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Uma visita ao Bunk’Art, o bunker secreto do ditador Enver Hoxha

Por Filipe Morato Gomes
Entrada no Bunk'Art Tirana
Entrada principal no Bunk’Art

Os bunkers fazem parte da paisagem albanesa. Na verdade, estão um pouco por todo o lado. Durante o período em que o país foi governado pelo ditador Enver Hoxha, foram construídos na Albânia mais de 170 mil bunkers, a maior parte dos quais bastante pequenos e localizados nas montanhas do país. Não é engano: mais de 170 mil.

Ora, o mais importante desses abrigos subterrâneos ficava nos arredores de Tirana. O bunker oferecia proteção contra um potencial ataque nuclear e as suas dimensões eram tais que contemplava um anfiteatro para que os governantes pudessem reunir em caso de ataque. Atualmente encontra-se embrenhado na malha urbana da capital albanesa, a uma rápida viagem de autocarro do centro. Foi aí que o projeto Bunk’Art se instalou, em abril de 2016.

Visitar o Bunk’Art de Tirana

Túnel para Bunk'Art, Tirana
Túnel de acesso ao Bunk’Art, Tirana

Caminhando pelas ruas a caminho de Linze, arredores de Tirana, andava à procura da entrada para um bunker sem saber bem o que estava à procura. Não tinha visto fotos, reportagens, nada. Fora um viajante com quem me cruzei em Berat que me aconselhou o museu: “visitar o Bunk’Art foi a coisa mais interessante que fiz em Tirana”, disse-me. Anotei a ideia e uma semana depois ali estava eu, à porta de um túnel que me levaria ao desconhecido.

Atravessei o túnel em passo lento, enregelado pelo vento cortante que soprava em sentido contrário. Havia música tranquila ecoando nas paredes do túnel. Do outro lado, um edifício, alguns militares em conversas e gargalhadas, e um guichet para comprar bilhetes.

Informado para “seguir as indicações de Bunk’Art”, atravessei uma ladeira rodeada de verde e não deixei de reparar num carro de combate estacionado junto a um parque infantil. Adiante, a porta, pequena, do bunker de Enver Hoxha.

Visitar Bunk'Art
Porta de acesso à zona habitável do bunker

Antes de ser Bunk’Art, o edifício era apenas um bunker. Enorme. Uma espécie de palácio subterrâneo com cinco andares, mais de 100 divisões (incluindo aposentos para Enver Hoxha) e o tal parlamento. Foi inaugurado em 1978 pelo ditador comunista, mas nunca chegou a ser utilizado como refúgio.

Foi só em meados de 2016 que o sinistro bunker se transformou em museu. De memórias. De instalações vídeo. De arte. De fotografias e máscaras de gás. De sons, muitos sons. Era onde me encontrava.

Bunkart
Uma das salas do bunker

Percorri todas as salas e vi todos os vídeos e instalações multimédia. Emocionei-me com algumas, não compreendi outras, pouca atenção prestei a um par delas, mas nenhuma teve em mim um efeito tão aterrador como uma sala vazia. Completamente vazia. Estava escura, mesmo escura, e apenas se ouviam sons, nada mais, apenas sons e escuro, simulando ao longe um ataque militar. Trratatataaabuuum

Na escuridão completa, não aguentei muito tempo. Como se tivesse sido tomado por um medo completamente irracional e a única solução fosse abrir a porta e sair dali. Como acordar de um pesadelo. Foi o que fiz ao fim de alguns segundos.

Sim, o ambiente do Bunk’Art é frio e provocador.

Bunker de Enver Hoxha
Aposentos de Enver Hoxha, para serem usados em caso de ataque nuclear

Às tantas, chegou um pequeno grupo de estudantes albaneses, numa visita escolar organizada. É bom que se preservem as memórias. Porque, no fundo, o museu mostra a vida na Albânia durante 45 anos de comunismo, na esperança que os albaneses se reconciliem com a sua própria história, com o seu passado recente. Acredito que para os albaneses mais velhos não seja uma visita fácil. Para os turistas, é porventura a atração mais original da capital albanesa. Imperdível!

Veja também o roteiro de uma semana na Albânia.

Guia prático

Como chegar ao Bunk’Art

A forma mais barata de chegar ao Bunk’Art é ir até à rua Ludovik Shllaku, no centro de Tirana (perto da mesquita Et’hem Beu) e apanhar o autocarro urbano com destino a Linze. Peça ao cobrador para que ele lhe indique a paragem correta. A partir daí, terá de andar uns 300 ou 400 metros até à entrada do túnel de acesso ao Bunk’Art, através de um bairro residencial (pergunte, que os albaneses são muito solícitos).

Preço: 500LEK

Onde dormir

Não faltam opções de alojamento em Tirana, para todos os gostos e bolsas, mas a melhor opção é dormir no bairro Blloku. Como não tenho recomendação própria (fiquei num airbnb, noutra zona), investigue no link abaixo os melhores hotéis de Tirana a partir da opinião de milhares de hóspedes que neles pernoitaram.

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Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

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