Certo dia, Francisco Abrunhosa passou por uma aldeia e viu uma ruína. Parou, teve uma ideia, e assim nasceu a Casa de Gouvães. Uma casa típica transmontana numa encosta do vale do Douro, com ambiente familiar, inserida nas paisagem magníficas do Douro Vinhateiro. Visita à casa de turismo rural Casa de Gouvães.
Casa de Gouvães
Mal passa a vila do Pinhão, coração do Douro Vinhateiro, tem que atravessar a ponte romana sob o rio que batizou a vila, virar à direita e subir, subir, subir. Sobe em direção a Sabrosa e vira antes de lá chegar, subindo e seguindo as placas de Gouvães do Douro. Chegado à aldeia, espera-o uma casa com brasão junto à igreja matriz e várias janelas e varandas sobre um dos cenários mais bonitos do Norte de Portugal.
Subimos para perto de um dos cumes da Serra de S. Domingos e recebe-nos uma soberba amplitude panorâmica, com vinhedos e olivais a estenderem-se pelos vales do Douro e do Pinhão. E como falar da beleza da paisagem quando se está no Douro Vinhateiro é uma notória redundância, concentremo-nos no que nos reserva a Casa de Gouvães, dos muros para dentro.
E o que nos aguarda? Uma casa bem restaurada, com o xisto das paredes a brincar com o branco dos muros, recantos de conforto, bom gosto e aposta na qualidade. Uma casa com três quartos, varanda panorâmica em dois deles, e espaços comuns abundantes e bem equipados. No interior, sala de estar e jantar, cozinha, sala de leitura; no exterior, piscina, salão de jogos, patamares panorâmicos e zona de lazer e churrasco. Respeitando as tradições do lugar e a genuidade dos materiais, casando-os com a funcionalidade da arquitetura contemporânea.
A “culpa” é de Francisco Abrunhosa, 51 anos, responsável pela exploração turística da Casa de Gouvães. Foi ele quem, ao passar pela aldeia e ao ver a ruína da que foi uma casa de habitação típica de Trás-os-Montes, se deteve no local e imaginou o futuro respeitando o passado. Esse momento mudou, aliás, a sua vida. Abrunhosa, que durante anos foi administrador de um grupo industrial de brinquedos e metalomecânica, foi à procura de um investidor – a casa é de um casal de empresários franceses que vivem em Macau – fazer as obras e instalar-se na aldeia de Gouvães do Douro.
Comparar a casa actual com a ruína que as fotos documentam é uma tarefa ingrata – se não fosse a parede de uma casa vizinha que se mantém inalterada, éramos tentados a não acreditar que se trata do mesmo espaço. Só Francisco sabe exactamente o que o fez parar diante da ruína, mas dessa paragem nasceu na região duriense um alojamento de inegável qualidade.
Já há hotéis e quintas no Douro que permitem ao visitante ficar alojado no pulsar da atividade da região duriense. Mas a Casa de Gouvães não é apenas uma alternativa: é verdadeiramente complementar. Porque quer oferecer um ambiente familiar, mesmo que seja a primeira vez que está na região, e consegue-o.
Com todas as condições necessárias para os grupos que privilegiam o self-catering – a cozinha e a lavandaria estão equipadas com tudo o que é essencial e mais do que isso – a Casa de Gouvães não defrauda ainda quem pretenda não ter de decidir quem vai cozinhar ou o que vai ser servido para jantar. Sem sair do conforto da “sua” casa, poderá escolher no menu quais dos seis pratos quer experimentar. Na cozinha, uma tão competente quanto discreta cozinheira irá preparar a refeição para todos – o custo, por pessoa, com vinho e outras bebidas incluídas, é de 30 euros. Se os restantes pratos forem tão bons como o empadão de alheira com grelos que experimentámos, não há razão para sair de casa. Aliás, passa a ser obrigatório fazer pelo menos um serão destes.
Aberta há pouco mais de meio ano, e depois de obras que duraram um ano e meio, a casa de turismo rural de Gouvães do Douro é um perfeito ponto de chegada, se o objetivo é o repouso e o descanso, e um promissor ponto de partida para aventuras na região. Percursos pedestres, cruzeiros no Douro, passeios de comboio, visitas a quintas com provas de vinhos. E não precisa de se preocupar com documentação e itinerários: nas mesas e estantes da Casa de Gouvães não faltam sugestões e contactos para as muitas rotas que por ali abundam (rota do Vinho do Porto, das Aldeias Vinhateiras – a de Provesende fica a quatro quilómetros -, dos Miradouros, do Azeite, dos Castelos, de Cister).
Francisco Abrunhosa diz que há na região pelo menos mais dois locais em ruína que estão como que a pedir “conversa”. O Douro está cheio de sorte. E nós também.
Guia prático
Este é um pequeno guia com informação prática para planear a sua estadia na casa de turismo rural Casa de Gouvães.
Como chegar
Gouvães do Douro fica a 120 quilómetros do Porto. Para quem vai do Porto, os melhores acessos são a auto-estrada A4 e a IP4 até Vila Real; na A24 sair na Régua, passar a ponte sobre o Rio Douro e seguir pela EN222 até ao Pinhão. No final da vila, e após a ponte romana, surgem as placas a indicar a Casa de Gouvães.
Sugestões gastronómicas
Na região há restaurantes para todos os gostos. O requintado DOC, em Folgosa, e o menos formal “papas Zaide”, em Provesende. Neste último, experimente joelho de porca e não passe ao lado dos doces e compotas que servem junto com o café. Servem um divinal e caseiríssimo doce de vinho.
Seguro de viagem
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