Festas de Santo António em Lisboa? Tarde de 12 de junho. Há cheiro a sardinha assada no ar, os bairros históricos de Lisboa estão decorados com luzes, grinaldas coloridas, manjericos e muitas banquinhas, mais ou menos improvisadas, de venda de comida e bebidas. Nos largos e praças há palcos montados para bailaricos e arraiais. Os desfilantes das marchas populares circulam, fazendo os últimos preparativos. Grande parte da cidade se prepara para celebrar a noite de Santo António, que antecede o dia do santo. É “A” festa de Lisboa, vivida intensamente pelos vizinhos mais bairristas, pelos estrangeiros à procura de festa e por todo o espetro de gente entre uns e outros.
Talvez porque o feriado municipal de Lisboa calha no dia de Santo António, e porque esta festa é uma tão grande celebração, é crença geral que o Santo António é o santo padroeiro da cidade. Não é. Ainda que seja um santo igualmente (ou possivelmente mais) querido, o padroeiro de Lisboa é São Vicente. Isso não invalida que as festas de Santo António, “Os Santos”, como são referidas, sejam a maior festa de Lisboa.
Começa a cair a noite e milhares saem à rua para ver as marchas populares descer a Avenida da Liberdade, comer sardinhas assadas, caldo verde e febras, beber litros de vinho, sangria e cerveja, dançar musica pimba nos bailes e caminhar pelos bairros, sem rumo até o sol nascer, como se de uma romaria se tratasse.
De todos, Alfama é o mais concorrido. Durante muito tempo foi o que se “vestia” melhor para as festas, e onde estavam os bailes mais animados. A topografia de ruas estreitas com muitas tasquinhas ajudava ao encanto. Hoje em dia muitos outros bairros se preparam a rigor, mas Alfama e a Costa do Castelo continuam a ser o lugar para onde quase toda a gente se dirige, pelo menos durante parte da noite. Tanto, que se tornou absolutamente caótico. As ruas e os largos ficam lotados, não se consegue caminhar – muito menos dançar – e conseguir um lugar para comer é uma guerra. A Bica, durante algum tempo uma alternativa viável, seguiu o mesmo caminho.
Está avisado. Mas, se mesmo assim achar que não há Santos sem passar por Alfama, ou que há que gritar “A Bica é Linda!”, aqui ficam 9 conselhos úteis para conseguir tirar o melhor proveito possível da noite de Santo António.
Dicas para aproveitar o Santo António em Lisboa (Alfama)
1. Chegar a Alfama cedo
Mesmo cedo. Por volta das cinco da tarde. É a única maneira de ainda conseguir ver e aproveitar o bairro enfeitado e animado, antes das hordas de gente. Bebem-se umas cervejinhas de fim de tarde, e ainda se consegue uma mesa para jantar descansado.
2. Se for para andar a circular, fazê-lo a essa hora
Parte da tradição não escrita dos Santos é andar de um lado para o outro a espreitar os bailaricos e “correr as capelinhas”. A partir da noite isso implica meia hora para andar 100 metros, 20 empurrões, 30 cotoveladas e 40 pisadelas, para chegar a um sítio igualmente cheio. Se quiser andar em romaria, então aproveite a tarde. Depois disso é escolher um lugar, assentar arraiais e ficar por ali.
3. Esquecer a qualidade das sardinhas (e do vinho)
Poderá haver exceções, mas nesta noite os preços estão inflacionados e a qualidade é inferior à que se consegue em qualquer tasca, noutra altura. Ainda assim, aquela sardinha no pão às tantas da manhã, depois de 3 horas a dançar o “Apita o comboio” vai saber pela vida. Quanto ao vinho… melhor ficar pela cerveja.
4. Levar dinheiro suficiente
Não há multibancos no meio do bairro de Alfama. Para tentar levantar dinheiro no multibanco (se ainda houver) há que descer até à Rua Jardim do Tabaco, ou Santa Apolónia, se estiver em Alfama, ou subir ao Calvário ou descer à Rua de São Paulo, na Bica. Com a dificuldade de movimentação, isto pode ser tarefa para umas boas horas.
5. Usar sapatos fechados
Lembra-se das 40 pisadelas ao fim de 100 metros? Agora junte banho de cerveja dos copos do lado, vidros pelo chão e bailarinos mais afoitos. Os seus dedinhos vão agradecer.
6. Esquecer o carro
Estacionar é impossível, com a quantidade de gente e de ruas cortadas. Conduzir depois é altamente desaconselhado, se beber. Não só é sempre perigoso como, nesta noite, há reforço de polícia e operações stop por todo o lado.
7. E estar preparado para caminhar para casa (seja ela onde for)
Arranjar táxi é missão impossível. Portanto, ou de metro, até à 1 da manhã e depois das 6:30, ou a pé.
8. Treinar a bexiga para aguentar
A festa faz-se na rua, onde não há casas de banho. Os restaurantes e cafés fecham-nas ou restringem o uso aos clientes, para evitar o terror de ter milhares de pessoas a utilizá-las. Juntar a isto os litros de cerveja que se bebe… não é uma mistura simpática. Algumas pessoas abrem as suas casas de banho de casa, a troco de pagamento. Ou então, é encontrar um cantinho mais resguardado, e cá vai disto. Não é atitude que queiramos estimular, mas é sabido que, nesta noite, vale tudo menos tirar olhos – e não há muitas alternativas. Quem nunca esteve de rabo ao léu numa noite de Santo de António que atire a primeira pedra.
9. Levar apenas o essencial na carteira
E mantê-la em zona pouco acessível. Locais com multidões são ótimos para carteiristas. A confusão e o álcool também são amigos da violência, em pessoas mais suscetíveis, e esta noite costuma ser prolífica em histórias de brigas. Se vir que o ambiente está estranho, é altura de ignorar o conselho número 2 e seguir para outro lugar.
Ainda está com vontade de passar a noite de Santo António em Lisboa no bairro de Alfama? Então, um último conselho: muna-se de muita paciência, e vá com a corrente. Se ficar parado a caminho das Portas do Sol, cante mais alto “Cheira bem, cheira a Lisboa”, beba mais uma e não desespere com as multidões. Tenha um Santo António memorável. E depois conte-nos como foi.
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