O Mosteiro de St. Naun fica muito próximo da fronteira albanesa mas ainda em território da atual República da Macedónia. Era, na verdade, uma das coisas que queria mesmo ver durante a minha visita a Ohrid.
Pouco passava das oito da manhã quando saí do meu alojamento em Lagadin a correr, para a estrada que percorre as margens do Lago Ohrid rumo ao Mosteiro St. Naun. Segundo o horário que os simpáticos anfitriões me mostraram, faltariam cinco minutos para o autocarro passar. Lá chegado, esperei. E esperei. Em vão. Autocarro nem vê-lo.
Tinha decidido pedir boleia quando um táxi partilhado se aproximou, apenas com um passageiro no banco da frente. Parou mesmo sem eu fazer sinal, perguntou para onde eu ia. “Sveti Naun“, respondi. O preço era justo, entrei. Cerca de 20 km depois chegava ao mosteiro, ainda as lojas se preparavam para abrir e havia apenas um autocarro com um grupo de turistas a estacionar.
Atravessei os jardins junto ao Lago Ohrid. À esquerda, um afável guia turístico tentou convencer-me a fazer um passeio de barco. A ideia era visitar as nascentes de St. Naun, navegando nas águas de uma lagoa alimentada pelo Rio Prespa. O passeio parecia muito interessante, mas optei por recusar a oferta. À direita, numa pequena barra, pescadores tentavam a sua sorte nas águas calmas do lago. E, ao fundo, o mosteiro.
O Mosteiro St. Naun
Na origem do complexo esteve a Igreja de Naun e dos Arcanjos Sagrados, datada do século X. Foi destruída pelo Império Otomano por volta do século XV e só mais tarde foi reconstruída no estilo bizantino que eu iria admirar, renascida como igreja (ou mosteiro) de St. Naun.
Eu estava particularmente interessado nos frescos de St. Naun, pintados no século XIX. Apesar de poucas ligações religiosas, tenho uma certa atração por frescos; razão pela qual fiquei boquiaberto em locais como o Mosteiro de Gracanica, no Kosovo, ou no Mosteiro São Pantaleão, perto de Skopje, capital da Macedónia.
Entrei. Por casualidade, fi-lo na hora em que um grupo de turistas começou a explorar o mosteiro. Eram russos e estavam acompanhados por um guia. Não entendi nada do que ele ia explicando mas, para meu espanto, permitia que os turistas fotografassem o mosteiro. Perante aquele cenário, peguei na máquina fotográfica e não me fiz rogado.
Às tantas, uma pessoa entrou no pequeno recanto onde eu estava, ajoelhou-se e encostou o seu ouvido esquerdo ao túmulo de St. Naun. É um procedimento, digamos, normal. Ainda hoje, os visitantes do mosteiro mantêm viva uma crença fervorosa no poder curativo de Naun. E dizem que o palpitar dos seus batimentos cardíacos pode ser escutado pressionando o ouvido contra o caixão do santo. Por respeito, não experimentei. O momento era emotivo, deixei-me estar, sem perturbar.
Continuei a deambular por todos os recantos do pequeno mosteiro, tranquilamente, até que dei por mim completamente sozinho. O grupo tinha ido embora, e o Mosteiro St. Naun foi, por momentos, só meu. Mais uma vez, estava boquiaberto com o ambiente mágico do interior de um mosteiro; impressionado com os frescos (apesar de nenhum dos frescos original ter sobrevivido até aos dias de hoje); feliz com a energia de St. Naun.
Sim, saí do mosteiro irradiando felicidade.
Nos jardins, fontes, flores e pavões – muitos pavões. Paz.
Passei novamente pelos pescadores e sentei-me num banco de jardim virado para as águas serenas do Lago Ohrid. Estava a dois passos da fronteira com a Albânia, mas a cidade de Ohrid ainda tinha muitas coisas para eu explorar. Só faltava transporte para a cidade…
Mais fotos do Mosteiro St. Naun
Dicas para visitar o Mosteiro St. Naun
Como chegar a St. Naun
A partir da cidade de Ohrid, há meia dúzia de autocarros por dia que percorrem as margens do lago até à fronteira com a Albânia, localizada a menos de 2 Km do Mosteiro St. Naun. Caso o horário não seja adequado, faça como eu no regresso do mosteiro: peça boleia. Não terá dificuldade em arranjar quem o transporte.
Alternativamente, pode optar por fazer a viagem de barco entre Ohrid e St. Naun. Demora cerca de uma hora e meia e consta que é uma viagem cénica e agradável. Se quiser ir de barco, confirme o horário antecipadamente porque, regra geral, há apenas um barco em cada sentido (costuma sair da cidade por volta das 10:00 e regressar de St. Naun às 16:00).
Onde ficar
O complexo do mosteiro foi convertido num hotel onde o viajante pode pernoitar (não foi essa a minha opção). Pela minha parte, fiquei em duas localizações diferentes junto ao lago. Primeiro, numa aldeia nas margens do lago Ohrid chamada Lagadin; depois na própria cidade de Ohrid. Mesmo ficando mais afastado do Mosteiro St. Naun, nas condições em que viajei (sozinho e em época baixa) recomendo que se aloje na cidade.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.