Visitar Ghent a partir de Bruxelas? Ou será melhor Bruges ou Antuérpia? Esta foi a primeira decisão que tive de tomar após um dia passado em Bruxelas com a minha filha Inês. Estávamos inclinados a começar por Bruges mas uma muito agradável preguiça matinal em dia de chuva atrasou-nos a saída de casa. Avaliadas as opções, decidimos ir conhecer Ghent, o destino mais próximo de Bruxelas.
Capital da província de Flandres Oriental, Ghent é uma cidade portuária localizada na confluência dos rios Lys (ou Leie) e Scheldt. Foi, em tempos, uma das mais prósperas cidades da Europa. Hoje em dia, é fundamentalmente uma cidade universitária, de média dimensão; uma espécie de centro cultural da Flandres. E isso é bom.
Ora, se de Bruges dizem ser uma espécie de museu a céu aberto, com o seu bem cuidado centro histórico incluído na lista de Património da Humanidade da Bélgica, já de Ghent dizem ser, acima de tudo, uma cidade vibrante e cheia de vida, precisamente por culpa da grande comunidade estudantil que nela habita.
Estava, pois, deveras curioso para visitar Ghent.
Roteiro de um dia em Ghent (ida e volta a partir de Bruxelas)
Belfort
Depois de apanhar um elétrico até ao centro da cidade [ver guia prático], começámos o nosso roteiro em Ghent subindo ao topo de Belfort, o Campanário de Ghent.
Trata-se do símbolo da autonomia e independência da cidade de Ghent, e a sua construção teve início no longínquo ano de 1313. É, pois, um monumento de grande relevância simbólica e histórica para a cidade, cuja visita recomendo.
A subida fez-se em duas fases, primeiro uma escadaria em caracol; depois um elevador. Pouco depois, estava no topo de uma das três torres medievais existentes no centro de Ghent. Lá em cima estava frio e muito vento, mas a vista a 360 graus permitia observar todo o centro histórico da cidade. Valeu a pena.
Rua Botermarkt
Optámos por não visitar nem a Catedral de São Bavão, nem a imponente Igreja de São Nicolau. Talvez tenha sido um erro não o fazer mas, honestamente, apetecia-nos rua!
Sem roteiro em Ghent definido, seguimos por instinto pela Rua Botermarkt. Uma centena de metros adiante, demos de caras com um pequeno food court de comida de rua num dos mercados de Natal de Ghent. Como estávamos já com alguma fome, foi mesmo ali que almoçámos. Nada de muito elaborado, mas saboroso e rápido: noodles de inspiração indonésia, seguidos do inevitável waffle belga na barraquinha vizinha.
Bairros de Graslei e Korenlei
O histórico bairro de Graslei é tido como o mais bonito de Ghent. Explorámos o bairro, tranquilamente, antes de seguirmos em direção à ponte Saint Michel.
Na margem oposta do Rio Lys fica o bairro Korenlei. Ora, a “rua” que os divide é, aos meus olhos, uma das mais emblemáticas e bonitas ruas de Ghent. É, na verdade, um canal, com vias pedonais em ambas as margens, que vale a pena contemplar. Havia alguns – poucos! – turistas, mas o que mais me chamou a atenção foram os grupos de jovens estudantes que usavam as margens do rio para conviverem, sentados no chão ou nas escadarias, com comida, bebida, música e gargalhadas.
Haveríamos de ali voltar para apanhar um barco para explorar os canais da cidade.
Bairro Kraanlei
Logo a seguir, passámos junto ao Museu do Design de Ghent e, tivéssemos mais tempo, teríamos entrado. Uma vez mais, optámos por andar na rua a explorar e sentir o ambiente de Ghent. E ainda bem que o fizemos.
Já aqui escrevi que não tínhamos nem plano nem roteiro definido. Ao invés, fomos andando ao sabor do vento, virando pelas ruas que mais nos chamavam a atenção. Sabia, no entanto, que queria conhecer o Castelo de Gravensteen e, assim que vimos a sua silhueta quando passeávamos algures no bairro de Kraanlei, tratámos de caminhar na sua direção.
Castelo de Gravensteen
O Castelo de Gravensteen é verdadeiramente imponente e marca toda a paisagem urbana de Ghent. Consta que anteriormente ali teria havido um castelo de madeira mais antigo, mas a origem do castelo que hoje se pode visitar em Ghent data de finais do século XII. E é magnífico!
Passeio de barco
Não estava muito virado para fazer o passeio de barco em Ghent. Mas a minha filha estava com vontade e, como era uma viagem a dois, havia que arranjar compromissos. Por norma prefiro andar a pé mas acabei por concordar.
Depois de termos parado meia hora numa esplanada a descansar, tomar uma bebida quente e fazer horas para o início do passeio de barco, dirigimo-nos até junto à ponte Grasbrug. Era de lá que partia o barco em que tínhamos decidido fazer o passeio.
À hora marcada, arrancámos. Percorremos alguns dos canais conduzidos por um belga simpático e bem-humorado; mas as piadas que foi dizendo pareceram tudo menos espontâneas. Ainda assim – e apesar do frio -, passámos 45 minutos relativamente agradáveis nos canais do Rio Lys.
Foi a forma de ver Ghent de outra perspectiva.
Mercados de Natal em Ghent
O principal objetivo da viagem à Bélgica era conhecer os mercados de Natal de Bruxelas; e, se possível, complementar com os de Bruges e Ghent. Foi o que fizemos.
Nas artérias em redor da Igreja de São Nicolau havia várias bancas de rua vendendo comes e bebes, roupas e artesanato; era um mercado semelhante ao que tínhamos visto, por exemplo, na praça Sainte Catherine, em Bruxelas (embora mais pequeno). Explorámos as redondezas, vimos o mercado, comemos mais um waffle e, já com a noite a pintar os céus de azul-escuro, dissemos adeus ao centro histórico de Ghent e rumámos à estação de comboios.
O roteiro de um dia em Ghent chegava ao fim. Contas feitas, apesar do início tardio, valeu muito a pena. A Inês adorou!
Dicas para visitar Ghent
Transportes em Ghent e como chegar
A forma mais prática de chegar a Ghent desde Bruxelas é de comboio, a partir da Estação Central ou Bruxelas Midi. Uma viagem de ida custou-me 9,20€, comprada nas máquinas automáticas. As crianças até aos 12 anos não pagam (não cometa o meu erro, que comprei bilhete para a minha filha de 10).
Uma vez chegado a Ghent, o centro histórico fica a pouco mais de 2km de distância, pelo que pode ir a pé. Recomendo, no entanto, que poupe essas energias apanhando um elétrico. Eu usei o tram número 1; apanhei-o em frente à estação de comboios, e saí junto à Igreja de São Nicolau.
Na zona exterior da estação de comboios há duas máquinas automáticas que permitem comprar bilhetes para o tram. Custa 3€ por viagem, mas fica mais barato do que comprar a bordo.
Estando no centro de Ghent, optei por andar sempre a pé. A cidade é facilmente visitada caminhando, mas alugar uma bicicleta poderia também ter sido uma boa ideia.
Onde ficar em Ghent
Há quem defenda que Ghent é a cidade ideal para montar a sua base e explorar a Bélgica, uma vez que fica a meio caminho entre Bruges e Bruxelas. Eu não fiquei alojado na cidade mas tinha pesquisado hotéis caso isso acontecesse. Eis as minhas recomendações sobre onde ficar em Ghent.
Para quem procura hotéis baratos, o De Draecke Hostel e Breadpoint são, muito provavelmente, as melhores escolhas em termos de localização, conforto e preço. Entre os hotéis padronizados mas sem erro e preço médio, aposte no NH Gent Belfort ou no Ibis Gent Centrum St. Baafs Kathedraal. Não são o meu estilo preferido de hotel, mas cumprem a função na perfeição e não são caros.
Se, por outro lado, procura conforto num ambiente histórico, é difícil resistir ao hotel 1898 The Post. Fica no antigo edifício dos correios de Ghent, numa localização perfeita para explorar a cidade. Não é barato, mas vale a pena. Por fim, se está disposto a pagar mesmo bem para ficar num luxuoso hotel de cinco estrelas, o Ghent Marriott Hotel é provavelmente a melhor opção.
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