Capital da Alemanha reunificada, Berlim é uma cidade fascinante, dominada por acontecimentos culturais – ópera, galerias e museus, festivais de cinema e de teatro – e um dos destinos preferidos pelos próprios alemães. Um roteiro de viagem ao coração de Berlim.
No final do século XIX e até aos anos quarenta do século passado, Berlim foi a grande metrópole europeia com tanto prestígio como Paris. A 2ª Grande Guerra fez com que ficasse partida ao meio, o que fez com que perdesse parte da sua fama. Agora, com a Alemanha reunificada, Berlim é de novo a capital da grande Alemanha e o centro da Europa.
Berlim é um dos destinos turísticos alemães preferidos quer por parte de alemães, de europeus ou de pessoas de qualquer outro continente. O seu nome tem magia ligado ao facto de, inúmeras vezes, ter sido palco da História: foi capital da Prússia e do Império Alemão, foi dividida depois da guerra, centro das atenções mundiais durante o bloqueio dos soviéticos em 1948 e durante a queda do muro a 9 de Novembro de 1989.
A cidade, actualmente capital da Alemanha, estende-se ao longo de 892 quilómetros quadrados, nos quais vivem mais de 3,4 milhões de habitantes. É um centro económico dinâmico, ponto de cooperação entre o leste e o oeste, metrópole cultural internacional, uma das maiores cidades universitárias alemãs e um dos centros de investigação e desenvolvimento mais importantes do mundo. No entanto, apesar de ser uma grande cidade com muita indústria, Berlim encanta os seus visitantes com os seus inúmeros parques, bosques e lagos – um terço da cidade são espaços verdes e água!
Berlim, um grande centro cultural
Os acontecimentos culturais dominam a vida da cidade, que conta com três (!) salas de ópera e inúmeras salas de teatro. Entre as mais famosas estão o “Schaubühne” na Praça Lehniner, o “Deutsches Theater”, o “Berliner Ensemble” assim como o “Maxim-Gorki Theater”.
Todos os anos, em Maio, as principais salas de teatro de toda a Alemanha, reúnem-se em Berlim durante o festival de Teatro e apresentam as suas melhores encenações. Mas este não é o único festival cultural da metrópole nas margens do Rio Spree; existem ainda o Festival Internacional de Verão, com apresentações ao ar livre, as Semanas Festivas em Setembro / Outubro e a Festa do Inverno – a época cultural não tem intervalo. A não esquecer ainda o teatro de cabaré que tem longa tradição em Berlim.
Se é cinéfilo, tem de ir aos Estúdios de Babelsberg, onde desde 1921 se fazem filmes continuamente. De lá saíram “A História Interminável”, “Metropolis”, “O Anjo Azul”, entre muitos outros.
Ainda no campo das artes são centenas as galerias e museus, privados e estatais, com exposições de mestres famosos e/ou (ainda) pouco conhecidos. Uma visita à capital alemã não pode deixar de incluir uma manhã (pelo menos) para o Museu Pérgamo (Pergamon Museum), onde se pode admirar o altar de Pérgamo, do século II a.C., dedicado aos deuses Zeus e Atena, montado numa das salas do rés-do-chão, e que é uma obra de arte da época helenística. Aliás, a secção do museu com peças orientais e greco-romanas é maravilhosa. A reconstituição da via processional da antiga Babilónia com a sua magnífica decoração de azulejos representando leões, dragões e touros, mostra como terá sido a civilização junto ao Rio Eufrates por volta do ano 600 a.C..
Outros museus obrigatórios são o Museu Egípcio (Ägyptisches Museum) onde se pode ver o famoso busto da rainha Nefertiti do ano 1350 a.C. e a Galeria Nacional (Neue Nationalgalerie) com uma grande coleção de pinturas e esculturas dos séculos XIX e XX que se encontra num edifício de vidro e aço construído para o efeito em 1968. O Museu Dahlem tem uma grande coleção de pintura do século XV ao século XVIII; pare uns instantes nas obras de Lucas, o Velho e de Tilman Riemenschneider.
Para quem gosta de animais, Berlim tem à disposição do visitante não um, mas dois jardins zoológicos, um na parte ocidental (Berliner Zoo) e outro na parte leste (Tierpark). No conjunto albergam mais de 14.000 animais de 1.500 espécies, sendo assim uma das coleções zoológicas mais importantes e mais valiosas do mundo. No Tierpark, construído em 1955, os animais vivem em manadas quase em liberdade.
De Alexander Platz ao Ku’Damm
Porém, para conhecer Berlim – como aliás qualquer outra cidade – o melhor é andar a pé. Comece o seu passeio no bairro Nicolau, com as suas casas antigas e no meio do qual se ergue a Câmara Municipal, conhecida por “a Câmara Vermelha” (Rotes Rathaus) por ter sido construída em tijolo vermelho; vá até à famosa Alexanderplatz no meio da qual se ergue a torre de televisão (Fernsehturm) de 365 metros, acabada de construir em 1969 e no cimo da qual existe um restaurante e uma plataforma panorâmica.
Entre esta praça e a famosa alameda Unter den Linden, vai encontrar a catedral de Santa Hedwig, construída no século XVIII e reconstruída em 1963. Chega-se assim à alameda Unter den Linden, palco de inúmeras manifestações durante o poderio nazi, ladeada de monumentais palacetes que durante os 40 anos da R.D.A. albergaram as embaixadas dos países socialistas. O grande número de palácios existentes em Berlim, deve-se ao facto de ter sido capital durante tanto tempo.
Na parte norte da alameda encontra-se a Universidade Humboldt, construída em 1810; foi aqui que estudou Karl Marx entre 1836 e 1841. A meio da avenida está a ópera construída em 1743 por Knobelsdorff; completamente destruída durante a guerra, foi reconstruída segundo os planos originais e reaberta ao público em 1955.
A alameda termina na Porta de Brandemburgo, um dos emblemas de Berlim. Esta porta triunfal, com as suas seis colunas dóricas a suportar a parte superior no cimo da qual está a quadriga da vitória, tornou-se no pós-guerra no símbolo da divisão da cidade, pois foi dum palanque construído à sua frente que John F. Kennedy proferiu a sua famosa frase: “Ich bin ein Berliner” (Sou um habitante de Berlim). Junto à Porta está o Reichstag, o antigo parlamento alemão.
Siga a Rua do 17 de Junho e chega à Praça da Grande Estrela, no centro da qual está a enorme (67 metros) Coluna da Vitória (Siegessäule), erigida por ordem do Imperador Guilherme I em memória das vitoriosas guerras prussas. Vá em direção ao Rio Spree, nas margens do qual se encontra o Palácio Bellevue, a residência oficial do presidente alemão. Quando o presidente se encontra em Berlim, a bandeira alemã é hasteada no telhado do edifício.
O centro do consumo de Berlim: Ku’Damm e ruas vizinhas
Regresse à Praça da Grande Estrela, encaminhe-se para a rua comercial com mais prestígio, a Kurfürstendamm, mais conhecida por Ku’Damm, aberta em 1881 por iniciativa de Bismarck e que está animada de manhã à noite. É que a Ku’Damm apresenta-se como um centro comercial gigante com lojas de luxo e lojas populares, stands de automóveis, cinemas, teatros, cafés e discotecas.
O Europa-Center, um grande centro comercial de 22 andares, merece uma visita. Também o armazém KaDeWe (Kaufhaus des Westens – armazém do ocidente), já com mais de 80 anos de existência, não pode ser deixado de lado. Em sete andares com um total de 43.000 metros quadrados e 250.000 artigos, no KaDeWe pode comprar-se tudo. A sua secção de supermercado transforma-se numa verdadeira catedral para gourmets.
Perto encontra-se a Igreja da Memória (Gedächtniskirche), mandada construir entre 1891 e 1895 pelo imperador Guilherme I; a igreja foi destruída durante a guerra e não foi reconstruída para ficar de aviso às gerações futuras.
Se ainda tiver forças, pode escolher entre cultura e compras. Pode ir até ao Palácio de Charlottenburg, o retiro preferido da imperatriz Sofia-Carlota, esposa do imperador Frederico I. A sala da porcelana, toda decorada com porcelana de Dresden e chinesa, é uma pequena maravilha. E agora chegou a hora de descansar um pouco: aproveite os jardins do palácio que convidam ao descanso.
Ou então vá para a famosa Praça de Potsdam (Potsdamer Platz), agora totalmente renovada – até com interesses portugueses: a Sonae está presente no centro comercial, inaugurado em Setembro de 2007. Vá ao Sony Center e fique a descansar olhando para a tela gigante. Vá ao Museu do Cinema. Veja os restos do antigo Muro de Berlim. Ou, simplesmente, sente-se a observar o quotidiano citadino de uma fascinante metrópole como Berlim.
Veja também o artigo sobre viver em Berlim.
Guia prático para visitar Berlim
Este é um guia prático para viagens a Berlim, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de atividades na região.
Breve historial da cidade de Berlim
1237: primeiros documentos a referirem Berlim datam deste ano.
1486: Berlim é escolhida como residência oficial do Príncipe-eleitor de Brandemburgo.
1709: A cidade é escolhida como residência oficial da realeza prussa.
1740: Subida ao trono de Frederico, o Grande. Berlim ganha o estatuto de capital europeia.
1871: Berlim torna-se capital do Reich (Império) Alemão.
1936: XI Jogos Olímpicos de Verão.
1938: 9 de Novembro: Noite de Cristal.
1945: Berlim é dividida e controlada pelas quatro forças aliadas (E.U.A., Grã-Bretanha, França e União Soviética); três anos mais tarde, a União Soviética termina a cooperação com as outras forças de ocupação, dando início a um bloqueio que dura onze meses. Divisão política entre Berlim leste e oeste.
1953: A 17 de Junho levantamento nacional dos habitantes de Berlim Leste e de toda a Alemanha ocupada pelos soviéticos.
1961: A 13 de Agosto: construção do muro para dividir a parte ocidental da parte oriental de Berlim.
1989: A 9 de Novembro: queda do Muro de Berlim. Início da transição da passagem da República Democrática da Alemanha para a República Federal da Alemanha.
1990: 3 de Outubro – Dia da Reunificação das duas Alemanhas.
1990: 2 de Dezembro – primeiras eleições municipais conjuntas em 40 anos.
1991: 20 de Junho – Berlim torna-se de novo capital da Alemanha.
Quando ir
Todo o ano. Não há uma época melhor ou pior que outra, dependendo a escolha apenas da preferência do visitante; a cidade de Berlim pode ser tão charmosa no inverno como na primavera.
Como chegar a Berlim
A low cost easyJet tem voos diários directos entre Lisboa e Berlim. Entre as companhias aéreas tradicionais, a TAP e Lufthansa oferecem, em conjunto, mais de 60 voos semanais entre Portugal e Berlim, via Frankfurt ou Munique, a partir de Lisboa, Porto e Faro.
Onde ficar
Recomenda-se o Hotel Ansbach, um hotel de três estrelas a dois passos do KaDeWe, da Igreja da Memória, do Europa-Center e do Ku’Damm, e o hotel NH Potsdamer Platz, na famosa Praça de Potsdam, agora recuperada e cheia de vida.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.