Nasceu Rostos da Aldeia, um projeto que vai falar do interior pela positiva

Por Filipe Morato Gomes
Amanhecer em Campo Benfeito
Amanhecer na aldeia de Campo Benfeito, na Serra do Montemuro

Hoje é um dia especial. Depois deste blog de viagens e do projeto Hotelandia (que visa promover bons exemplos da hotelaria portuguesa), acabo de me “meter” num terceiro projeto jornalístico, porventura ainda mais desafiante e inspirador. Chama-se Rostos da Aldeia, e é uma plataforma onde se publicam histórias positivas e inspiradoras de pessoas que fazem acontecer e, com isso, contribuem para que o despovoamento não seja uma tendência inexorável.

A ideia é documentar a vida nos territórios do interior de Portugal, com especial enfoque nos habitantes impulsionadores da mudança ou criadores da diferença. Com isso, pretende-se valorizar os territórios de baixa densidade, combater o despovoamento e estimular a fixação de gente nas aldeias portuguesas, e ainda promover o turismo em ambiente rural. Em última análise, contribuir para o aumento da coesão territorial nacional. Queremos “motivar mais pessoas a visitarem os territórios – e, quem sabe até, neles se fixarem”.

Antes de vos contar um pouco mais sobre o Rostos da Aldeia, deixo-vos com um vídeo de apresentação, da autoria do talentoso Tiago Cerveira – que integra a equipa fundadora do projeto -, ele próprio natural de uma pequena aldeia do Centro de Portugal.

As aldeias de Portugal e suas gentes

Dá para perceber que as aldeias portuguesas serão o ponto de partida para promover exemplos distintivos ligados à boa hospitalidade, à gastronomia de qualidade, às artes e ofícios, às tradições e à cultura popular. Pessoas. Histórias positivas. Rostos da Aldeia.

Entro neste barco acompanhado pela Luísa Pinto (minha mulher), jornalista há mais de 20 anos e a principal impulsionadora do projeto – e responsável por toda a produção e pela escrita das reportagens; pelo já referido Tiago Cerveira, talentoso e multipremiado videógrafo português – que ficará responsável pela criação dos vídeos; e de um par de outros profissionais identificados com a causa, com sensibilidade e capazes de arregaçar as mangas se preciso for.

Logo Rostos da Aldeia

Pela minha parte, vou assegurar a produção fotográfica e a criação de guias práticos que possam servir de roteiros turísticos para motivar mais pessoas a visitarem as aldeias espalhadas por todo o país – e a aumentarem a duração média das suas estadias. O artigo sobre o que fazer em Ferraria de São João e o guia para visitar Campo Benfeito são dois desses exemplos.

A plataforma dispõe também de uma loja online, a partir da qual se direcionam os visitantes, de forma gratuita e sem comissões, para produtos regionais (como a roupa das Capuchinhas) ou serviços organizados localmente (como passeios ou workshops de pão em forno a lenha). Com tudo isto espera-se, de alguma forma, contribuir para a vitalidade dos agentes económicos locais.

Eduardo Correia, diretor artístico do Teatro do Montemuro,
Eduardo Correia, diretor artístico do Teatro do Montemuro

Até ao momento, estivemos já na aldeia de Ferraria de São João, no município de Penela; em Campo Benfeito, no concelho de Castro Daire; e no conjunto de aldeias conhecido por Argas (Arga de Cima, Arga de Baixo e Arga de São João), em Caminha (a publicar brevemente) – visitas ao longo das quais privámos com pessoas inspiradoras como Eduardo Correia, diretor artístico do Teatro do Montemuro, as quatro mulheres fundadoras da cooperativa Capuchichas, ou o mestre da hospitalidade Mário Rocha, ideólogo do projeto artístico Arte na Leira.

A ideia é agora percorrer o país de lés a lés em busca de mais histórias de pessoas inspiradoras que potenciem a divulgação dos seus territórios. Assim haja entidades públicas ou privadas que comunguem destes objetivos e possam financiar a produção deste tipo de conteúdos sobre o interior de Portugal.

“Tentamos fazer o nosso trabalho com espírito de missão mas sem romantismos, porque viver no interior não é um mar de rosas”.

Tiago Cerveira

E, num futuro próximo, quem sabe não lançamos um podcast sobre as aldeias e os seus protagonistas; um grande livro com uma compilação de retratos e crónicas dos “rostos” mais marcantes; uma exposição fotográfica; ou um documentário sobre uma seleção de aldeias e seus protagonistas, para ampliar o alcance e impacto real do projeto e porventura concorrer a festivais de cinema documental em todo o mundo.

Vai ser uma bela viagem. O projeto tem também um canal Youtube e páginas no Instagram e Facebook, que convido desde já a acompanhar. Longa vida para o Rostos da Aldeia!





Nota: o belíssimo logotipo de Rostos da Aldeia foi desenvolvido pelo designer Jorge Portugal, natural de Penamacor e atualmente a viver em Castelo Branco.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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