Estados Unidos com peso a mais
Nos últimos cinquenta anos, a população mundial aumentou, as mulheres passaram a trabalhar fora de casa e o tempo dedicado à cozinha diminuiu drasticamente. A televisão passou a sentar-se à mesa, às vezes até com honras de cabeceira, e a comida processada e congelada cresceu ao mesmo ritmo a que se publicam livros de cozinha que vendem imagens de encantar.
Continua sem solução o principal dilema da alimentação, em que metade do mundo não tem o que comer e a outra metade come demais. Neste planeta de desigualdades, acredito que os Estados Unidos continuam a ocupar o pódio dos péssimos hábitos alimentares. Tal como acontecia em 2010, quando passei cerca de três semanas entre Nova Iorque, Washington e São Francisco.
Impressionou-me, e ainda hoje me lembro muitas vezes, de uma senhora com quem me cruzei num dos primeiros dias em território americano, ao entrar num Starbucks em Manhattan. A forma como ergueu os braços com manifesta dificuldade e empurrou as portas de vidro a quatro tempos. Movia-se à velocidade dormente dos quilos a mais que tinha no corpo. Chegada à caixa registadora, pediu um latte large e um donut coberto de icing sugar. Passou por mim e esboçou um sorriso. Antes de sair, despejou quatro pacotes de açúcar no café.
Sentado numa mesa de café no centro de Nova Iorque, não tive dificuldade em imaginar como seria o resto do dia daquela mulher. A meio da manhã ia render-se aos encantos de um qualquer snack à venda na rua, enquanto bebia um refrigerante. Mais tarde, cruzaria a porta dos arcos dourados mais famosos do mundo, que já conhecia de olhos fechados. Aí, a escolha era demasiado fácil. Um menu com tudo a que tinha direito.
Em duas horas terá voltado à carga. Batatas fritas, cachorro, mais um refrigerante e algumas barras de chocolate para ir trincando até chegar a casa. Nessa altura, poria o jantar a fazer: depois de aberto o congelador, era só colocar a frigideira no lume. O frango cortado em pedacinhos simétricos mergulhava no óleo a ferver e o arroz cozinhar-se-ia sozinho no microondas.
Na mesa, estaria organizado o variado número de molhos que teria em casa. Para a sobremesa, um grande balde de gelado para adoçar a boca. A fatura? Cerca de seis mil calorias. Hoje, quase cinco anos depois de ter imaginado este guião alimentar em câmara lenta, sei que esta história continua a acontecer de maneiras diferentes por todo o mundo, mas nos Estados Unidos com outra proporção. A mesma que me fez ser dominado por um misto de irritação e tristeza à medida que percorri o país.
Mais do que a incalculável quantidade de obesos que vi passar, sobretudo nas cidades mais pequenas, o que me incomoda e preocupa é a falta de educação alimentar que vai tomando conta do mundo. A junk food é bem mais barata, mais rápida e tem um sabor mais forte. E à medida que os americanos deixam de aprender a cozinhar, a escolha do que comer passa a ter em conta apenas a carteira. Mesmo que isso hipoteque a saúde num futuro próximo. Em 2008, em Nova Iorque, foi aprovada uma medida que obrigava à etiquetagem de cada alimento com as calorias que continha. Pode ter sido o primeiro passo na tomada de consciência da porcaria que comemos, mas ainda há muito caminho a fazer.
Talvez por isso ainda hoje me recorde do convite que o Presidente dos Estados Unidos fez, nesse mesmo ano, a dois chefes de Estado europeus para provar fast food durante as suas visitas a Washington. Fiz questão de ir provar, e trincar (com alguma dificuldade), um pedaço da mesma carne preguiçosa bastante atraente e bem aconchegada entre dois pedaços de pão brioche que foi servida a Dmitri Medvedev. No Ben’s Chili Bowl provei o hambúrguer de sabor duvidoso, carregado de chili, que foi servido a Carla Bruni e Nicolas Sarkozy.
Não pude deixar de ficar espantado com uma visita presidencial a qualquer um destes lugares e o significado que isso teve num país onde, na época, uma em cada três pessoas tinha problemas de saúde como resultado dos péssimos hábitos alimentares. Nunca mais me vou esquecer disso até porque o almoço que coube ao casal Sarkozy está no topo das cinco piores recordações alimentares que guardo da minha viagem a Comer o Mundo.
Perfect brownies (irresistíveis quadrados de chocolate)
Os brownies são uma criação americana realmente deliciosa e, como não podia deixar de ser, inevitavelmente calórica, como acontece com tantas sobremesas. Por isso, nada de abusar. O nome do doce deve-se à sua cor castanha; diz-se que a receita surgiu em 1892, na cidade de Chicago, mas só ganhou popularidade a partir dos anos 20, quando o chocolate se tornou mais acessível.
Ingredientes
- 115 g de chocolate de culinária
- 125 g de manteiga
- 4 ovos
- ½ c. de café de sal fino
- 2 chávenas de açúcar
- 1 chávena de farinha
- 1 chávena de nozes partidas
- 1 c. de sopa de manteiga
- papel vegetal
Para a cobertura
- 85 g de chocolate de culinária
- 2 c. de sopa de açúcar
- ½ c. de café de sal fino
- ½ chávena de leite
- 3 c. de sopa de manteiga
- ½ chávena de nozes partidas
Preparação
Derreta o chocolate e a manteiga. Bata os ovos até que dupliquem de volume e junte o sal e o açúcar; continue a bater, mas mais devagar. Adicione o chocolate e a manteiga derretidos e, logo a seguir, junte gradualmente a farinha. Por último, acrescente as nozes partidas. Coloque numa forma de fundo pequeno (30 cm x 23 cm x 2 cm) e leve ao forno a 180ºC durante 40 minutos. Enquanto espera que a massa de brownie coza, comece a preparar a cobertura: misture todos os ingredientes – chocolate, açúcar, sal fino, leite, manteiga e nozes partidas – até envolver bem. Quando o bolo estiver cozido, junte a cobertura e deixe arrefecer. Corte em cubos.
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