Hoje, na série de portugueses pelo mundo, vamos até a Munique pela mão da Carla Miranda. A Carla tem 33 anos, é designer e está a viver em Munique há 7 anos e alguns meses. Convidei-a a partilhar connosco as suas sugestões de dicas e roteiros de Munique, uma experiência marcada pelos anseios de verão, passeios de bicicleta e piqueniques à beira-rio regados com amigos e um bom vinho.
É um olhar diferente e mais rico sobre Munique – o de quem vive por dentro o dia-a-dia da cidade, estando simultaneamente fora da sua “zona de conforto”, deslocado, como acontece a todos os viajantes. Este é o 13º post de uma série inspirada no programa de televisão “Portugueses pelo Mundo”.
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Em Munique com a Carla Miranda (entrevista)
- 1.1 Define Munique numa palavra.
- 1.2 Munique é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
- 1.3 E o que mais te marcou em Munique?
- 1.4 Como caracterizas os alemães?
- 1.5 Como terminarias esta frase: “Não podem sair de Munique sem…”
- 1.6 Vamos complicar a conversa e tentar fazer um roteiro de 3 dias em Munique. Indica-nos as coisas que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
- 1.7 Tens algumas dicas para se poupar dinheiro em Munique?
- 1.8 Falemos de comida. Que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar?
- 1.9 Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e se possível barato. Onde vamos jantar?
- 1.10 Como é a movida em Munique? O que sugeres a quem queira sair à noite?
- 1.11 Escolhe um café e um museu.
- 1.12 Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. Em que bairro nos aconselhas a procurar hotel em Munique?
- 1.13 Tens alguma sugestão para quem quiser fazer compras em Munique?
- 1.14 Antes de te despedires, partilha o teu “segredo” de Munique; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um parque, uma galeria de arte, algo que seja mesmo “a tua cara”.
- 2 Guia prático
Em Munique com a Carla Miranda (entrevista)
Define Munique numa palavra.
Uma aldeia grande. É assim que os próprios alemães definem Munique. Porque, apesar de ser uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, não se tem muito essa sensação. Agregado a isto, existe algum conservadorismo bávaro que dá a Munique esse caráter de aldeia.
Munique é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
É sem dúvida uma excelente cidade para se viver! Eu pouco ou nada tinha viajado antes de me mudar para a Alemanha e, por isso, vim assim sem saber muito bem o que esperar. Toda a gente me dizia que era bonito (e que tinha neve) e passados 7 anos continuo a gostar de viver em Munique. Há muita coisa para usufruir e está no centro de Europa. Isto sem falar na segurança, que é sempre uma mais-valia.
E o que mais te marcou em Munique?
Marcou e ainda marca. A falta de verão. Eu, que sempre vivi muito perto do mar e costumava passar 3 meses de férias (enquanto estudava), não há forma de me habituar ao facto de em Munique não haver um real verão. O tempo não é certo, tanto chove como faz sol, tanto estão 27° como estão 15° (no mesmo dia) – e mesmo quando estão 27° nunca é por mais do que 3 ou 4 dias.
Como caracterizas os alemães?
Bastante conservadores e respeitadores das regras. Na Alemanha as coisas são planeadas, não há muito espaço para a espontaneidade (ir jantar fora em Munique sem marcar restaurante está fora de questão).
São pessoas no geral ativas e bastante ocupadas – mais uma vez, para planear alguma coisa com um alemão é preciso marcar com alguma antecedência.
Como terminarias esta frase: “Não podem sair de Munique sem…”
Beber uma cerveja. É um cliché mas é verdade. A cerveja é o que une os habitantes de Munique; não há situação em que mais de 2 pessoas se juntem em que não se beba uma cerveja.
Vamos complicar a conversa e tentar fazer um roteiro de 3 dias em Munique. Indica-nos as coisas que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
Dia 1
Os clássicos no centro: Marienplatz, a praça central de Munique e por onde toda a gente passa. Às 11:00 e às 17:00 o relógio da Rathaus (câmara municipal) tem uma pequena animação. Mesmo ao lado fica o Viktualienmarkt, um mercado diário onde encontramos um pouco de tudo: frutas e legumes, produtos italianos, queijos, vinhos, gelados e sumos naturais, onde também há um grande número de pequenos restaurantes, sendo por isso um excelente lugar para almoçar.
Continuando por perto, percorrer a Sendlinger Straße, sem falhar a Asamkirche e as várias lojas da rua. No final, está uma das portas da cidade: a Sendlinger Tor. Continuar por Sonnenstraße até Karlsplatz, uma das outras portas de Munique, apreciar os vários edifícios da praça. Descer pela Kaufingerstraße, sem falhar a Frauenkirche, dai seguir para a Theatinerstraße até Odeonsplatz. Passear pelo Hofgarten, visitar a Residenz, passar pela Ópera de Munique. Passear um pouco pelas lojas de Maximilianstraße, apanhar o Tram 19 até Max-Weber-Platz, ir a pé até Innere Wiener Straße e procurar um lugar no Biergarten, e recompensar o dia com uma cerveja de 1 litro e um Bretzel.
Dia 2
Olympiapark – passear pelas zonas verdes e ir até ao topo da antena de telecomunicações. Mesmo ao lado é a sede da BMW, é possível visitar o museu (não é apenas um museu de carros, é também um museu de tecnologia e das inovações da BMW), assim como o BMW Welt, que é um género de stand gigante onde se podem ver carros e motas, e sentir um pouco do “estilo” BMW. No regresso, ir até Münchner Freiheit, percorrer as ruas envolventes cheias de lojas e restaurante. Descer a rua Leopoldstraße passando pela Siegstor. Se ainda houver tempo ir até à zona das Pinakothekas e escolher uma para visitar. No final jantar num dos muitos restaurantes/cafés da Schellingstraße.
Dia 3
Königsplatz, sem falhar as explicações sobre a II Guerra Mundial que vai havendo pela praça, como por exemplo sobre a localização dos antigos quartéis das SS. Continuar por Karolinenplatz e Brienner Straße. Passar novamente por Odeonsplatz e o Hofgarten. Ir visitar a Haus der Kunst. Ver os surfistas na onda do Eisbach (sim, há surfistas em Munique) e aproveitar o resto da tarde a passear pelo Englisher Garten. Ir até ao Biergarten da Chinesischer Turm ou da Seehaus.
Tens algumas dicas para se poupar dinheiro em Munique?
Qualquer balcão de rua vende comida a bons preços, seja salsichas, fatias de pizza ou sanduíches. Encontram-se principalmente no centro da cidade, o que é ótimo para quem anda a passear em Munique.
A nível cultural, uma das coisas que mais gosto de aproveitar é visitar museus ao domingo; a entrada custa apenas 1€. Há também bilhetes baratos para a Ópera; nem sempre se vê todo o palco, mas dá para assistir a um bom espetáculo por baixo preço.
Falemos de comida. Que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar?
Mais uma vez, um cliché: salsichas! Há uma enorme variedade de salsichas, sendo as mais típicas de Munique a Weisswurst (salsicha branca) que, diz a tradição, deve ser comida ao pequeno-almoço juntamente com uma Weissbier (cerveja típica de Munique).
Também tradicional é o Schweinsbraten (porco assado). Muitas vezes encontro sanduíches de porco assado a que eu chamo “sandes de quase leitão”, porque o sabor assemelha-se ao leitão mas falta-lhe o molho. Leberkäse é um género de fiambre assado que se come normalmente com pão.
Um dos melhores sítios para se encontrar as ofertas gastronómicas mais típicas é o Viktualienmarkt, um mercado diário de produtos frescos onde existem pequenos restaurantes com as especialidades da zona.
Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e se possível barato. Onde vamos jantar?
O conceito tasca não é algo que exista em Munique.
Se estiver bom tempo, o melhor lugar para ir é mesmo um Biergarten (esplanada para beber cerveja) beber uma cerveja; segundo a tradição deve-se levar um snack para comer, mas atualmente todos têm restaurante com comida típica. O meu Biergarten favorito é o Hofbräukeller.
Em caso de frio ou chuva (que é o mais frequente), os restaurantes das cervejeiras são a melhor aposta para comida local. Para “modo restaurante”, o Hackerbaus é um lugar bem típico. Atenção que as doses são sempre gigantes!
Como é a movida em Munique? O que sugeres a quem queira sair à noite?
Munique não tem movida como a conhecemos em Portugal. Há bares espalhados pela cidade e há algumas discotecas. As zonas com bares mais interessantes são o Glockenbackviertel e Schwabing. Nos últimos anos tem surgido um fenómeno novo em Gartnerplatz, que é o “botellón”. O jardim é invadido por pessoas que por lá ficam à noite a beber o que trouxeram de casa ou o que vão comprando nos bares das imediações.
Escolhe um café e um museu.
O meu Museu favorito é a Pinakothek der Modern, porque abrange a minha área profissional, tem uma excelente exposição de design e uma boa mostra de arte contemporânea.
O meu café favorito é uma enoteca chamada Mezzodi, no meu bairro. Tem uma boa carta de vinhos (assim como cocktails e cervejas) e excelentes snacks para acompanhar, tudo numa base de comida italiana. A esplanada é muito agradável para um fim de tarde de calor.
Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. Em que bairro nos aconselhas a procurar hotel em Munique?
Qualquer área que fique perto do centro é uma boa zona, talvez com a exceção da zona de Hauptbanhof (estação central) que, apesar de ser bastante segura, tem uma maior comunidade turca e pode criar algum desconforto. Em geral, as zonas de Haidhausen, Schwabing e Max-Worstadt são as mais interessantes para ficar a dormir em Munique.
Em todo o caso, convém lembrar que Munique tem uma excelente rede de transportes públicos – há sempre qualquer meio de transporte a menos de 10 minutos a pé.
Tens alguma sugestão para quem quiser fazer compras em Munique?
A rua de que mais gosto para fazer compras é a Hohenzollernstraße, consegue-se encontrar pequenas lojas com peças interessantes. A zona à volta da Schellingstraße também é interessante assim como o Glockenbackviertel. A parte menos boa é que os preços tendem a ser elevados.
Antes de te despedires, partilha o teu “segredo” de Munique; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um parque, uma galeria de arte, algo que seja mesmo “a tua cara”.
Os Parques e o Rio Isar. Quando está sol Munique fervilha de agitação, toda a gente pega na sua bicicleta e vai passear e apanhar um solzinho. Fazer um piquenique à beira-rio é bastante agradável, levar uma garrafa de vinho e ficar lá com os amigos até anoitecer.
Obrigado, Carla. Encontramo-nos numa próxima viagem a Munique.
Guia prático
Onde ficar
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Como é possível falar de Munique e nada dizer sobre a Oktoberfest ?
Não há como passear por Munique pela mão da Carla. Adorei!