Hoje, na série de portugueses pelo mundo, vamos até Maputo pela mão da Tânia Pinho. A Tânia tem 35 anos, é gestora e está a viver em Maputo há quase 10 anos. Desafiei-a a partilhar connosco as suas experiências na capital de Moçambique, bem como sugestões e dicas para quem quiser visitar Maputo e conhecer um pouco melhor a cidade.
É um olhar diferente e mais rico sobre Maputo – o de quem vive por dentro o dia-a-dia da maior cidade de Moçambique, estando simultaneamente fora da sua “zona de conforto”, deslocado, como acontece a todos os viajantes. Este é o 47º post de uma série inspirada no programa de televisão “Portugueses pelo Mundo”.
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Em Maputo com a Tânia Pinho (entrevista)
- 1.1 Define Maputo numa palavra.
- 1.2 Maputo é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
- 1.3 E o que mais te marcou em Maputo?
- 1.4 Como caracterizas os moçambicanos?
- 1.5 Como é um dia “normal” em Maputo?
- 1.6 Como terminarias esta frase: “Não podem sair de Maputo sem…”
- 1.7 Quanto ao turismo, vamos tentar fazer um roteiro de 3 dias em Maputo. Indica-nos as coisas que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
- 1.8 Tens algumas dicas para poupar dinheiro em Maputo?
- 1.9 Sou grande apreciador da gastronomia em viagem. Na tua opinião, que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar em Maputo?
- 1.10 Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e se possível barato. Onde vamos jantar?
- 1.11 Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. No caso de Maputo, em que zona nos aconselhas a procurar hotel?
- 1.12 Escolhe um café e um museu.
- 1.13 Falemos de diversão. O que sugeres a quem queira sair à noite em Maputo?
- 1.14 Tens alguma sugestão para quem pretender fazer compras em Maputo? O que comprar?
- 1.15 Antes de te despedires, partilha o maior “segredo” de Maputo; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um parque, uma galeria de arte, algo que seja mesmo “a tua cara”.
- 2 Guia prático
Em Maputo com a Tânia Pinho (entrevista)
Define Maputo numa palavra.
Sorrisos / Amor / Emoção / Paixão.
Maputo é uma cidade boa para viver? Fala-nos das expectativas que tinhas antes de chegar, e se a realidade que encontraste bateu certo com a ideia preconcebida que trazias.
Maputo é uma boa cidade para viver. A minha expectativa não era muito elevada, tinha ouvido falar de Maputo e confesso que fiquei agradavelmente surpreendida com a cidade quando cheguei. Maputo é uma cidade muito bonita, apesar de ter mudado muito ao longo destes últimos 10 anos, principalmente no que toca ao trânsito e a nível estrutural (muitas vivendas foram demolidas para dar lugar a prédios enormes). É uma cidade onde é muito fácil uma pessoa se orientar e onde é bastante agradável andar a pé nas ruas.
Maputo é uma cidade calma e segura. É claro que é necessário ter alguns cuidados, como em qualquer parte do Mundo, porque há o chamado “roubo de oportunidade”. Mas, em termos globais e com o devido cuidado, é perfeitamente pacífico circular na rua.
Maputo é uma cidade agitada no dia a dia, ao ritmo dos chapas (transporte coletivo de pessoas, carrinhas Hiace de 16 lugares). Costumo dizer que é “o caos organizado”.
E o que mais te marcou em Maputo?
A beleza da cidade e as pessoas. Maputo “primeiro estranha-se, depois entranha-se” mas, no meu caso entranhou-se logo.
Como caracterizas os moçambicanos?
São pessoas de sorriso fácil, simpáticos, amigáveis e muito “festeiros”.
Como é um dia “normal” em Maputo?
Os dias começam cedo em Maputo. Um dia normal, para mim, será acordar cerca das 6:30; às 7:00 estou na piscina a fazer o exercício matinal (vantagem de viver em Maputo e poder nadar numa piscina sem ser coberta, praticamente durante o ano inteiro); por volta das 8:00 tomo o pequeno-almoço (em casa ou num dos diversos cafés da cidade); e começo a trabalhar pelas 8:30.
Almoço preferencialmente sempre em casa, entre as 12:30 e as 14:00; o facto de termos empregada doméstica diariamente ajuda.
Normalmente, depois do trabalho há sempre um encontro social; um café, uma cerveja, um petisco nalgum lado. Principalmente no verão.
Como terminarias esta frase: “Não podem sair de Maputo sem…”
Terminaria de várias formas:
- experimentar a gastronomia local;
- ir ao bazar central;
- comprar caju;
- comprar capulanas;
- ver o pôr-do-sol no Cardoso.
Quanto ao turismo, vamos tentar fazer um roteiro de 3 dias em Maputo. Indica-nos as coisas que, na tua opinião, sejam “obrigatórias” ver ou fazer.
Maputo, por incrível que pareça, não está muito adaptada para o turista. Há pouca informação e, na verdade, não há assim tanto que ver ou fazer. A melhor forma de conhecer Maputo é estar com alguém que vive cá e pode dar algumas dicas. Vou por isso deixar aqui o roteiro que costumo fazer com os meus amigos turistas.
Dia 1
Tomar o pequeno-almoço na Estufa (fica na zona da Sommerchield). É um café simples, dentro de uma estufa, que tem um chá maravilhoso de balacate e uma tostas de queijo deliciosas, entre outras coisas.
Depois, sair a pé e andar pela Kim Il Sung; ir à Fundação Fernando Couto ver a exposição do momento; visitar a Igreja da Polana e o Hotel Polana; passar na FEIMA – Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo para ver o artesanato local. Nesta feira há um sem número de batiques, estatuetas de madeira, bolsinhas de palha, bolsas de capulana. A FEIMA é um mundo sem fim e vale a pena visitar com paciência para negociar.
Almoçar no restaurante Moçambicano, na FEIMA, e comer frango à zambeziana, mucapata e arroz de coco, matapa de caranguejo e acabar com um matoritori (doce de amendoim, coco e açúcar) para sobremesa.
Circular a pé na Avenida Julius Nyerer e entrar na Frederich Engels, uma avenida com miradouro e vista de mar onde todas as manhãs e fins de dia as pessoas se exercitam; há pessoas a correr, a treinar com os seus PT’s, há aulas de grupo – é um ginásio low cost.
Depois, ir até ao Jardim dos Namorados. Se for sexta-feira, poderá ver as noivas a tirar as suas fotografias e há sempre movimento. Vale também a pena passar pelo Palácio dos Casamentos (Julius Nyerer), onde são celebrados os casamentos civis e religiosos.
O Museu de História Natural justifica a visita pelo edifício. Por dentro está a precisar de manutenção, mas ainda assim vale a pena visitar. Depois, seguir para o Hotel Cardoso para ver o pôr-do-sol (famoso em Maputo) acompanhado de um gin tónico ou de uma 2M (cerveja local).
Todo este percurso pode ser feito a pé, tranquilamente.
Depois do Cardoso, voltar até à zona do museu para uma experiência mais local. Existem várias barracas e tasquinhas; é um sitio que poucos turistas frequentam, mas que vale a pena pela experiência.
Dia 2
Pequeno-almoço no Café Continental, que fica na Baixa de Maputo. Percorrer a zona a pé e visitar a Fortaleza de Maputo, o Museu das Pescas, o Museu da Moeda e o Mercado Central (comprar piri-piri, caju, achar de limão e de manga). Ir conhecer ainda a Casa Elefante (para capulanas), a Mesquita da Baixa e a Rua do Bagamoio (que durante o dia é uma rua normal, mas à noite é a red light district). Sem esquecer, claro, a estação de caminhos-de-ferro, uma das mais bonitas do mundo, da autoria de Gustave Eiffel.
Depois, começar a subir em direção ao Conselho Municipal, visitar o Jardim Tunduro, ver a Casa de Ferro, ir ao Centro Cultural Franco-Moçambicano ver a exposição do momento e aproveitar para almoçar. Come-se muito bem no centro cultural mas, se preferir almoçar com vista para o mar, aconselho a apanhar um txopela e a fazer a marginal até aos restaurantes Miramar ou Sagres e almoçar marisco acompanhado de cerveja.
A seguir ao almoço, sugiro fazer a nova marginal de txopela até à Costa do Sol, parando para comprar água de coco ou sucana (sumo de cana de açúcar) e aproveitar para banhar os pés no Índico, em frente ao shopping Marés com vista para Inhaca e Xefina.
Para jantar, aconselho o restaurante O Coqueiro, na Feira Popular. Serve comida tradicional moçambicana e se for quinta-feira ou fim-de-semana, pode ficar depois na Feira a beber uns copos no 21, Bamboo, Pantera – tudo bares locais alternativos, mas com boa onda.
Dia 3
Visitar o Jardim dos Madjermans e tomar lá o pequeno-almoço. Passar no Mercado Estrela, de carro, para ver a agitação do mercado de venda de peças roubadas. Depois fazer o tour do bairro da Mafalala e almoçar no Mercado Janet (Carapau com Xima). Por fim, aproveitar a tarde para as últimas compras.
Tens algumas dicas para poupar dinheiro em Maputo?
Fugir dos sítios “para turista ver”, principalmente restaurantes. Deve procurar os restaurantes mais locais, as barraquinhas de rua, as roulottes – há muito boa comida na rua e nos mercados. Podem fazer-se refeições entre 80-150MTN nestes locais menos turísticos, enquanto que num restaurante tradicional nunca se gasta menos de 400-600MTN.
Assim como as cervejas, ficam mais em conta na barraca do que nos bares e cafés.
Sou grande apreciador da gastronomia em viagem. Na tua opinião, que especialidades gastronómicas temos mesmo de provar em Maputo?
Os meus pratos preferidos são: Mucapata (prato típico da Zambézia preparado essencialmente com arroz
Imagina que queremos experimentar comidas locais. Gostamos de tascas, botecos, lugares tradicionais com boa comida e se possível barato. Onde vamos jantar?
- Restaurante O Coqueiro, na Feira Popular;
- Mercado Janet;
- Lolas na Malhangalene;
- Barracas do museu.
Uma das decisões críticas para quem viaja é escolher onde ficar. No caso de Maputo, em que zona nos aconselhas a procurar hotel?
Entre as avenidas Julius Nyerer e Vladimir Lenine, e entre a 24 de Julho e a Keneth Kaunda (bairro Polana Cimento / bairro Central / Summerchield).
A propósito, andar de transportes públicos em Maputo não é fácil. Normalmente, anda-se de táxi, ou txopela; os chapas andam sempre a abarrotar e a experiência pode não ser a mais agradável.
Escolhe um café e um museu.
O Café Estufa e o Museu de História Natural.
Falemos de diversão. O que sugeres a quem queira sair à noite em Maputo?
- Terças-feiras: karaoke com banda no Gil Vicente a partir das 22:00.
- Quintas e sextas-feiras: Associação dos Músicos a partir das 18:00 (música ao vivo);
- Quinta a Domingo: Xima Bar e Madjeje (ambos em Alto Maé) (Xima na sexta e no sábado, com música ao vivo);
- Quintas à noite: karaoke no Robson bar;
- Para quem gostar de dançar kizomba: Face to Face;
- Sítios mais alternativos na Feira Popular: Pantera cor de rosa, 21 e Bamboo.
Tens alguma sugestão para quem pretender fazer compras em Maputo? O que comprar?
Caju, amendoim, piri-piri, artesanato de madeira, coisas feitas com capulanas.
Antes de te despedires, partilha o maior “segredo” de Maputo; pode ser uma loja, um barzinho, um restaurante, um parque, uma galeria de arte, algo que seja mesmo “a tua cara”.
A Estufa e o Café Sol.
Obrigado, Tânia. Vemo-nos numa próxima viagem a Maputo.
Guia prático
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