A Glória Sousa, a viver em Bona (ou Bonn), Alemanha, há três anos, enviou-me um texto sobre o Natal: os Mercados de Natal alemães, o Natal português visto por quem está fora do seu país, enfim, sobre os cheiros, sabores e emoções desta época natalícia. Um texto diferente, apropriado à época, nesta série de portugueses pelo mundo. Bom Natal!
O aroma quente do Glühwein, o pó da canela dos biscoitos, o doce do chocolate derretido nos crepes e o bafo quente dos fornos abertos para mais uma rodada de Flammkuchen deixam no ar uma mistura perfumada doce-salgada-quente que aconchega as noites frias de inverno. Os mercados de Natal iluminam a Alemanha que, lentamente, se veste de branco. Por cá teremos de esperar um pouco mais – como é habitual a neve atrasa-se na viagem para Bona e para toda a Renânia do Norte-Vestfália, estado no leste do país.
De manhã, levanto o estore da janela e aguardo ansiosa que a cidade volte a branquear, completando a decoração natalícia. Olho para dentro e reparo que se não fossem uns pequeninos pais natal de chocolate não havia bola colorida, fitas, luzes ou pinheirinho que me lembrassem a época. Apesar de três anos de Alemanha, a casa continua despida de Natal porque, para mim, Natal é lar e o meu continua a ser em Portugal.
Por contraste, os alemães capricham nas decorações e comemorações do Natal. O perfeccionismo e a exatidão, normalmente características do trabalho, aplicam-se também às épocas festivas, seja Natal ou Carnaval por exemplo, e nenhum pormenor é deixado ao acaso. Por esta altura, já as crianças vão abrindo o seu calendário do advento, as casas têm já os novos bibelôs natalícios, acendem-se as velas na coroa do advento, oferecem-se e provam-se os Plätzchen, tradicionais doces da época feitos em casa ou comprados no Weihnachtsmarkt.
Estes mercados de Natal, salpicados por toda a Alemanha, criam uma magia especial. No centro de quase todas as cidades, luzinhas amarelas iluminam as inúmeras barraquinhas de madeira onde se pode encontrar o típico da época: o famoso vinho quente, chamado Glühwein, em canequinhas alusivas; mais adiante as amêndoas caramelizadas e outros doces como o conhecido “Lebkuchen”; a seguir uma outra lojinha expõe miniaturas de casinhas típicas alemãs, iluminadas por dentro; depois velas das mais variadas formas e cores; numa outra estão penduradas as formas para fazer os doces; logo depois, como sempre, as barraquinhas da salsicha, das batatas fritas ou do Flammkuchen, que para mim continua a ser uma espécie de pizza refinada; veem-se também os gorros pendurados e as luvas coloridas no balcão que, por serem feitos à mão, são sempre sobrevalorizados no preçário.
Mas os preços estão longe de ser problema para a maior economia da União Europeia. As lojas ficam insuportavelmente lotadas nesta altura de Natal e nem sei como há mãos que cheguem para agarrar tantos sacos de compras. A Alemanha coze lentamente, desde finais de novembro, o nimbo natalício que nos embala até à noite da Consoada. O consumismo e o espírito entrelaçam-se lentamente tricotando o espírito da época.
Em breve chegarei a Portugal. Na altura em que os portugueses se apressam nervosos no shopping para as últimas compras e batem recordes de levantamentos de dinheiro em caixas automáticas. Ao contrário do que acontece na Alemanha, o espírito natalício parece ferver à última da hora em panela de pressão, numa busca incessante pelo último presente. O Natal acontece na véspera, numa explosão de consumo rápido e volta a desaparecer.
Agora que estou fora, sinto mais que nunca que o melhor do Natal são os reencontros. Abraços, beijos, família, amigos são o porto de abrigo que preciso para deslizar no ano que está a chegar. E, tal como eu, nesta altura regressam muitos portugueses a esta terra que volta a ser de emigrantes, pelo que na época de Natal o nosso país parece crescer e tornar-se um ponto de encontro.
Mais fotos dos Mercados de Natal
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Como compreendo a carta da Glória Sousa, mas pelo lado dos que ficam. A minha família é enorme e neste momento, arrisco-me a dizer que mais de metade da família direta ou já está fora de Portugal ou a pensar levar o mesmo rumo, eu inclusive.
TUDO MARAVILHOSO!!! LINDA MATÉRIA.
Adorei o post. Essa época do Natal é muito mágica mesmo! Adoro ver como cada lugar se empenha para se superarem com a decoração natalina a cada ano!