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Monte da Rosada, regresso às origens

Por Ana Isabel Mineiro | Turismo rural Alentejo Europa Portugal
Atualizado em 22.01.2021 | Tempo de leitura: 6 minutos

O Alentejo está cheio de histórias destas, de gente que dali partiu jovem e descobre que, no fundo, tem desejos de voltar. Mas, no caso do Monte da Rosada, a revista Casas de Portugal também teve parte importante, ao provocar uma paixão por este monte em particular, a dois passos de Estremoz. Visita à casa de turismo rural Monte da Rosada.

Monte da Rosada

O antigo portão de ferro foi recuperado, e abre-se para um pátio branco empedrado onde se destacam a negro as iniciais “MR”, Monte da Rosada. À direita, a velha garagem das carroças e a casa do forno (que ainda existe), são agora a receção e a sala de atendimento aos clientes. Em frente ao portão fica um jardim fechado entre muros, com uma capela construída recentemente cujo frontispício imita a porta de entrada no jardim. É uma pequena selva de frescura verde onde despontam árvores antigas, como uma bela figueira trabalhada pelo tempo, e onde um poço com fama de nunca acabar confirma a sua reputação. O resto é a quinta, tal como foi desde 1863: um grande edifício principal com um piso superior e a casa dos ganhões, baixa e dando sobre o pátio, onde dormiam e comiam os que aqui vinham ganhar a vida nas épocas de maior atividade agrícola. A área total ronda os 4.500 metros quadrados, e incluía uma cavalariça com picadeiro, uma pocilga, e uma adega, como era costume nos montes alentejanos.

Maria do Carmo é de Reguengos de Monsaraz, mas vive em Lisboa. Já tinha procurado em Mafra, Ericeira e Torres Vedras, um lugar com carácter que pudesse recuperar e adaptar ao turismo. “Em 1998 vi este monte à venda na revista Casas de Portugal. Uma fotografia mostrava as talhas – e foi essa a minha paixão. Depois de ver a casa fiz imediatamente uma proposta à agência”.

As famosas talhas continuam intocadas, em filas paralelas, na adega do edifício principal, e são, de facto, impressionantes, quer no tamanho quer na quantidade. A entrada da adega, com teto abobadado e chão de mármore branco em declive até ao buraco da adorna, guarda ainda mais alguns utensílios antigos, como o alambique, balanças, bacias de cobre e candeeiros a petróleo, entre outros. E depois é a surpresa dos enormes potes escuros e bojudos, em fileiras silenciosas no lusco-fusco da divisão. Reina um certo ambiente de tasquinha, que vem das alas de mesinhas quadradas com tampo de mármore, cobertas com toalhas de xadrez, alinhadas no meio da adega. Este deve ser o espaço mais versátil – e é, concerteza, o mais característico do monte -, e é aqui que durante todo o ano se desenrolam as mais diversas atividades: jantares de festa, provas de vinho e cursos de gastronomia alentejana sucedem-se, na presença das vetustas talhas, algumas ainda com o nome do seu criador gravado em relevo.

A exemplo das talhas, tudo o que foi possível deixar igual assim ficou, com o mesmo material ou copiando o que existia, no caso de o aproveitamento ser impossível: os roupeiros, o chão de tijoleira, as chaminés, a telha de canudo antiga – recuperada mas com nova aplicação, com uma subcamada de telha térmica – as portas da adega, os mármores da lareira, os degraus pintados por baixo e cuja pintura foi substituída por azulejos.

As alterações e mudanças indispensáveis também foram feitas em harmonia, por vezes em imitação do que já existia anteriormente: armários em treliça pintada de azul, janelas de guilhotina com caixilharia de madeira branca e grades azuis nos vãos, os tetos do salão e do restaurante forrados a toros e tabiques de barro. Três das nove divisões, que agora são quartos, tinham paredes de estuque pintado. Mas com a transformação em albergaria a estrutura da casa sofreu grandes alterações, nomeadamente fechando as portas que davam passagem de uns quartos para os outros, mudando instalações eléctricas e criando casas de banho privadas, e das pinturas de estuque só foi possível manter, à laia de apontamento, esta pequena lembrança de outros tempos: uma tira de parede pintada por baixo de cada janela, cada uma com o seu desenho geométrico, em tons de onde sobressaem azuis e amarelos.

O azulejo que existia no que é agora o quarto número um, deu ao arquiteto João Pedro Mello, que colaborou em toda recuperação do Monte da Rosada, o mote para o desenho dos azulejos com parras que surgem por todo o interior da casa, rimas em azul e branco com um toque de verde, que reaparecem do corredor dos quartos à casa de banho privada de cada um, e também nos balneários de apoio à piscina. A decoração – tarefa que Maria do Carmo assume que “nunca está totalmente terminada” – tem sido feita com peças compradas em feiras de antiguidades de Lisboa e Estremoz; pretende-se conjugar o passado com o conforto: “a casa é confortável sem ser pretensiosa, mas já tem algum requinte”.

O monte pertencia à família Cortes e encontrava-se praticamente em ruínas, depois de já ter sido Sede Agrícola da povoação de Arcos. Apenas estava habitável o primeiro andar da casa principal, onde viviam os caseiros. À data da compra, alguns dos herdeiros estavam no Brasil, e na totalidade eram nove, os que tinham de assinar a autorização de venda; o processo tornou-se moroso, e passou cerca de um ano desde a primeira visita à casa e a realização da escritura, em 1999.

Em 2001 os telhados foram concluídos e em 2002 iniciou-se o resto da obra; a Albergaria Monte da Rosada abriu portas ao turismo em 2005, depois de um milhão de euros de investimento, com o apoio do CIVTUR. No pátio nasceu a piscina, frente à cavalariça, que é agora um grande salão com bar; do lado do picadeiro fica uma área de serviços (lavandaria) e o apoio à piscina. Na zona da pocilga, ironicamente, instalou-se um barbecue, e os arcos sobre parte do pátio permitiram fazer crescer a sala de jantar e um pequeno terraço sobre o bar. Completamente novas, mas ainda assim imperceptíveis na totalidade do edifício, são a cozinha e a copa, já que a antiga cozinha é agora uma saleta com lareira junto à sala de jantar.

As modificações principais deram-se no estábulo, que passou a salão, e no palheiro contíguo, que é agora o bar – mas manteve-se o belo teto arqueado e pintado de branco. A sala de jantar era o celeiro, a casa dos ganhões dividiu-se em dois quartos independentes, um deles transformado em T0 por uma pequena mas bem equipada cozinha. As barras azuis, tão típicas desta zona do Alentejo, influenciaram toda a sinalética da casa, do exterior ao interior, indicando-nos os espaços comuns. De “rosada”, o monte só tem mesmo o nome, e parece que surgiu de maneira bem prosaica: diz-se que em dada época uma das trabalhadoras do monte chamaria a atenção por ser muito corada, e nesta terra trigueira o monte passou imediatamente a ser referido como o “da rosada”.

Na época alta, de abril a setembro, o monte recebe sobretudo veraneantes portugueses, holandeses, belgas e alemães. Vende-se mel, aluga-se bicicletas, ali bem perto há uma padaria que vende um excelente pão regional que faz as delícias dos pequenos-almoços, e que muitos não resistem a levar depois para casa. Mas não é só pelo turismo que as portas se mantêm abertas. Maria do Carmo confessa que este regresso às origens era o que desejava, bem lá no fundo. E acrescenta com um sorriso “isto torna-se um vício, sabe?” – e ficamos a saber que já adquiriu o terreno contíguo ao monte, e até já lá plantou duas oliveiras…

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 51 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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