Ver blocos de gelo instalados numa praia de areia preta, fustigados pelas ondas do mar até serem definitivamente arrastados pelo oceano, não é de todo uma visão comum nas minhas viagens. Mas foi exatamente isso que encontrei na chamada Praia dos Diamantes, no Sul da Islândia. E foi dos fenómenos naturais mais poderosos que já tive oportunidade de presenciar.
Para quem gosta de fotografia de viagens, aliás, a Praia dos Diamantes é uma espécie de paraíso a preto e branco, com pinceladas de azul e jogos de luzes incríveis, fruto dos raios de sol que cruzam os pedaços de glaciar que aguardam a morte líquida no areal.
Praia dos Diamantes: de onde chega o gelo?
Há pouco mais de 85 anos, o lago Jokulsarlon não existia. Ter-se-á formado pela primeira vez em 1935, alimentado por esporádicos desprendimentos de gelo no Breiðamerkurjokull, uma das línguas do grande glaciar Vatnajokull.
Hoje, Jokulsarlon ocupa uma área com mais de 20 quilómetros quadrados, e está a escassas centenas de metros do oceano. O lago é, por isso mesmo, uma mistura de água doce e salgada, trazida pelas correntes oceânicas rio acima. Há focas que entram na lagoa (não vi nenhuma) e enormes pedaços de gelo flutuando vagarosamente, à espera que as correntes os levem para a costa.
Ver gigantes de gelo serem arrastados para a Praia dos Diamantes é um espetáculo tão belo quanto triste. É um alerta para os efeitos do aquecimento global à escala planetária.
A beleza irónica da Praia dos Diamantes
Visualmente, uma das coisas mais fascinantes da Praia dos Diamantes é a profusão de formas dos pedaços de gelo espalhados no areal. Para os miúdos, foi uma alegria pegada. Eles brincaram, gelaram as mãos nos pedaços de glaciar, imaginaram animais nos blocos de gelo, beberam água com milhares de anos. Divertiram-se imenso.
E os adultos também!
Não há qualquer dúvida de que se trata de um dos locais mais fascinantes da Islândia.
O problema é que, perante visão tão fascinante (ver pedaços de glaciar num areal de areia preta é algo do outro mundo!), é fácil esquecer o que está por detrás de tamanha beleza. E é bom ter presente que a beleza da Praia dos Diamantes é, em boa verdade, fruto dos efeitos nefastos do aquecimento global.
Os glaciares estão a derreter!
E o grande glaciar Vatnajokull não é exceção. Tal como muitos glaciares noutras partes do globo, o aumento da temperatura faz com que caia menos neve e com que a antiquíssima calota de gelo vá derretendo. Na Islândia, o cenário é dramático.
Estima-se que o Vatnajokull esteja a recuar cerca de um metro por ano. E que os glaciares da Islândia desapareçam já no próximo século. A incrível beleza da Praia dos Diamantes, polvilhada de blocos de gelo que diariamente se desprendem do glaciar é, pois, uma triste ironia.
Repito: o areal preto da Diamond Beach é uma espécie de velório glaciar. Urge sermos viajantes mais conscientes e contribuirmos para diminuir essa “mortalidade”. Porque estes diamantes não são eternos!
Veja também os posts sobre o lago glaciar Fjallsarlon e o roteiro na Islândia de autocaravana.
Guia prático
Onde ficar
Em Reykjavik, tive o privilégio de ficar num dos melhores hotéis da cidade, chamado Canopy by Hilton Reykjavik City Center, e só tenho elogios a fazer. Se o orçamento assim o permitir, é uma experiência que aconselho vivamente. Caso contrário, considere ficar nos mais económicos (note que não escrevi baratos!) Our House Guesthouse, Grettir Guesthouse ou Heida’s Home. Para poupar ainda mais, espreite o Reykjavik City Hostel, um excelente hostel mais afastado do centro.
Nas restantes noites, se não quiser voltar para Reykjavík e dormir no Golden Circle, considere o acolhedor (e relativamente barato) Skyggnir Bed and Breakfast. Continuando para Sul, não deixe de ficar hospedado na Hrifunes Guesthouse nos dias seguintes. É uma pousada muito acolhedora onde se sentirá como em casa, com anfitriões simpaticíssimos e comida deliciosa (e criativa).
Caso queira dormir na região de Hofn, perto da Praia dos Diamantes, recomendo sem reservas a pousada Seljavellir Guesthouse, o Hotel Jökull ou a Lilja Guesthouse (mesmo não sendo baratos, têm excelente relação qualidade/preço para o padrão islandês).
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.