Passadiços do Paiva, uma bela caminhada junto ao Rio Paiva

Por Filipe Morato Gomes
Visitar Passadiços do Paiva
Os passadiços de madeira no vale do Rio Paiva

Tenho um amigo que foi visitar os Passadiços do Paiva, em Arouca, uma semana depois da sua inauguração. Assim que vi as fotografias, decidi que tinha de fazer aquela caminhada junto ao Rio Paiva. Pareceu-me um passeio extraordinário e uma bela forma de conhecer de perto um dos rios mais cristalinos de Portugal, outrora apenas acessível aos amantes do rafting.

O percurso dos Passadiços do Paiva liga Areinho a Espiunca, bem próximo de Alvarenga (localidade afamada pelo “bife de Alvarenga”), ao longo de 8.700 metros, a maior parte dos quais em passadiços de madeira que acompanham as vertentes rochosas da margem esquerda do Rio Paiva.

O cenário perfeito para um mini trekking, como comprovam as fotos oficiais.

Passadiços do Paiva: Escadaria perto de Areinho
Escadaria perto de Areinho (© Passadiços do Paiva)
Ponte suspensa sobre o rio Paiva
Ponte suspensa sobre o Rio Paiva, perto da praia fluvial de Vau (© Passadiços do Paiva)
Passadiços do Paiva
Vista dos passadiços de madeira (© Passadiços do Paiva)

Estava decidido que ia conhecer os Passadiços do Paiva na companhia da minha filha. Desafiei um amigo e os seus filhos e acertámos uma data em meados de agosto que conviesse a todos. O que eu não sabia é que os Passadiços do Paiva se tinham entretanto tornado na moda do verão, com direito a reportagem em revista de viagens e aparições televisivas.

Ainda assim, valeu a pena.

Passadiços do Paiva: a minha experiência

Mapa Passadiços do Paiva
Mapa do percurso

Saímos do Porto e optámos por seguir para Arouca pela Estrada Nacional. Foi uma espécie de regresso ao passado, ao tempo em que ia do Porto ao Algarve num Volkswagem “Carocha” pela EN1.

Demorámos, por isso, um pouco mais a chegar a Arouca mas, como o dia estava encoberto (ideal para caminhar), isso não trazia qualquer preocupação.

Pode-se começar os Passadiços do Paiva num de dois pontos, Areinho ou Espiunca, mas o sentido unanimemente considerado menos exigente é o que começa em Areinho. Naturalmente, até porque viajávamos com crianças (8, 9 e 14 anos), essa foi a nossa escolha.

Telefones de emergência
Existem telefones de emergência durante o percurso

À chegada a Areinho, fui surpreendido por uma pequena praia fluvial com direito a dois nadadores salvadores, casas de banho públicas, um bar de apoio aos banhistas e caminheiros, e ainda um parque de estacionamento onde pude estacionar comodamente o automóvel. Na verdade, chegámos na hora certa, já que 15 minutos depois havia muitos carros a chegar já sem lugar para estacionar.

O início da caminhada pareceu-me desinteressante. Começa-se por um trilho de terra batida, segue-se algumas centenas de metros de passadiços de madeira até à primeira grande escadaria. Lá em cima, novo caminho de terra batida em ziguezagues montanha acima sem grande interesse. Valeu o facto de, pouco depois, aparecer um miradouro com vistas avassaladoras sobre o vale e de saber o que me esperava adiante; conseguimos motivar a criançada para os passadiços de madeira que haveriam de chegar.

Passadiços do Paiva
Vista do vale do Rio Paiva

A partir daqui é quase sempre a descer. Desde logo, através de uma escadaria enorme que tivemos de descer, e ao longo da qual o vale se abriu diante dos nossos olhos para as primeiras fotografias do Rio Paiva e seus novos passadiços em madeira, quase sempre instalados em estruturas suspensas no vale do Paiva. A partir daqui, a expectativa era a de um passeio encantador.

Dada a hora tardia a que começámos a caminhar, as crianças começaram a reclamar da fome. Mas estávamos numa fase embrionária do passeio e lá as fui desafiando a aguentarem até chegarmos à praia fluvial de Vau que, pelo que tinha lido, era o local perfeito para almoçar as sanduíches e saladas que tínhamos nas mochilas.

Caminhámos ao longo do vale, seguindo pelos passadiços junto ao rio, e estava verdadeiramente impressionado com a beleza do percurso.

Cruzámo-nos com alguns atletas treinando esforçadamente e centenas de pessoas em sentido contrário, boa parte das quais emigrantes em França (pelo menos falavam em francês) e notoriamente sem qualquer ligação às caminhadas e a uma vida ativa. Havia quem caminhasse de sandálias. Ao ver gente que não caminha caminhar, foi quando me apercebi que, de facto, os Passadiços do Paiva estavam na moda. E isso foi a única coisa que me desagradou em todo o trajeto.

Passadiços do Paiva: Praia fluvial do Vau
Praia fluvial do Vau, Rio Paiva

Quando chegámos a Vau, passava já das 13:30 e as crianças estavam esfomeadas. A praia fluvial de Vau tem bastante sombra e um areal razoavelmente grande (à escala de uma praia fluvial), sendo o mais apropriado em todo o trajeto para almoçar e dar uns mergulhos no Rio Paiva.

Foi o que fizemos. Ou melhor, quase. Levados ao engano por muita gente a fazer piqueniques, parámos antes da praia do Vau, pensando que a praia seria aquilo, e ali fizemos o nosso piquenique sem grandes condições. Só depois de termos retomado a marcha vimos a verdadeira praia, e decidimos por lá ficar para um bom descanso e brincadeiras na água.

Foi quando aproveitei para conhecer o pequeno bar ali existente. Fui tomar café e comentei a quantidade de pessoas que vi nos Passadiços do Paiva, mas a resposta veio pronta: “hoje está um dia calmo, venha cá no fim de semana e nem consegue ver a madeira do passadiço”.

De estômago reconfortado, percorremos os menos de 4 km restantes até Espiunca com energia reforçada e sentidos despertos, de forma relativamente fácil (são raras as subidas). Era raro haver um momento de silêncio, mas nem isso me impediu de apreciar a caminhada.

Pescador no rio Paiva
Um pescador no Rio Paiva

O passeio é verdadeiramente espetacular, as paisagens incrivelmente bonitas e a estrutura dos passadiços uma obra fenomenal. Deixe passar o pico do verão, deixe cair os Passadiços do Paiva no esquecimento mediático e depois sim, desfrute do passeio com a tranquilidade que o Rio Paiva merece. Porque vale mesmo a pena.

Pelo menos no meu caso, à chegada a Espiunca, no final de percorrermos os novíssimos Passadiços do Paiva, miúdos e graúdos estavam felizes. Imensamente felizes!

Se gosta deste tipo de passeios, considere também fazer os Passadiços de Aveiro e os Passadiços de Sistelo; entre outros passadiços portugueses muito bonitos.

Guia prático

Quando fazer os Passadiços do Paiva

Em teoria, pode visitar os passadiços em qualquer altura do ano, mas eu diria que a primavera e o outono são as épocas mais agradáveis.

Caso opte pelos meses de verão, especialmente em julho e agosto, evite fazer os Passadiços do Paiva durante o fim de semana e feriados. Além disso, vá de manhã cedo, porque é a melhor altura para caminhar. E, se é de longe, talvez não seja má ideia dormir perto dos Passadiços do Paiva;

Dicas para visitar os Passadiços do Paiva

Deixo aqui uma série de dicas para que possa visitar os Passadiços do Paiva tendo uma melhor experiência:

  1. Leve calçado confortável para caminhar (e isso exclui sandálias e havaianas);
  2. Pode começar o passeio em Espiunca ou Areinho (no Google Maps procure por “Zona Balnear Arainho”), mas eu sugiro que comece em Areinho, porque dessa forma enfrentará a subida e as escadas no início da caminhada, e não no final, quando já estará mais cansado. É o sentido fisicamente menos exigente;
  3. Há um parque de estacionamento na praia de Areinho, onde há também um bar de apoio aos banhistas;
  4. A melhor forma de chegar a Areinho ou Espiunca é de carro. Se viajar com amigos em dois carros, deixe um em cada ponto;
  5. Se não for esse o caso, não se preocupe com o regresso ao início do trilho, haverá taxistas à sua espera. A corrida entre Espiunca e Areinho custa, números redondos, entre 12,5€ (táxi para 4 pessoas) e 15€ (carrinhas para mais passageiros);
  6. Leve água. À exceção de um vendedor no topo da grande escadaria (km 3, sentido Areinho – Espiunca) e de um pequeno café junto à praia fluvial de Vau, não vi pontos de água nos Passadiços do Paiva onde pudesse abastecer (e na maior parte do trajeto o rio não está acessível);
  7. Para quem vem no sentido Areinho – Espiunca, a praia fluvial de Vau fica depois do café, 5 km depois de começar o passeio em Areinho; não cometa o erro da maioria dos caminheiros que descansam do outro lado, numa zona sem o mínimo interesse e condições. A praia é o melhor local para fazer um piquenique;
  8. O total da caminhada são 8,7 km (o dobro se a fizer em ambos os sentidos), mas não precisa de fazer a totalidade – pode sair em Vau;
  9. Evite dias de muito sol, porque há muitas zonas dos Passadiços do Paiva sem qualquer sombra. Leve chapéu e protetor solar;
  10. Existem telefones de emergência ao longo do percurso, semelhantes aos que se encontram nas autoestradas portuguesas.
  11. Pode combinar a caminhada nos passadiços com a visita à Ponte 560 Arouca, uma das maiores pontes pedonais suspensas do mundo.

Onde ficar

Provavelmente a opção mais charmosa da região, o Rio Moment’s é uma unidade hoteleira de grande qualidade, que recomendo sem reservas. Não é o turismo rural mais perto dos Passadiços do Paiva, mas vale a distância. Alternativamente, a Quinta de Anterronde ou a excelente Quintãs Farm Houses são igualmente recomendáveis para estadias de qualidade.

Pesquisar hotéis em Arouca

Seguro de viagem

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

10 comentários em “Passadiços do Paiva, uma bela caminhada junto ao Rio Paiva”

  1. Que bom aspecto! Fica a vontade de ir conhecer “in loco” :)

    • Já fiz o percurso… (y)
      Sentido Areinho / Espiunca!!!
      Inicialmente senti alguma dificuldade, mas depois, o gosto foi tão grande que quero voltar assim que o passadiço for reaberto!

  2. Maravillosa tu exposición de los Pasadiços, vamos a ir próxima quinta feira …percibí que podríamos sair en Vau,? Nossa idea entom sería….. iniciar el percurso en Areinho – Espiunca y voltar a Vau para apañar un taxi allí, para que nos regrese a Areinho….pensas que é possivel….?
    Pois não seis a facilidad de encontrar um taxi neste punto intermeio…o è?….será que tens algum contacto de número telefónico….Agradeço um comentario, desculpa meu Potuñol.

    • Olá Carla,
      Sim, no pequeno café que há em Vau tem um número de telefone de um táxi. Boa caminhada.

      • Olá Boa Noite
        Neste momento os Passadiços do Paiva estão a ser reconstruídos. Mas quando reabrir e seja necessário o serviço de Táxi deixo aqui meu contacto. 919472390 – Miguel. Alguma informação, ao vosso dispor.

    • Boa tarde,
      Fiz recentemente os Passadiços do Paiva e recomendo vivamente!! No final do percurso apanhámos um táxi, pagamos 15 €, por 6 pessoas. O taxista aconselhou-nos mais sítios a visitar e onde comer a excelente vitela arouquesa. Correu tudo lindamente! Deixo aqui o contacto: Sr. Carlos- 938252170.

  3. Aconselhável a crianças de 5 anos de idade?

    • Os Passadiços do Paiva são aconselháveis a todas as crianças, mas é preciso ter noção que se podem cansar antes de chegar ao final do percurso. Seja como for, há uma saída a meio e pode sempre voltar para trás quando entender. Em termos de segurança, é preciso estar atento para evitar acidentes, mas isso é o quotidiano de um pai e mãe :)

  4. Hola
    Quiero ir con un niño de 5 años. Puedes indicarme cual es el camino mas corto y mas fácil para él? Se puede entrar desde la Praia do Vau, a mitad de camino? Gracias

    • hola doy Motorista de um Táxi. La mejor opção sera deixar lo coche na Espiunca despues ir de Táxi até Praia fluvial do Areinho ai iniciar la caminhada no final tens lo coche na Espiunca.

      Recuerda combra los tickets online

      Táxi Miguel 919472390

Comentários fechados.