Destino: Ásia » Tailândia » Koh Samet

As Mãos de Génio dos Massagistas Tailandeses (VM #23)

Por Filipe Morato Gomes
Koh Samet, Tailândia
Praia em Koh Samet, Tailândia

Passo algum tempo na mega cidade de Bangkok, Tailândia, onde assisto ao festival da lua cheia, nas proximidades do gueto mochileiro de Khao San Road. Mas não demoro a seguir para a ilha de Samet, onde me entrego aos cuidados de uma massagista tailandesa. Sem malandrices…

Deixei o Camboja com a sensação de que haveria bastante mais para assimilar sobre a terrível história recente daquele país e sobre o seu povo indulgente. Mas decidi prosseguir viagem em direcção à Tailândia. Onze horas depois de me sentar numa carrinha de passageiros haveria de chegar a Bangkok, bem a tempo de assistir ao festival da lua cheia que nessa noite tinha lugar.

O maior Buda reclinado da Tailândia, no templo de Pho, Banguecoque, Tailândia
O maior Buda reclinado da Tailândia, no templo de Pho, Bangkok

Encontrei uma cidade profusamente iluminada, milhares de pessoas acotovelando-se na rua tal e qual um normal S. João tripeiro. Pequenos arranjos florais embrulhados em folhas de bananeira contendo velas, incensos e uma moeda eram lançados ao rio. Toda a cidade estava em festa, as pessoas alegres, os comerciantes sorridentes. Não poderia ter escolhido melhor forma para rapidamente esquecer os solavancos de tantas horas na estrada.

Feliz pela oportunidade de desenferrujar o português percorri sem destino definido, com um recém-amigo brasileiro, as margens do Rio Chao Phraya e as ruas em redor de Khao San Road – o mais famoso, amado e odiado gueto de viajantes independentes em todo o mundo. Nas ruas, por entre a multidão de transeuntes, algo bastante anormal era possível observar. Homens barrigudos, velhos, se não no espírito pelo menos na idade, a pele branca a denunciar a sua origem europeia, seguiam invariavelmente acompanhados mão na mão por belas, jovens e atraentes tailandesas. Nada que eu não soubesse de antemão. Mas ver as suas faces de galantes conquistadores ao lado de quem procurará tão-somente a oportunidade de uma vida melhor não é uma visão de todo agradável. Involuntariamente, acabaria por seguir dias depois para um popular refúgio onde muitos desses casais se dedicam, digamos, ao amor: a ilha Samet, a escassas quatro horas de viagem de Bangkok.

Praia de Phutsa, Koh Samet, Tailândia
Praia de Phutsa, Koh Samet, Tailândia

Koh Samet é uma pequena ilha de apenas treze quilómetros quadrados. Mas está convenientemente localizada para quem vive na capital tailandesa. Não consta que as suas praias rivalizem em beleza com as do sul da Tailândia mas, ainda assim, Samet é um local que justifica um par de dias de atenção. Seja pelas águas tépidas e cristalinas ou pela atmosfera acolhedora dos bungalows que se espraiam pelas diversas baías da costa leste da ilha. Ou seja ainda pela intimidade de um jantar à luz tosca de um candeeiro a petróleo em pleno areal. E, claro, pela oportunidade de sentir no corpo as mãos de génio de mulheres e homens que se dedicam à milenar arte da massagem tailandesa e que, em Samet, colocam à disposição dos visitantes todo o seu talento. Não podia deixar de experimentar.

Deitado no areal da praia de Phutsa, protegido pela sombra de uma palmeira, acabaria dormitando não fora um ou outro esporádico movimento a roçar o doloroso. A massagista usava maioritariamente as mãos para executar o seu ofício. Mas também os braços, os cotovelos, as pernas e os pés. Em movimentos nem sempre agradáveis e indolores. Mas dois euros e trinta minutos depois, o meu corpo como que parecia rejuvenescido e até uma pequena dor muscular havia desaparecido. Excepcional.

De volta a Bangkok, preparo-me agora para rumar a norte e saciar a vontade de conhecer o modo de vida de algumas minorias étnicas que habitam aquela região da Tailândia. Depois de uma experiência similar no noroeste do Vietname, sei que valerá a pena. Entro num autocarro a cair de podre e apronto-me para outra noite de desconforto.

Livro Alma de ViajanteEsta é a capa do livro «Alma de Viajante», que contém as crónicas de uma viagem com 14 meses de duração - a maioria das quais publicada no suplemento Fugas do jornal Público. É uma obra de 208 páginas em papel couché, que conta com um design gráfico elegante e atrativo, e uma seleção de belíssimas fotografias tiradas durante a volta ao mundo. O livro está esgotado nas livrarias, mas eu ofereço-o em formato ebook, gratuitamente, a todos os subscritores da newsletter.

SUBSCREVER NEWSLETTER

Filipe Morato Gomes

Autor do blog de viagens Alma de Viajante e fundador da ABVP - Associação de Bloggers de Viagem Portugueses, já deu duas voltas ao mundo - uma das quais em família -, fez centenas de viagens independentes e tem, por tudo isso, muita experiência de viagem acumulada. Gosta de pessoas, vinho tinto e açaí.

Deixe um comentário