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Vergonha, Orgulho e Memória: o exemplo de Nantes

Por Filipa Chatillon | Atualizado em 25 Out 2019 | Viagens Europa França Nantes Deixe um comentário
Tempo de leitura: 5 minutos

Memorial da Abolição da Escravatura, Nante
Memorial da Abolição da Escravatura, Nantes © Patrick Garçon/LVAN

Memorial da Abolição da Escravatura

Há placas de vidro no chão, num caminho junto ao Rio Loire. Cada placa tem o nome de um navio de escravos que partiu de Nantes. Sete quilómetros de caminho, 1710 placas. 1710 navios. Quantas vidas?

No século XVIII, Nantes, cidade produtora de navios e com rota direta para o Atlântico, a partir do Rio Loire, era responsável por 43% das expedições esclavagistas francesas, e o porto mais importante da Europa, no mercado de escravos. Das rotas marítimas mercantis que partiam da cidade, 33% estavam relacionadas diretamente com o comércio direto de escravos, e outra grande parte com os produtos resultantes das plantações onde estes trabalhavam.

Nantes cresceu e enriqueceu à custa deste negócio. Durante anos, este passado negro foi empurrado para debaixo do tapete. Calado, mas não esquecido.

Nos anos 90, a cidade começou a encarar a sua história. Em 1992, a exposição “Les Anneux de la Memoire” teve mais de 400.000 visitantes e, a partir daí, foram surgindo projetos nacionais e internacionais que procuram lembrar o passado e honrá-lo, chamar a atenção para o que aconteceu, e o que continua a acontecer. Por exemplo: estabeleceram-se parcerias com instituições e cidades “gémeas” na América do Sul e em África para apoiar a investigação histórica, Nantes organizou o Fórum Mundial para os Direitos Humanos, abriram-se salas dedicadas exclusivamente à história da escravatura, no Museu de História da cidade. Em 2012 surgiu este memorial. Uma homenagem a todos aqueles que lutaram, lutam e continuarão a lutar contra a escravatura.

No meio do caminho das placas de vidro está o coração do Memorial da Escravatura. O “Caminho Meditativo”. Descendo uma escadaria, estamos de frente para uma imensa placa de vidro. Nesta, a Declaração dos Direitos Humanos, e a palavra Liberdade em todas as línguas dos países afetados pela escravatura.

As escadas levam a uma passagem subterrânea, ladeada à direita pela placa de vidro, e à esquerda pelo rio. Na placa, excertos de textos, músicas, leis, testemunhos, vindos de todos os países afetados. Por cima da passagem, colunas de cimento lembram as traves dos porões dos navios negreiros. O som da água reflete nas paredes e no teto e é omnipresente na meia-luz deste corredor de 90 metros.

Quando foi inaugurado, o Memorial da Escravatura recebeu críticas por se encontrar debaixo de terra. Houve acusações de se continuar a querer esconder a memória. Mas o que se pretende é por um lado transmitir a sensação de confinamento e por outro retirar os outros estímulos. Embalar, estimular a meditação e a consciencialização para um problema que continua a existir.

No fim da passagem há uma sala com um mapa com as rotas esclavagistas da época, e uma linha cronológica com datas importantes. Muitas delas são as da abolição da escravatura em cada país. A última faz referência aos números da ONU para a escravatura moderna.

Sair do memorial é voltar à superfície. Eu e Annis, a minha guia, caminhamos caladas. Annis é de Nantes, e é mulata. Pergunto-me se por isso sentirá mais o peso desta história, e o orgulho em que a sua cidade a assuma, respeite, e tente contribuir para que deixe de se repetir. Mas pergunto-me principalmente como é que seres humanos como eu e ela podem continuar a contribuir para isto? Como é que a nossa espécie continua a prender, maltratar e negociar outros seres humanos? Como é que esta barbárie continua?

Não sei como é que isto se resolve, mas acredito que espalhar palavras e atos que contam a história é um dos caminhos. Acredito que olhar para trás, no caminho para a frente, ajuda a que não se repitam os mesmos passos. Acredito que contribuir para que a História seja bem contada, por muito que nos envergonhemos dela, nos dá a humildade necessária a crescer como espécie.

Este não é o monumento mais visitado de Nantes, mas é seguramente um dos mais importantes.

Memorial da Escravatura

  • Site oficial: memorial.nantes.fr
  • Horário: 9:00 – 18:00 de 16 setembro a 14 de maio; 9:00 – 20:00 de 15 de maio a 15 de setembro.
  • Visitas guiadas por marcação. Informações no posto de turismo de Nantes.
  • Nota: Existe ainda um percurso com placas informativas a ligar o Museu de História de Nantes, no Castelo dos Duques da Bretanha, ao Memorial.

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Filipa Chatillon viajou a convite do Turismo de Nantes, com o apoio da Transavia.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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