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Praia do Zongoene, o Moçambique dos sorrisos

Por Filipe Morato Gomes | Viagens África Moçambique Praias
Atualizado em 27.08.2017 | Tempo de leitura: 8 minutos

Praia do Zongoene, Xai-Xai, Moçambique
Vista da praia do Zongoene, próxima de Xai-Xai, Moçambique

Recanto predilecto de gente abastada e expatriados residentes em Maputo, o Zongoene Lodge desponta como alternativa à mais concorrida lagoa do Bilene para escapadas a partir da cidade grande. Um éden em Moçambique que merece o esforço exigido por cada quilómetro da dura estrada de terra batida que leva à praia do Zongoene.

Chegada a Maputo

Era manhã cedo quando desembarquei em Maputo. A essa hora, estava longe de antever que me haveria de enamorar por uma praia idílica próxima de Xai-Xai, a Norte de Maputo, que conheci assim que abandonei a capital. O seu nome? Zongoene. Mas vamos por partes.

Pescadores na praia do Zongoene, Moçambique
Pescadores na praia do Zongoene, Moçambique

Tomado o merecido chuveiro após uma noite passada num autocarro a abarrotar e um par de horas aguardando um carimbo na fronteira, fiz-me às avenidas de Maputo e não tardei a ficar com a nítida sensação de ser uma terra de fortes contrastes, onde se vive uma espécie de caos organizado em que nada parece funcionar mas tudo se ajeita, com ruas a lembrar queijos suíços e trânsito desordenado em que se misturam ferro-velho sobre rodas com jipes de alta cilindrada e vidros escurecidos.

Fica-se, também, com a impressão de não ser uma cidade que desperte no viajante uma paixão assolapada – daquelas à primeira vista que turvam a razão -, mas de ser antes um lugar que precisa de tempo, que requer conquistas diárias e compreensão mútua mas depois alimenta romances longos e duradouros com os forasteiros.

As primeiras impressões em Maputo, está bem de ver, podem frustrar parcialmente expectativas demasiado optimistas. Mas há na capital moçambicana coisas verdadeiramente interessantes que saltam à vista do viajante mais desatento e que merecem ser apreciadas com inegável prazer.

Como o jazz ao vivo do eclético Gil Vicente Café Bar, a música das tardes de domingo no popular Núcleo de Arte acompanhando uma Laurentina gelada, a imponente fachada da estação de caminhos-de-ferro gizada a ferro pela pena de Gustav Eiffel ou a aldeia de pescadores de Catembe, um lugar acolhedor sem ser bonito, com as suas básicas casas de madeira e as praias a clamar por limpeza, que fica do outro lado da baía de Maputo.

Ou ainda o bulício da Avenida Marginal, onde tudo acontece, ou o popularíssimo mercado do peixe, nome informal para um mercado de mil pregões, variadas espécies piscícolas, muita amêijoa, camarão-tigre e as omnipresentes lagostas, tudo rodeado de restaurantes de ar duvidoso que preparam a pescaria na hora.

Praia do Bilene, a norte de Maputo
Vista da praia do Bilene, a Norte de Maputo, Moçambique

Há coisas verdadeiramente interessantes em Maputo, dizia. Mas para onde poderão ir os habitantes de Maputo quando querem relaxar, consolar a vista e retemperar energias?, pensei (eu que sempre preferi locais pequenos às grandes cidades; aldeias perdidas nas florestas, uma casa sobre estacas ou um bungalow na praia em vez de um apartamento com vista para o asfalto).

Procurava a resposta em algum lugar que fosse bom mas recatado, porventura pouco divulgado e de acesso difícil, talvez para Norte, uma praia, um projecto de ecoturismo, algo que fosse um deleite sensorial, que tivesse infra-estruturas de qualidade e ficasse a aceitável distância da capital Maputo.

Sabia da existência das excelsas praias da Ponta do Sol e da chamada Reserva de Elefantes, ambas no extremo Sul do país, mas não era bem isso que procurava. Onde ficaria um lugar assim? Obtive a resposta à mesa de um café, em jeito de pergunta: “Porque o senhor não vai ao Zongoene?”

A Caminho do Bilene

Saída de Maputo. A viagem num jipe de tracção às quatro rodas começou com trânsito infernal, buzinadelas ecoando nos tímpanos, fumaradas de cano de escape a entrarem pela janela aberta, chapas efectuando manobras imprevistas, o caos normal de uma grande cidade.

Sorriso de Moçambique
Sorriso de Moçambique

Só quando a malha urbana ficou para trás é que a calma regressou ao interior da viatura e, aí sim, teve início o verdadeiro prazer. A começar pelas paisagens, pelo cheiro a terra depois de uma chuvada, pelas pessoas que se nos foram cruzando no caminho, parando e conversando. Como um vendedor de caju, cujo nome não cheguei a saber, que apresentava a mercadoria de forma espampanante na estrada nacional a caminho do Bilene.

O Bilene e a sua concorrida praia na lagoa Uembje – com direito a “gaivotas” e motos de água para desfrute do veraneante, restaurantes de renome e muitas habitações para arrendar aos forasteiros – é, por assim dizer, local de peregrinação nos tempos livres dos oriundos de Maputo.

Mas o objectivo da jornada ficava mais a Norte e foi precisamente depois de passar o Bilene que a viagem ficou mais interessante.

Aí, assim que se deixa a estrada nacional e se entra no troço de areia e terra a caminho do Zongoene, penetra-se num Moçambique verdadeiramente atraente, seguramente mais pobre mas de gente genuinamente afável e hospitaleira.

São apenas 36 quilómetros nessa estrada rumo ao oceano, mas tão bela que apetece cometer enganos propositados nas direcções a seguir, para dar de frente com outras aldeias de cubatas, outros olhares sorridentes, mais anciães respeitosos, mais Moçambique. É num estado de levitação emocional que então se chega à praia do Zongoene!

Zongoene Lodge, obra-prima do ecoturismo moçambicano

Localizado junto à foz do Rio Limpopo, a pouco mais de 225 quilómetros de Maputo, o Zongoene Lodge é um retiro ideal para uma escapada de fim-de-semana a partir da capital moçambicana, e um excelente local de paragem para os viajantes que se desloquem de Maputo para Norte, em direcção a Inhambane ou à cidade da Beira. Oferece bungalows perfeitamente integrados no ambiente envolvente de dunas e palmeiras, que propiciam calma e tranquilidade numa atmosfera luxuosa, familiar e descontraída. Estão decorados com elegância e bom gosto, beneficiando de influências da cultura moçambicana e do conforto e requinte portugueses, junto a uma praia que complementa o local de forma quase perfeita.

Zongoene Lodge
Bungalow do Zongoene Lodge, ecoturismo na praia do Zongoene

Uma praia idílica, isolada, de areia fina e água tépida, frequentada apenas por pescadores artesanais e pouquíssimos visitantes. Os pescadores aproveitavam os baixios formados após a praia-mar, que deixavam milhares de pequenos peixes aprisionados em lagoas temporárias, para lançar as suas redes circulares.

Quanto aos visitantes, faziam pouco mais que relaxar, passear e deixar-se perder pelo imenso areal de Zongoene. Por opção, naturalmente, até porque é importante saber que o Zongoene Logde dispõe de um sem número de actividades capazes de agradar aos seus hóspedes mais activos.

Entre essas propostas contam-se cruzeiros no Rio Limpopo para assistir a um irrepreensível pôr-do-sol, passeios de canoa, pesca desportiva, observação de pássaros, passeios em quad bikes, percursos pedestres nas dunas e florestas envolventes, uma visita ao farol Monte Belo – que fica nas imediações e oferece uma das melhores vistas sobre o estuário do Limpopo – ou um safari até à lagoa do Bilene, em veículo 4×4, com paragem em pequenas aldeias povoadas por gente afável e hospitaleira.

Quando estiver de viagem pelo Sul de Moçambique, saiba pois que não se deve quedar pela capital, sob pena de perder o melhor da viagem. É que o “verdadeiro” país, o Moçambique dos sorrisos, começa assim que os prédios de Maputo deixam de se avistar no horizonte.

Jovem em Bilene
Jovem em Bilene
Lavando a roupa numa lagoa próxima da praia do Zongoene
Lavando a roupa numa lagoa próxima da praia do Zongoene
Estrada nacional a Norte de Maputo
Estrada nacional a Norte de Maputo

Guia de viagens à praia do Zongoene

Este é um guia prático para viagens ao Zongoene, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na região.

Localização geográfica do Zongoene

A praia do Zongoene fica junto à foz do Rio Limpopo, próxima de Xai-Xai, no Sul de Moçambique.

Quando ir

É possível viajar em qualquer altura para o Sul de Moçambique, pese embora as chuvas possam ser mais arreliadoras nos meses de Fevereiro e Março. Entre Maio e Novembro as condições climatéricas são regra geral mais favoráveis, com temperaturas menos altas e fraca pluviosidade.

Como chegar

A TAP voa entre Portugal e Maputo, capital de Moçambique, quatro vezes por semana, com preços a rondar, actualmente, os 880 euros. A partir de Maputo, siga pela EN1 em direcção a Xai-Xai até à pequena povoação de Chicumbane (192 km) e vire à direita na estrada de terra batida para Zongoene. Uma vez nesta estrada, sempre que haja bifurcações existem indicações claras para o Zongoene Lodge, pelo que dificilmente se enganará no trajecto. Estes últimos 36 km em terra batida podem ser intransitáveis para veículos sem tracção total durante a época das chuvas, pelo que um 4×4 é aconselhável.

Pesquisar voos

Hotéis em Zongoene e Bilene

No Zongoene Lodge, naturalmente. No que toca a preços, as tarifas começam em MTn 2.635 (cerca de 75 euros) de domingo a quinta-feira e em MTn 2.945 (aproximadamente 84 euros) às sextas-feiras e sábados. No Bilene, é costume arrendarem-se casas de férias localizadas nas proximidades da lagoa, embora haja pequenos hotéis na povoação.

Informações úteis

É necessário visto, que pode ser obtido na Embaixada de Moçambique, em Lisboa, ou no Consulado do Porto. É aconselhada a profilaxia da malária, particularmente na época das chuvas.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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