Apesar de ser capital de um dos países da União Europeia, Vilnius não é um destino popular. Cidade pacata e agradável, tem um ar de aldeia grande graças à abundância de zonas arborizadas e às suas numerosas igrejas. Um roteiro de viagem a Vilnius, capital da Lituânia.
A bela Vilnius
É estranho estar sentada com a cara ao sol, gozando o calor de um dia descoberto, e sentir as costas geladas. É assim o tempo em Vilnius: quente-frio, Verão com chuva. Uma agradável mistura de temperaturas, de estilos, de gente, fria e quente, como o tempo. Arturas, o rapaz do café, ri-se quando lhe digo que os lituanos são “os latinos do Báltico”, expressão tirada do guia que levo comigo.
“Só comparados com os estónios e os finlandeses”, responde brincalhão, inadvertidamente exemplificando a espontaneidade que lhes apontam. Já esteve na Alemanha, diz-me que lhe falta a movida de outras capitais. E, no entanto, Vilnius move-se: a profusão de restaurantes e kavine (cafés e cervejarias) que nasceu na Cidade Antiga à procura de um turismo crescente, mostra bem que o país não dorme.
Protegida pela UNESCO, a cidade exibe um centro histórico fácil de percorrer a pé, onde as igrejas ou monumentos históricos se encontram a cada esquina: da praça da catedral e pelas estreitas ruas dos séculos XV e XVI, das Portas do Entardecer, que marcavam a estrada para Moscovo, até ao Bastião da Artilharia, do século XVII, com um museu de armas no interior, percorremos ruas pavimentadas a pedra, fachadas seculares, muitas delas agora anunciando cervejarias, restaurantes e lojas para turistas.
Mas a grande maioria dos monumentos históricos são igrejas, numa manifestação de fé só comparável com a dos polacos, os vizinhos do Sul. Visitando a igreja ortodoxa russa do Santo Espírito – a minoria russa parece aqui bem integrada – obtenho permissão de um padre de severas vestes negras e barba comprida para fotografar o interior; “da, da”, “sim”, diz-me em russo.
Na igreja católica de Kazimieras, a mais antiga das igrejas barrocas da cidade, preparo-me para fotografar o altar quando uma velhinha de lenço amarrado no queixo e grandes olhos azuis aparece, e ralha comigo em lituano. Satisfaço-me com o exterior fabulosamente pontiagudo e gótico de Santa Ana, feita de tijolos vermelhos, e com a grande Catedral da Praça, com a sua torre sineira ao lado.
Por trás, a torre de Gediminas proporciona um dos melhores miradouros sobre a cidade, abrangendo os campanários que saem do verde das árvores, numa demonstração de que as capitais não têm de ser selvas de betão e feias torres de cimento – podem sempre ser como Vilnius.
Castelo de Trakai, em Vilnius
Quem aqui se desloca normalmente não dispensa fazer os 30 quilómetros até este lugar encantador, entre floresta e lagos: o Castelo de Trakai, antiga capital do país.
Estendendo-se numa pequena península entre dois lagos, a aldeia é especialmente conhecida pelo castelo situado numa ilha no extremo da povoação, perto do local onde o autocarro nos deixa, embora as ruínas de um outro fiquem junto à rua principal (Karaimu gatvé).
Passadiços de madeira levam-nos sobre as águas do Lago Galvé até o castelo dos nossos sonhos de criança, feito de tijolos vermelhos, com a sua ponte levadiça sobre um fosso, as torres perfeitas de telhados cónicos, pátios e salas escuras e misteriosas. Data do século XV, mas foi restaurado nos anos 50 e alberga agora o museu do castelo.
É possível alugar barcos para contornar o exterior e apreciar a beleza do lago e dos bosques, enquadramento que o transformam num castelo de Avalon, saído das águas.
Âmbar, o ouro do Báltico
Talvez a particularidade mais conhecida da região seja o âmbar, resina fóssil enterrada durante milhões de anos e usada em objectos ornamentais desde a Idade da Pedra.
Foram encontrados objectos de origem báltica em túmulos egípcios, datados de 3200 a.C. e vikings, de entre 800 a 1000 d.C. Existia uma Rota do Âmbar que levava esta preciosidade da costa báltica, a principal fonte desta matéria, posta a descoberto pela erosão do mar, até à costa mediterrânica, da Itália e Grécia ao Médio Oriente.
O seu aspecto dourado e translúcido valoriza-o na confecção de adornos e o facto de por vezes ter bolhas de ar, pequenos insectos, penas ou vestígios de plantas inseridos na resina, faz com que cada peça seja realmente única e original. Diz-se que há um truque para o distinguir de uma pedra: trincá-lo. Apertado entre os dentes, o âmbar faz o mesmo ruído que o… plástico!
Guia de viagens a Vilnius
Este é um guia prático para viagens a Vilnius, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de actividades na capital da Lituânia.
Localização geográfica da Lituânia
Vilnius é a capital da Lituânia, país situado entre a Polónia, a Letónia a Bielorrússia e o pequeno enclave russo de Kalininegrado. A sua população não atinge os quatro milhões e o idioma oficial é o lituano, a língua actual mais próxima do indo-europeu. Independente da URSS desde 1991 (tinha sido anexada em 1940), já existe como região unificada desde o século XIII, tendo passado por um período de união com a Polónia, nos séculos XVI e XVII, país com o qual partilha a religião católica.
Da sua geografia fazem parte planícies, florestas, lagos e colinas que não ultrapassam os 300 metros de altura, bem como uma pequena extensão de costa no Mar Báltico (cerca de 100 km).
Quando ir
De Maio a Setembro encontra o tempo mais confortável para visitar o país em termos de temperatura, embora em Julho e Agosto deva estar preparado para as ocasionais chuvas de Verão.
Como chegar a Vilnius
Um voo Lisboa – Vilnius via Frankfurt pode ficar por 600 euros, mas vale a pena verificar os voos das companhias low cost que operam para as proximidades. Do aeroporto até ao centro da cidade pode apanhar o autocarro nº 2 ou um táxi (entre 20 a 50 Litas). Para visitar Trakai há uma dezena de autocarros que saem do terminal e levam uns 45 minutos a chegar à aldeia, assim como alguns comboios; consultar os horários localmente ou num posto de turismo.
Onde ficar
Há lugares de todos os géneros, do Bed & Breakfast para uma ou duas noites a hotéis luxuosos como o Hotel Narutis, na Rua Pilies 24, bem no centro da Cidade Antiga, que fica num edifício recuperado do século XVI, com um pátio coberto da época medieval e quartos a condizer. Um duplo custa cerca de 260 euros. Mais barato é ficar numa Pousada da Juventude como a Filaretai, na rua com o mesmo nome, número 17. Situada na zona verde que envolve a Cidade Antiga, oferece quartos duplos por cerca de 20 euros.
Restaurantes
A comida do Báltico não delicia o guloso palato mediterrânico, mas para variar existem restaurantes italianos, franceses, gregos, russos, indianos, japoneses… A gastronomia regional apoia-se nos lacticínios e nas batatas, com reforço de carne e couve e grande favoritismo por panquecas – doces ou não. Para provar a comida lituana, pode experimentar por exemplo o Aukstaiciai, na Rua Antokolskio 13, numa cave antiga e decorado a condizer com a época.
Um dos mais populares entre os jovens também oferece comida lituana, indiana e de muitos outros lugares do mundo, mas sempre vegetariana: o Balti Drambliai, o “Elefante Branco” na Rua Vilniaus 41.
Informações úteis
A moeda da Lituânia é o Litas – o país faz parte da União Europeia e prepara-se para aderir ao Euro em 2010 – e 1 euro vale cerca de 3,5 Litas. É fácil trocar dinheiro e há caixas Multibanco espalhadas pelo centro da cidade. A Lituânia está duas horas à frente da hora de Verão portuguesa. Cada vez é mais fácil comunicar em inglês, mas apenas com os mais jovens; os mais velhos ainda têm o russo como segunda língua.
Seguro de viagem
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