Ruínas de Butrint, caldeirão de história no sul da Albânia

Por Filipe Morato Gomes
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Cheguei a Saranda com o principal objetivo de visitar as ruínas de Butrint, a escassos 20 quilómetros da fronteira com a Grécia.

Depois de tomar um pequeno-almoço muito simples, Tomi, dono do SR Backpackers onde me alojei, fez questão de me levar ao ponto onde, supostamente, haveria autocarros para Butrint. E havia, mas mais tarde.

Estava há cerca de meia hora à espera quando uma jovem francesa a viver em Saranda parou e me avisou: “liguei ao motorista e o autocarro está com problemas; só podes ir no seguinte, daqui a mais uma hora. Ou então pede boleia”. Era essa a minha ideia alternativa, espécie de plano B para conseguir visitar Butrint ainda de manhã.

À passagem do primeiro carro, estiquei o dedo e ele não parou, indicando que ia ficar logo ali. O segundo ia cheio. O terceiro parou. Era um indivíduo num carro velho que ia apenas até Ksamil, mas aceitei a boleia. De Ksamil em diante logo se veria.

Fomos conversando, ele feliz por me saber de Portugal, good football, eu curioso sobre a vida de Saranda. No caminho, parámos para recolher um pastor com um cajado enorme e dificuldade em andar. E fomos seguindo conversando, até que, um pouco antes de Ksamil, ele disse que iria a Butrint comigo. “Não é necessário”, afiancei; mas ele insistiu. Por momentos ainda pensei que também quisesse visitar as ruínas mas, à chegada a Butrint, parou o carro, despediu-se e voltou para Ksamil. Mais um exemplo da hospitalidade albanesa.

Visitar as ruínas de Butrint

Butrint deve a sua fama e crescimento a um santuário dedicado a Asclepius, o rei Grego da medicina. Acreditava-se que as águas de Butrint tinham poderes sagrados e, por isso, os peregrinos afluíam ao santuário com o objetivo de serem curados.

Porventura mais relevante é o facto de, em Butrint, ser possível encontrar vestígios arqueológicos de vários períodos históricos, espalhados por mais de 2.500 anos. O parque nacional está classificado pela UNESCO como Património Mundial precisamente por ser “um repositório de ruínas que representam cada período do desenvolvimento da cidade” portuária.

Eis alguns dos mais significativos locais que encontrei durante a minha visita a Butrint:

#1 Teatro Romano

Teatro Romano
O Teatro Romano albergava 1.500 espetadores

Datado do século 4º, o teatro albergava cerca de 1.500 espetadores. Hoje em dia, há um festival internacional de teatro que, anualmente, devolve a vida ao palcos de Butrint.

#2 Batistério

Batistério Butrint
Batistério com os mosaicos cobertos de areia

Durante o século 5º, Butrint foi uma residência Episcopal, daí a existência de algumas igrejas e do Batistério. Os mosaicos do Batistério são, provavelmente, a imagem mais conhecida do Parque Nacional Butrint. Infelizmente, na altura em que o visitei, os mosaicos estavam já cobertos de areia. É uma prática comum na região, que encontrei também em Heraclea Lyncestis, que visa proteger os mosaicos das agruras invernais.

#3 Grande Basílica

Basílica Butrint
Vista da Grande Basílica de Butrint

Um local de culto edificado no século 6º, durante o período Cristão. Boa parte da estrutura está de pé, pelo que dá para perceber a grandeza do monumento.

#4 Banhos Romanos

Banhos Romanos, em Butrint
Banhos Romanos

Consta que os banhos romanos de Butrint têm mosaicos geométricos no solo. Como podem ver na fotografia, estavam igualmente cobertos de areia. Uma pena.

#5 Casa Cívica Romana (villae)

Casa Cívica Romana, Butrint
Casa Cívica Romana

A Casa Cívica Romana foi posteriormente transformada num palácio invulgar, por ter uma sala de jantar de forma triangular. Depois de uma grande chuvada no dia anterior, estava no estado que a fotografia documenta.

#6 Castelo Veneziano

Visitar Butrint
Vista junto ao Castelo Veneziano e ao Museu da Cidade Antiga de Butrint

O Castelo Veneziano estava fechado, bem como o adjacente Museu da Cidade Antiga de Butrint. Ainda assim, vale a pena subir até ao topo da colina, nem que seja para apreciar a belíssima vista sobre a faixa de água que abraça a península.

Foi a última coisa que fiz antes de voltar à entrada do complexo arqueológico para procurar transporte de regresso. Tinha sido uma manhã bem passada. Estava feliz. Ainda parei no restaurante adjacente para tomar café e descansar um pouco. Pouco depois, segui à boleia para Ksamil.

Mais fotos de Butrint

Teatro romano de Butrint
Acesso ao Teatro Romano
Muralha de Butrint
Uma das entradas na muralha defensiva de Butrint
Pescador em Butrint
Pescador
Ruínas de Butrint, Albânia
Tranquilidade junto ao sítio arqueológico, Albânia

Guia prático

Tudo somado, entre as viagens entre Saranda e Butrint e a visita ao parque arqueológico, é natural que precise de umas quatro horas.

Como chegar a Butrint

De Saranda, há autocarros de hora a hora com destino a Butrint, via Ksamil. Alternativamente, faça como eu: peça boleia que os albaneses são muito prestáveis. Não vai esperar muito tempo.

A entrada em Butrint custou-me 500LEK.

Onde dormir

Para visitar Butrint, o mais aconselhável será dormir em Ksamil ou Saranda. Eu optei por ficar em Saranda mas, se tivesse viajado na época alta, provavelmente optaria pela mais tranquila Ksamil.

Quanto a Saranda, como qualquer cidade-resort do sul da Europa, está recheada de hotéis e, principalmente, de apartamentos para alugar. Eu fiquei num hostel simples chamado SR Backpackers porque queria conhecer Tomi, o dono, que é uma espécie de lenda viva entre os viajantes que passam pelo sul da Albânia. Seja como for, se forem dois ou três a viajar, aconselho um apartamento.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.