Na encruzilhada geográfica entre a Europa Central e os Balcãs, a Eslovénia é uma constante surpresa para os sentidos. A sua minúscula capital, Ljubljana, cidade de gente jovem, bonita e extrovertida, encanta pela sua pequenez cosmopolita, pela monumental arquitectura do seu centro histórico, pelo charme discreto das suas ruas e, acima de tudo, pela amabilidade das suas gentes. Mais a norte, em plenos Alpes Julianos, o Lago Bled é um daqueles édenes paisagísticos com que a Natureza brindou a Humanidade.
Eslovénia, elegância em miniatura
Não há dúvida de que a Eslovénia está cada vez mais moderna e desenvolvida mas, felizmente, não perdeu o carácter intimista de uma pequena vila habitada por gente simples e hospitaleira. É um país de florestas e vales, de lagos e vinhedos, de muito verde e alguma montanha, e possuindo uma pequena linha de costa que o impede de ficar sem contacto com o azul do Mar Adriático.
Como não poderia deixar de ser, começámos a viagem pelo charme irresistível da capital Ljubljana. É uma urbe elegante mas pequena, muito pequena, de tal forma que está tudo à mão num perímetro reduzido, e facilmente se conseguem visitar, a pé, as distintas zonas de interesse da cidade.
Na verdade, tudo em Ljubljana roda em torno da Tromostovje, a “ponte tripla” sobre o Rio Ljubljanica, que marca simbolicamente o centro histórico e une o agitado mercado de produtos do campo, de um lado do rio, à pacata Praça Preserev, do outro, assim chamada em honra de France Preserev, um herói nacional e maior poeta esloveno de todos os tempos.
Mesmo o imponente Castelo de Ljubljana, uma das principais atracções e visita imperdível para quem se desloque à cidade, fica muito próximo da “ponte tripla”, numa pequena colina que é preciso galgar tranquilamente. É um passeio curto e agradável, sem ser demasiado exigente, e cuja recompensa é colossal. Lá no alto, do topo da torre do castelo, uma vista ampla e deslumbrante sobre Ljubljana aguarda o viajante. Mesmo sob o calor abrasador de uma tarde de Verão, a panorâmica torna a caminhada, por si só, plenamente justificada.
Ljubljana, quando o velho encontra o novo
Agradados com o ambiente, deixámo-nos ficar em Ljubljana. Descobrimos uma cidade jovem, marcada pela alegria e irreverência dos seus habitantes, enriquecida com a presença de milhares de estudantes que frequentam a sua afamada universidade.
Há uma vida social muito activa nos espaços públicos e cafés da cidade e esse é um dos aspectos que mais nos fascinou em Ljubljana. Os cafés fazem as delícias de locais e viajantes, de tal forma que é um enorme prazer vaguear de esplanada em esplanada, horas a fio, observando o quotidiano citadino de Ljubljana e conversando com os eslovenos sempre amáveis, descontraídos, extrovertidos. Numa palavra, Ljubljana é uma cidade viva.
De regresso ao empedrado das artérias citadinas, é notório que a arquitectura da pequena capital se afigura elegante e monumental, abrilhantada com belos edifícios Art Noveau que a fazem rivalizar em encanto com cidades bem mais conhecidas dos turistas europeus, como Cracóvia, na Polónia, Viena, na vizinha Áustria, ou mesmo a super estrela do turismo de massas, Praga, na República Checa.
E é precisamente no interior desses edifícios que surgem as mais imprevisíveis descobertas. Sem que, muitas vezes, as fachadas o denunciem, encontram-se espaços com extraordinário bom gosto, surpreendente modernidade e perfeita sintonia entre tradição e design contemporâneo. Há que ser curioso, espreitar, entrar. Alguns espaços são intimistas e discretos, como diversas casas de chá que pululam na cidade, outros de design branco e minimalista como o delicioso Café Minimal, ou coloridos e extravagantes como tantos outros bares, mas sempre cheios de vida e caras bonitas.
Lago Bled, beleza pura nos Alpes Julianos
Depois de alguns dias a absorver o ambiente da capital, rumámos a uma das maiores atracções turísticas da Eslovénia. São os próprios eslovenos que o afirmam. São eles, aliás, que povoam as margens do Lago Bled em tempo de Verão, que alugam os pequenos barcos para passeios nas águas calmas do lago, que fazem corridas pelas trilhas marcadas nas florestas envolventes, que arrendam as casas particulares dos habitantes rurais da região.
Encontrei turistas estrangeiros, com certeza – italianos, por exemplo -, mas parece óbvio que a Eslovénia continua afastada do turismo massificado que, todos os Verões, leva milhões de europeus a procurarem paraísos tropicais ou as águas transparentes do Mar Adriático, ou ainda grandes cidades europeias como Barcelona, Roma ou Paris. Melhor assim, diz quem escolhe a região de Bled para passar férias.
Bled – o lago e a homónima povoação – fica apenas a algumas dezenas de quilómetros a norte da capital, o que torna a região ideal quer para visitas de um dia, tendo por base a capital, quer para estadas mais demoradas que permitam apreciar convenientemente as belas paisagens que rodeiam o lago.
No caminho entre Ljubljana e Bled, passa-se pelos aglomerados urbanos de Skofia Loka e Kranj, por planícies verdejantes e campos de cultivo e, já próximo do destino, começa a avistar-se, imponente, o topo dos quase 2.900 metros de altitude do Monte Triglav. É ele que dá o nome ao Parque Natural que existe na região, e cujos limites vamos percorrendo até nos abeirarmos, por fim, das margens do belíssimo Lago Bled.
Ao chegar, encontramo-nos já nos Alpes Julianos, no extremo Noroeste da Eslovénia, de tal forma que vemos a Áustria à nossa frente e sentimos o cheiro da Itália ao nosso lado. Curioso: ainda ontem nos sentávamos num bar com pessoas vestidas com a mais lasciva das modas e agora aqui estamos num espaço totalmente rural, em frente a um lago com vista para um pico branco de neve. Assim é a Eslovénia: pequena, variada e surpreendente.
Passeámos pelo lago num pequeno barco a remos, numa experiência tranquila e retemperadora, até que, ao entardecer, se ilumina o Castelo de Bled. Um misto de azuis, amarelos e laranjas invade a objectiva da máquina fotográfica na escuridão da noite alpina, num espectáculo reflectido milimetricamente nas águas silenciosas do lago.
O dia seguinte acorda quente e tranquilo, e sentimos que poderíamos ficar muito mais tempo caminhando pelas florestas, subindo as encostas do Triglav ou, simplesmente, desfrutando das águas tranquilas do Lago Bled. Os nossos anfitriões servem uma sopa de cogumelos que perdurará na memória para a eternidade. É tempo de partir, antes que o desejo de ficar se torne insuperável.
Despedida gastronómica de Ljubljana
Regressámos a Ljubljana a tempo de provar outras iguarias da gastronomia local, antes de continuar viagem para outras regiões do país. A oferta de restauração é vasta e variada, mas há um local que qualquer viajante de passagem pela capital não pode perder.
Trata-se do Restaurante Sokol, recomendado quer por eslovenos quer pelos guias de viagem, e onde se pode apreciar típica gastronomia eslovena, com qualidade e bom gosto a preços aceitáveis. Foi o que fizemos, uma e outra vez, em refeições inatacáveis num ambiente acolhedor. De estômago retemperado, despeço-me de Ljubljana, satisfeito. Com as vivências da viagem, com a elegância em ponto pequeno da Eslovénia, com o seu povo hospitaleiro.
Guia de viagens a Ljubljana
Este é um guia prático para viagens a Ljubljana, capital da Eslovénia, e ao Lago Bled, com informações sobre a melhor época para visitar, como chegar, pontos turísticos, os melhores hotéis e actividades na região.
Quando ir
O Inverno não é de todo aconselhado por causa do frio intenso que se abate sobre a Eslovénia (principalmente em Triglav, região do Lago Bled) e o pico do Verão pode ser demasiado quente para a visita ser prazenteira. Junho e Setembro são meses intermédios, com condições meteorológicas aprazíveis e sem as enchentes turísticas do mês de Agosto.
Como chegar a Ljubljana
Não existem voos directos entre Portugal e a Eslovénia, mas a easyJet opera entre Lisboa e Ljubljana, com ligação em Londres (há que mudar de aeroporto), a preços que podem rondar os 150€. Como sempre sucede com as companhias low cost, quanto mais cedo reservar, maiores as probabilidades de conseguir tarifas baratas. Alternativamente, a Lufthansa voa entre Portugal e a Eslovénia por cerca de 400€, com escala em Munique.
Onde ficar
Em Ljubljana, o Lev Intercontinental Hotel (Vosnjakova 1) é a opção mais luxuosa e o único hotel de cinco estrelas da cidade – para quem quiser desembolsar mais de 120 euros por noite. O Hotel Park (Tabor 9), de duas estrelas, fica localizado numa área verde da cidade, a poucos minutos a pé do centro histórico. Possui 155 quartos bem equipados com preços a rondar os 60 euros. Por fim, o Alibi Hostel Ljubljana (Cankarjevo nabrezje, 27) é uma alternativa económica no coração da cidade. Proporciona uma localização perfeita, no centro histórico de Ljubljana, por preços a partir de 20 euros por cama, em quarto partilhado.
Em Bled, o Hotel Golf, de quatro estrelas, oferece uma localização privilegiada com magníficas vistas sobre o Lago Bled. O hotel tem 150 quartos com preços desde 115 euros. Nesta região, existem também muitas famílias que alugam quartos privados ou transformaram as suas habitações em pequenas pousadas. Vale a pena procurar se o objectivo for evitar os hotéis, ter um contacto mais próximo com os habitantes locais ou, simplesmente, poupar dinheiro.
Restaurantes e casas de chá de Ljubljana
O Restaurante Sokol (Ciril Metodov trg, 18) é, sem dúvida, ponto de paragem obrigatório para quem quer que visite a capital eslovena. Montado num espaço tradicional e acolhedor, oferece aos comensais uma gastronomia cuidada e saborosa, de que são exemplos as sopas tradicionais servidas em malgas de pão. O gulash é igualmente delicioso. O Cabernet Sauvignon servido a jarro no Sokol é outra boa surpresa. Tem espaço online em www.gostilna-sokol.com.
Durante as tardes na cidade, vale bem a pena percorrer as ruas do centro histórico e entrar à descoberta nos cafés e casas de chá, e absorver os ambientes estimulantes desses espaços urbanos de convívio. Não se recomenda nenhum em particular, o melhor é mesmo a surpresa da descoberta. O referido Café Minimal é um desses exemplos.
O que visitar em Ljubljana e no Lago Bled
Não deixe de visitar o Castelo de Ljubljana, quiçá a principal atracção turística da cidade. O Mercado Central, desenhado pelo arquitecto Joze Plecnik, com os seus produtos frescos é, igualmente, de visita obrigatória, bem como a “ponte tripla” (Tromostovje) cuja estrutura arquitectónica merece especial atenção. Um passeio de barco pelo Rio Ljubljanica é outra excelente opção para um fim de tarde bem passado. De resto, todo o centro histórico convida a passeatas sem destino previamente definido, à descoberta da cidade.
Em Bled, o homónimo lago é o centro nevrálgico de qualquer visita. Percorrer as suas margens, alugar um barco e remar nas suas águas, efectuar trekkings nas encostas envolventes ou visitar o imponente castelo sobranceiro ao lago são algumas das possibilidades ao dispor do viajante. Para os mais afoitos, o Monte Triglav está mesmo ali ao lado…
Informações úteis
A Eslovénia é membro da União Europeia. Os viajantes de nacionalidade portuguesa não precisam de qualquer visto para permanecer no país por um período inferior a 90 dias. O idioma oficial é o esloveno, mas não terá qualquer dificuldade em encontrar quem fale inglês, especialmente entre a população mais jovem. A moeda oficial da Eslovénia é o Euro desde o início de 2007. Existem caixas automáticas (ATM) com abundância.
Seguro de viagem
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Excelente post! Super completo e informativo. Gostei muito e vai ajudar minha viajar daqui alguns dias
Olaaaaa, estou adorando o blog!!! To lendo tudo!! Mas tenho uma dúvida…. Tem como ir de ônibus até o lago? Fico 2 dias na cidade. Grata