
Buenos Aires não tem uma arquitectura fantástica, uma quantidade apreciável de monumentos, jardins ou museus. Mas quase todos os que por aqui passam acabam conquistados pelas suas contradições. Um roteiro de viagem à surpreendente Buenos Aires, capital da Argentina.
O charme portenõ de Buenos Aires
Chegada a Buenos Aires, a primeira pergunta que fiz a um argentino (“onde fica a Plaza de Mayo?”) transformou-se num verdadeiro enigma para vários concidadãos, a quem o sujeito, ansioso por ajudar, punha a mesma questão. Até que um polícia decifrou a coisa: “ah, plaza de macho?”. Foi o meu primeiro contacto com o delicioso sotaque argentino. Qualquer coisa entre o castelhano e o português do Brasil.

Mas muitos mais contactos teria, já que os genes italianos dos porteños, os habitantes da cidade, parecem ter-lhes dado o dom da conversa. Sobretudo com estrangeiros, a quem gostam de se queixar do país. “Olhe, homem, eu só quero o café, não quero a chávena”, resmungava um cidadão anónimo na cafetaria, a piscar-nos o olho, escandalizando-se em voz alta com a carestia da vida, a falta de emprego e a desonestidade dos políticos.
Esta autocrítica social pareceu-me mais um gene português, e nunca entendi porque é que os porteños são apontados pelo resto da América do Sul como arrogantes. Uma chilena feroz disse-me mesmo que a melhor definição de ego que conhecia era “aquele argentinozito que todos temos dentro de nós”.
Descendentes de colonos e emigrantes dos quatro cantos da Europa, apontam a sua capital como a “Paris da América Latina”.
E é verdade que, com todas as suas diferenças – e são muitas – Buenos Aires impõem-se pelo seu charme, uma combinação do ambiente latino, bem visível nos cafés que nunca estão vazios e na preocupação posta nas roupas dos seus frequentadores, e da arquitectura, que vai do imensamente desmesurado ao mais caseiro e mimoso.
Senão vejamos: a Avenida 9 de Julho, onde fica o obelisco que celebra a sua fundação, é considerada a mais larga do mundo, e a rua Rivadavia a mais longa, com trinta quilómetros de comprimento.
Mas se visitarmos o bairro de San Telmo, com as suas varandas de ferro forjado e clubes de tango, ou o famoso bairro de La Boca, verdadeiro ex-líbris turístico, de casinhas de cores vivas, cujas ruas e cafés são frequentados por músicos e pintores, temos a impressão de estar numa outra cidade, mais pequena e acolhedora.
Finalmente descobri a Plaza de Mayo, ilha histórica numa cidade moderna: de um lado fica a Casa Rosada, o palácio presidencial de onde Evita falava aos seus descamisados; do outro fica o Cabildo, a antiga casa do governador colonial e, mais adiante, a catedral.
Esta praça foi palco das dolorosas manifestações de mulheres que procuravam os seus familiares, desaparecidos durante o regime militar, assistiu ao caos financeiro próximo da bancarrota, aos escândalos de corrupção e desaires no futebol. O seu ar pacato e provinciano é apenas mais um dos contrastes de Buenos Aires.
Guia para visitar Buenos Aires
Este é um guia prático para viagens a Buenos Aires, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e sugestões de atividades na capital argentina.
Quando viajar para Buenos Aires
No hemisfério Sul, o verão passa-se durante o nosso inverno e vice-versa, pelo que deve escolher a época em que deseja viajar em conformidade.
Como chegar a Buenos Aires
Não há voos directos de Portugal, sendo necessário fazer uma ligação através de Madrid, Paris, ou outra capital europeia. A Iberia tem, regra geral, os voos mais baratos, mas vale também a pena consultar a TAP, pois desde fevereiro de 2009 que a transportadora lusa voa para Buenos Aires em code-share com a TAM, via Rio de Janeiro, no Brasil.
Onde ficar
Entre todos os hotéis de Buenos Aires de gama alta, o Hotel Alvear Palace é considerado o melhor da cidade. Fica na Avenida Alvear, 1891 e o preço ronda os 300 € por noite. De resto, há muitas unidades pequenas e acolhedoras, especialmente no bairro San Telmo, como a Casantonio (Rua Perú 1017/21).
Pesquisar hotéis em Buenos Aires
Restaurantes em Buenos Aires
Os mais carnívoros estão felizes na Argentina: aqui assam-se as vacas inteiras e quase tudo leva carne. Abunda a comida italiana, da pizza aos raviolis, e há algumas especialidades locais, como as empanadas, espécie de rissóis com receios variados. O cafezinho é tão vulgar e levado a sério como cá. Restaurante Teatriz, 1220 Calle Rio Bamba. Confiteria Las Violetas, na Av. Rivadavia, 3899.
Informações úteis
A diferença horária em Buenos Aires é de menos 3 horas em relação a Portugal continental. Um Euro vale sensivelmente 5,2 pesos argentinos. Os cidadãos portugueses não necessitam de visto para entrar no país.
Seguro de viagem
A IATI Seguros tem um excelente seguro de viagem, que cobre COVID-19, não tem limite de idade e permite seguros multiviagem (incluindo viagens de longa duração) para qualquer destino do mundo. Para mim, são atualmente os melhores e mais completos seguros de viagem do mercado. Eu recomendo o IATI Estrela, que é o seguro que costumo fazer nas minhas viagens.