Decidi visitar a Bélgica na semana antes do Natal, com o objetivo específico de conhecer os mercados de Natal em Bruxelas. Era uma viagem a dois, com a minha filha de 10 anos, que andava há algum tempo a pedir para viajarmos “só os dois”. E assim foi.
No planeamento da escapadinha de três dias, aventei a possibilidade de ir conhecer também os mercados de Natal de Bruges e de Ghent mas, devido a uma greve geral e alguma preguiça provocada pelo intenso frio e pela casa acolhedora de uma amiga a viver em Bruxelas, acabei por restringir a viagem a Bruxelas e Ghent.
Centremo-nos, por agora, nos mercados de Natal em Bruxelas, que era um dos objetivos principais da viagem.
Waffles e vinho quente nos Mercados de Natal de Bruxelas
Cheguei ao início da tarde a casa da minha amiga Susana. Ficámos na conversa, deixámos a tarde chegar a meio e, já com a perspetiva de encontrar os mercados de Natal de Bruxelas iluminados, fomos para o centro da cidade.
Como não tinha pesquisado muito a respeito, imaginava que o principal e mais interessante mercado de Natal estaria na Grand Place. Erro crasso. Felizmente, a Susana sugeriu que seguíssemos de metro até à praça de Sainte Catherine (às vezes é bom viajar ao sabor do vento; mas também é bom saber o que fazer).
Lá chegados, e à medida que a escada rolante de acesso ao metro ia revelando o ambiente do mercado de Natal, dois sorrisos foram-se abrindo nos nossos rostos. Olhei para a minha filha e ela estava radiante. Eu também. Aquela primeira impressão foi o mote perfeito para o que viria a ser a nossa curta passagem por Bruxelas. A dois.
Sem pressas, fomos percorrendo todo o mercado. Era domingo e, por isso, havia muita gente na rua. O mercado de Natal estava à pinha e não era fácil caminhar.
Entre as várias bancas, a primeira a chamar a minha atenção foi uma que vendia candeeiros muito alegres, de mil cores e feitios. Depois, uma de grinaldas igualmente multicoloridas. E uma que vendia queijo e chocolate. Até que vimos, finalmente, os tão desejados waffles (ou gaufres, em francês). Não resistimos, ambos, e ficámos desde aí conquistados pela iguaria (haveríamos de comer vários waffles nos dias seguintes).
Ao fundo, havia uma roda gigante, mas não fomos. A nossa atenção estava mais virada para os crepes, os waffles e o vinho quente.
Saciada a curiosidade em Sainte Catherine, continuámos a percorrer as ruas de Bruxelas em direção à Grand Place. O frio era intenso, mas tínhamos vontade de conhecer outros mercados de Natal. Foi quando descobri que cada praça ou rua do centro de Bruxelas alberga o seu próprio mercado de Natal. E isso transforma o coração da capital belga num contínuo jogo de luzes e barraquinhas com gente, cheiro a waffles e, claro, a vinho quente.
Naturalmente, depois dos waffles degustados na praça Sainte Catherine, faltava ainda provar o vinho quente. Foi numa barraquinha de rua, precisamente algures entre Sainte Catherine e a Grand Place. Bebi, aqueci e não desgostei; mas também não fiquei arrebatado pelo sabor. Valeu, isso sim, a experiência, apesar da minha filha ir congelando, parada, enquanto eu aquecia as entranhas com o vin chaud.
Por esta altura do ano, há espetáculo de som e luzes que anima a Grand Place de Bruxelas, bem perto de onde nos encontrávamos. Estava a acabar de beber o vinho quente quando me apercebi que faltavam poucos minutos para o seu início e, como sei que a minha filha gosta destas coisas, propus apressarmos o passo para vermos o show.
A praça estava pejada de gente; eram maioritariamente turistas estrangeiros, mas não só. Um casal rodopiou, por longos minutos, num intenso e apaixonado beijo. Outros permaneciam de pescoço curvado, olhando o edifício da Câmara Municipal de Bruxelas mudar de cor com as projeções. Turistas com selfie sticks registavam o momento. Havia algum burburinho e excitação. A minha filha, essa, sentou-se na cadeira de uma esplanada e ficou a observar. E a filmar. E eu fui fotografar a escuridão iluminada da Grand Place.
Confesso não ter muita paciência para estes espetáculos. Vi, há uns anos, um espetáculo de som e luz absolutamente brilhante no Terreiro do Paço, em Lisboa. Nesse, contava-se uma história; havia personagens; era criativo; prendia o espectador. Em Bruxelas era apenas luz. A town hall ora estava vermelha, ora azul, ora multicolor. E pouco mais.
Cansei-me rapidamente.
Voltámos para as ruelas pedonais do coração da capital, de novo sentindo o cheiro a waffles e vinho quente dos mercados de Natal que pululam em Bruxelas durante a época natalícia.
Sim, nas últimas semanas do ano todo o centro de Bruxelas se transforma num imenso e quase contínuo mercado de Natal ao ar livre. Vi pessoas felizes. Grupos de amigos a divertirem-se. Muitas famílias com crianças de colo e carrinhos de bebé a enfrentar o frio de dezembro em Bruxelas. Tal como vi polícias fortemente armados a lembrar acontecimentos passados. Mas nada que impedisse a diversão, a tranquilidade do momento e os sorrisos.
Foi assim, sorrindo, felizes e abraçados – e com frio, claro! – que regressámos ao metro, desta feita na estação de De Brouckere. Voltámos a casa satisfeitos. Ainda estávamos no primeiro dia de viagem e visitar os mercados de Natal de Bruxelas já tinha valido a pena.
Veja também o roteiro de um dia em Bruxelas.
Guia prático
Como chegar a Bruxelas
Bruxelas é servida por dois aeroportos: o de Zaventem, conhecido por Aeroporto de Bruxelas (BRU), e o de Charleroi (CRL). Se puder escolher, opte por aterrar em Zaventem, para onde voam companhias como a TAP, já que fica muito mais perto do centro de Bruxelas. Foi o que eu fiz.
Note que, regra geral, encontra voos mais baratos para Charleroi; mas a diferença pode não compensar o transtorno.
Como ir do aeroporto ao centro da cidade
Uma vez no aeroporto de Zaventem, apanhei o autocarro da Airport Line para o Bairro Europeu de Bruxelas.
De segunda a sexta (até às 20:00), a Airport Line opera com o número 12 e só para nas principais paragens. Nos restantes horários, incluindo ao fim de semana, como era o caso, a linha opera com o número 21 e para em todas as paragens. Apesar disso, foi muito rápido.
Note que compensa comprar os bilhetes nas máquinas “Go” que estão junto à paragem dos autocarros; é mais barato do que comprado diretamente ao motorista (6€). Pelo que me apercebi, há autocarros sensivelmente a cada 15-20 minutos.
Onde ficar
Genericamente, qualquer um destes bairros é bom para se hospedar em Bruxelas: Sainte Catherine (na baixa da cidade), Chatelain ou Flagey (ambos em Ixelles), Saint Gilles ou o Bairro Europeu (para os viajantes de negócios). Escrevi um post especificamente sobre onde ficar em Bruxelas, no qual sugiro bons hotéis em cada uma das zonas da cidade.
Em todo o caso, se tivesse que escolher uma região favorita, em termos de ambiente e relação qualidade-preço dos hotéis, talvez optasse por Saint Gilles. Entre os hotéis recomendados em Saint Gilles encontram-se o elegante Vintage Hotel, o carismático B&B L’Art de la Fugue, o divertido The Pantone Hotel, o mais sóbrio The Neufchatel ou o popular Pullman Brussels Centre Midi.
O bairro é uma zona de prédios Art Deco, com muitos mercados e um ambiente hipster e multicultural, fruto da presença de muitos imigrantes, nomeadamente marroquinos. Fica, por assim dizer, a meio caminho entre a Gare du Midi e Chatelain; e é uma excelente escolha para se hospedar na capital belga.
Seguro de viagem
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