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Como sobreviver ao Santo António em Alfama (e na Bica), Lisboa

Por Filipa Chatillon | Atualizado em 31 Jul 2019 | Viagens Europa Lisboa Portugal Festas Populares 5 Comentários
Tempo de leitura: 7 minutos

Sardinhas assadas em Alfama
Sardinhas assadas em noite de Santo António (©Paulo A. Lopes)

Tarde de 12 de junho. Há cheiro a sardinha assada no ar, os bairros históricos de Lisboa estão decorados com luzes, grinaldas coloridas, manjericos e muitas banquinhas, mais ou menos improvisadas, de venda de comida e bebidas. Nos largos e praças há palcos montados para bailaricos e arraiais. Os desfilantes das marchas populares circulam, fazendo os últimos preparativos. Grande parte da cidade se prepara para celebrar a noite de Santo António, que antecede o dia do santo. É “A” festa de Lisboa, vivida intensamente pelos vizinhos mais bairristas, pelos estrangeiros à procura de festa e por todo o espetro de gente entre uns e outros.

Talvez porque o feriado municipal de Lisboa calha no dia de Santo António, e porque esta festa é uma tão grande celebração, é crença geral que o Santo António é o santo padroeiro da cidade. Não é. Ainda que seja um santo igualmente (ou possivelmente mais) querido, o padroeiro de Lisboa é São Vicente. Isso não invalida que as festas de Santo António, “Os Santos”, como são referidas, sejam a maior festa de Lisboa.

Marchas Populares na Avenida da Liberdade, Lisboa
Marchas Populares na Avenida da Liberdade, Lisboa (©Paulo A. Lopes)

Começa a cair a noite e milhares saem à rua para ver as marchas populares descer a Avenida da Liberdade, comer sardinhas assadas, caldo verde e febras, beber litros de vinho, sangria e cerveja, dançar musica pimba nos bailes e caminhar pelos bairros, sem rumo até o sol nascer, como se de uma romaria se tratasse.

De todos, Alfama é o mais concorrido. Durante muito tempo foi o que se “vestia” melhor para as festas, e onde estavam os bailes mais animados. A topografia de ruas estreitas com muitas tasquinhas ajudava ao encanto. Hoje em dia muitos outros bairros se preparam a rigor, mas Alfama e a Costa do Castelo continuam a ser o lugar para onde quase toda a gente se dirige, pelo menos durante parte da noite. Tanto, que se tornou absolutamente caótico. As ruas e os largos ficam lotados, não se consegue caminhar – muito menos dançar – e conseguir um lugar para comer é uma guerra. A Bica, durante algum tempo uma alternativa viável, seguiu o mesmo caminho.

Bailarico em Alfama
Bailarico em Alfama (©Paulo A. Lopes)

Está avisado. Mas, se mesmo assim achar que não há Santos sem passar por Alfama, ou que há que gritar “A Bica é Linda!”, aqui ficam 9 conselhos úteis para conseguir tirar o melhor proveito possível da noite de Santo António.

Dicas para aproveitar o Santo António em Alfama

1. Chegar a Alfama cedo

Mesmo cedo. Por volta das cinco da tarde. É a única maneira de ainda conseguir ver e aproveitar o bairro enfeitado e animado, antes das hordas de gente. Bebem-se umas cervejinhas de fim de tarde, e ainda se consegue uma mesa para jantar descansado.

2. Se for para andar a circular, fazê-lo a essa hora

Parte da tradição não escrita dos Santos é andar de um lado para o outro a espreitar os bailaricos e “correr as capelinhas”. A partir da noite isso implica meia hora para andar 100 metros, 20 empurrões, 30 cotoveladas e 40 pisadelas, para chegar a um sítio igualmente cheio. Se quiser andar em romaria, então aproveite a tarde. Depois disso é escolher um lugar, assentar arraiais e ficar por ali.

3. Esquecer a qualidade das sardinhas (e do vinho)

Poderá haver exceções, mas nesta noite os preços estão inflacionados e a qualidade é inferior à que se consegue em qualquer tasca, noutra altura. Ainda assim, aquela sardinha no pão às tantas da manhã, depois de 3 horas a dançar o “Apita o comboio” vai saber pela vida. Quanto ao vinho… melhor ficar pela cerveja.

4. Levar dinheiro suficiente

Não há multibancos no meio do bairro de Alfama. Para tentar levantar dinheiro no multibanco (se ainda houver) há que descer até à Rua Jardim do Tabaco, ou Santa Apolónia, se estiver em Alfama, ou subir ao Calvário ou descer à Rua de São Paulo, na Bica. Com a dificuldade de movimentação, isto pode ser tarefa para umas boas horas.

5. Usar sapatos fechados

Lembra-se das 40 pisadelas ao fim de 100 metros? Agora junte banho de cerveja dos copos do lado, vidros pelo chão e bailarinos mais afoitos. Os seus dedinhos vão agradecer.

6. Esquecer o carro

Estacionar é impossível, com a quantidade de gente e de ruas cortadas. Conduzir depois é altamente desaconselhado, se beber. Não só é sempre perigoso como, nesta noite, há reforço de polícia e operações stop por todo o lado.

7. E estar preparado para caminhar para casa (seja ela onde for)

Arranjar táxi é missão impossível. Portanto, ou de metro, até à 1 da manhã e depois das 6:30, ou a pé.

8. Treinar a bexiga para aguentar

A festa faz-se na rua, onde não há casas de banho. Os restaurantes e cafés fecham-nas ou restringem o uso aos clientes, para evitar o terror de ter milhares de pessoas a utilizá-las. Juntar a isto os litros de cerveja que se bebe… não é uma mistura simpática. Algumas pessoas abrem as suas casas de banho de casa, a troco de pagamento. Ou então, é encontrar um cantinho mais resguardado, e cá vai disto. Não é atitude que queiramos estimular, mas é sabido que, nesta noite, vale tudo menos tirar olhos – e não há muitas alternativas. Quem nunca esteve de rabo ao léu numa noite de Santo de António que atire a primeira pedra.

9. Levar apenas o essencial na carteira

E mantê-la em zona pouco acessível. Locais com multidões são ótimos para carteiristas. A confusão e o álcool também são amigos da violência, em pessoas mais suscetíveis, e esta noite costuma ser prolífica em histórias de brigas. Se vir que o ambiente está estranho, é altura de ignorar o conselho número 2 e seguir para outro lugar.

Festas de Lisboa em Alfama
Alfama é um dos bairros mais concorridos durante as Festas de Lisboa (©Paulo A. Lopes)

Ainda está com vontade de passar a noite de Santo António em Alfama? Então, um último conselho: muna-se de muita paciência, e vá com a corrente. Se ficar parado a caminho das Portas do Sol, cante mais alto “Cheira bem, cheira a Lisboa”, beba mais uma e não desespere com as multidões. Tenha um Santo António memorável. E depois conte-nos como foi.

Veja também onde ficar em Lisboa.

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Comentários

  1. Andorinha

    Acho que se um dia conhecer a Filipa, nos vamos dar lindamente!
    A acrescentar um truque de Santo António: levar o carro no dia anterior ou nessa manhã, estacioná-lo, e voltar pra casa de metro. À noite, quando for hora de ir embora, ir buscá-lo SEMPRE com um condutor 100% cool.
    Outra opção, descobrir um amigo ou amiga que viva na Graça e cravar-lhe a dormida e a casa de banho 😉
    Não sei como é que vou fazer este ano porque os meus amigos com quem costumo ir estão todos no “istringeiro”, mas talvez vá experimentar o Santo António noutros bairros de Lisboa. Nunca fui àquele bairro que fica ali ao lado do ISEG e de que nunca me lembro o nome …. super conhecido…. pois, esse.

    Este ano ou vou fazer os Santos no meu bairro das Avenidas Novas, ou sou menina para, pela primeira vez na vida, ir andar ao estalo com as velhas que se sentam em cadeiras na Avenida a guardar lugar pra ver as marchas :)))
    Foram anos de Alfama e Graça, e honestamente o único ano em que aproveitei assim à grande, foi no meu terceiro ano de vida na Graça, em que os vizinhos se juntaram e estivemos a assar sairdinhas na rua, e a beber umas jolas, antes de ir curtir e saltar pro meio da festa, sempre com um WC bem perto, e um vizinho a deixar-nos entrar sempre que a bexiga apertava. E o mais fixe, chegar a casa a pé, sem 2 horas a pé nos sapatos só pra chegar à minha cama….
    Agora que virei chiiiique e vivo na Avenida de Roma, acho que vou aproveitar os santos noutra zona da cidade pra ver como é, pode ser que goste.
    Cá beijinho!
    Sofia

    Responder
  2. Soraia

    As festas acabam que dia?

    Responder
    • Filipe Morato Gomes

      Oficialmente, as festas de Santo António acabam no dia 4 de julho. Veja o programa de atividades em http://www.festasdelisboa.com.

      Responder
  3. João Pedro Almeida

    Ou então ir em qualquer uma das outras noites de Junho, mesmo durante a semana. A mesma animação com baile e sardinhas, mas sem as multidões excessivas, problemas de transporte e tudo o resto falado no artigo.

    Responder
  4. Pedro

    Sou eu que estou a assar sardinhas na foto de capa!

    Responder

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Sobre o autor

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Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

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