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Apita o comboio num cruzeiro no Douro

Por Filipe Morato Gomes | Viagens Douro Europa Portugal Comboios Rios
Atualizado em 6.10.2021 | Tempo de leitura: 6 minutos

Cruzeiro no Douro
Cruzeiro no Douro

Apesar de ser natural do Porto e atualmente morar em Matosinhos, paredes-meias com a Invicta, nunca tinha feito um cruzeiro no Douro. Da mesma forma que me envergonho de (ainda) não conhecer o Salão Árabe do Palácio da Bolsa ou a Igreja de São Francisco – apesar de por lá passar vezes sem conta -, e de só muito recentemente ter pisado o topo da Muralha Fernandina nos Guindais! É triste, mas não deixa de ser “normal”: por vezes prestamos pouca atenção à nossa rua. Eu não sou exceção.

Mas isso está a mudar.

Recentemente, tenho olhado para o que me é próximo com mais atenção e, no que toca ao cruzeiro do Douro, já saldei essa dívida comigo mesmo.

Tinha, desde há sensivelmente um ano, um convite pendente para fazer um cruzeiro. Foi-me sugerido que o ideal seria navegar entre o Pocinho e a Régua, descendo o Rio Douro; não pesquisei muita informação, agendámos e, na manhã do dia combinado, rumei à Régua. Não sabia, por isso, o que esperar.

O ponto de encontro era a estação de caminhos-de-ferro da Régua, uma vez que a ida até ao Pocinho seria feita de comboio e só a descida do Rio Douro a bordo de um barco chamado Tomaz do Douro.

Assim que cheguei à estação, ouvi um indivíduo afirmar que tinha a seu cargo um grupo de 43 pessoas. Estremeci. Logo a seguir, recolhi os bilhetes de comboio das mãos da jovem Joana, a minha “guia” por um dia, onde se lia: “grupo de 83 pessoas”. Estava dado o mote para um cruzeiro menos bem escolhido para o género de viagens que gosto de fazer.

Azulejos na estação do Pocinho
Mural de azulejos na estação de caminhos-de-ferro do Pocinho

Cruzeiro no Douro: Pocinho – Régua

Eram 9:07 quando o comboio partiu da Régua rumo ao Pocinho. Pela janela, foram desfilando estações e apeadeiros com nomes como Pinhão, Tua, Alegria, Ferradosa ou Vargelas, quase sempre na companhia das águas tranquilas do Douro. Lá fora, a bela paisagem do Douro desfiava-se perante os meus olhos, mostrando-me o curso do rio onde haveria de navegar em sentido contrário.

Depois de uma viagem de cerca de hora e meia de comboio, quando cheguei ao Pocinho já a embarcação Tomaz do Douro me aguardava – a mim e às outras 82 pessoas – com alguns passageiros oriundos de Barca d’Alva a bordo.

O Tomaz do Douro é um barco de cruzeiros enorme – mais de 44 metros, bem maior do que eu imaginara -, pertença da homónima empresa; e é constituído por dois grandes salões de refeições e um agradável deck solar exterior. Sim, o barco era acima de tudo um restaurante flutuante, com dois pisos e capacidade para mais de trezentos passageiros.

Paisagem típica do Douro vinhateiro
Paisagem típica do Douro vinhateiro

Estava um belo dia de sol no Douro internacional e, por isso, desfrutei do deck debaixo de um sol inclemente. Desde logo para apreciar o momento da passagem na primeira de três eclusas que ultrapassámos – Pocinho, Valeira e Bagaúste -, processos engenhosos que, em cerca de meia hora, colocavam o Tomaz do Douro trinta ou mais metros abaixo do nível inicial.

Para lá do leito do rio, a paisagem do Douro em nada me desiludiu. Sou um frequentador assíduo da região, mas não é comum passar a montante da Régua, até porque tenho familiares oriundos da zona de Mesão Frio e esse acaba por ser o epicentro das minhas viagens pelo Douro.

Mas, no chamado Douro Internacional, a variedade da paisagem é ainda mais acentuada, contando com desfiladeiros íngremes entrecortados com as tradicionais encostas transformadas por mão humana em socalcos com vinhas, que a UNESCO classificou como Património Mundial e de onde sai a preciosa matéria-prima para produzir o afamado Vinho do Porto.

Sim, é verdade: a paisagem duriense é encantadora. Mas naquele gigante dos rios e ao som de “boys, boys, boys” foi para mim difícil sentir grande proximidade com a Natureza.

Embarcação Tomaz do Douro
Passageiros no deck exterior da embarcação Tomaz do Douro

Pouco depois do meio-dia, chamaram os passageiros para o almoço, que decorreu de forma tranquila embora demorada, com boa comida (sopa, lombo assado com arroz, batatas assadas e legumes salteados, seguido de bolo de chocolate que dispensei em troca por uma peça de fruta). Tinha-me sido destinada uma mesa no salão do primeiro piso. Nas colunas, para além de Sabrina e seus “boys”, passei a ouvir “Viva la España”, “Cielito lindo” e outras melodias do género, e não tardou que o piso inferior fosse invadido por casais de provecta idade a dançar ao som de um sintetizador e de um cantor trauteando “apita o comboio, lá vai a apitar“, “põe a mão na cabecinha” e “ai se eu te pego”.

A bordo da embarcação estava um ambiente extraordinário para um casamento. Ou, melhor ainda, para uma festa de aldeia, daquelas com música pimba pela voz de um “conjunto”, gente a bailar, cheiro a suor, muito tinto carrascão, febras na brasa e gente simples e genuína, incluindo um ou outro emigrante com colunas aos berros no seu carro preparado com o melhor do tunning.

Aí, numa festa de aldeia, tudo teria feito sentido e eu teria adorado – porque nada me dá mais prazer em viagem que interagir com os habitantes dos lugares que visito, sentar-me para dois dedos de conversa, viver os lugares e não apenas vê-los. Mas, de um cruzeiro no Douro, esperava outra coisa.

Tal como não esperava que os empregados retirassem da mesa, sem nada dizer, uma garrafa de vinho e outra de litro e meio de água, ambas mais de meio cheias, com o objetivo de tentar obrigar os passageiros a pagar para beber a água (ou o vinho) que lhes foi retirada: “a partir de agora, só pagando”.

Pinhão, Douro
Passagem pelo Pinhão

Apesar de tudo, a maioria dos passageiros – espanhóis e portugueses – parecia estar a divertir-se e a gostar do passeio, pelo que este género de cruzeiros tem o seu público. Apenas um outro casal, viajando sozinho, parecia surpreso como eu.

Talvez tenham sentido, como eu senti, inveja das pequenas embarcações com que me cruzei no Rio Douro, com uma dúzia de pessoas a bordo, ambiente relaxado e sem Roberto Leal nas colunas. Sim, há seguramente cruzeiros no Douro para mim. Mais pequenos, com menos “folclore”, sem chico-espertice e em contacto mais próximo com a natureza.

Culpa minha que não fiz o trabalho de casa, não pesquisei, não planeei. Mas agora já sei: para a próxima terei de escolher uma embarcação à medida de um viajante que prefere a simplicidade, um ambiente acolhedor e discreto propício ao desfrute da paisagem – e não um ambiente de casamento.

Porque a região do Douro é absolutamente fantástica e merece ser visitada uma e outra vez; de carro, de comboio e de barco. Por mim, por si, por toda a gente. Muitas vezes!

Moral da história? Faça um cruzeiro no Douro, que vale a pena, mas escolha um que tenha a sua cara.

Tours no Douro

Caso prefira viajar de forma mais organizada, saiba que existem bons programas de viagem ao Douro Vinhateiro com saída do Porto. Regra geral, os melhores tours no Douro incluem visita a adegas vinícolas (com prova de vinhos), cruzeiro de uma hora no rio Douro e um “almoço típico” português. Deixo três excelentes opções para conhecer o Douro num tour de qualidade:

  • Do Porto: viagem de vinho de um dia ao Vale do Douro
  • Excursão de Vinhos no Douro com Almoço e Cruzeiro
  • Porto: Excursão pelo Vale do Douro c/ Vinhos, Barco e Almoço

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Viajei a convite da Cruzeiros no Douro, que comercializa uma vasta oferta de cruzeiros de operadores como a Tomaz do Douro.

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Sobre o autor

Filipe Morato Gomes, blogger de viagens

Olá! O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, sou blogger de viagens, co-autor do projeto Hotelandia e Presidente da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses.

Tenho 52 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e fui líder de viagens de aventura.

Mais recentemente, abracei um novo desafio chamado Rostos da Aldeia, onde se contam histórias positivas sobre as aldeias de Portugal e quem nelas habita.

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