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Bobó de camarão, tão baiano quanto o som de um berimbau

Por Kiko Martins
Bobó de camarão
Bobó de camarão, prato típico da Bahia

Entre as famílias brasileiras mais antigas é difícil encontrar quem não tenha, pelo menos, uma trisavó africana ou europeia ou até de algum sítio perdido no meio da Amazónia. Tal como a própria História desta outrora colónia portuguesa, também a alimentação reflete a mestiçagem que ajudou a desenvolver a identidade brasileira na presença de ingredientes africanos, europeus, indígenas e do Médio Oriente.

O mais interessante é perceber que isso aconteceu de formas bastante diferentes nas várias zonas do Brasil: se a cozinha pernambucana é resultado do equilíbrio entre influências indígenas, portuguesas e africanas, já no estado do Mato Grosso, além de sabores africanos e portugueses, é possível perceber a influência da culinária italiana e síria.

No Rio Grande do Sul consome-se muita carne, um hábito introduzido pelas missões jesuíticas que se estabeleceram neste estado brasileiro – para poder evangelizar a população indígena, os sacerdotes jesuítas tornaram os índios criadores de gado e em troca passaram a ensinar-lhes a cultura cristã europeia -, e em Santa Catarina é inevitável a influência da culinária alemã.

Mulher bahiana
Uma baiana de origem africana, em Salvador da Bahia (©iStock.com)

A gastronomia baiana, dentro da qual a receita que partilho nasceu, começou com os primeiros africanos que chegaram ao Brasil graças a uma das poucas coisas que conseguiram trazer consigo: a religião. Dentro das cozinhas coloniais, as escravas adaptaram as comidas sagradas dos orixás do Candomblé ao paladar dos senhores, partindo dos ingredientes que tinham à mão. Da terra natal introduziram os produtos africanos que viajaram no porão dos barcos como azeite de dendê, quiabo, coco, gengibre e malagueta. Com os portugueses aprenderam sobretudo os segredos da doçaria e com os índios que ali viviam descobriram, entre outras coisas, a versatilidade da mandioca.

Bobó de camarão

A receita de bobó de camarão é um dos maiores ícones da culinária baiana. Pode ser servido como acompanhamento ou como prato principal. Este prato atesta o papel fundamental que a mandioca desempenha na gastronomia brasileira.

Castanha de caju
Castanha de caju (©iStock.com)

Ingredientes

  • 3 latas de leite de coco
  • 1 kg de mandioca cozida, cortada em pedaços
  • 3 colheres de sopa de azeite dendê
  • 1 mão-cheia de coentros picados
  • 1 mão-cheia de cebolinho picado
  • Água
  • 1 chávena de café de castanha de caju, partida em pedaços (opcional)
  • 3 kg de camarão
  • Sumo de 2 limas
  • 1/2 chávena de azeite
  • 3 dentes de alho picados
  • Sal
  • 3 cebolas picadas
  • 4 tomates
  • 2 pimentos verdes
  • 2 malaguetas sem sementes, picadas

Receita

Descasque os camarões e deixe marinar durante 2 horas em sumo de lima, metade do azeite, alho picado e uma pitada de sal. Salteie o camarão em lume forte durante 5 minutos e reserve.

Prepare o molho de coco. Numa panela alta, faça um refogado com metade do azeite, a cebola, o tomate, o pimento, o sal e a malagueta e cozinhe durante 15 minutos. Junte o leite de coco e deixe levantar fervura. Adicione a mandioca (sem a fibra que tem dentro) previamente cozinhada em água durante 30 minutos; deixe cozinhar mais 5 minutos e triture tudo até obter a consistência de uma papa. Se a mistura estiver muito espessa, adicione água. Junte os camarões e tempere com o azeite dendê, os coentros e o cebolinho. Prove e retifique os temperos.

Se quiser, pode enriquecer o bobó de camarão com castanha de caju partida em bocados.

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Kiko Martins
Cozinheiro e viajante e um dos professores da Chefs' Academy. Já deu uma volta ao mundo gastronómica, é casado, tem dois filhos e está à frente das cozinhas d'O Talho e d'A Cevicheria. Gosta de estar à mesa, ainda mais a beber pisco sour.

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