Com a atual facilidade de entrada no Cazaquistão (não é preciso visto), não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para explorar locais de relevo na antiga Rota da Seda em território cazaque.
É certo que, em grande medida, ao Cazaquistão falta muito do apelo de cidades históricas como Samarcanda, Bukhara ou Khiva, no vizinho Uzbequistão. Mas há pelo menos uma notável exceção: a cidade de Turkistan! É onde fica o Mausoléu de Khoja Ahmed Yasawi – principal motivo que me levou a fazer uma viagem de 14 horas de comboio a partir de Almaty. Venha daí.
A minha visita ao Mausoléu de Khoja Ahmed Yasawi
Mal cheguei à cidade e me instalei num hotel que à noite se transforma em discoteca, fui tomar contacto com o descampado onde o mausoléu está instalado. Trata-se de um edifício gigantesco, mandado erigir por Tamerlão em finais do século XIV, em homenagem ao mestre do sufismo Khoja Ahmed Yasawi.
O mausoléu, apesar de nunca ter sido terminado após a morte de Tamerlão, integra hoje a lista de Património UNESCO no Cazaquistão. É, aliás, uma das “mais bem preservadas construções da época timúrida” e um dos mais relevantes locais de peregrinação no país.
Durante os dois dias que estive em Turkistan, acabei por voltar ao complexo do Mausoléu de Khoja Ahmed Yasawi por várias vezes. Só entrei uma vez no mausoléu propriamente dito mas, dada a proximidade com o meu hotel, acabei por voltar em múltiplas ocasiões, desfrutando do ambiente em condições de luminosidade diversas – do amanhecer ao pôr-do-sol.
Para além da imponência, impressionou-me a beleza geométrica da decoração exterior. E ainda mais a cúpula, naturalmente; que, do alto dos seus quase 13 metros de diâmetro, marca de forma vincada o Mausoléu de Khoja Ahmed Yasawi.
Dito isto, a faceta principal do mausoléu concentra-se debaixo da cúpula central, com mais de 30 metros: um enorme “caldeirão” de bronze, adornado com inscrições do Corão. Algumas pessoas caminhavam em redor do caldeirão, tocavam-no e oravam; outras simplesmente tiravam selfies, apesar da proibição de fotografar. E eu fiquei por momentos a observar, a um canto, tentando que a minha presença não interferisse com as peregrinações (mais ou menos emotivas) dos visitantes. Explorei as restantes divisões do mausoléu transformadas em museu, e saí tranquilamente.
Para além do mausoléu principal, há vários outros locais de interesse nas proximidades – que também visitei. Entre eles, uma incrível mesquita subterrânea; o que resta de um antigo hammam; e as ruínas da cidadela. A todos dediquei alguma atenção, tendo ficado especialmente fascinado com a mesquita subterrânea de Turkistan.
Quando lá entrei, e ao contrário do que tinha imaginado, a mesquita não estava deserta ou abandonada. Havia gente lá em baixo. Não apenas alguns turistas cazaques – como um grupo de jovens em idade escolar -, mas também um homem em oração a um canto da mesquita; e um grupo de três homens maduros que, sentados num tapete no chão, parecia zelar pela sua preservação.
De regresso ao calor da superfície, ainda tentei visitar o museu etnográfico de Turkistan mas, quando lá cheguei, encontrei uns senhores engravatados que me informaram que ali era, afinal, um edifício governamental e não um museu.
Fiquei confuso e na dúvida se não teria havido alguma falha na comunicação, apesar dos aparentemente políticos se terem exprimido num inglês perfeito. Estaria apenas fechado? Ou teria mesmo mudado de localização? Seja como for, o calor insuportável fez-me desistir de percorrer as ruas de Turkistan à procura de informações concretas.
Tudo somado, explorar a cidade de Turkistan – e o seu magnífico mausoléu – foi um dos pontos altos da minha viagem pela Ásia Central. Pode não ser o destino mais facilmente acessível, mas vale seguramente a pena o esforço para lá chegar!
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Guia prático
Como chegar a Turkistan
Vindo de Almaty, no Sul do Cazaquistão, a melhor forma de chegar a Turkistan é de comboio. A viagem é longa – entre 13 e 20 horas – mas faz-se relativamente bem. Eu comprei o bilhete de comboio numa agência local, em Almaty (para evitar ter de ir à estação de comboios) mas pesquisei os preços e horários disponíveis na tutu. A agência cobrou cerca de 2€ pelo serviço.
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Onde ficar
Eu fiquei hospedado no Hotel Edem e, apesar de não ser o hotel mais barato de Turkistan, penso que foi uma excelente escolha. Até porque os 8.000 Tenge (menos de 20€) que paguei por um quarto individual incluíam casa de banho no quarto e pequeno-almoço. Esteja preparado para ouvir música e muita animação, uma vez que o Edem é o ponto de encontro da noite do Turkistan (acaba antes da meia-noite).
Uma alternativa sem dúvida melhor (e mais cara) é o Hotel Khanaka, onde também ponderei ficar (mas preferi gastar menos no alojamento). Ambos têm localizações fantásticas, muito perto do Mausoléu de Khoja Ahmed Yasawi. Note que não há muitos hotéis na cidade de Turkistan em que seja possível reservar online; mas é natural que aos poucos vão aparecendo mais. Pesquise através do link abaixo.
Seguro de viagem
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