhas conhecer o Polo Norte? Fala-nos disso.
Gostava, mas para já não é um sonho. A “janela de oportunidade” é entre abril e maio e é daqui da ilha que parte a grande maioria das expedições até um campo base no gelo, a cerca de 100 km dos 90º de latitude. Há quem vá de helicóptero, aterre e abra uma garrafa de champanhe para poder dizer “estive no Polo Norte”, mas esse não é o meu tipo de aventura favorito (de todo).
Nos últimos anos, ir ao Polo Norte tornou-se num negócio para Americanos, Russos e Chineses com muito dinheiro, nem que para isso tenham de ser levados ao colo enquanto bebem vodka. Talvez daqui a uns anos vá ao Polo Norte em expedição – sim, mas com a companhia de cães ou em skis.
Longyearbyen não é um destino barato. Tens algumas dicas para se poupar dinheiro?
Efetivamente Longyearbyen não é acessível e não há muito que possamos fazer para contornar custos. Ainda assim a primeira dica é não marcar os voos diretamente de Lisboa – Longyearbyen e fazer sim, Lisboa – Oslo e Oslo – Longyearbyen em separado. Perde-se um pouco mais de tempo a conciliar voos, mas fica tão só por metade do valor. Falando em valores, no total ida e volta completa fica entre os 500€ com sorte e antecedência e os 700€ sem tanta sorte. [ver Como comprar voos baratos em 7 passos]
Não comprem roupa específica para qualquer das atividades que possam vir a fazer, porque os operadores de turismo fornecem todo o equipamento necessário para qualquer tipo de actividade, nem que seja andar de snowmobile com 40º negativos.
Finalmente, em vez de um hotel, aconselho a ficar numa das guesthouses localizadas nos limites da cidade. São mais acessíveis e temos a liberdade de poder cozinhar.
Falemos de comida. Que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar?
Para entrada, porque não um carpaccio de rena? Não devem, no entanto, deixar de provar o bife de baleia, é bastante saboroso e encontra-se à venda na maioria dos restaurantes, bem como no supermercado. Foi algo que rapidamente entrou na nossa dieta regular, bem como a foca. Esta é um pouco mais especial, dado que tem um sabor mais estranho para o gosto latino. No entanto, se apreciarem iscas de fígado, de certeza que vão gostar!
Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e o mais barato possível. Onde vamos jantar?
Gosto particularmente de dois sítios; o Fruene, que tem muito bom ambiente e serve umas ótimas refeições ligeiras. No final dá para nos deliciarmos com os produtos da pastelaria e chocolataria próprias. Outro local que recomendo é o Kroa, que para além de ser um espaço com uma decoração fantástica, a fazer lembrar as antigas cabanas de caçadores, tem uma variedade de pratos muito boa. Desde fantásticas pizzas até um salmão ou baleia de excelente qualidade.
Há vida noturna em Longyearbyen? O que sugeres a quem se queira divertir?
Existe e bastante! Até às 2 da manhã existe alguma oferta, mas sugiro começar a noite no pub Svalbar, um espaço amplo e com muita animação, especialmente durante o ano letivo da universidade. Depois, dar um pulo ao Karlsberger, um bar que há pouco tempo foi considerado o 6º melhor em todo o mundo, dada a variedade incrível de bebidas existentes – do Aquavit (tão popular por aqui) ao cognac, passando pela cerveja, há de tudo e proveniente de todo o mundo. O ambiente é escuro, como se estivéssemos numa das minas de carvão da ilha e é ótimo para escapar às noites solarengas e relaxar um pouco.
Por fim, vamos ao Huset, que é a discoteca da cidade. Fica num enorme edifício centenário onde existe também o que é considerado o mais requintado restaurante da cidade (inclui a invejável maior adega da Europa na cave), uma sala de espetáculos e a referida discoteca. Até às 4:00 a animação é garantida.
Escolhe um café e um museu.
Escolho o Fruene pelo ambiente confortável e pela pastelaria.
Em termos de museu, escolho o Svalbard Museum, pela qualidade da exposição e pela forma como explica a história da ilha, a fauna e flora únicas no mundo. A não perder.
Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. Tens alguma sugestão neste campo?
Para além das referidas guesthouses (recomendo a Guesthouse 102), pela liberdade que nos dão com a cozinha, salas de estar e de terem pequeno-almoço (que aqui é importante), sugiro verem as opções de couchsurfing.
O sítio é pequeno, mas habitam muitos jovens que não se importam de acolher os viajantes e mostrar-lhes a cidade. Existe uma significativa comunidade de couchsurfers, atendendo ao tamanho da população.
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E para quem quiser fazer compras em Longyearbyen, em que coisas vale a pena gastar dinheiro?
Para além do “souvenir” normal, existem algumas opções mais exclusivas da ilha, desde peças de artesanato local feitas com chifres ou pele de rena; uma garrafa de Aquavit (uma espécie de aguardente velha que os escandinavos adoram) feita na destilaria mais setentrional do mundo; ou roupa quente feita por boas marcas em exclusivo para aqui – uma vez que são isentas de impostos, são vendidas a um preço razoável.
O que recomendo mesmo, é um DVD com o nome de “Polar Eufori”, um documentário de enorme qualidade feito na íntegra por 3 habitantes locais, e que descreve na perfeição como é a ilha e a vida no ártico. Tem como lema a frase de Jacques Cousteau, “People protect what they love” e é simplesmente fantástico.
Antes de te despedires, partilha o teu “segredo” de Longyearbyen; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um recanto da cidade, algo que seja mesmo “a tua cara”.
Dois sítios diferentes mas de que gosto mesmo: o já referido Karlsberger Pub pelo convívio e por ser ao mesmo tempo, acolhedor nas noites de sol e no frio do inverno. O segundo é um spot um pouco acima da cidade, junto a uma linha de transporte de vagões de carvão abandonada. É um sítio com uma vista soberba, muito tranquilo e onde fiz as melhores fotografias do pôr-do-sol.
Obrigado, Nuno. Encontramo-nos numa próxima viagem a Longyearbyen.
Guia prático
Onde ficar em Longyearbyen
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Leia os relatos de outros Portugueses pelo Mundo - os seus testemunhos sobre viver no estrangeiro são de uma riqueza extraordinária.
Para uma série de posts mais urbanos, Svalbard era o último sítio que estava à espera. :)
Por isso é que as perguntas foram adaptadas ao caso específico de Longyearbyen. E é bom surpreender! :)
Estou a adorar esta série de posts. Muito bom =)
Fantástico… se já tinha vontade de visitar esse arquipélago, fiquei com mais ainda. Obrigado aos dois!
Brutal, tenho bastante curiosidade por sitios gelados!
Estive a tentar encontrar o documentario Polar Eufori, mas não consegui encontrar em lado nenhum, só o album com músicas :(
Oi Nuno,
Você poderia me informar se existe um guia que fala português para passeios privados para 4 pessoas no período de 4 a 8 de março?
Adoro este cantinho! Passei por lá em 2011, no “pico” do sol da meia noite, em 21 de Junho.
Svalbard, uma ilha no Ártico, bem mesmo no Pólo Norte e habitável, que pertence à Noruega. Por isso há despertou-me curiosidade em saber algo mais acerca desta ilha, o que fiz há algum tempo atrás.A este e outros sites/blogues recorro com alguma frequência. Achei interessante esta variante e qual o meu espanto, um compatriota nosso a viver nela. Com muita boa informação necessária ( fragmentar a partida e o destino por duas vezes, embaratecendo a viagem que estava na altura por uns 800 Euros). Se a temperatura no Verão é de 10 graus mais ou menos , ainda se aguenta. Zero graus como tinha lido, é bastante desagradável para quem não gosta de frio,Quanto ao local onde estiveram os Russos, a sua saída permanece um mistério que dizem estar relacionado com o que encontraram no interior da terra, deixando na superfície para alé da infra-estrutura existente e abandonada, uma estátua de Lenin.
Bom dia!
Estava a pesquisar na internet quais as melhores atividades em Longyearbyen e deparei-me com este site, li e gostei.
Será possível pôr-me em contato com o campeão europeu ;) Nuno, pois vou estar por lá em Agosto e gostaria de trocar algumas ideias com ele.
Cumprimentos
Obrigado Nuno pelo seu excelente testemunho que aqui deixou.
Em Junho irei até no Spitsbergen Encounter Photography Symposium 17/JUN to 26/JUN/17.
Um abraço
Boa tarde Nuno. Encantado com a entrevista, as dicas e a coragem de ter escolhido Longyearbyen para viver. Estive agora (16 de Julho) aí e vim fascinado. Um sítio sim onde sem grande dificuldade também viveria. Adorei e embora pequena, é acolhedora. Contaram-me coisas fascinantes, como a história dos ursos, de um que desceu à cidade desorientado. Das pessoas que não são enterradas aí e das crianças que também aí não nascem… Curiosidades interessantes.
Da quantidade de motos de neve que são quase tantas ou mais do que o número de habitantes. Enfim.
Se quiser ver as minhas fotos deste cruzeiro fantástico estão na minha página do facebook. O meu nome é Carlos Manuel Santos.
Um abraço
Boa noite Nuno, saudação do Brasil.
Gostaria de saber se é possível, sendo eu e meu marido brasileiros, ir como turistas e ficarmos por aí. Nosso objetivo por agora é juntar dinheiro então poderíamos morar de um há dois anos num lugar que ofereça bons salários, vi uma reportagem do El País que fala da facilidade de emprego e da facilidade de se mudar para Longyearbyen – queria saber se é verdade e mais dicas. Se puder me responder eu te agradeço, abraço!
Sou só Brasil. Gostei demais da reportagem sobre Longyearbyen. O clipe musical também é lindo.
Oi Nuno, tinha escrito quase uma carta mas deu erro na hora de publicar. Eu sou brasileiro, casei com uma russa e moro na Sibéria há quase 3 anos, gosto do frio extremo. O problema é que não consigo emprego por não falar russo e nem ingles, e também já tenho 60 anos, apesar de acharem que tenho uns 40 a 45 anos. Fiz muito esportes, sei cozinhar razoavelmente bem, no Brasil eu era corretor de imóveis e também entendo de mercado financeiro. Você acha que eu conseguiria algum trabalho em Svalbard? Agradeço desde já a sua resposta.
Olá Nuno,
Já trabalhei na Noruega em 1991, mas foi no sul – em Oslo e Bergen -, e nunca fui para o norte. Foi pouco tempo mas ficou o bichinho da Noruega e agora estou a organizar a viagem a Svalbard, eu e a Carla. Gostava de poder trocar contigo algumas opiniões sobre a melhor altura para ir e vermos os ursos e as auroras, onde ficar, as empresas que fazem os tours, onde ficar e comer, enfim, preparar o melhor possível.
Se poderes perder alguns minutos a ajudar-nos, agradeço.