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Roteiro de autocaravana no Sul da Islândia (10 dias)

Arco-íris na Ring Road, Islândia
Um arco-íris na Ring Road, Islândia

A Islândia é um país fascinante, especialmente para quem aprecia Natureza. Vulcões, glaciares, cascatas e campos de lava são o prato forte da paisagem islandesa. Qualquer roteiro na Islândia vai passar por locais de incrível beleza natural – seja ao longo do Círculo Dourado, da Ring Road ou dos fiordes do Oeste.

Este roteiro, por exemplo, centra-se no Sul do país, e inclui locais como Reykjavík; os parques nacionais de Thingvellir e Skaftafell; Geysir, as cascatas de Gullfoss, Seljalandsfoss e Skógafoss; as praias de Reynisfjara e dos Diamantes; os lagos glaciares Fjallsárlón e Jökulsárlón; e pequenas localidades como Vík e Hofn. Tudo polvilhado com um acidente.

Note também que a Islândia é um daqueles destinos onde a experiência em viagem depende muito da época do ano (até por causa do número de horas de luz); e, não menos importante, da forma de transporte escolhida.

Só tenho mesmo pena de não ter conseguido chegar a Mývatn – que, mesmo sem conhecer, aconselho vivamente a incluir no seu roteiro na Islândia, caso tenha 10 ou mais dias para dedicar ao país. Eu, se fosse hoje, não viajaria menos de 12 a 14 dias. Dito isto, encare este roteiro de viagem à Islândia como um ponto de partida para elaborar o seu próprio itinerário, de acordo com os seus interesses e tempo disponível.

Note que, para quem não viaja de autocaravana, a questão das dormidas não é fácil de resolver – porque é fundamental reservar hotéis com antecedência. E para isso é preciso decidir em que localidades dormir. E isso não é tarefa fácil. Eu, como tinha alugado uma autocaravana, não tive esse problema.

Em suma, o meu roteiro na Islândia teve apenas 10 dias/9 noites e centra-se no Sul do país. Muito ficou de fora, é certo, mas posso dizer que este itinerário permite conhecer o melhor que a região Sul tem para oferecer, a um ritmo equilibrado. Vamos a isso!

O meu roteiro de viagem na Islândia (9 dias)

Dia 1: Reykjavík

Roteiro Islândia: Reykjavík
No piso de baixo, o restaurante Fish Company; no andar superior, o café-livraria Ida Zimsen, em Reykjavík

Chegámos por volta das 9:00 ao aeroporto de Keflavik. A ideia para esse primeiro dia era explorar a capital islandesa. Não tinha propriamente uma lista com o que fazer em Reykjavík, pelo que, basicamente, fomos deambulando pela cidade ao sabor do vento e do cheiro a maresia.

Entre outras coisas, caminhei pelo centro urbano, apreciei ao longe o edifício Harpa, conheci um café muito agradável e visitei a Hallgrímskirkja.

A verdadeira aventura de autocaravana na Islândia estava prestes a começar!

Dormida: Reykjavík

Dia 2: Círculo Dourado

Roteiro Islândia: Thingvellir
Parque Nacional Thingvellir

Manhã cedo, apanhei um autocarro para recolher a autocaravana que tinha alugado à empresa Kuku Campers. As burocracias foram rapidamente ultrapassadas e, pouco depois, estava de regresso ao centro de Reykjavík. O objetivo era ir às compras a um supermercado, abastecer a autocaravana de víveres e prosseguir em direção ao Golden Circle.

A primeira paragem foi, naturalmente, no Parque Nacional Thingvellir, classificado pela UNESCO como património mundial. Para deleite dos miúdos, houve oportunidade de fazer umas caminhadas, correr e até ver uma primeira cascata.

Depois de explorarmos calmamente Thingvellir, seguimos para o afamado Geysir. Confesso que não fiquei fascinado por aí além A tarde aproximava-se do final, pelo que decidimos deixar a bela Gullfoss para o dia seguinte. E assim pernoitámos num parque sem grande interesse algures entre Geysir e Gullfoss.

Dormida: Gullfoss

Dia 3: Cascatas da Islândia

Roteiro Islândia: Seljalandsfoss
A belíssima Seljalandsfoss, uma das quedas de água mais bonitas que conheci na Islândia

Dia dedicado a visitar três das mais emblemáticas cascatas do Sul da Islândia. A saber: Gullfoss, ainda no Golden Circle; a incrível Seljalandsfoss (aquela em que se pode caminhar por detrás da queda de água); e ainda a Skógafoss.

Sendo os dias muito pequenos (viajei no fim de setembro), tivemos de deixar algumas coisas para o dia seguinte para conseguir chegar a tempo de ver o pôr-do-sol na perigosa praia Reynisfjara. E conseguimos! A dormida ficou para um parque em Vík.

Dormida: Vík

Dia 4: Kirkjufjara e Skaftafell

Praia Kirkjufjara
Praia Kirkjufjara, próximo de Vík

De manhã, voltámos um pouco atrás na Ring Road para visitar o farol Dyrhólaey e ver as vistas sobre a adjacente praia Kirkjufjara – coisas que não tínhamos conseguido fazer na tarde anterior. Porventura fruto da magnitude da paisagem (e do facto de estarmos a viajar com crianças, naturalmente), acabámos por demorar bastante mais tempo do que imagináramos.

Continuámos depois a percorrer a Ring Road em direção a Skaftafell, área onde existe um parque natural imperdível. Só tivemos tempo de fazer uma das caminhadas mais pequenas, até à língua do glaciar Svínafellsjökull, em Skaftafell, antes do sol desaparecer no horizonte.

Dormida: Skaftafell

Dia 5: Svartifoss e lagos glaciares

Lago Fjallsárlón, Islândia
Vista do lago glaciar de Fjallsárlón

Manhã cedo, empreendemos uma caminhada dentro do Parque Nacional Skaftafell até um dos meus locais favoritos da Islândia: a cascata Svartifoss. Foi um passeio belíssimo, debaixo de um sol outonal muito agradável.

Depois de um almoço frugal, seguimos até à região dos lagos glaciares encostados ao enorme glaciar Vatnajökull. Entre eles, os lagos Fjallsárlón e Jökulsárlón; e a afamada Praia dos Diamantes que, infelizmente, estava particularmente desinteressante.

Dormida: Hofn

Dia 6: Acidente

Oficina em Hofn, Islândia
Oficina em Hofn, depois do acidente

Foi um dia dramático. Saímos de Hofn com o objetivo de chegar aos fiordes do Oeste, mas tivemos um acidente em Hvalnes e fomos obrigados a voltar para trás e regressar a Hofn. Podia ter corrido muito, muito mal!

Independentemente disso, fomos obrigados a tomar a decisão de abortar a ideia de percorrer a Ring Road na totalidade. O roteiro na Islândia iria ficar restringido ao Sul do país.

Dormida: Hofn

Dia 7: Aniversário em Skaftafell

Praia dos Diamantes, Islândia
Fotografando a Praia dos Diamantes

Recuperados emocionalmente do acidente (mas com a moral em baixo), voltámos a passar na Praia dos Diamantes. Felizmente, estava muito mais bonita e isso alimentou o nosso espírito.

De resto, decidimos dedicar o dia aos miúdos. Como era dia de aniversário de uma das crianças, voltámos ao Parque de Campismo de Skaftafell (território conhecido) e passámos toda a tarde em Skaftafell, dando tempo para os miúdos brincarem à vontade no recinto do parque. E preparámos uma festinha surpresa.

Foi uma excelente decisão; os miúdos ficaram felicíssimos.

Dormida: Skaftafell

Dia 8: Campos de lava e piscina Seljavallalaug

Campos de lava Islândia
A paisagem lunar dos campos de lava no Sul da Islândia

Tendo menos pressão de tempo, aproveitámos a viagem para parar mais vezes. Conhecemos, por exemplo, os campos de lava que a Ring Road atravessa; voltámos a Skogafoss pela segunda vez, para aproveitar o bom tempo e fotografar melhor; e fizemos ainda um pequeno desvio para visitar a piscina Seljavallalaug. Foi uma desilusão; mas as viagens são assim mesmo.

Sem mais atividades de relevo, prosseguimos então até Hvolsvöllur, onde pernoitámos.

Dormida: Hvolsvöllur

Dia 9: Península Reykjanes

Roteiro na Islândia: Gunnuhver, Península Reykjanes
Área geotermal de Gunnuhver, na Península Reykjanes

A paragem em Hvolsvöllur tinha um propósito bem definido: visitar o Lava Centre de Hvolsvöllur. Trata-se de um museu muito bem conseguido que explica um pouco o historial de atividade vulcânica na Islândia. Foi muito educativo e as crianças passaram um tempo agradável.

De regresso à estrada, seguimos em direção a Reykjavík mas, antes de lá chegarmos, desviámos para a Península Reykjanes. A ideia era visitar a área geotermal de Gunnuhver e, depois, dormir perto do aeroporto (o voo de regresso era muito cedo).

E assim ficámos a dormir em Vogar, num parque de campismo horrível e desativado, mas perto do aeroporto. Mesmo não tendo sido a melhor forma de terminar o meu roteiro de viagem à Islândia, quem sabe se todos os percalços da viagem não serão o combustível necessário para regressar em breve com mais tempo!

Dormida: Vogar

Dia 10: Voo de regresso

Voo de regresso a Portugal, via Londres.

Mapa do roteiro na Islândia

Dicas da Islândia (perguntas frequentes)

Quanto custa chegar à Islândia?

Como já escrevi várias vezes, inclusive num texto sobre como comprar voos baratos, ter flexibilidade de datas é a melhor forma de conseguir bons preços. No caso da Islândia, posso dizer que paguei cerca de 400€, preço final, para dois adultos e duas crianças (100€ por pessoa), com a low cost easyJet, em voos Porto – Londres – Reykjavik (ida e volta). Esteja atento às promoções.

Desde 2022, a companhia Play comercializa voos diretos do Porto e de Lisboa para Reykjavik, com preços mínimos por vezes abaixo dos 200€ (sem bagagem).

Pesquisar voos para a Islândia

Como ir do aeroporto de Keflavik para Reykjavík

Caso não tenha logo a autocaravana, a opção mais económica é, sem qualquer dúvida, utilizar os autocarros Flybus. Os autocarros partem do aeroporto internacional de Keflavik frequentemente, com destino ao terminal BSI (a maior central de camionagem de Reykjavík). A viagem dura sensivelmente 45 minutos e os bilhetes podem ser comprados com antecedência (3.500 ISK, o equivalente a cerca de 23€ por pessoa). Se preferir, pode reservar desde logo um minibus do terminal BSI até ao seu hotel na capital islandesa (8€ adicionais).

Dar ou não a volta à ilha pela Ring Road?

O roteiro clássico na Islândia leva os viajantes a percorrerem o chamado Golden Circle – um percurso mais ou menos circular, fazível num dia, e que permite visitar três importantes atrações naturais – e a totalidade da chamada Ring Road, a estrada N1 que dá literalmente a volta à ilha principal da Islândia, eventualmente com uma incursão adicional aos fiordes do Oeste, assim haja tempo disponível.

Acontece que a viagem é longa e as atrações naturais imensas, pelo que nem sempre é aconselhável dar a volta à ilha, sob pena de passar a maioria do tempo a conduzir.
A questão que se coloca é, pois, quantos dias são necessários para percorrer a Ring Road.

Neste post, tento ajudá-lo a decidir se vale ou não a pena fazer a Ring Road, ou se será porventura melhor apostar numa região apenas – como por exemplo no Sul da Islândia.

Quando dias são necessários para percorrer a Ring Road?

Há quem diga que em oito dias é possível percorrer o Golden Circle e a Ring Road; e, em teoria, estão corretos. Eu, no entanto, não recomendo.

Pela minha experiência, eu diria que o mínimo dos mínimos para dar a volta à Islândia será 10 dias; mas recomendo 12 ou 14 se quiser viajar com mais calma, ver mais coisas e incluir os fiordes do Oeste no plano da viagem. Menos do que isso implica conduzir muitas horas por dia, tendo menos tempo para contemplar os locais, fazer caminhadas de média duração ou outras atividades ao ar livre e, não menos importante, uma margem para qualquer imprevisto resultante do clima austero da Islândia (que o obrigue, por exemplo, a não conduzir durante algumas horas).

Vale a pena dormir em Reykjavík?

Eu penso que sim. A capital islandesa é pequena e simpática, com cafés muito agradáveis e um ritmo de vida lento. No fundo, passar pelo menos um dia em Reykjavik é a única oportunidade de conhecer o lado mais urbano da Islândia (sim, não há mais cidades dignas desse nome).

Se optar por pernoitar na capital, tenha em atenção que o alojamento não é barato. Em jeito de resumo, eu tive o privilégio de ficar num dos melhores hotéis da cidade, chamado Canopy by Hilton Reykjavik City Center, e só tenho elogios a fazer. Se o orçamento assim o permitir, é uma experiência que aconselho vivamente. Caso contrário, considere ficar nos mais económicos (note que não escrevi baratos!) Our House Guesthouse, Grettir Guesthouse ou Heida’s Home. Para poupar ainda mais, espreite o Reykjavik City Hostel, um excelente hostel mais afastado do centro.

Pesquisar hotéis em Reykjavík

É melhor alugar um carro ou uma autocaravana?

Se alugar um carro, precisará de reservar hotéis com antecedência, uma vez que em cima da hora é difícil encontrar hotéis a preço aceitável (na época alta é mesmo quase impossível arranjar vagas). Ora, a não ser que opte por acampar, isso obriga a um planeamento cuidado para decidir onde dormir em cada noite.

Por um lado, em termos financeiros, se viaja sozinho ou a dois, alugar um carro (+ dormida em hotéis) costuma ser mais barato do que alugar uma autocaravana. Ou seja, se gosta de ter as coisas planeadas à partida e não viaja em família (com crianças), alugar um carro é provavelmente a melhor opção. Eu atualmente costumo usar a DiscoverCars.

Por outro lado, se viaja com crianças, é quase certo que, em termos financeiros, compensa alugar uma autocaravana. Isso para além da total liberdade que a opção permite. Foi o que eu fiz, quando me apercebi que um quarto simples para quatro pessoas dificilmente custava menos do que 200€ por noite. Ou seja, se prefere a liberdade e viaja num pequeno grupo ou família, opte por uma autocaravana. Eu aluguei na Kuku Campers.

Como poupar dinheiro na Islândia?

A Islândia é um dos destinos mais caros do mundo, pelo que não espere milagres. Para poupar dinheiro, cozinhe e evite comer fora. Os supermercados Bónus são os mais baratos do país. No aspeto e organização do espaço, são uma espécie de Lidl islandês. O que eu fiz foi comprar víveres nos supermercados e cozinhar na autocaravana. Os almoços eram quase sempre sandes e sopa (levar uma varinha mágica é fundamental caso viaje com crianças); e aos jantares cozinhávamos mais calmamente (chegámos a grelhar salmão, a fazer massa à lavrador e esparguete à bolonhesa).

O lado mau desta opção é que, nesta viagem em concreto, não tive oportunidade de experimentar a gastronomia islandesa – e logo eu que acredito que a gastronomia é uma parte fundamental da experiência de viagem. Felizmente, regressei à Islândia posteriormente, noutro contexto, e isso já foi possível.

Note que não precisa de alugar uma autocaravana para poder cozinhar; pode fazê-lo em muitos hostels espalhados pela ilha.

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Filipe Morato Gomes
Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.