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Luxemburgo, capital europeia da cultura

Por M. Margarida Pereira-Müller | Viagens Europa Luxemburgo Capitais
Atualizado em 26.08.2020 | Tempo de leitura: 9 minutos

Hôtel de Bourgogne e catedral de Nossa Senhora, Luxemburgo
Desde 1975, o Hôtel de Bourgogne é a sede do Primeiro-ministro, mesmo ao lado da Catedral de Nossa Senhora

Em 2007, o Luxemburgo foi Capital Europeia da Cultura pela segunda vez na sua história. E logo com uma particularidade bem original: a cidade não se apresentou sozinha, mas com toda a Grande Região, que engloba as terras fronteiriças alemãs, belgas e francesas e onde se falam três línguas distintas. O verdadeiro espelho da Europa das Regiões.

Um Luxemburgo menos cinzento

Os objectivos de qualquer Capital Europeia da Cultura são encurtar distâncias para as outras cidades europeias (tornar a Europa mais unida), assim como incentivar uma maior cooperação cultural – e, claro, promover um turismo cultural inovador e de alta qualidade.

Cidade antiga, Luxemburgo
Aspecto da cidade antiga, Luxemburgo

As actividades culturais relacionadas com a Capital Europeia da Cultura tiveram lugar em cinco territórios de quatro países (Lorena, Renânia-Palatinato, Sarre, Valónia, e, claro, Luxemburgo), onde habitam mais de 11 milhões de pessoas e onde existem 160.000 trabalhadores fronteiriços, dos quais 100.000 saem diariamente da Bélgica, da Alemanha e de França para irem trabalhar no Luxemburgo.

Cruzar fronteiras e as migrações são algumas das grandes mensagens da Capital Europeia da Cultura e daí ter sido escolhido o alce como o seu símbolo: é um animal que há nesse território e desloca-se livremente entre os vários países sem conhecer fronteiras. A outra Capital Europeia da Cultura de 2007 foi a cidade romena de Sibiu, com a qual o Luxemburgo e a Grande Região mantêm intercâmbios culturais.

Muita cultura desde 1995

Após 1995, o Luxemburgo abriu-se verdadeiramente à cultura. Até então, a vida cultural luxemburguesa era algo pobre, mas com o estatuto de Capital Cultural Europeia floresceu de tal modo que, actualmente, a sua oferta cultural não fica atrás da das grandes metrópoles europeias. Vários museus e salas de espectáculos abriram, entretanto, as suas portas.

Biblioteca Nacional do Luxemburgo
A Biblioteca Nacional do Luxemburgo está instalada num antigo colégio jesuíta.

Exposições de arte clássica, moderna e contemporânea têm lugar regularmente na “Villa Vauban” e no “Casino Luxembourg-Forum de Arte Contemporânea”. Teatros Municipais e diversos grupos independentes de teatro oferecem as suas produções em alemão, francês, luxemburguês ou inglês. Festivais de música há muitos: de Março a Maio, acontece anualmente o festival de música clássica e de jazz “Primavera musical”, de Junho a Setembro o festival “Verão na Cidade”, de Outubro a Novembro o festival “Live at Vauban” (rock, pop, jazz, blues) e de Novembro a Janeiro o festival “Luzes de Inverno”.

No Verão de 2005, foi inaugurada a novíssima sala de concertos Philharmonie, construída por Christian de Portzamparc, que apresenta espectáculos musicais que cobrem todo o leque de interesses. É um dos edifícios mais originais da cidade do Luxemburgo. Todo o edifício é de vidro, pois a Philharmonie não se quer fechar em si, mas partilhar a sua vida com o bairro onde está inserida. Assim, de dia recebe a luz da cidade, mas à noite emana luz para a cidade. A fachada de vidro está ladeada, no interior e no exterior, por colunas brancas de 38 metros de altura. Segundo o arquitecto, o ritmo das colunas ordenadas elipticamente torna-se musical e matemático.

No centro do edifício encontra-se a o Grande Auditório e na cave o Pequeno Auditório. Existe ainda na Philharmonie uma sala vazia para concertos para crianças, onde os artistas interagem com o seu público menor.

O domínio estrangeiro no Luxemburgo

O Luxemburgo é o símbolo da encruzilhada histórica da Europa. Estando encaixado entre quatro países – faz fronteira com a Alemanha, a França, a Bélgica e a Holanda – foi dominado durante a sua história por diversos reinos estrangeiros.

Igreja de São Miguel, Luxemburgo
A Igreja de São Miguel, na parte antiga da cidade, cujas origens remontam a 987

O ano de 963 marca o início da história do Luxemburgo, o segundo país mais pequeno da União Europeia, com somente 2.500 quilómetros quadrados e 450.000 habitantes, com uma troca entre o conde das Ardenas, Sigefroid, e a abadia de Santo-Maximino de Treveris (Trier) relativo ao rochedo do Bock. Sobre as ruínas dum antigo castelo romano chamado Lucilinburhuc (pequeno castelo), Sigefroid construiu um castelo, à volta do qual, com o correr dos anos e dos séculos, nasceu uma vila fortificada.

Em 1354, o condado do Luxemburgo torna-se ducado e ganha prestígio. Em 1437, a dinastia dos Condes do Luxemburgo extingue-se e o ducado passa para os Habsburgos de Espanha. Em 1443, Filipe, o Bom, de Bourgogne compra o ducado, passando a fazer parte do Estado de Bourgogne; mais tarde, o seu filho Carlos, o Temerário, divide o Estado, passando os principados do norte para os Habsburgos da Áustria; foi criada uma confederação denominada Países Baixos, à qual o Luxemburgo pertenceu até 1839.

No final do século XIX, a Lorena é anexada à Alemanha, que juntamente com o Luxemburgo transforma a região num grande centro mineiro, com grande necessidade de mão-de-obra – o início da imigração para o Luxemburgo. Somente o tratado de Londres de 1867 garantiu a independência definitiva ao Luxemburgo, que não só manteve alguns dos acordos comerciais com os estados vizinhos como os expandiu. Em 1944, é criada a união do Benelux entre os governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo.

A partir dos anos sessenta do século XX, o Luxemburgo tornou-se sede dalgumas instituições europeias, uma praça financeira muito importante e um dos centros cosmopolitas da Europa. Graças a uma forte imigração – 36 por cento da população é estrangeira -, o Luxemburgo é considerado um microcosmo da Europa e um modelo de abertura ao exterior.

A cidade do Luxemburgo

A parte antiga da cidade, que data do século X, foi declarada pela UNESCO em 1994 como Património Cultural da Humanidade. A defesa do castelo mandado construir pelo conde Sigefroid estava assegurada por três muralhas fortificadas, para além das defesas naturais formadas pelos rochedos dos vales do Alzette e do Pétrusse: 9 fortes, todos talhados no rochedo.

Uma extraordinária rede de 23 km de galerias subterrâneas – as famosas casemates – e mais de 40.000 metros quadrados de bunkers à prova de bombas encontravam-se nos rochedos da cidade. Podiam abrigar não só os milhares de defensores com o seu equipamento e cavalos, mas também oficinas de artilharia e de armamento, cozinhas, padarias, etc. Os subterrâneos têm diferentes níveis, atingindo os 40 metros de profundidade.

As fortificações tinham uma superfície de 180 hectares, enquanto que a cidade não ocupava mais do que 120! Após o tratado de Londres de 11 de Maio de 1867, assinado entre as grandes potências, os subterrâneos foram desmantelados, estando visíveis hoje em dia somente 10 por cento.

Palácio dos Duques

Num Grão-Ducado há que começar a visita pelo o Palácio dos Grandes Duques, construído em estilo renascentista espanhol entre 1572 e 1574 pelos arquitectos Charles Arendt e Gédéon Bordiau, para servir de Câmara Municipal, tendo passado a residência oficial dos grão-duques em 1890. O palácio só está aberto aos visitantes durante o Verão.

A Praça Guilherme tem à entrada uma estátua equestre de bronze (1844) que foi erigida em honra do Grão-duque Guilherme II da Casa de Orange-Nassau. Reinou entre 1840 e 1849, tendo dado ao Luxemburgo a sua primeira constituição, uma das mais liberais da Europa da época. Uma cópia exacta da estátua está em Haia, na Holanda.

Nesta praça, encontra-se a Câmara Municipal guardada por dois leões encarnados (estátuas!); duas vezes por semana, às quartas e aos sábados, realiza-se na praça um colorido mercado de legumes, frutas e flores.

Não longe, temos a Catedral de Nossa Senhora situada no coração da cidade, que tem dois estilos bem marcados devido às duas fases de construção. A parte antiga da catedral foi construída no século XVII como igreja do antigo colégio dos jesuítas. Durante a Revolução Francesa, a estátua de Nossa Senhora, Consoladora dos Aflitos, padroeira da cidade e do país, foi colocada na nova igreja paroquial.

A igreja passou a ser objecto duma peregrinação anual a Nossa Senhora, Consoladora dos Aflitos, que tem lugar anualmente do terceiro ao quinto domingo depois da Páscoa; estas peregrinações foram crescendo de tal maneira que a catedral teve de ser aumentada em 1935-1938.

O Grão-Ducado só é um país católico desde o final do século XIX, com a chegada de Mariana de Bragança, a bisavó do actual Grão-duque; até essa altura, o Grão-Ducado era um país protestante. Ao casar-se, fez um acordo com o Papa: os filhos varões que nascessem do casamento seriam protestantes e as filhas católicas. Mariana de Bragança teve sete filhas, e assim o Grão-Ducado tornou-se um país católico.

Foi nesta ocasião que se construiu a cripta para a família reinante. Logo à entrada, temos o túmulo de João, o Cego, Rei da Boémia e Conde do Luxemburgo, herói nacional. Na cripta propriamente dita estão todos os membros já falecidos da família dos grão-duques, incluindo Mariana de Bragança.

Bairro governamental do Luxemburgo

O bairro governamental situa-se no centro da cidade, perto da catedral. Desde 1975, o Hôtel de Bourgogne é a sede do Primeiro-ministro. A antiga residência do abade do Santo Espírito, construída em 1740, abriga actualmente o Ministério das Finanças. O Ministério dos Negócios Estrangeiros encontra-se na antiga residência do abade Santo Maximin de Tréves, erigida em 1751.

Na parte nova da cidade, no bairro de Kirchberg, que data do século XIX, encontra-se o coração financeiro com as sedes dos bancos e das instituições da União Europeia, como o Tribunal de Justiça, o Parlamento Europeu, o Banco Europeu de Investimento, entre outras.

A alameda Royal, o “Wall Street” luxemburguês, distingue-se pelos edifícios administrativos modernos, essencialmente bancos internacionais, holdings e companhias de seguros. Uma outra concentração de empresas do ramo financeiro encontra-se em Kirchberg, onde inúmeros bancos se instalaram nas proximidades das instituições da União Europeia.

A zona de peões estende-se à volta da Praça de Armas: inúmeras ruelas onde se encontram boutiques, grandes armazéns e diversas galerias comerciais.

Guia de viagens ao Luxemburgo

Este é um guia prático para viagens ao Luxemburgo, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na cidade.

Como chegar

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Onde ficar

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Gastronomia

O Grão-Ducado do Luxemburgo é um paraíso gastronómico, onde se mistura habilmente a cozinha das regiões vizinhas: a da Valónia (Bélgica), a francesa e a alemã. Com muita carne de porco, peixe do rio e chucrute. Apesar de se beber muita cerveja, os vinhos brancos do Mosela são muito apreciados, o que se compreende se atendermos à localização do país no vale do Mosela, cuja viticultura tem já uma tradição milenar com origens romanas. Muitas são as caves que oferecem visitas guiadas muito interessantes.

Passeios

No Grão-Ducado, pode perfeitamente usar-se a bicicleta para fazer os diversos circuitos turísticos. Há inúmeras ciclovias que permitem que os ciclistas viajem sem terem de partilhar a estrada com os carros e camiões. Muito relaxantes são os mini-cruzeiros no Rio Mosela. O barco de luxo “Princesse Marie-Astrid”, a bordo do qual foram assinados os acordos de Schengen, oferece um serviço de primeira classe entre Wasserbillig e Schengen. Existem também os barcos “Musel” com diversas rotas entre Remich e Wasserbillig.

Informações úteis

Como é um país membro da União Europeia, os cidadãos portugueses necessitam apenas de estar na posse do bilhete de identidade para poderem entrar no Luxemburgo.

Seguro de viagem

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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